Porto Alegre, 1º de Junho de 2007

Propaganda
SISTEMA DE SAÚDE MÃE DE DEUS
“ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL:
ABORDAGEM AOS ITINERANTES, ENTRE A RAZÃO, A CULTURA E
O VÍNCULO À TERRA”
Ir. Lúcia Boniatti, MSCS
Dr. Fabio Leite Gastal
Arlete Fante
Maximiliano das Chagas Marques
Porto Alegre, RS - Brasil
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................05
CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................07
OBJETIVO ...............................................................................................................10
FUNDAMENTAÇÃO .............................................................................................10
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE MISSIONÁRIA ..................................................11
RESULTADOS.........................................................................................................17
CONCLUSÃO .........................................................................................................20
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 21
2
LISTA DE ABREVIATURAS
CAPS AD
CID
COREDE
CNES
CRS
DA
DAHA
DQ
FEE
HBJ
HMD
HNSN
HPSC
HSA
HSL
IAPI
MS
MSCS
NC
RS
SAME
SES
SSMD
SUS
USF
Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas
Código de Identificação da Doença
Colegiado Regional de Desenvolvimento –RS
Cadastro Nacional de Entidades de Saúde
Controladoria Regional da Saúde
Documento de Aparecida
Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial
Dependência Química
Fundação de Economia e Estatística
Hospital Bom Jesus
Hospital Mãe de Deus
Hospital Nossa Senhora dos Navegantes
Hospital de Pronto Socorro de Canoas
Hospital Santo Antônio
Hospital Santa Luzia
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários
Ministério da Saúde
Missionarias São Carlos Scalabrinianas
Normas Constitucionais
Rio Grande do Sul
Serviço de Arquivo Medico
Secretaria Estadual de Saúde
Sistema de Saude Mãe de Deus
Sistema Único de Saúde
Unidade São Rafael
3
LISTA DE QUADROS E TABELAS
QUADRO 1
Fluxos Migratórios no Rio Grande do Sul de 1940 a 1999
QUADRO 2
Saldo Migratório por COREDE entre 1995 a 2000
TABELA 1
Unidades de serviços de saúde mental no SSMD e localização.
QUADRO 3 Participação do Sistema de Saúde Mãe de Deus na composição dos leitos de
Saude Mental do Rio Grande do Sul
QUADRO 4 Distribuição dos Profissionais nos serviços de Saúde Mental por Unidade
Hospitalar
QUADRO
5 Distribuição dos profissionais nos serviços de Saúde Mental das unidades
Ambulatoriais do sistema
TABELA
2 Distribuição dos usuários internados por estabelecimento e por sexo
TABELA
3 Distribuição dos usuários em relação à idade por estabelecimento
TABELA
4 Distribuição dos usuários em relação ao Estado de nascimento e o Estado de
Residência atual (n= 1084)
TABELA
5 Distribuição dos usuários em relação ao Município de nascimento e o
Municípios de Residência atual (n=1.084)
TABELA
6 Distribuição dos usuários em relação ao motivo de internação (n=1.084)
4
“Jesus foi aonde ela estava, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. Então a febre deixou a mulher, e ela
começou a servi-los”. ( Mc 1, 31)
“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.”(Jo. 10,10)
INTRODUÇÃO
A liberdade do agir cidadão é talvez o grande cerne sobre o qual edificamos a lógica
das relações sociais de nossa cultura.
São pessoas detentoras do poder de autogoverno e autonomia, organizadas para
atender aos compromissos sociais do exercício cidadão, ou seja, o acesso pleno aos direitos
humanos e sociais e a resposta adequada aos deveres, que se transformam em vidas livres,
imbuídas de sentido coletivo e de realização pessoal.
A pessoa fragilizada pela doença mental perde sua liberdade de agir conforme os
parâmetros de normalidade na sociedade. Os laços relacionais familiares rompem-se em
virtude de seu proceder não conforme com os demais cidadãos. Isto pode acontecer inclusive
na condição induzida pela dependência química, provocada pelo crescente uso de novas
substâncias psicoativas de elevada potência degenerativa, bem como daquelas socialmente
difundidas e aceitas, representando o seu enfrentamento um desafio social para as pessoas, as
famílias, as organizações governamentais e as entidades cuja missão consiste em atender aos
mais pobres especialmente os migrantes.
Os migrantes por estarem submetidos a um ambiente social e econômico pouco
favorável se deparam com fatores que afetam sua saúde, pois dificilmente o migrante
consegue manter seus costumes originais. Esta realidade encerra no seu bojo anomalias
resultantes dos desajustes familiares e sociais decorrentes da frustração e desesperança. Com
facilidade o migrante é envolvido no processo de consumo da droga e do álcool.
A doença mental compromete o juízo da pessoa, a autodeterminação, tornando-a
doente, prisioneira dos efeitos causados pela droga, migrante entre terrenos da normalidade e
da anormalidade. Ela não consegue se inserir por incapacidade, impossibilidade ou
dificuldade de submissão aos hábitos de convivência. Esta condição favorece o aumento nos
níveis de violência, promove a inversão de valores familiares e humanos, a degeneração dos
núcleos familiares e a ruptura dos laços sociais fundamentais à constituição de uma sociedade
justa e fraterna.
Diante desta realidade a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos
Borromeo – Scalabrinianas e em conformidade com o carisma, assume serviços de saúde
como forma de realizar sua missão especifica em hospitais, assistência domiciliar, os centros
de saúde pública e através de maneiras e meios que o atendimento à saúde do migrante exige
(NC 120).
5
Esta experiência reflete as estratégias adotadas e implementadas pelo Sistema de
Saúde Mãe de Deus com as equipes designadas ao atendimento de pessoas fragilizadas pelo
álcool e as drogas.
A doença mental está classificada entre as doenças crônicas como a diabetes e a
hipertensão. A intervenção profissional neste grupo de doenças, ainda incuráveis, consiste em
propiciar conforto, adaptação às necessidades e capacidades e no caso dos dependentes
químicos, a identificação da condição em que a pessoa está envolvida e estimular a mudança
dos comportamentos associados ao risco do consumo, promover a abstinência, buscando a
minimização das seqüelas e o controle de possíveis recidivas (recaídas).
Partindo da referência constante no Documento de Aparecida, no qual a Igreja fez a
opção pela vida quando Cristo enviou seus apóstolos a pregar o Reino de Deus e a curar os
enfermos (Cf. DA 417), coloca-se a Congregação das Irmãs mscs, na mesma direção ao
procurar meios de assistir aos migrantes nas diferentes instâncias do sofrimento humano.
Diferente de outras doenças e sofrimentos onde o sucesso está na obtenção da cura,
o tratamento da doença mental e da dependência química se baseia no fortalecimento dos
laços entre os profissionais de saúde e o paciente, na extensão da capacidade de adaptação,
resposta ao meio e manutenção da abstinência, e na minimização dos danos físicos,
psicológicos e sociais decorrentes da doença.
Dada a urgência induzida pela ascensão do consumo de substâncias psicoativas e seu
impacto na vida das pessoas, famílias e sociedade brasileira, somada à frágil e ainda inicial
resposta das instituições públicas, a Congregação das Irmãs, mscs, nos serviços de saúde,
acolheu o desafio de estruturar e apresentar serviços de saúde integrados a Política Nacional
de Saúde Mental e de Combate ao Álcool e Outras Drogas, com objetivo de contribuir com
ferramentas inovadoras para a reconstrução das vidas e famílias devastadas pela doença.
Para tanto, foram constituídos dois Centros de Atenção Psicossocial para o
Atendimento Integral ao Usuário de Álcool e Outras Drogas (CAPS AD) IAPI e Vila Nova,
um Pronto-Atendimento e Unidade de Internação em Saúde Mental do IAPI e uma unidade de
saúde para internação e desintoxicação de mulheres dependentes químicas (Unidade São
Rafael) vinculados ao Sistema Único de Saude - SUS de Porto Alegre, além da extensão das
atividades nos hospitais: Hospital Nossa Senhora dos Navegantes - de Torres, Hospital Santa
Luzia - de Capão da Canoa, Hospital Santo Antônio - de Santo Antônio da Patrulha, Hospital
Bom Jesus de Taquara Hospital Universitário – de Canoas, este último em fase de
implantação dos leitos de saúde mental.
A experiência apresenta resultados acumulados ao longo do ano de 2009, 2010 e
2011 na atenção aos doentes mentais e usuário de álcool e outras drogas, mostrando respostas
positivas para a sociedade por pessoas que perceberam no tratamento uma forma de retorno à
situação primordial do seu juízo, sua mente e seu corpo, e uma oportunidade para a restituição
de sua liberdade e cidadania para uma outra vida possível
6
CONTEXTUALIZAÇÃO
A constituição humana é formada primordialmente pelo seu corpo, sua mente e seu
juízo e a condição humana é a integração plena de corpo e alma. De posse de ambos, as
pessoas se assenhoram de suas vidas, podendo discernir entre o certo e errado, entre o direito
e o dever, fazendo escolhas que as orientem para o bem viver.
Segundo o Papa Bento XVI faz-se necessário fortalecer uma “maior justiça social”
e uma urgente e “sólida formação moral”, pois, além da pobreza material “incide de maneira
relevante a pobreza moral”, com “o perigo do consumismo e do hedonismo”, que “tornam
vulnerável a estrutura da sociedade e da família”.
A doença mental atinge o núcleo da afirmação da liberdade (condição humana –
personalidade e integração corpo e alma), tornando o sujeito vulnerável, migrante entre os
diferentes espaços da interação social, provocando conflitos pessoais, familiares e
comunitários, comprometendo a integração e o relacionamento culminando em processos de
isolamento, segregação e migração.
Este cenário, somado à ascensão do consumo de substâncias psicoativas, e à invasão
da sociedade por comportamentos auto-agressivos e dissociadores dos núcleos familiares e de
relacionamento, provocam nas pessoas a sensação de impotência para a produção de respostas
efetivas.
As vidas segregadas, mutiladas pela doença mental provocada pelas drogas, tornamse dispensáveis e indesejáveis, levando pessoas a perderem seus vínculos de identificação
com a terra, a família, a comunidade, a Pátria e Deus. Nesta realidade está inserida a
Congregação das Irmãs, mscs, seguindo os apelos do Fundador João Batista Scalabrini que
dizia: “Onde está o povo que sofre, ali está a Igreja e à Congregação”. (cfe.scalabrini)
A doença mental e as drogas estão para além das fronteiras geográficas, e temporais,
acometendo as pessoas independentemente do seu status social, de sua cor da pele, de seu
sexo, de sua religião, infligindo mecanismos de degeneração e morte, exigindo coragem para
o enfrentamento.
Como resposta indispensável e urgente, emerge o modelo de atenção em Saúde
Mental e ao dependente químico estruturado pelo Sistema de Saúde Mãe de Deus, tomando
como norte a missão de inserir-se junto aos povos migrantes, aos desassistidos e aos
marginalizados dos recursos de suporte do Estado, acolhendo, escutando, compreendendo a
pessoa e o sofrimento trazido e ao mesmo tempo trabalhando para o resgate da própria
identidade, autodeterminação, emancipação, promovendo ações de afirmação da vida e do
amor por si e pelo próximo.
Considerando que a história recente de formação das regiões metropolitanas do
Estado do Rio Grande do Sul está diretamente relacionada ao êxodo rural e a migração para
os espaços urbanos em busca de melhores condições de vida, manifestadas na procura de
7
postos de trabalho (KOUCHER, 2006), e que o processo migratório estabelece rupturas com
os laços culturais, familiares, afetivos, linguísticos e simbólicos, produzindo mal-estar e
sofrimentos (LECHNER, 2007), tem-se nas cidades onde estão vinculados os serviços do
Sistema de Saúde Mãe de Deus desafios para a construção de soluções ao adoecimento
decorrente destes processos.
Os Fluxos migratórios podem ser vistos no Quadro 1.
Ao se tomar a Região Metropolitana de Porto Alegre, que teve uma acentuada
concentração populacional até o início da década de 90, decorrente dos fluxos populacionais
internos do Estado para a metrópole na busca de melhores condições de vida, verifica-se
nestes espaços uma ampla diversidade de identidades culturais, muitas vezes conflitantes e
desapropriadas de um espaço efetivo de inserção, inclusive no que concerne ao acesso aos
bens e serviços (KOUCHER, 2006).
Quadro 1 – Fluxos migratórios no Rio Grande do Sul de 1940 a 1999
Fonte: Fundação de Economia e Estatística – RS, 2001
Esta dinâmica de concentração trouxe para Porto Alegre e cidades do entorno como
Canoas, populações com diferentes graus de instrução, capacidades de inserção nas vagas de
trabalho disponíveis e perfis socioculturais, promovendo contrastes e segregação, incluindo a
constituição de núcleos de concentração de excluídos e marginalizados em favelas e áreas de
ocupação irregular.
Esta situação, associada com a percepção que os migrantes são considerados mais
expostos ao risco de desenvolvimento de doenças mentais, decorrente basicamente da
exclusão social e da discriminação (PUSSETTI et al, 2009), encontramos nestas duas cidades
um polo urgente de intervenção e medidas protetoras.
8
Estas ações foram promovidas pela inserção de quatro novos serviços de saúde
mental na rede SUS da cidade de Porto Alegre em articulação com o gestor público,
proporcionando aos doentes mentais e aos dependentes químicos a busca e a construção de
estratégias de proteção e de manutenção da abstinência, bem como de reconstrução dos
vínculos sociais.
Além destes, na cidade de Canoas, a reestruturação do Hospital Universitário em
parceria público-privado com o gestor daquele município, ofertará ainda em 2011 pelo menos
75 leitos para doentes mentais e dependentes químicos, ampliando a cobertura pública para
atenção e enfrentamento ao problema das pessoas destas regiões.
Em contrapartida, a partir dos anos 90 os fluxos internos de migração do Estado do
Rio Grande do Sul apontaram para a constituição de novos espaços de atividade econômica,
com grande crescimento das Regiões do Vale do Paranhana e Litoral, onde o Sistema de
Saúde Mãe de Deus atua diretamente nas cidades de Taquara, Santo Antônio da Patrulha,
Capão da Canoa e Torres.
Quadro 2 – Saldo migratório por COREDE entre 1995 e 2000
Fonte: Fundação de Economia e Estatística – RS, 2001
Assim, com o olhar de quem atende pessoas em sofrimento e promovem mudanças
de hábitos e comportamentos, a Congregação das Irmãs, mscs tem nesses espaços de
presença, migrantes e pessoas necessitadas, as quais são ajudadas a construir uma nova vida,
onde se deixa o encarceramento da doença, restituindo o livre arbítrio e o direito de ir e vir.
Nesta perspectiva e com base neste trabalho, orientados pelos valores
congregacionais, as Irmãs, mscs e seus colaboradores conseguem concretizar sua missão
institucional respeitando e assumindo o compromisso, ético de assistir aos povos em
transição, itinerância e migração
9
OBJETIVO
Apresentar as ações de assistência aos doentes mentais e dependentes químicos
desenvolvidas pela Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo –
Scalabrinianas nos serviços de saúde prestados pelo Sistema de Saúde Mãe de Deus, tomando
como eixos a mudança comportamental, a prática da autonomia e autodeterminação, o reforço
familiar, em uma perspectiva de proteção da vida e promoção da fraternidade e amor entre os
humanos.
FUNDAMENTAÇÃO:
“ Alarga o espaço de tua tenda, estende a lona, estica as cordas, não te detenhas” (Is. 54,2)
O Sistema de Saúde Mãe de Deus dando respostas aos apelos dos gestores públicos
municipais, estaduais e de âmbito federal amplia sua presença junto aos mais pobres e
migrantes para acolher suas necessidades em saúde física e psíquica. Assumindo a missão de
prestar serviço de saúde com qualidade às pessoas atingidas pela dependência química de
álcool e outras drogas, posicionando-se como parceiro do estado e protagonista da promoção
social no desafio de salvar vidas e famílias esfaceladas pela doença.
Cientes da missão as Irmãs, mscs que atuam no SSMD e da mensagem de seu
fundador Scalabrini, contextualizam este empreendimento na passagem dele pelo Monte Pena
(Itália). “... e passando em visita pastoral pela região encontra um grupo de lenhadores em
árduo trabalho e sofrimento, assistindo aquela cena constata que ali deveria centrar a sua
visita – junto aos lenhadores em processo de sobrevivência”.
A escolha do SSMD na implantação de serviços para acolher pessoas e famílias
vitimadas pela dependência química é uma resposta de atenção e escuta as mazelas sociais da
atualidade.
A Igreja nos alerta para não ficarmos indiferentes diante do flagelo do álcool e das
drogas, pois esta destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações. Nossa tarefa se
desenvolve enfocando a recuperação da vida física, emocional e espiritual junto a estas
populações acompanhando e apoiando as políticas governamentais para ajudar diminuir essa
pandemia (Cf. DA 422).
O exílio é uma experiência que marcou profundamente a história e a fé do povo da
antiga Aliança. Particularmente, no exílio da babilônia, os sentimentos de nostalgia da pátria,
de tristeza e solidão. Assim o doente mental sente saudades de voltar à vida que tinha antes e
clama por alguém que o acolha, o escute e o encaminhe para busca de uma nova situação de
vida.
A vivência da hospitalidade junto aos grupos dependentes de drogas é um caminho de
esperança para um novo dia. “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque graças a ela
alguns, sem saber, acolheram anjos...” (Hb 13, 1-2).
10
Outro aspecto que se trabalha é o livre arbítrio, a liberdade da vontade humana para
aderir ao bem ou ao mal. Através da escuta e do conhecimento desenvolvido junto aos
pacientes tentamos contribuir para que na linha da fé tome decisão livre e consciente, que
brota da liberdade do espírito com coragem e honestidade racional. O primeiro passo é obter a
liberação da prisão provocada pela química das drogas.
O processo de atendimento de cada paciente é seguir o caminho da compaixão, da
acolhida, na esperança do resgate da identidade de cada um servindo de ponte entre a vida
prisioneira da droga e a liberdade da volta ao lar.
A Palavra de Deus, Eucaristia, a Espiritualidade Scalabriniana, o exemplo do
Fundador e co-fundadores ilumina, fortalece à caminhada diária no contexto da saúde mental.
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE MISSIONÁRIA
As ações em Saúde Mental do Sistema de Saúde Mãe de Deus envolvem a atenção
aos doentes mentais e aos dependentes químicos, homens e mulheres, referenciados pela rede
do Sistema Único de Saúde ou ingressados por livre demanda nas emergências, prontoatendimentos ou ambulatórios, totalizando uma responsabilidade sanitária sobre
aproximadamente 2.400.000 vidas.
Tabela 1 - Unidades de serviços de saúde mental no SSMD e localização.
Serviço
CAPS AD Vila Nova
CAPS AD IAPI
Pronto-atendimento em Saúde Mental do IAPI
Unidade de Internação São Rafael
Hospital Bom Jesus
Hospital Santo Antônio
Hospital Nossa Senhora dos Navegantes
Hospital Santa Luzia
Cidade
Porto Alegre
Taquara
Santo Antônio da Patrulha
Torres
Capão da Canoa
11
Quadro 3 – Participação do Sistema de Saúde Mãe de Deus na composição dos leitos
de Saúde Mental do Estado do Rio Grande do Sul
Fonte: DAHA – Secretaria da Saúde do Estado, setembro 2011
Quadro 4 – Distribuição dos Profissionais nos serviços de Saúde Mental por Unidade
Hospitalar
Fonte: CNES – Ministério da Saúde, setembro 2011
12
Quadro 5 - Distribuição dos profissionais nos serviços de Saúde Mental das unidades
Ambulatoriais do SSMD
Fonte: CNES - Ministério da Saúde, setembro 2011
O Cotidiano da Atividade Missionária
No Plano Nacional da Saúde Mental está previsto a estruturação de serviços com
ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários.
No Sistema de Saúde Mãe de Deus, os serviços de comprovada resolubilidade estão
integrados ao meio cultural em articulação com a rede assistencial de saúde mental e aos
princípios da Reforma Psiquiátrica. Seus projetos terapêuticos sob a perspectiva estratégica da
redução de danos sociais e à saúde contemplam práticas com flexibilidade e abrangência
necessárias a esta atenção específica (M.S, 2004, pg. 22).
A Equipe Multidisciplinar, voltada para o “acolhimento” e o fácil acesso ao
atendimento, tem parcerias estabelecidas com outras organizações que permitem oferecer ao
paciente, opções terapêuticas para refletir que uma nova vida é possível. A saúde mental neste
processo de mudança prepara equipes e ampara seus pacientes na busca por um serviço cada
vez mais especializado e integrado a rede existente.
13
Os recursos terapêuticos ofertados empregam as ferramentas de:

Escuta e acolhimento individual: com equipe interdisciplinar, dentro de suas
especialidades avalia, trata, acompanha e encaminha as necessidades individuais de cada
paciente;

Escuta e acolhimento em grupo: modalidade terapêutica abrange grupos que
intervêm em várias etapas da evolução do tratamento.

Articulação com as comunidades: as ações voltadas às atividades educativas e
preventivas junto à comunidade, desde palestras em escolas, igrejas, CIPA’s locais,
participação em Conselhos locais e municipais.

Articulação com os Serviços de Saúde: reuniões periódicas, treinamento das
equipes de saúde, de cursos de aperfeiçoamento, discussões de casos, elaboração de rotinas,
supervisão, contrarreferência.

Interconsultas: atendimento telefônico pelo profissional durante todo o período
de funcionamento discutindo em tempo real os casos atendidos ou acompanhados pela
unidade de saúde.

Articulação com as famílias: atendimentos em grupo visando proporcionar-lhes
melhor entendimento do problema, a expressão de seus sentimentos e a apropriação de
habilidades para enfrentamento do problema;

Visitas Domiciliares: realizadas com a participação das equipes de saúde da
família em busca dos faltantes, levantamento de problemas ou fatores complicadores ao
tratamento.
O Tratamento
As modalidades de tratamento: variam quanto à necessidade de freqüência dos
usuários ao serviço, ao tipo de serviço disponível, podendo ocorrer de modo hospitalar ou
ambulatorial, por vezes combinando ambas as situações.
O acesso: o acesso aos serviços dá-se de diversas formas, prevendo as necessidades
de cada indivíduo. Valendo-se da experiência de que não se pode postergar o início do
tratamento quando o paciente encontra-se motivado a iniciá-lo, busca-se respeitar o modelo
formal de acesso aos serviços de especialidades médicas da rede pública de saúde (onde o
encaminhamento é feito por uma central de agendamento às especialidades). Nas unidades, o
usuário é atendido por um profissional especializado imediatamente ao seu contato, sem
necessidade de prévio agendamento de forma a manter o componente motivacional,
posteriormente, são atendidos os aspectos formais e burocráticos do sistema.
O Diferencial: os pacientes que buscam espontaneamente o serviço tanto quanto os
referenciados pelas demais unidades, no transcurso de seus tratamentos, são estimulados a
criar ou fortalecer os vínculos com as suas unidades de origem, o que lhes facilitará a alta e o
seguimento posteriores.
O Cotidiano: as atividades, incluindo as temáticas dos grupos de psicoeducação,
expressão de sentimentos, experimentação produtiva, criação e espiritualidade, procuram
respeitar os conhecimentos prévios dos pacientes. Visam a proporcionar o questionamento do
cotidiano, das vivências e da realidade sócio-cultural na qual estão inseridos. Bem como,
oferecer novos conhecimentos acerca de atitudes e valores que os ajudem a tomar decisões
adequadas à sua saúde e bem-estar físico, mental, espiritual e social. A abordagem que
14
considera o indivíduo em sua dinâmica interação com o contexto, pelo qual é influenciado e
lhe confere, inclusive, papel interventivo na saúde desta comunidade.
A Capacitação da Equipe: a estruturação de rotinas administrativas, a adequação das
condutas baseadas em evidências científicas, as modalidades de atendimento e o
aperfeiçoamento da equipe dão-se de forma periódica, contínua, através de reuniões semanais,
seminários e discussões de casos com supervisão.
A Participação Cidadã: por meio de assembléias mensais os pacientes também têm
espaço para discussão e participação nas decisões que impactam nas atividades diárias de
convivência e busca de melhorias ao seu bem-estar, o que lhes proporciona o exercício de
cidadania e autogestão.
As Parcerias: além dos profissionais contratados, desenvolvem atividades nas
unidades as Irmãs e voluntários da comunidade, na Pastoral da Saúde e ações de apoio
(Campanhas para arrecadação de roupas e materiais de higiene necessários para o bem estar
dos pacientes).
Os Testemunhos: como retorno de um trabalho realizado seguem os exemplos ditos
pelos próprios pacientes:
“Eu morava na rua!” Antônio, por 15 anos, afastado da família, buscou o serviço por
apresentar sérios problemas clínicos, além de déficits cognitivos causados pelo abuso crônico
de múltiplas drogas. Após as intervenções realizadas, obtiveram-se resultados como: o resgate
do convívio familiar; participação destes nos atendimentos; consciência do diagnóstico;
adesão ao tratamento e a inclusão dos familiares na construção de suas metas de vida para o
futuro.
“Voltei para minha família!” Júlio, usuário de crack, 26 anos de idade, sem contato com a
família havia dois anos. Sua mãe buscou atendimento no grupo de familiares por desconhecer
o paradeiro de seu filho. Após intervenção da equipe, através do Serviço Social, descobriu-se
que o filho estava sendo atendido pela equipe de Estratégia de Saúde da Família, denominada
ESF Sem Domicílio, que presta atendimento aos moradores de rua. O filho foi então
referenciado para atendimento no CAPS AD IAPI tornando possível o restabelecimento dos
laços entre mãe e filho e inicio da intervenção no tratamento de sua dependência.
“Minha vida volta a ter sentido!” Estevão, paciente alcoolista, 55 anos, procura ajuda num
momento difícil de sua vida: o falecimento de sua filha, apresentando idéias de desesperança e
suicídio. Ao participar das atividades terapêuticas, encontrou nos grupos, segundo suas
palavras “um espaço para falar dos meus sentimentos”. Relata: - “Quando perdi minha filha,
perdi o sentido da vida; quando cheguei ao CAPS encontrei uma nova família e uma nova
razão para viver”. Atualmente participa do coral de apresentação dos pacientes para a
comemoração do aniversário de inauguração do CAPS AD IAPI.
“Volto a ter um Lar!”, Miguel, 34 anos, outrora hóspede de um albergue municipal,
dependente de crack, após um ano de tratamento no serviço, com algumas recaídas,
abandonos e reinícios de tratamento, retomou os estudos e, com a orientação da equipe de
saúde, consegue receber o auxílio previdenciário (auxílio-doença), e com isso alugar uma
peça para morar e deixar o albergue.
15
“Penso e posso!” Getúlio, 43 anos, após várias tentativas para resolver seu problema, chega
motivado, mas pouco encorajado para tentar, novamente, um meio de conseguir lidar com sua
dependência. Participando dos grupos terapêuticos no CAPS AD IAPI, onde ouve de seus
semelhantes os sucessos e insucessos que estes tiveram, o que o conforta em saber que não é o
único que também tropeça nas pedras do caminho. Relata em uma das sessões o quanto estava
satisfeito e mais disposto por ter tido sucesso em aliviar a fissura, com as técnicas de
enfrentamento desta, aprendidas nos grupos. “Hoje sei que posso controlar meu
comportamento, dizer não sem me sentir incerto. E penso que posso sim me manter limpo”.
“Novamente trabalho!”, Cícero, 32 anos, separado, mora com os pais, afastado do trabalho
pelas consequências do uso de substâncias químicas múltiplas, não conseguindo período de
abstinência superior a uma semana, expressando o medo de, além de seu trabalho, continuar a
perder outros valores, como sua dignidade e o amor de sua família. Após várias recaídas e
períodos curtos de abstinência, paciente foi encaminhado a comunidade terapêutica onde
permaneceu por 3 meses. Após a alta, agora havia mais tempo abstinente, foi iniciado plano
terapêutico voltado à mudança de comportamento. Estimulou-se o envolvimento dos
familiares no tratamento, foi encaminhado ao programa de reabilitação ao trabalho.
Atualmente encontra-se abstêmio, com trabalho formal.
“Agora sei do que se trata!”, Oscar, 56 anos, funcionário público, casado, mora com esposa e
filhos. Paciente alcoolista pesado vinha consumindo cerca de 2 garrafas de destilado/dia, veio
ao CAPS AD Vila Nova, após desintoxicação aguda em serviço de emergência. Dizia-se
“perdendo o respeito dos familiares”. Tratada a fase inicial da abstinência, na investigação
clínica, foi diagnosticada Doença de Parkinson, com quadro depressivo associado a esta e ao
alcoolismo. Iniciado o tratamento integral de suas patologias, com o passar dos meses o
paciente encontra-se assintomático, com seus laços familiares reforçados. Paciente relata a
percepção de ter iniciado abuso do álcool para tentar atenuar os sintomas parkinsionanos e
que uma abordagem correta agora lhe oferece conforto e condições de manter-se abstinente.
Encontra-se ainda em auxílio doença, mas aguarda com expectativas boas seu retorno ao
trabalho. Oscar é extremamente participativo nos grupos, sempre ajudando com estímulos e
diálogo amigável os demais pacientes.
“Como me re-encaixo?”, Vitória, 49 anos, separada, uma filha, sem emprego formal, residia
sozinha e foi encontrada desacordada pela vizinha. Vinha fazendo uso abusivo de álcool nos
últimos anos. Após iniciar no CAPS AD Vila Nova e participar das atividades terapêuticas,
foi possível o envolvimento de sua filha e de sua irmã no processo. Foi encaminhada a
comunidade terapêutica onde permaneceu por nove meses. Durante este período o CAPS
acompanhou sua evolução, e paciente mantinha acompanhamento médico no CAPS, uma vez
que a comunidade não dispunha deste profissional. Durante o período de sua internação, os
familiares mantiveram sua frequência aos grupos de familiares, para aprender sobre a conduta
e o manejo com o problema após a alta. Em seguida, a equipe do CAPS iniciou o trabalho na
sua reinserção social. Como resultado a paciente está trabalhando como monitora na mesma
comunidade onde esteve internada. Voltou a morar com a filha. Frequenta grupos de apoio e
está sendo preparada para a alta.
16
RESULTADOS
As tabelas apresentam os resultados em números e o perfil dos pacientes atendidos
desde a implantação dos serviços de saúde mental.
Tabela 2 – Distribuição dos usuários internados por estabelecimento e por sexo.
Estabelecimento
Feminino (%)
Masculino (%)
HBJ
70 (57,4)
52 (42,6)
HPSC
09 (37,5)
15 (62,5)
HSA
134 (55,6)
USR
550 (99,8)
HNSN
91 (62,8)
HSL
115 (40,7)
PA e UI IAPI
1943 (43,0)
Fonte: Controladoria Hospital Mãe de Deus, setembro, 2011
107 (44,4)
01 (0,2)
154 (37,2)
167 (59,3)
2579 ( 57,0)
Tabela 3 – Distribuição dos usuários em relação à idade por estabelecimento.
11-18(%)
19-29(%)
30-39(%)
40-49(%)
50-59(%)
60 ou
+(%)
HBJ
2 (1,6)
33 (27,0)
30 (24,6)
38 (31,1)
13 (10,7)
6 (4,9)
HPSC
2 (8,3)
8 (33,3)
3 (12,5)
5 (20,8)
5 (20,8)
1 (4,2)
HSA
4 (1,7)
45 (18,8)
59 (24,6)
67 (27,9)
47 (19,6)
18 (7,5)
USR
25 (4,5)
147(26,7)
94 (17,1)
42 (7,6)
7 (1,3)
HNSN
7 (4,9)
31 (21,7)
33 (23,1)
46 (32,2)
21 (14,7)
5 (3,5)
282(100)
-
--
-
-
-
459 (10,2)
1384(30,6)
1118 (24,7)
801(17,7)
466(10,3)
292 (6,5)
Estabelecimento
HSL
PA e UI IAPI
236(42,8)
Fonte: Controladoria Hospital Mãe de Deus,setembro, 2011
Tabela 3 - Indica que (84,8%) com idades inferiores a 49 anos, sendo a população
entre 19 e 39 anos a mais exposta (57,9%) a eventos de internação por transtornos mentais,
especialmente por dependência química.
17
Tabela 4 – Distribuição dos usuários em relação ao Estado de nascimento e o Estado de
Residência atual (n=1.084)
Relação entre
Naturalidade
Residência
local de
Estados
p-valor
1
(%)
atual (%)
nascimento e
de moradia2
Espírito Santo
2 (0,6)
-
-
Minas Gerais
Mato Grosso do
Sul
Paraná
Rio Grande do
Sul
Santa Catarina
2 (0,6)
-
-
1 (0,3)
-
-
8 (2,5)
-
-
299 (91,7)
1070 (98,7)
322 (98,7)
13 (4,0)
14 (1,3)
4 (1,3)
1 (0,3)
-
-
São Paulo
0,03
Fonte: Controladoria do Hospital Mãe de Deus, setembro, 2011
1 – Os dados referentes à naturalidade foram quantificados sobre um n=326;
2 – Cruzamento entre o município de nascimento e o local de residência atual sobre um
n=326;
Tabela 5 – Distribuição dos usuários em relação ao Município de nascimento e o
Município de Residência atual (n=1.084)
Naturalidade
Residência atual
p-valor
(%)1
(%)
Porto Alegre
Santo Antônio da
Patrulha
Taquara
31 (9,5)
52 5 (48,4)
86 (26,4)
135 (12,5)
39 (12,0)
113 (10,4)
Torres
23 (7,1)
65 (6,0)
Osório
21 (6,4)
39 (3,6)
Outros
126 (38,6)
207 (19,1)
<0,001
Fonte: Controladoria do Hospital Mãe de Deus, setembro, 2011
1 – Os dados referentes à naturalidade foram quantificados sobre um n=326;
Tabela 5 em relação ao município de nascimento e residência atual. Neste caso, os
municípios apresentaram um crescimento de cerca de 3 vezes na população residente, sendo
desses cerca de 75% migrantes.
18
Tabela 6 – Distribuição dos usuários em relação ao motivo de internação (n=1.084)
CID-10
Descrição
Frequência
F14
Transtornos mentais devido ao uso de cocaína
26,1%
F19
Transtornos mentais devido ao uso de múltiplas drogas
17,3%
F32
Episódios depressivos
16,4%
F10
Transtornos mentais devido ao uso de álcool
12,0%
F06
Transtornos do humor orgânicos
5,6%
Fonte: SAME- Hospital Mãe de Deus, setembro, 2011
Os dados da tabela 6 revelam que 55,4% dos pacientes demonstraram como motivo
de internação a necessidade de desintoxicação química.
A posição dos episódios depressivos, como terceira maior causa de internações,
também é um reflexo das distorções nas relações e laços sociais, na fugacidade das interações
e trocas, bem como, dos conflitos de identidade nos espaços de ocupação.
Por estes achados, percebemos no serviço de saúde mental realizado pelo Sistema de
Saúde Mãe de Deus, em suas diversas unidades, uma oportunidade de resgate de vidas em
sofrimento, contribuindo na construção da autoestima pessoal e a chance de retorno a uma
vida social produtiva.
19
CONCLUSÃO
Esta experiência de serviço revela o valor da acolhida aos rostos sofridos e
fragilizados pela doença.
A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas dá
resposta desta forma às angústias sociais das populações de nosso tempo e realiza a sua
missão institucional, apoiando os migrantes envolvidos com drogas, álcool e vitimados pela
dependência química.
Desta forma realizam ações missionárias e evangelizadoras. “Mais do que a outros,
compete precisamente a nós esta missão de regeneração social, a nós que recebemos de Deus
os meios e a competência...”, o chamado e o envio. (Scalabrini)
Além de almejar a cura ou a abstinência, o tratamento do doente mental e do
dependente químico necessita prever o resgate dos laços familiares e sociais, levando ao
entendimento do problema pelo paciente e seus familiares, deve a abordagem promover a
reinserção destes nos meios sociais e laborais, além da construção de pontes para uma vida
moral e espiritual digna de verdadeiros seres humanos e sociais.
A reestruturação destes laços, a dignidade readquirida como conseqüência da
mudança de atitudes, e o retorno ao convívio comunitário e familiar, são fatores que, mais do
que benéficos aos pacientes e suas famílias, o são para a sociedade onde, ao longo do tempo,
se observarão seus maiores benefícios.
Este modelo de assistência permite uma visão concreta do modelo de gestão
desenvolvido pelo Sistema de Saúde Mãe de Deus, onde a qualidade assistencial é
estruturante de um sistema que em suas ofertas de cuidado consegue articular o público e o
privado, a inovação e a melhor tradição de atenção à saúde, bem como a ação direta frente a
problemas sociais visando à promoção da qualidade de vida e de valores éticos.
Desafios
Este relato mostra o enfrentamento de novos desafios numa sociedade dinâmica e em
movimento.
O Sistema de Saúde Mãe de Deus ao ser desafiado pela realidade sanitária e social
postou-se frente ao problema e o tem enfrentado, com o apoio da ciência, da técnica e da
razão, mas sem perder de vista as pessoas e seus imperativos missionários, na medida em que
todas e cada uma das ações empreendidas estão alinhadas aos princípios do Evangelho, das
orientações originais de Scalabrini e das novas diretrizes da Igreja na mensagem do Papa
Bento XVI.
O esforço estará voltado para sustentar ao longo do tempo a Missão com a
capacidade de adaptação e atualização na medida em que os desafios surgirem e se renovarem
tais como foi demostrado nesta emergência médico-social hoje representada pelas Drogas na
sociedade brasileira.
20
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saude. A politica para atenção integral a usuários de álcool e outras
drogas. 2ª ed.. 2004. Brasília- DF.
BIBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. São Paulo. Paulus, 1990.
BURNS, R. (2011). Psicoterapia de grupo. In: Diehl, A. e al. Dependência química:
prevenção, tratamento e políticas públicas (pp.328-330). Porto Alegre: Artmed.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria GM/MS nº 336/06. Brasília, 2006.
CANDATEN, Analita. Espiritualidade de um Povo a Caminho. CSEM. Brasília, 2007.
CENTRO DE ESTUDOS MIGRATÓRIOS – CSEM/DF. A presença das Irmãs Missionárias
Scalabrinianas na Saúde. Brasília. Abcbsb 2005.
CENTRO DE ESTUDOS MIGRATÓRIOS – CSEM/DF. Migrações Contemporâneas:
desafio à Vida, à Cultura e à Fé. Goiânia: redentoristas,2000. 54-57p. 157-168p
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS MISSIONÁRIAS DE SÃO CARLOS BORROMEO
SCALABRINIANAS. Diretrizes Gerais do Apostolado. 2007-2013.
CONGREGAÇÕES SCALABRINIANAS MISSIONÁRIOS E MISSIONÁRIAS DE SÃO
CARLOS. Scalabrini uma voz atual. São Paulo Loyola 1989.
CONSTITUIÇÕES DAS IRMÃS MISSIONÁRIAS DE SÃO CARLOS BORROMEO
SCALABRINIANAS. São Paulo; Paulinas 1985. 46p.
DOCUMENTO DE APARECIDA. Texto conclusivo da V Conferência Geral do episcopado
Latino-Americano e do Caribe. São Paulo. Paulus 2007.188-190p.
KOUCHE, A.B. Migrações Internas no Rio Grande do Sul: os novos cenários da
desconcentração espacial urbano-regional. Dissertação de Mestrado, Porto Alegre:
UFRGS, 2006.
LECHNER, E. “ O sofrimento dos migrantes e o encontro de ordens simbólicas”, Psilogos –
Revista do Hospital Amadora Sintra, pp. 2-7, 2007.
MARLATT, G.A. & D. M. Donovan (2009). Prevenção de recaída: estratégias de
manutenção no tratamento de comportamentos aditivos. Porto Alegre: Artes Médicas.
MARLATT, G. A. e Witkiewitz, K. (2009). Problemas com álcool e drogas. Em: G. A.
Marlatt & D. M. Donovan. Prevenção de recaída (pp.15-50). Porto Alegre: Artmed.
MILLER WR, Rollnick S. Entrevista Motivacional: Preparando as pessoas para a mudança de
comportamentos aditivos. Porto Alegre: Artes Médicas; 2001.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) (2004). Neurociências: consumo e
dependência de substâncias psicoativas: resumo. Genebra.
PUSSETTI, C. Et al. Migrantes e saude mental: a construção da competência cultural.
Observatório de Migrações. Lisboa: Ed. Principia, 2009.
ZALESKI, M., Laranjeira, R. R., Marques, A. C. P. R., Ratto, L., Romano, M., Alves, H. N.
P., Soares, M. B. M., Abelardino, V., Kessler, F., Brasiliano, S., Nicastri, S., Hochgraf,
P. B., Gigliotti, A. P., & Lemos, T. (2006). Diretrizes da Associação Brasileira de
Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) para o diagnóstico e tratamento de
comorbidades psiquiátricas e dependência de álcool e outras substâncias. Revista
Brasileira de Psiquiatria, 28(2),142-148.
21
Download