0 INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA LIVIA MOREIRA DE CARVALHO RODRIGUES EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISÊNCIA A SAÚDE EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA TERESINA-PI 2015 1 LIVIA MOREIRA DE CARVALHO RODRIGUES EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISÊNCIA A SAÚDE EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientadora: Prof M.ª Maria Nauside Pessoa da Silva Coorientadora: M.ª Flávia Maria da Silva Andrade TERESINA-PI 2015 2 LIVIA MOREIRA DE CARVALHO RODRIGUES EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISÊNCIA A SAÚDE EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Aprovada em: ____________________ BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Prof. Dr. Marttem Costa de Santana Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador ___________________________________________ Prof. Dr Rodrigo Tadine Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador __________________________________________ Prof. M.e Edilson Gomes de Oliveira Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador 3 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades A Sobrati/Ibrati pela oportunidade que nos proporciona. A minha família, aos que foram privados da minha presença em virtude das atividades discentes, pelo respeito e estímulo nos momentos de ausência, em especial a meu esposo, Cristino Araújo Sousa Aguiar, pela paciência, amor, companhia e incentivo. A minha orientadora e coorientadora, Maria Nauside Pessoa da Silva e Flávia Maria da Silva Andrade, pelo suporte, pelas correções e incentivo. Às minhas amigas de trabalho e de estudos, Denise Paiva, Elisabete Chaves, Sílvia Alcântara, Flávia Maria e Lizianne Thátila, profissionais competentes, ética e alegres, que compartilharam comigo toda essa caminhada. 4 RESUMO As UTIs abrangem pacientes críticos submetidos a procedimentos invasivos variados, com condições clínicas que exigem intensa manipulação e controles inseridos em um meio complexo, encontram-se sob risco permanente de incidentes ou eventos adversos, não só indesejáveis como prejudiciais a segurança do paciente. O estudo apresentou como objetivos: investigar nas publicações brasileiras os eventos adversos em Unidade de Terapia Intensiva; identificar fatores de risco e estratégias de redução de eventos adversos. Tratase de uma revisão integrativa da literatura, realizada de Janeiro de 2015 a junho 2015, base de dados utilizada para pesquisa foi Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), com recorte temporal no período de 2010 a 2014. Os trabalhos analisados trouxeram os vários tipos de eventos adversos, tais como: aqueles associados à preparação e administração de medicação, queda do paciente, extubação, queimaduras durante procedimentos, hemorragias por desconexão de drenos e cateteres, ulcera por pressão, infecções relacionadas à assistência a saúde. Observou-se que os fatores de risco para estes eventos envolvem todos os processos relacionados ao paciente, ao ambiente de trabalho, aos profissionais de saúde, a equipe de saúde, a organização e cultura da instituição, dentre outros. Além disso, mostrou-se a importância de conhecer quais são os processos mais críticos e, portanto, com maior probabilidade de ocorrência de EA, para que seja possível a partir da notificação/investigação, desenvolver ações eficazes de prevenção, visto que a maioria deles são previníveis. Palavras-chave: Eventos. Adversos. Unidade de Terapia Intensiva. 5 ABSTRACT ICUs cover critical patients undergoing various invasive procedures with medical conditions that requires intensive handling and inserted controls in a complex medium, under constant risk of incidents or adverse events, not only undesirable as detrimental to patient safety. The study had the following objectives: to investigate Brazilian publications adverse events in Intensive Care Unit; identify risk factors and reducing adverse events strategies. It is an integrative literature review, carried out from January 2015 to June 2015. The database was used searching on the Virtual Health Library (VHL), having as research period the years comprehended 2010 to 2014. All of the works brought various types of adverse events, such as those associated with the preparation and administration of medication, decreasing the patient's extubation, burns during procedures, hemorrhages by disconnection of drains and catheters, pressure ulcers, infections related to health care. It was observed that the risk factors for these events involve all processes related to the patient, the workplace, health professionals, health care team, organization and culture of the institution, among other reasons. Moreover, it showed the importance of knowing what are the most critical processes and therefore more likelihood of EA, so that you can learn from the notification / research, develop effective prevention, as most of these illness are preventable. Keywords: Events. Adverse. Intensive Care Unit 6 SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................... 7 2 EVENTOS ADVERSOS EM UTIs................................................... 9 3 CORPOS METODOLÓGICO ........................................................ 13 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ................................ 15 4.1 Eventos Adversos X Fatores de Risco ...................................... 17 4.2 Estratégias adotadas para segurança do paciente na redução de eventos adversos..................................................................... 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... REFERÊNCIAS............................................................................... 22 27 28 7 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é como um local que se constitui de um conjunto de elementos funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de pacientes graves ou de risco que exijam assistência à saúde ininterrupta, além de equipamentos e recursos especializados (BRASIL, 2006), é um ambiente hospitalar em que se busca estabelecer as condições estáveis do paciente e de proporcionar, se possível, a recuperação. A assistência prestada em terapia intensiva é considerada como uma das mais complexas do sistema de saúde. Afinal, os pacientes mais críticos das unidades hospitalares são mantidos nas UTIs, devido á necessidade do uso inevitável de tecnologias avançadas e, principalmente, exigindo pessoal capacitado para tomada de decisões rápidas e adoção de condutas imediatas (SILVA; SOUSA, 2004). No entanto, segundo Beccaria et al (2009), existem situações que predispõem ao risco de eventos adversos, tais como: avanço tecnológico com incompatibilidade do aperfeiçoamento pessoal necessário, distanciamento das ações próprias de cada profissional, desmotivação, ausência ou limitação da sistematização e documentação do cuidado, delegação de cuidados sem supervisão adequada e sobrecarga de serviço. Os eventos adversos são definidos como complicações indesejadas, decorrentes do cuidado prestado aos pacientes e não atribuídas à evolução natural da doença de base (GALLOTTI, 2004). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que danos à saúde ocorram em dezenas de milhares de pessoas todos os anos no mundo. Dados do Institute of Medicine (IOM) indicam que erros associados à assistência à saúde causam entre 44.000 e 98.000 disfunções a cada ano nos hospitais dos EUA (KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 2000). Os eventos adversos aumentam a permanência em pacientes nas UTIs, elevando os custos de internação e reduzindo a quantidade de vagas disponíveis para outros pacientes que necessitam do mesmo tipo de assistência. Além dos problemas financeiros imediatos, tem-se em longo prazo 8 a demanda reprimida pela redução do fluxo das internações. Como os eventos adversos podem causar sequelas, muitas vezes irreversíveis, isso pode causar também frustração nos familiares, que esperavam um paciente saudável e se deparam com uma paciente com necessidades especiais, muitas vezes, não tendo condições socioeconômicas e emocionais para cuidar deste (FERREIRA, 2007). Atualmente, estes eventos adversos têm despertado o interesse dos pesquisadores em saúde, tornando-se um desafio para o aprimoramento da qualidade na saúde e evolução do quadro dos pacientes. Considerando-se um tema bastante relevante, objetiva identificar a produção científica e o que traz a literatura sobre eventos adversos em UTI. Diante do exposto apresenta-se como questão norteadora : O que traz a literatura a cerca do tema dos eventos adversos em UTIs? O estudo apresenta como objetivos investigar, nas publicações brasileiras, os eventos adversos relacionados à assistência em saúde em Unidades de Terapia Intensiva. . 9 2 EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS Á ASSISTÊNCIA A SAÚDE EM UTIs As Unidades de Terapia Intensiva, segundo Inoue et al (2008), surgiram da necessidade de aprimoramento e concentração de recursos para o atendimento a pacientes graves. Trata-se de unidades hospitalares com infraestrutura especializada que dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com equipamentos específicos próprios, recursos humanos qualificados e acesso a outras tecnologias diagnósticas e terapêuticas. O cuidado intensivo oferecido aos pacientes no ambiente de UTI é um cuidado altamente técnico e objetivo, que visa o monitoramento e à assistência médica e de enfermagem contínua, com o objetivo de recuperar a saúde dos pacientes (BACKER et al, 2012) ou melhorar o estado funcional do paciente, consequentemente aumentando o controle sobre a morte e prolongando a existência do enfermo (SILVA, 2013). As UTIs abrangem pacientes críticos submetidos a procedimentos invasivos variados, com condições clínicas que exigem intensa manipulação e controles inseridos em um meio complexo, encontram-se sob risco permanente de incidentes ou eventos adversos, não só indesejáveis como prejudiciais a segurança do paciente (TOFFOLETTO, 2009). O problema dos eventos adversos na UTI pode estar relacionado ao avanço tecnológico e científico caracterizado por diversas aparelhagens e utilização de novas tecnologias diagnósticas e terapêuticas, cuidados específicos, somado ao maior contingente de profissionais envolvidos na assistência (PADILHA, 1998). O evento adverso em serviços de saúde, entre as diversas definições existentes no mundo, pode ser identificado como “uma lesão ou dano não intencional causado ao paciente pela intervenção assistencial, e não pela doença de base […] evitável, não evitável ou erro” (AMAYA, 2009) sendo estes muito mais relacionados a eventos de natureza sistêmica que individual (BRASIL, 2013a). 10 Há duas décadas pesquisadores estudam de forma sistemática esse fenômeno conhecido com evento adverso, que está relacionado a problemas de qualidade nos serviços de saúde. Esse fenômeno atinge, nos países onde foi investigado, índices alarmantes. Estima-se que cerca de 100 mil pessoas morram em hospitais a cada ano, vítimas de EAs nos Estados Unidos da América (EUA). Essa alta incidência resulta em uma taxa de mortalidade, maior do que as atribuídas aos pacientes com AIDS, câncer de mama ou atropelamentos, nos EUA (MENDES et al, 2005). Os EA são divididos em evitáveis e os eventos adversos não-evitáveis. A diferença entre estas duas subcategorias é basicamente que os eventos adversos evitáveis geralmente tem uma falha ou erro envolvido no processo; e os eventos adversos não-evitáveis são em decorrência de situações que fogem da responsabilidade dos profissionais; como por exemplo, um paciente que apresente uma reação alérgica grave a um medicamento utilizado pela primeira vez por ele (WACHTER, 2010). Wachter (2010) publicou em seu livro que, em 1999, dados da IOM indicam que entre 44.000 e 98.000 americanos morrem a cada ano em função de erros relacionados com a assistência à saúde. E o referido autor ainda destaca que estes erros não acontecem devido à profissionais incompetentes (apesar destes ainda existirem), mas sim com relação à profissionais competentes, que trabalham em sistemas caóticos, que não priorizam a segurança. Os episódios de eventos adversos têm um importante impacto no Sistema Único de Saúde (SUS) por acarretar o aumento na morbidade, na mortalidade, no tempo de tratamento dos pacientes e nos custos assistenciais, além de repercutir em outros campos da vida social e econômica do país (BRASIL, 2013a). A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) assim como todos os órgãos de saúde, segue cada vez mais se ocupando intensamente com a melhoria do cuidado prestado nos ambientes de atenção à saúde com a finalidade de aperfeiçoar a efetividade de suas ações, oferecendo um serviço de qualidade aos usuários dos serviços de saúde. No Brasil, um marco 11 importante na assistência à saúde foi a criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente, o qual tem a função de prevenir e diminuir a incidência de eventos adversos relacionados à assistência nos serviços de saúde (BRASIL, 2013b). Para o efetivo enfrentamento da variabilidade de aspectos relacionados aos eventos adversos em serviços de saúde também se faz necessário conhecer a abrangência e a real magnitude da sua ocorrência. Nesse sentido, a investigação dos possíveis fatores de risco, fontes e causas dos episódios, como um dos instrumentos utilizados para intervir nas questões da segurança e da qualidade, contribui para o entendimento da dinâmica da ocorrência dos danos, orientando as mudanças nas práticas assistenciais e nas regulamentações (BRASIL, 2013a). Estes eventos apresentam o potencial de causar danos aos pacientes e prejuízos associados aos cuidados à saúde, decorrentes de processos ou estruturas da assistência. A atitude para segurança do paciente repensa os processos assistenciais com o intuito de identificar a ocorrência das falhas antes que causem danos aos pacientes na atenção à saúde. Assim, é importante conhecer quais são os processos mais críticos e, portanto, com maior probabilidade de ocorrência, para que seja possível desenvolver ações eficazes de prevenção (BRASIL, 2013b). As Unidades de Terapia Intensiva são ambientes onde os eventos adversos merecem análise particular, levando em consideração que o cliente grave apresenta características que o tornam mais susceptível a erros. Ainda, eles devem ser analisados para identificar problemas estruturais, recursos humanos, materiais, equipamentos e processo de trabalho para ajudar a adotar medidas preventivas de falhas no ambiente hospitalar (BECCARIA et al, 2009). Os pacientes de UTI estão mais vulneráveis aos eventos adversos e mais susceptíveis à infecção hospitalar. Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, em Boston, verificou que mais de 20% dos pacientes admitidos em UTI sofreram algum evento adverso (ORLOVSKY, 2005). 12 Os EA que mais comumente repercutem na vida do paciente e seus familiares, no ambiente dos profissionais de saúde e na sociedade são: as infecções relacionadas a assistência a saúde, os eventos de medicação, a administração de dose ou via errada, as reações adversas graves aos medicamentos, os erros de diagnóstico, as falhas na comunicação entre os profissionais, a realização de cirurgias em pacientes trocados ou em partes do corpo erradas (lateralidade), a retenção de corpos estranhos (BRASIL, 2013a). Além desses, ocorrem os problemas no transporte interno e externo do paciente, os incidentes na interface homem-equipamento, as taxas de tromboembolismo venoso, as úlceras por pressão (UP), as quedas, as fraturas e as IRAS (WACHTER, 2010). Sabe-se que os sistemas de serviços de saúde são complexos e têm cada vez mais incorporado tecnologias e técnicas elaboradas, acompanhados de riscos adicionais na prestação de assistência aos pacientes. Entretanto, medidas simples e efetivas podem prevenir e reduzir riscos e danos nestes serviços, tais como: mecanismos de dupla identificação do paciente; melhoria da comunicação entre profissionais de saúde; uso e administração segura de medicamentos; realização de cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos; higiene das mãos para a prevenção de infecções e prevenção de quedas e úlceras por pressão (BRASIL, 2013b). Esses eventos merecem uma investigação minuciosa devido ao cuidado dos profissionais de saúde pelo paciente e a complexidade da assistência prestada nessa unidade. O estudo de erros humanos é recente e os profissionais da saúde relacionam os mesmos com vergonha, medo e punições, além de associá-los a desatenção, desmotivação e treinamento insuficiente, portanto, quando estes ocorrem há tendência em escondê-los (BECCARIA et al, 2009). Ainda, quando este evento aparece, toda atenção é dada para a descoberta do culpado, perdendo-se a chance de melhor conhecê-lo e tomar medidas para tratá-lo (MADALOSSO, 2000). e principalmente prevenir novas ocorrências 13 3 CORPOS METODOLÓGICO Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada de Janeiro de 2015 a junho 2015, por meio da qual se obteve os dados relativos ao assunto em discussão. A base de dados utilizada par a pesquisa foi Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), com recorte temporal no período de 2010 a 2014. Os descritores utilizados foram: eventos, adversos, UTI. Sendo assim, a presente pesquisa foi realizada considerando os materiais disponíveis que abordassem a temática “Eventos adversos relacionados à assistência a saúde em UTI” do objetivo proposto. A coleta foi realizada em Janeiro e Fevereiro de 2015 e abrangeu os seguintes passos: definição das palavras-chave, busca dos trabalhos e seleção dos trabalhos pertinentes. Em busca de informações referentes aos conhecimentos sobre eventos adversos em UTI, selecionou - se artigos científicos que atendessem à questão de pesquisa, tendo como critérios de inclusão: artigos nacionais, redigidos em português, e na íntegra que demonstrassem a temática em questão, publicados e indexados nas bases de dados entre os anos de 2010 a 2014 de acesso online, independentemente da formação profissional do autor. A análise se deu através da construção subjetiva dos principais focos apresentados nas publicações selecionadas. Ao utilizar os descritores citados no banco de dados BVS, encontrou-se 22 artigos na base de dados LILACS e 03 na Coleciona SUS. Posteriormente, após filtrar os critérios de inclusão, encontrou-se 11 artigos no LILACS e 1 Coleciona Sus. Foram realizadas as análises do título, dos descritores e do resumo dos textos publicados. Nessa etapa, ao analisar as listas de referências, realizando a leitura seletiva dos artigos, no qual os 10 trabalhos se enquadraram nos objetivos do presente estudo e tiveram relação com a temática proposta deste trabalho. 14 A partir dos dados da pesquisa elaborou-se duas categorias, a saber: Eventos adversos X fatores de risco; Estratégias adotadas para segurança do paciente na redução de eventos adversos. 15 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS De acordo com os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos no estudo, a amostra ficou constituída por dez pesquisas, descrita conforme a tabela abaixo: Tabela 1 – Distribuição das referências incluídas no estudo, de acordo com os autores, ano de publicação, revista, local, título e objetivos. Teresina, PI, 2015 AUTORIA/ ANO NOVARETTI, et al 2014 REVISTA/ LOCAL Rev. Bras. Enferm Brasília-DF TÍTULO DO ARTIGO OBJETIVOS Sobrecarga de trabalho da Enfermagem e incidentes e eventos adversos em pacientes internados em UTI PEDREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013 Rev. Bras. enferm. Brasília- DF Evento adverso no idoso em Unidade de Terapia Intensiva Identificaa influência da sobrecarga de trabalho da Enfermagem na ocorrência de incidentes sem lesão e eventos adversos em 399 pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Identificar a produção científica, na América Latina, sobre segurança do idoso na UTI e os eventos adversos trazidos pela literatura VENTURA; ALVES; MENESES, 2012 Rev. bras. Enferm Brasília- DF Eventos adversos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal Determinar a incidência de eventos adversos (EAs) em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010 Rev. Eletr. Enf. (Internet) Erros na administração de antibióticos em unidade de terapia intensiva de hospital de ensino LAMY FILHO, et al, 2011 J. Pediatr Porto Alegre –RS Carga de trabalho de profissionais da saúde e eventos adversos durante ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva neonatal verificar a ocorrência e caracterizar erros na administração de antibióticos, realizou-se estudo descritivo em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospital de ensino, na cidade de Brasília – Distrito Federal Investigar uma possível associação entre a carga de trabalho de profissionais da saúde e eventos adversos intermediários, tais como extubaçãoacidental, obstrução do tubo endotraqueal e desconexão acidental do circuito do ventilador, durante ventilação mecânica neonatal em unidades neonatais de alto risco Fonte: Pesquisa direta, 2015. 16 Tabela 1 – Distribuição das referências incluídas no estudo, de acordo com os autores, ano de publicação, revista, local, título e objetivos. Teresina, PI, 2015 AUTORIA/ ANO CLARO, 2011 REVISTA/ LOCAL Rev. esc. enferm. USP Saõ Paulo-SP CABRAL et al, 2014 Rev. pesqui. cuid. fundam. (on line) SILVA; WAGNER; PEDRO, 2012 Rev. Eletr. Enf. (Internet) BARCELOS; PIVA, 2012 Scientia Medica Porto Alegre-RS GONÇALVES, et al, 2012 Rev. Esc. De Enfermagem USP TÍTULO DO ARTIGO OBJETIVOS Eventos adversos em Unidade de Terapia Intensiva: percepção dos enfermeiros sobre a cultura não punitiva Caracterizar os sistemas de notificação de EA; verificar a freqüência dos eventos e conseqüências para os profissionais; verificar o grau de segurança dos enfermeiros para notificá-los Analisar a atuação da equipe de enfermagem na administração de medicamentos em unidade de terapia intensiva. Descrever os eventos adversos identificados pelo familiar/cuidador em uma Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico Revisar as principais medicações usadas em serviços de emergência pediátrica para analgesia em procedimentos terapêuticos Verificar a adequação entre a alocação da equipe de enfermagem e as horas de cuidado requeridas pelos pacientes; identificar a relação entre essa alocação com eventos adversos/iuncidentes (EA/I). Evento adverso versus erro de medicação: percepções da equipe de enfermagem atuante em terapia intensiva Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante Sedação e analgesia em emergência pediátrica Alocação da equipe de enfermagem e ocorrência de eventos/incidentes em unidade de terapia intensiva Fonte: Pesquisa direta, 2015. A amostra constituída por essas dez pesquisas foram publicadas em cinco revistas nacionais diferentes e um jornal. Destas, a Revista Brasileira de Enfermagem teve 30% das publicações, a Revista Eletrônica de Enfermagem 17 20% e Escola de Enfermagem da USP 20%, e as demais 10% cada das publicações, conforme a tabela acima. No tocante à caracterização dos trabalhos de acordo com o ano de publicação, o primeiro trabalho encontrado nas bases de dados LILACS e ColecionaSUS, conforme os critérios préestabelecidos, data do ano 2010 e 2013 teve uma publicação e nos anos de 2011 e 2014 duas publicações cada, já no ano de 2012 houve maior número de publicações 40% (quatro). Dos 10 artigos analisados houve predominância de trabalhos publicados por enfermeiros (8 - 80%) e os demais (2 - 20%) por médicos. De acordo com dados da pesquisa, construíram-se duas categorias, a saber: Eventos adversos X fatores de risco; Estratégias adotadas para segurança do paciente na redução de eventos adversos. 4.1 Eventos Adversos X Fatores de Risco Nos últimos anos vem aumentando o interesse das instituições de saúde em melhorar a segurança na prestação do cuidado, principalmente pelas discussões sobre gestão de qualidade nos serviços de saúde (PEREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013). Receber uma assistência à saúde de qualidade é um direito do indivíduo e os serviços de saúde devem oferecer uma atenção que seja efetiva, eficiente, segura, com a satisfação do paciente em todo o processo, um dos aspectos envolvido são os eventos adversos. EA tem um importante impacto no Sistema Único de Saúde (SUS) por acarretar o aumento na morbidade, na mortalidade, no tempo de tratamento dos pacientes e nos custos assistenciais, além de repercutir em outros campos da vida social e econômica do país (BRASIL, 2013a). Dos artigos analisados sobre eventos adversos, a metade (50%) aborda ou citou aqueles relacionados a medicação, 40% trabalhou EA relacionados a carga de trabalho, 40% ao tempo de internação, 20% relacionou com a ventilação mecânica, 20% com IRAS e 10% com a comunicação (Tabela 2). 18 Tabela 2 – Distribuição das referências incluídas no estudo de acordo com os autores e eventos adversos trabalhados. Teresina, PI, 2015 Trabalhos Abordam eventos adversos realizados relacionados a: por: Carga Medicação de Tempo de Ventilação Internação Mecânica Iras* Úlcera Comuni cação trabalho NOVARETTI, et al 2014 PEDREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013 VENTURA; ALVES; MENESES, 2012 RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010 LAMY FILHO, et al, 2011 CLARO et al, 2011 CABRAL et al, 2014 SILVA; WAGNER; PEDRO, 2012 BARCELOS; PIVA, 2012 GONÇALVES, et al, 2012 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Fonte: pesquisa direta, 2015 Nos hospitais os eventos adversos mais comuns associados a assistência da enfermagem são: EA associados preparação e administração de medicação, queda do paciente, extubação, queimaduras durante procedimentos, hemorragias por desconexão de drenos e cateteres, ulcera por pressão, infecções relacionadas a assistência a saúde, dentre outros. Em relação à assistência médica, pode-se citar EA relacionados diagnóstico, lesões causadas por procedimentos terapêuticos, falhas na prescrição, infecção nosocomial (PEREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013). 19 Novaretti et al (2014) em seu trabalho também cita as dermatites, assaduras e ulceras de pressão como alguns tipos de EA mais comumente relacionados a esfera da enfermagem. Claro et al (2011) também observou em seu trabalho que houve predomínio dos erros de medicação e úlcera por pressão (71,4% cada um), seguidos pelas quedas (64,3%) e problemas com sondas, drenos e cateteres (60,7%), infecções urinárias (35,7%), respiratórias (25,0%) e outras (35,7%) foram também citados, embora em menor freqüência. Contudo, no estudo realizado em uma UTI Neonatal os tipos de EA identificados foram os distúrbios da termorregulação (29%), os distúrbios da glicemia (17,1%), a infecção relacionada a assistência a saúde de origem hospitalar (13,5%), seguidos de extubação não programada (10,%), considerados os mais frequentes, total de 579 eventos adversos (taxa de 2,6 EA/paciente) (VENTURA; ALVES; MENESES, 2012). Em UTIs a ocorrência de eventos adversos esta relacionado ao tempo de internação mais do que três dias, a sobrecarga de trabalho de enfermagem, a complexidade dos casos, à necessidade de decisão de alto risco de forma urgente, falta de informações prévias sobre à saúde dos pacientes, variabilidade de capacitação dos profissionais médicos e de enfermagem, realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos em maior frequência que em outros setores hospitalares, a utilização de um número elevado de medicamentos e muitos serem mais complexos em devido a maior gravidade do quadro clinico inicial (NOVARETTI et al, 2014). Ventura, Alves e Meneses (2012) mostra em seu trabalho que os principais fatores de risco para eventos adversos em uma UTI neonatal estão relacionados ao tempo prolongado de internação e ao tempo prolongado de Recém Nascidos (RNs) submetidos à ventilação mecânica invasiva por meio de um tubo orotraqueal com risco para ocorrência de extubação; distúrbios de termorregulação, principalmente a hipotermia; o desequilíbrio da glicemia (hipoglicemia e hiperglicemia); tempo de internação hospitalar em UTI; infecção relacionada à assistência à saúde de origem hospitalar. 20 Novaretti et al (2014), corrobora com o autor a cima, quanto maior o tempo de internação maior o risco para EA, considerando alto risco para tempo superior a 3 dias de internação. No que diz respeito a eventos adversos relacionados a medicação tem destaque em vários estudos, observando-se que é comum sua ocorrência. Este tipo de EA atribuiu-se os principais fatores de risco o exercício profissional, ao procedimento em si, aos problemas de comunicação, incluindo prescrição, rótulo, embalagens, nomes, preparação, dispensação, distribuição, falta de formação específica para trabalhar em UTI (PEDREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013). Deve ser considerado risco para eventos adversos, a probabilidade de interações medicamentosas, múltiplos fármacos em uma mesma prescrição, erros de administração referente erros de horário e de preparo; ausência de desinfecção dos frascos de medicamentos a serem ministrados por via intravenosa, falta de higienização das mãos pelos profissionais da equipe de enfermagem para realizar os procedimentos; a ilegibilidade da letra do médico; carga de trabalho excessiva da equipe de enfermagem; administração de medicamentos fora dos intervalos corretos, podendo ocasionar eventos farmacocinéticos (concentração dos fármacos no organismo) e eventos farmacodinâmicos (interação dos fármacos com receptores ou sítio de ação (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010). Outro fator de risco evidente é a falta de padronização e até mesmo a não aplicação de um protocolo assistencial, sendo um potencializador para ocorrência de vários tipos de eventos adversos (SILVA; WAGNER; PEDRO, 2012). A carga de trabalho também se destaca como fator de risco para a segurança do paciente e ocorrência de eventos adversos, uma vez que o número adequado de profissional é indispensável para o cuidado seguro. Adequação quantitativa de profissionais segundo as necessidades dos pacientes pode possibilitar menor risco e menor incidência de agravos à saúde dos trabalhadores. O aumento de 0,1% na razão paciente / enfermeiro levou a um acréscimo de 28% na taxa de eventos adversos. Quanto maior a diferença 21 entre as horas disponíveis de enfermagem e requeridas de cuidado pelos pacientes, nas alocações de enfermagem, menor foi à frequência de eventos adversos (GONÇALVES et al, 2012). Como fatores associados à carga de trabalho de enfermagem em UTI, apresentou o tempo de permanência do paciente no setor, predispondo os profissionais a falhas, como erros na administração de medicamentos, entre outros incidentes de trabalho (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010). A relação das horas disponíveis de Enfermagem, segundo o quantitativo de profissionais existentes, tem sido foco de preocupação dos profissionais atuante na gestão das instituições hospitalares dada à necessidade de adequação dos recursos humanos e demandas de cuidados dos pacientes graves. Outro fator preocupante é que devido o menor tempo de enfermagem disponível, ocorre à omissão de registros importantes dentre eles os referentes aos eventos adversos (GONÇALVES et al, 2012). Na pesquisa de Lamy Filho et al (2011) a análise ajustada demonstrou uma associação entre o número de RCDCs (recém-nascidos classificados de acordo com a demanda de cuidados) por enfermeiro ou auxiliar de enfermagem e eventos adversos (relacionados a ventilação mecânica): quanto maior a proporção entre o número de RCDCs e o número de enfermeiros ou auxiliares de enfermagem, maior o risco de ocorrência de eventos adversos. Ou seja quanto maior o numero de bebês supervisionados por técnicos de enfermagem maior o risco de eventos adversos e quando o numero de bebês era superior a 11 por enfermeiro por turno, ocorria um aumento em 3 vezes e meio o risco de EA. O número de RCDCs por médico não esteve associado a eventos adversos durante ventilação mecânica. No entanto, o número total de RCDCs esteve fortemente relacionado aos eventos adversos durante a ventilação neonatal. Quanto maior esse número, maior o risco de ocorrência de eventos adversos (valor p de tendência = 0,002). A sobrecarga de trabalho é um obstáculo às ações de educação continuada para a prevenção contra a infecção hospitalar, visto que, a participação e eficácia dos treinamentos ficam prejudicadas, de modo que as fragilidades presentes favorecem a prática de erros pelos indivíduos envolvidos 22 com o cuidado. Destaca-se também, que o enfermeiro tem diversas atribuições de forma que o impacto da sobrecarga de trabalho aumenta os riscos de eventos adversos (NOVARETTI et al, 2014). 4.2 Estratégias adotadas para segurança do paciente na redução de eventos adversos A ocorrência de eventos adversos está diretamente relacionada à qualidade da assistência e a segurança dos pacientes. A maioria dos eventos adversos são considerados prevenível, evidenciando à necessidade de estabelecer estratégias efetivas para minimizar sua ocorrência (VENTURA; ALVES; MENESES, 2012). Um trabalho realizado em UTI Neonatal com amostra de 218 RN, 183 (84%) apresentaram algum tipo de evento adversos, destes, 87% foram considerados previníveis, denotando a importância da necessidade de estabelecer estratégias efetivas para reduzir sua ocorrência (VENTURA; ALVES; MENESES, 2012). A assistência à saúde ao paciente internado em UTI prestada de forma insegura aumenta a morbimortalidade, pois muitos erros poderiam ser evitáveis a partir de implantação de indicadores de segurança como programas de monitoramento de qualidade e assistência ofertada aos pacientes hospitalizados, pois é de direito do paciente a garantia de assistência à saúde (SILVA; WEGNER; PEDRO, 2012). Brasil (2013b) afirma que os eventos apresentam o potencial de causar danos aos pacientes e prejuízos associados aos cuidados à saúde, decorrentes de processos ou estruturas da assistência. A atitude para segurança do paciente repensa os processos assistenciais com o intuito de identificar a ocorrência das falhas antes que causem danos aos pacientes na atenção à saúde. Assim, é importante conhecer quais são os processos mais críticos e, portanto, com maior probabilidade de ocorrência, para que seja possível desenvolver ações eficazes de prevenção. 23 Em um estudo realizado com 70 enfermeiros que trabalhavam num determinado hospital (UTI), observou-se que a maioria (49 – 70%) referiu a existência de um sistema de notificação de EA, predominantemente do tipo impresso (42-85,7%), realizado de forma anônima (14- 28,6%), tendo os enfermeiros como responsáveis pela notificação (41-83,7%). A maioria dos enfermeiros (50 - 71,4%) percebe a existência de subnotificação de EA nas suas unidades de trabalho e indicaram 115 motivos para esses comportamentos, ou seja, 2,3 motivos/profissional, dentre eles citaram sobrecarga de trabalho (29- 25,2%), esquecimento (26-22,6%) e não valorização dos EA (23-20,0%), seguidos pelos sentimentos de medo (1815,7%), vergonha (13-11,3%). Quando indagados sobre a presença de punição no seu local de trabalho, do total da amostra, 17 (24,3%) enfermeiros responderam negativamente, porém, a maioria (52-74,3%) referiu que ela ocorre “às vezes” e “sempre” (CLARO et al, 2011). Quando os EA aparecem, toda atenção é dada para a descoberta do culpado, perdendo-se a chance de melhor conhecê-lo e tomar medidas para tratá-lo e principalmente prevenir novas ocorrências (MADALOSSO, 2000). Para o efetivo enfrentamento da variabilidade de aspectos relacionados aos eventos adversos em serviços de saúde também se faz necessário conhecer a abrangência e a real magnitude da sua ocorrência. Nesse sentido, a investigação dos possíveis fatores de risco, fontes e causas dos episódios, como um dos instrumentos utilizados para intervir nas questões da segurança e da qualidade, contribui para o entendimento da dinâmica da ocorrência dos danos, orientando as mudanças nas práticas assistenciais e nas regulamentações, para isso, precisa-se notificar os eventos adversos, no qual, pode ser feito de forma anônima (BRASIL, 2013a). Além disso, é importante que prática da cultura de segurança se faça necessária também na UTI, uma vez que tem como pressuposto o conceito de que os seres humanos cometem erros (CLARO et al, 2011) e que esses podem estar relacionados em todo processo (superlotação dos hospitais, a raridade de prontuários ou prescrições eletrônicas, a dispensação coletiva de medicamentos, as normas, os padrões e os protocolos de funcionamento 24 imprecisos ou inexistentes, os cortes excessivos nos custos que levam a falta de materiais e equipamentos, quando acrescidos ao estresse e a pressão das condições do ambiente de trabalho – BRASIL, 2013a) portanto, a chave consiste em estruturar sistemas que minimizem a oportunidade de os erros acontecerem (CLARO et al, 2011). O acontecimento de EAs está diretamente relacionado com a qualidade da assistência e a segurança dos pacientes. Sabe-se que a ocorrência de EA prolonga o tempo de internamento hospitalar e pode resultar em danos ou sequelas temporárias e permanentes. Além disso, os eventos considerados mais graves necessitam muitas vezes de uma intervenção para a manutenção da vida ou podem até mesmo resultar em morte (VENTURA; ALVES; MENESES, 2012). A relevância acerca da segurança do paciente encontra-se expressa no Programa Nacional de Segurança do Paciente, que cita seis protocolos essenciais: a higienização das mãos, cirurgia segura, prevenção de úlcera por pressão, identificação do paciente, prevenção de quedas e prescrição, uso e administração de medicamentos. De forma que devem ser trabalhados nas instituições de saúde para reduzir danos aos pacientes hospitalizados (PEDREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013). No que se refere ao risco de eventos adversos relacionados a administração, interação e potencialidade dos medicamentos utilizados em UTI, se faz necessário alguns cuidados específicos, como, no uso dos benzodiazepínicos observar o nível de consciência e a sedação profunda, quanto a depressão respiratória potencializada pelo uso associado dos opióides e a hipotensão se associada à morfina. Para segurança do neonato, não é recomendável administração do diazepam, pois predispõe a encefalopatia bilirrubínica, assim como, a infusão endovenosa rápida pode causar depressão respiratória e hipotensão. Em se tratando do uso de dexmedetomidina, as desvantagens incluem sua farmacocinética e seus eventos adversos hemodinâmicos, podendo causar hipertensão e bradicardia em sua fase inicial. O uso da morfina, pode induzir à liberação de histamina, 25 caracterizada por bronco espasmo, hipotensão, náuseas, vômitos e prurido (BARCELLOS; PIVA, 2012). Os autores supracitados inferem ainda que, a observação contínua do paciente por um profissional da saúde capaz de reconhecer eventos adversos da sedação e analgesia, é fundamental na prevenção de eventos adversos e promove a segurança do paciente. Outra estratégia importante adotada pelas instituições de saúde é a prescrição eletrônica, utilizadas para minimizar erros decorrentes de prescrições mal formuladas e ilegíveis. Além disso, a adoção do sistema de distribuição de medicamentos de forma individualizada e identificada para um período de 24 horas, assim como, a distribuição dos horários de administração das doses dos antibióticos prescritos pelos médicos e aprazamento especificamente pelo enfermeiro. Desse modo proporciona maior segurança e prevenção de interações fármaco – fármaco e entre fármaco-alimento, incompatibilidades medicamentosa, evitando os eventos adversos (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010). Na Unidade de Terapia Intensiva a distribuição diária da equipe de enfermagem por meio de critérios subjetivos acerca das demandas exigidas de cuidados na prevenção de eventos adversos, é um fator que compromete e coloca em risco a segurança dos pacientes, com isso é fundamental a alocação adequada da equipe de enfermagem por paciente nas UTIs utilizando-se instrumentos que mensurem as demandas de cuidados por paciente de modo a contribuir para uma prática assistencial segura para o paciente e o profissional de saúde (GONÇALVES et al, 2012). Várias são as estratégias utilizadas para redução de eventos adversos, como o processo de trabalho priorizando a integração e coordenação da equipe, buscando uma organização do trabalho de modo a favorecer a qualidade da assistência e minimização de riscos (GONÇALVES et al, 2012). As organizações de saúde devem prover número adequado de profissionais, bem como, condições de trabalho e de remuneração adequados que permitam um menor risco de dano aos pacientes. A definição de metas, os recursos disponíveis, as modalidades de contratação de pessoal e o tipo de 26 atendimento devem ser analisados de modo global e integrados. Desse modo podem se direcionar ações educativas, preventivas e corretivas, assim como, procurar desenvolver políticas, elaborar estratégias e oferecer o suporte necessário para promover a melhoria da segurança do paciente (NOVARETTI, et al, 2014). O processo de comunicação evidencia como uma estratégia dentro dos serviços de saúde, sendo um dos fatores de monitoramento de qualidade na assistência quando adotada de forma interdisciplinar favorecem uma linguagem única, sendo traduzida em uma assistência em saúde segura, evitando informações imprecisas, que predispõe a um evento adverso (SILVA; WEGNER; PEDRO, 2012). 27 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo buscou resposta para a seguinte questão norteadora: o que traz a literatura a cerca do tema dos eventos adversos em UTIs? Observou-se que a produção sobre o tema houve uma maior concentração de produção sobre o tema no ano de 2012, com redução em 2013 seguido de aumento em 2014, destacando em número de publicações os profissionais de enfermagem. Os trabalhos analisados trouxeram os vários tipos de eventos adversos, tais como: aqueles associados à preparação e administração de medicação, queda do paciente, extubação, queimaduras durante procedimentos, hemorragias por desconexão de drenos e cateteres, ulcera por pressão, infecções relacionadas à assistência a saúde. Observou-se que os fatores de risco para estes eventos envolvem todos os processos relacionados ao paciente, ao ambiente de trabalho, aos profissionais de saúde, a equipe de saúde, a organização e cultura da instituição, dentre outros. Além disso, mostrou-se a importância de conhecer quais são os processos mais críticos e, portanto, com maior probabilidade de ocorrência de EA, para que seja possível a partir da notificação/investigação, desenvolver ações eficazes de prevenção, visto que a maioria deles são previníveis. A ocorrência de eventos adversos tem um expressivo impacto no Sistema Único de Saúde (SUS) por ocasionar no aumento na morbidade, na mortalidade, no tempo de tratamento dos pacientes e nos custos assistenciais, além de refletir em outros campos da vida social e econômica do país, o que confirma a relevância deste estudo. 28 REFERÊNCIAS AMAYA, S. L. Seguridaddel Paciente: Conceptos e análisis de eventos adversos. Centro de GestiónHospitalaria/ViaSALUD, n.48, p.6-21, jul 2009. BARCELOS, A.L.M; PIVA, J. P. Sedação e analgesia em emergência pediátrica. Scientia Medica. Porto Alegre, vol 22, nº3, maio, 2012. BACKES M. T. S. et al. O cuidado intensivo oferecido ao paciente no ambiente de unidade de terapia intensiva. Anna Ner, Rio de Janeiro, v.16, n.4, p. 689-96, 2012. BECCARIA, M. C. M. et al. Eventos adversos na assistência de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. São Paulo, v.21, n.3, p 276-282, 2009. 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