RAMOS, Rossana. Passos para a inclusão. São Paulo: Cortez, 2005. 1. Ter como filosofia da educação a base teórica construtivista, que leva em conta as diferenças na aprendizagem dos indivíduos. Esse primeiro passo inspira todos os seguintes, porque o trabalho de inclusão só se torna possível se orientado por uma proposta teórica condizente com suas finalidades. 2. Conscientizar a comunidade alunos e pais, sobretudo sobre o fato de que o deficiente não vai atrapalhar a aprendizagem dos outros alunos, è sim ajudá-los a vivenciar uma nova experiência como ser humano solidário e respeitador das diferenças. 3. Ter uma equipe de professores e funcionários preparada para lidar com situações inusitadas. Por exemplo, um aluno que necessita de ajuda para usar o banheiro ou outro que prefira estar a maior parte do tempo fora da sala de aula. 4. Matricular os alunos portadores de deficiência nas classes correspondentes à sua idade cronológica, para, que construam, ainda que em defasagem mental, uma idade social. A convivência com colegas da mesma faixa etária possibilita ao portador de deficiência a inserção em um grupo social que lhe é próprio. 5. Não priorizar a aprendizagem dos conteúdos educacionais em detrimento da aprendizagem da vida. 6. Elaborar o plano didático não mais mediante parâmetros preestabelecidos, mas levando em conta a realidade dos alunos da classe. Cabe ao professor a tarefa de adequar-se ao seu "público", e não esperar que este se ajuste a determinações alheias à sua condição presente. 7. Não esperar "respostas" imediatas dos alunos PNE. Respeitar as diferenças é também respeitar o ritmo de aprendizagem de cada um, o qual, o mais das vezes, não corresponde às nossas expectativas. 8. Contudo, não deixar de apresentar determinados temas ao aluno DM, supondo que ele não vá "aprendê-los". 9. Avaliar a aprendizagem considerando o potencial do aluno, e não as exigências do sistema escolar. 10. Em casos muito extremos, como alta agressividade ou passividade absoluta, aconselhar aos pais que busquem ajuda médica. 11. Fazer da observação atenta o seu mais importante instrumento de tomada de decisão. Essa observação deve igualmente alimentar o momento de reflexão pós-aula, no qual a aula será submetida à avaliação em todos os seus aspectos e se planejarão as ações futuras. 12. Não ter medo de, muitas vezes, aliar a intuição aos conhecimentos de natureza psicopedagógica. 13. Derrubar os seguintes mitos: de que as pessoas que lidam com os PNE, principalmente os professores, precisam ser especialistas as mães dos deficientes não são especialistas e, quase sempre, cuidam deles muito bem. Contudo é necessário que o professor esteja atento ao que pode fazer para contribuir com o desenvolvimento dos PNE. de que os PNE têm de estar em escolas especiais por serem portadores de alguma deficiência é que precisam de escolas comuns, para que possam conviver com pessoas potencialmente "mais capazes" e, dessa forma, construir um referencial mais próximo da normalidade. de que eles atrapalham a aprendizagem das outras crianças ao contrário, ajudam-nas a ser mais tolerantes, cooperativas e conscientes das diferenças, bem como "obrigam" o professor a elaborar um plano mais rico em recursos didáticos. Algumas sugestões para o plano didático 1. Para ajudar seus alunos a desmistificar a deficiência e respeitar as limitações do outro, você pode propor atividades como: desenhar e escrever com os pés, com a boca, com o lápis 2. embaixo do braço, com a mão contrária àquela com que os alunos têm habilidade; pular corda com um pé só; ver um filme sem o som e depois descrever o que entendeu; ler um texto escrito de trás para a frente; com uma venda nos olhos, descobrir a forma de objetos, fazer uma refeição, descascar uma laranja ou mexerica, movimentar-se na sala de aula, etc.; comunicar-se por meio de gestos, mímicas, etc. O segundo e importante passo é agrupar os alunos todo o tempo. O trabalho conjunto incentiva a cooperação, a construção do espírito solidário e a troca de conhecimentos. Não importa que o aluno, em alguns momentos, copie do outro. O que vai impedir que ele faça isso em todos os momentos é o fato de você elaborar atividades cujos desempenhos sejam obrigatoriamente diferentes. Por exemplo: desenhar a própria casa; escrever como se sente hoje; contar quantos anos têm, juntos, os membros da família, etc. 3. Não se preocupe somente com o desempenho individual dos alunos. Avalie o conjunto de conhecimentos construídos pelo grupo. Verifique se há respeito, solidariedade e afeto entre todos. Para promover esse tipo de sentimento coletivo, faça dinâmicas em que se solicite, por exemplo: que todos entrem em um círculo pequeno, riscado no chão — o círculo propositalmente não deve comportar a todos; que assoprem uma pena no ar, não deixando que caia em hipótese alguma; que enfrentem o desafio de dividir somente um biscoito para todos da classe; etc. 4. Para contar histórias (oralizadas) aos alunos, se você tem na sala DAs, utilize mais recursos visuais e, ao longo da narrativa, observe se as crianças — mediante, por exemplo, expressões de admiração, medo, riso, etc. — demonstram compreender o que está ocorrendo. Utilize objetos: bonecos, bichos, carrinhos, casinhas, etc. Ao terminar, peça aos alunos que desenhem a história e então procure perceber no desenho da criança surda os detalhes das cores, dos tamanhos e, sobretudo, dos sentimentos que se evidenciam no texto: medo, maldade, alívio, etc. Faça kits de "contação" de história: avental de histórias; saco de histórias; caixa de histórias. 5. Ao contar histórias lidas, observe se o livro está sendo visto pelo DA. Deixe-o sempre na posição em que o DA possa observar os detalhes da escrita e da ilustração. Peça também, ao final, que os alunos desenhem ou reescrevam a história. "Leia" então novamente a história, apontando com o dedo para as ilustrações e para o texto. Se possível, faça tarjas com o texto da história e as coloque na parede. Não se esqueça de que os DAs perdem muito da abstração que a linguagem nos oferece, por isso procure dar vida cor, cheiro, textura e gosto ao texto, à história. 6. Para a alfabetização, principalmente se você tem alunos DAs, não utilize o método sintético silabação. A escrita deve estar sempre associada ao seu significado, ou seja, a palavras, frases ou textos. Faça uma atividade de escrita dos nomes dos objetos da sala e, em seguida, afixe-os nos lugares correspondentes a eles: porta, janela, lousa, etc. 7. Faça listas de outros objetos da escola, da casa, da cidade, do parque, da igreja, etc. 8. Faça um painel com as letras do alfabeto e, na vertical na direção da letra, peça aos alunos que colem figuras e escrevam o nome correspondente. 9. Recorte figuras de revistas, cole-as em cartolina, faça legendas que as descrevam e pendure-as na parede da sala. Alguns dias depois, retire as legendas e peça que, com base nas figuras, os alunos reescrevam as legendas. 10. Faça um painel com rótulos de produtos. Faça a leitura desses rótulos, associando-os à utilização dos produtos a que correspondem. Essa atividade possibilita ao aluno DA ampliar e especificar a linguagem por meio do vocabulário. também utilizar a mímica de animais: macaco, onça, pássaro, etc.; objetos: escova de dentes, peças de vestuário, livro, etc.; ações: nadar, pular, escrever, etc. 13. Para trabalhar com as partes do corpo, deite os alunos sobre uma folha de papel para que desenhem a si próprios e escrevam o nome das diversas partes: mão, pé, cabeça, etc. A atividade proporcionará aos alunos a consciência acerca do próprio corpo, das suas dimensões, além de permitir o conhecimento da nomenclatura específica. 14. Para escrever os nomes das cores, utilize o lápis da cor escrita. Por exemplo, escreva vermelho com lápis vermelho, azul com lápis azul, etc. Peça que os alunos façam a bandeira do Brasil, de cada um dos Estados, etc., dessa maneira. 15. Escreva palavras faltando letras, para que sejam completadas. A essas palavras associe desenhos. Essa atividade chama a atenção dos alunos para o número de letras necessário à composição das palavras. No caso dos alunos DAs, que não percebem o nível fonético da língua, a atividade também auxilia na construção do conhecimento da escrita, o qual se realiza por meio do recurso da memória visual. 16. nomes de todos, incluindo o seu, para serem usados durante a aula. Recurso muito utilizado na educação infantil, a lista de presença feita em um painel com os nomes dos alunos poderá também ser útil em classes mais avançadas, caso haja DAs, para que aprendam os nomes dos colegas. Faça com seus alunos um álbum de fotos de família e peça que escrevam os respectivos nomes de seus familiares. Os alunos DVs poderão descrever os familiares oralmente e ter a escrita dos nomes feita por outro colega. Neste caso, tanto os DVs quanto aqueles que forem ajudá-los mobilizarão capacidades: os primeiros, para descrever o melhor possível seus familiares; os segundos, para interpretar as descrições efetuadas e relacionar cor-retamente nomes e fotos. 12. Para fazer um ditado, utilize desenhos, objetos, ou diga às 17. 11. Para auxiliar a memorização da escrita, faça crachás com os palavras de forma bem pausada, olhando para os alunos. Esta última forma auxilia o DA na aprendizagem da leitura labial. Você pode Faça um quebra-cabeça de palavras, associando-as a um desenho, pois as imagens constituem um suporte importante no processo de aprendizagem. 18. Faça palavras cruzadas com nomes de alunos da classe ou com outras palavras, sempre associadas a uma imagem. 19. Para auxiliar a escrita de textos, faça com os alunos alguns passeios pêlos arredores da escola e peça que descrevam, na modalidade escrita, o que viram. Os alunos DVs poderão descrever as sensações oralmente, as quais serão registradas por outro colega. 20. Desenhe carinhas com várias expressões diferentes e escreva as palavras correspondentes: raiva, alegria, tristeza, medo, susto, etc. Em seguida, peça aos alunos que reproduzam as carinhas com a própria face. Depois, podem criar histórias, desenhando as expressões. Essas atividades permitirão aos alunos trabalhar com uma gama variada de sentimentos, além de favorecer a imaginação e estimular a criatividade. 21. Faça com seus alunos a brincadeira do objeto no saco. Coloque um objeto em um saco de pano, vende os olhos de quem vai adivinhar o conteúdo do saco. Com essa atividade, todos vão compreender melhor a necessidade que a criança DV tem de tocar tudo que está à sua volta. 22. Com os numerais e operações aritméticas, utilize o recurso de associar números a quantidades de objetos. Por exemplo, para fazer operações de soma, subtração, multiplicação e divisão, utilize os dedos das mãos, dos pés, feijões, pedrinhas, milho, etc. 23. Para fazer a correspondência na base dez, utilize uma embalagem de ovos. Em cada cova da embalagem coloque um objeto (pedrinha, semente, bola de gude, etc.) e estabeleça que cada objeto vale dez unidades. Faça então as operações, perguntando, por exemplo: "Em duas covas, quantas pedrinhas há? Em três? Em quatro?" Assim sucessivamente. Dessa forma, você poderá trabalhar com números altos, fazendo as devidas correspondências. Os DVs devem explorar antecipadamente a embalagem e os objetos a ser colocados nela. Em seguida, deverão também, eles mesmos, fazer a operação de distribuir os objetos nas covas da embalagem. 24. Faça comparações entre quantidade, tamanho, peso, altura, largura e espessura dos objetos. Por exemplo, faça uma tabela de altura e de peso dos alunos durante todo o ano. Promova amplamente a exploração do próprio corpo e do corpo do outro, principalmente se você tem alunos DVs. Traga para a sala objetos com pesos, texturas, larguras e alturas aproximadas. Ofereça-os aos DVs para que tentem identificar as diferenças: o que é mais pesado, mais grosso, mais áspero, mais comprido, etc. 25. Faça um campeonato do jogo de par ou ímpar com as mãos. Ensine os alunos a fazer uma tabela de pontos ganhos ou perdidos no jogo. Tanto DAs quanto DVs poderão participar, sem restrições. 26. A música é um meio de comunicação muito eficiente para o DV. Por isso, traga para o seu dia-a-dia, na sala, muitas canções para serem cantadas e dançadas pelas crianças. 27. Traga às aulas réplicas de obras de arte ou de objetos grandes - "ônibus, caminhões, carros, casas, árvores, maquetes de acidentes geográficos, cidades, etc. para construir textos, principalmente se você tem DVs em sua classe. Permita que o DV explore o máximo que puder esses objetos. 28. Traga às aulas argila ou qualquer outro tipo de material maleável para que o DV possa representar a sua "visão" de mundo. Outros tipos de materiais, como palitos, folhas, galhos de árvore, potes, caixas, também podem ser utilizados na construção de representações de mundo. 29. Para fazer atividades rítmicas, se você tem alunos DAs, faça uma coreografia com movimentos bem compassados, de modo que eles possam, mesmo sem o som, observar os movimentos dos outros e, por imitação e repetição, dançar com o grupo. O mesmo pode ocorrer ao tocar instrumentos. Organize uma peça musical em que os DAs possam, por imitação ou pela vibração, tocar, por exemplo, um chocalho, um tambor, um reco-reco. 30. No caso de haver DVs em sua classe e tais alunos não terem disponível o método Braille, faça para eles um alfabeto móvel. Este pode ser feito de vários materiais: madeira, papelão, rolos de jornal, etc. As letras de rolos de jornal são produzidas assim: Enrole a folha de jornal na posição diagonal, mantendo-a sempre o mais apertado possível. Ao terminar, passe cola na ponta que ficou solta. Modele então a letra - para isso use fita adesiva. Você poderá fazer também cartelas com letras em alto-relevo, usando sementes, restos de lixa de ferro ou madeira. 31. Você poderá fazer também cartelas com letras em alto-relevo, usando sementes, restos de lixa de ferro ou madeira, etc. Quando seus alunos desenham, você pode propor àquele que é DV fazer desenhos com material saliente (areia, pó de lápis e outros elementos porosos) sobre cola. Também pode propor que desenhem cobrindo partes do corpo (mão, pé, braço) ou objetos (borracha, caderno etc). 32. Para trabalhar com formas geométricas com um DV, peça que tateie partes do corpo cabeça (circular), nariz (triangular), dentes e unhas (retangulares) e também objetos dados, bolas, pirâmides, etc. Dobre o papel em formas geométricas triângulo, quadrado e retângulo, desdobre o papel e peça ao aluno que passe o dedo sobre essas dobras para descobrir a forma. Em seguida, dê-lhe uma tesoura e diga-lhe que recorte sobre o vinco formado pelas dobras.Na seqüência, peça que passe cola na forma geométrica e a cole sobre outra folha. Ao terminar, solicite que identifique as formas coladas e escreva cora as letras móveis o nome das formas. 33. Para ensinar quantificação com números altos: 10, 20, 30, 100, etc., se você tem um aluno DV, faça a correspondência quantidade e número por meio de objetos, da palavra oral e/ou em braille. Use caixas com vários objetos, como feijões, bolinhas, etc., para representar números altos. Ao efetuar e corrigir as contas, procure narrar as operações de forma bem clara e definida. Não se esqueça de que quem não vê é capaz de ouvir, tatear, sentir cheiro e gosto muito melhor. 34. Se você tem alunos DVs, torne suas aulas mais auditivas. Todos os textos utilizados devem ser lidos em voz alta, se necessário duas vezes. A compreensão e a interpretação do texto devem ser sempre feitas oralmente, antes de ser escritas. 35. A criança DV deve ter conhecimento do espaço da sala, ou seja, de onde estão os materiais livros, cadernos, lápis, ganchos de mochilas, etc. Todas as mudanças na orientação espacial da sala devem ser-lhe sempre informadas. Não se devem fazer modificações estruturais, como corrimões especiais, cordões de condução, ou mesmo "facilitar" a vida do DV, por exemplo, ajudando-o a comer, calçando seus sapatos, uma vez que ele pode ultrapassar os obstáculos com seus próprios recursos táteis, auditivos, olfativos, etc. Não se esqueça de que, fora da escola, há um mundo no qual ele deve viver, criando suas próprias soluções. 36. Traga para sua classe, sobretudo se você tem aluno DV, muitas atividades que evidenciem a descrição do aspecto visual do mundo. Procure discutir, por exemplo, os efeitos das cores sobre a mente, as formas que os elementos da natureza inspiram as plantas, o mar, os animais, o céu, etc., a combinação do vestuário, a forma dos objetos do ponto de vista da relação de tamanho e tipo de superfície grande, pequena, áspera, suave, sinuosa, etc., enfim, tudo o que puder traduzir o mundo na perspectiva de sua aparência exterior. 37. Você tem em sua sala de terceira série uma criança que não escreve e está na etapa em que ainda não identifica as letras. Para ajudá-la a construir o conhecimento das letras sem excluí-la do grupo, faça, com todos os alunos, jogos que envolvam as letras. Por exemplo: faça um alfabeto de cores: amarelo, branco, creme, dourado, etc.; de objetos: aliança, boneca, carroça, etc.; de frutas: abacate, banana, carambola, damasco, etc.; de nomes de pessoas, etc. Faça uma brincadeira na qual cada aluno da sala seja uma letra. Durante aquele dia, chame-os assim. Faça jogos com palavras com muitas repetições de letras: Araraquara, boboca, xixi, urubu, etc. 38. Mesmo que seu aluno ainda não esteja no estágio da escrita alfabética, oriente-o para que ele "copie" ou "escreva" todos os textos utilizados na classe. Não o dispense da escrita somente porque ela ainda não é alfabética. Oriente os outros alunos para que respeitem o trabalho dele, mesmo que ainda não corresponda ao esperado. 39. Para auxiliar seus alunos com déficit de percepção, faça o jogo dos sete erros. Escreva no meio do texto escrito na lousa uma palavra fora do contexto. Efetue acentuações completamente erradas. Coloque objetos no saco para que sejam identificados. Façam a leitura de um texto colocado de ponta-cabeça. Borde com seus alunos. 40. Para promover a socialização de crianças PDC, faça montagem de objetos com sucata. Traga para a classe embalagens (caixas, potes, bisnagas), palitos, barbantes, fios, etc. e peça que criem com eles outros objetos. Dependendo do que deseje realizar, você poderá estabelecer temas como meios de transporte, tipos de casas, animais, etc. Ao final, poderão também reproduzir algum tema, como História do Brasil, da América, etc. 41. Para desenvolver determinados temas, por exemplo, a classificação de animais (mamíferos, aves, peixes, etc.), vegetais e minerais, traga para a classe elementos afins, como penas, escamas, punhado de pêlos (lã), pedras, plantas, espinha, osso, casca de coco, etc. Peça aos alunos que separem esses objetos conforme a classificação dos grupos a que pertencem. Essa atividade propiciará principalmente aos DVs a possibilidade de compreender as diferenças entre esses componentes da natureza e a sua classificação. 42. Faça com seus alunos um relógio com os ponteiros em altorelevo. Utilize papelão para a base, palitos para os ponteiros, cola para escrever os números e arame para prender os ponteiros. Cada aluno deve ter seu próprio relógio. Faça, então, um ditado de horas. Alguém dita a hora desejada e os outros "acertam" o relógio. Essa atividade também poderá ser feita com os alunos de olhos vendados, tendo de descobrir que horas são. 43. Para desenvolver a coordenação motora, promova brincadeiras como: escravos de Jó; dança das cadeiras esta atividade poderá ser feita em duplas (neste caso, os DVs ou DAs poderão ser conduzidos pêlos colegas) ou todos com os olhos vendados; tiro ao alvo faça um círculo na lousa e peça aos alunos que atirem o giz com força para marcar onde acertaram. Faça a marcação dos pontos obtidos pêlos jogadores na própria lousa. Aproveite essa atividade para desenvolver operações matemáticas. 44. O seu aluno autista não entra na sala de aula. Fica sempre sentado em um balanço no parque ou em outro lugar. Para aproximálo do grupo, você pode organizar uma aula perto dele, isto é, no parque ou onde ele costuma ficar. 45. Quando seus alunos "mais espertos" terminam a atividade e começam a tumultuar, peça que ajudem os outros na lição ou dê-lhes tarefas como cobrir caixas com mosaicos, lixar madeira para fazer jogos ou casca de coco para fazer instrumentos, furar sementes para fazer colares, fazer tricô, etc. Organize uma dinâmica de cumprimento de tarefas para que haja sempre o que fazer de modo significativo, evidentemente. 46. Se surgir a idéia de uma brincadeira, por exemplo, corrida do saco (crianças correm dentro de um saco) e você tem em sua classe uma criança que não anda, não lhe pergunte se quer ou pode participar da atividade antes que ela própria se pronuncie. Caso os outros alunos questionem, diga-lhes que ela mesma vai resolver como participar da brincadeira. Caso a conclusão seja que a criança não pode ou não quer participar, diga-lhes que decidam se essa é ou não uma boa brincadeira, já que naquele momento não pode ser brincada por todos. 47. Para ensinar letras e números, faça em sua sala um jogo de bingo. De preferência, ponha seu aluno DM junto com outro que possa auxiliá-lo na tarefa de identificar os itens sorteados. Você pode variar esse jogo, fazendo uma relação entre quantidade e número: por exemplo, na figura da cartela aparecem três objetos e você diz "três". Isso também pode ocorrer com as letras. Você sorteia a palavra e a criança tem de marcar a letra inicial dela, que está na cartela. 48. Para ensinar a seqüência de números, proponha a brincadeira de pular corda, na qual se conte: "um, dois, três...", até que a criança erre. Quem fizer menos pontos vai bater a corda. 49. Para "exercitar" o formato de números e letras, não faça seu aluno copiar muitas vezes. Faça a brincadeira de escrever o número ou a letra com o próprio número ou letra. 50. Ofereça sempre ao seu aluno DM o mesmo que oferece aos outros. Não se esqueça de que sua escrita, seus desenhos, suas realizações, muitas vezes representadas por garatujas, objetos sem forma, têm valor social, e não lingüístico ou figurativo. Por isso, se os outros alunos vão à lousa fazer uma tarefa, chame-o também. Dê-lhe todo o material utilizado na escola: cadernos, livros, estojos, tesoura, etc. 51. Para garantir sempre a participação de seu aluno DM nas atividades consideradas muito elevadas para seu potencial cognitivo, busque embutir nelas qualquer elemento que lhe chame a atenção. Por exemplo: na lousa, registre com cores diferentes as operações de expressão matemática complexa. Faça desenhos para ilustrar os textos, enfeite a lousa com molduras de flores, letras, números, carinhas, conforme com o que esteja escrevendo. 52. Faça um portfolio de seu aluno DM, ou seja, vá colocando em uma pasta tudo aquilo que ele produzir durante o ano. Ao final, você poderá ter uma visão mais detalhada de seu processo de evolução e, dessa forma, dar continuidade ao trabalho com maior segurança. Esse procedimento também contribui para a avaliação da família e muitas vezes dele próprio. Ao observar seus trabalhos, o DM pode vir a construir o conceito de continuidade ou visão de si mesmo. 53. Procure proporcionar ao DM tantas tarefas quantas forem dadas aos outros. Por exemplo: quando precisar mandar recados à outra professora ou à secretaria da escola, peça-lhe que o faça. Nesse caso, é preciso que todos os alunos e funcionários estejam avisados de que ele poderá ter essa incumbência e, portanto, circular livremente pela escola. 54. Quando seu aluno DM ou PDC quiser sair da sala, não o impeça de fazê-lo. Isso acontecerá somente no começo. Com o passar do tempo, ele vai compreender que é querido por todos, que faz parte do grupo e, portanto, que seu lugar é em meio ao grupo. 55. Procure, tendo ou não alunos PNE em sua classe, fazer atividades fora da sala de aula. Por exemplo: desenhar e descrever paisagens, fazer gincanas como contar quantos degraus tem a escada da escola, medir o perímetro do muro, a área do pátio, etc. Todas essas atividades vão ajudar a descontrair os alunos, principalmente aqueles que apresentam um comportamento muito agitado todo o tempo. 56. Não faça atividades diferenciadas para os PNE. Ao contrário, reforce seu plano didático com atividades que possam beneficiar a todos. Por exemplo, se você está fazendo uma atividade de leitura em que cada um lê um parágrafo, quando chegar a vez de seu aluno "diferente", pergunte-lhe: "Você pode ler um pouco?" Caso ele não possa, diga-lhe: "Ainda não, mas quem sabe amanhã?" E passe para o aluno seguinte. Neste caso, a leitura não é importante, mas sim o fato de o PNE estar inserido no contexto da atividade da classe. 57. Conscientize os pais dos PNE de que devem participar de todos os eventos e atividades da escola. Muitas crianças, por apresentarem "diferenças", são impedidas de fazer Educação Física, comprar lanche na cantina ou participar de uma peça de teatro ou de dança. Ao contrário disso, a proposta é que tudo o que for feito na escola tenha em vista todo o grupo. Por exemplo, que tal uma peça teatral em que o aluno portador de alguma deficiência possa desempenhar seu próprio papel social, ou seja, viver a exclusão e a inclusão? Ou uma dança em que sua deficiência física seja o modelo da coreografia? 58. Não faça concessões a alguns alunos só porque têm diferenças. Aja com eles do mesmo modo como age com os outros. Para todas as crianças devemos, em caso de transgressões às regras sociais e às da escola, aplicar medidas socioeducativas. Por isso, é produtivo fazer logo no começo do ano uma espécie de estatuto de comportamento. Os alunos dizem o que se pode ou não se pode fazer, os direitos e deveres são definidos. É também necessário discutir e estabelecer algumas punições para os que transgredirem as regras. Os casos que não estiverem especificados no estatuto deverão ser discutidos por todo o grupo. 59. As medidas socioeducativas nunca devem ser práticas tais como ler um livro a leitura nunca pode ser punição, ficar sozinho em uma sala limpar a classe ou fazer seguidas comunicações aos pais. Boas medidas socioeducativas são tomadas, por exemplo, afastando o aluno da brincadeira ou da atividade por algum tempo, sem tirá-lo da sala. Ele deve sentir falta do grupo. Portanto, depois de algumas vezes que tenha sido afastado, compreenderá que o melhor é comportar-se. Quando há conflitos, devemos pôr os dois brigões para conversar até se entenderem. Ou, por fim, incumbir o próprio aluno de comunicar aos pais seu comportamento incorreto. 60. Faça, todo fim de mês, uma avaliação conjunta: cada aluno dá uma nota aos pais, aos professores, aos colegas e a si próprio. Cada uma dessas notas deverá ser justificada. Ao final, cada um dos avaliadores e avaliados deverá propor as mudanças para que o desempenho geral seja melhorado. Tais procedimentos constituem excelente exercício para o desenvolvimento de numerosas capacidades, como o senso de justiça, a coerência no pensar e o sentimento de co-responsabilidade.