ARepublica1888

A República Ed. 23
18 de junho de 1888.
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Os Anarquistas de Lisboa
Eis aqui o programa do grupo anarquista de Lisboa:
Considerando:
Que a propriedade individual, é matéria prima e os instrumentos do trabalho, na atual
organização social, são a origem da miséria dos operários;
Que o estado político, como é indispensável à manutenção da propriedade individual, é a
causa do despotismo, do privilégio, da divisão das classes, da decomposição e corrupção
social;
Que em vista disto a classe trabalhadora para atingir um melhor futuro pela sua
emancipação, precisa de eliminar o estado e a propriedade individual;
Que este ato não pode realizar-se pela evolução legal, nem advir dos parlamentos ou de
um estado operário;
Que a emancipação da classe trabalhadora não consiste em usurpar a plutocracia mas
sem em destruí-la, seja ela qual for;
Que é mais fácil obstar a que um governo se organize, que derrubá-lo depois de
organizado;
O grupo anarchista em Lisboa constitui-se independente de todos os partidos políticos,
fará difundir e agitar as suas teorias, preconizando a liquidação social, a revolução social,
como meios imprescindíveis para conseguir a emancipação da classe trabalhadora.
Portanto rejeita:
1ª – A legalidade dos meios da ação quer das agitações parlamentares;
2º - A legalidade imposta pelo estado ou pela religião a constituição da família;
3º - A submissão a autoridade pessoal ou legislativa, absoluta, mandatária ou paternal;
4º - O sentimento patriótico ou nacional, o egoísmo de raças, religiões e línguas;
Como meios de ação aceita os que a reivindicação da personalidade individual e as
condições viciosas da sociedade prescrevem:
1º - A prática da sociedade como todos os grupos que como nós pretendem eliminar o
sistema social contemporâneo, como com todos os indivíduos anti-estadistas;
2º - Acelerar a decomposição pública e econômica dos estados preconizando a abstenção
à urna, a deserção da caserna, a greve violenta e a propaganda ilegal no terreno dos
fatos;
3º - Aproveitar a desorganização a que estes meios conduzem os poderes públicos, para
se proceder a liquidação social.
E como corolário da organização futura inscreve na sua bandeira a palavra – Anarchia.