Código 0065

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Código 0065
VIABLILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE CARNE EM
SISTEMAS INTENSIVOS DE PASTAGENS NA REGIÃO DO CERRADO
1
ADILSON P. A AGUIAR 2 , BIANCA H. P. J. F. ALMEIDA 3 , GUSTAVO C. AMARAL 4 , JOEL L. F.
DATENA 4 , RICARDO J. YOUNES 4 , RODRIGO DE O. COSTA 4 , JANDERGLEITON MOTA 4 , WILLIAN
S. O. VIVAN 4
Projeto financiado pela FUNDAGRI, Fundação para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias. Av. Tutunas, n.
720, Bairro Tutunas, Uberaba, MG, 38 061-500, telefone 0XX34 3 315-4188, [email protected]
2 Professor de Pastagens e Plantas Forrageiras I e Zootecnia III (Bovinocultura de Corte e de Leite) da FAZU,
Uberaba, Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba, Av. Tutunas, n. 720, Bairro Tutunas, Uberaba, MG,
38 061-500, telefone 0XX34 3 315-4188, [email protected]
3 Zootecnista e Especialista em Administração Rural, rua Josina Rodrigues Borges 425, Bairro Olinda, Uberaba,
MG, 38 055–490, telefone 0XX34 3 313 7203, [email protected]
4 Estudantes de graduação do curso de Zootecnia da FAZU, Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba,
Av. Tutunas, n. 720, Bairro Tutunas, Uberaba, MG, 38 061. 500, telefone 0XX34 3 315-4188, [email protected]
1
RESUMO: Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a viabilidade econômica da
produção de carne em pastagens intensivas. O período de avaliação foi de 12 meses, na
Fazenda Escola da Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba, em ambiente típico de
cerrado. Foram usados os capins Tanzânia Panicum maximum Jacq. cv Tanzânia-1, Mombaça
Panicum maximum Jacq. cv Mombaça e Tifton 85 Cynodon sp cv Tifton 85 em sistema de
pastejo rotacionado. Os animais eram de raças zebuínas, a Guzerá e a Tabapuã, e cruzados
de Nelore/Limousin e de Nelore/Piemontês. Para avaliar a viabilidade econômica do sistema
foram determinados o Custo Total, o custo/@, o Custo Operacional Efetivo, a Receita, a
Margem Bruta, a Margem Líquida, a Lucratividade, o Retorno Sobre o Capital Circulante e o
Retorno Sobre o Capital Investido. A margem líquida anual por hectare variou de R$ 425,00, no
sistema com capim Tanzânia, a R$ 564,0 no sistema com capim Mombaça e R$ 1.767,0 no
sistema com o capim Tifton 85. A lucratividade variou de 26% no sistema com capim Tanzânia,
a 32% no sistema com capim Mombaça e 57% no sistema com capim Tifton 85. O Retorno
Sobre o Capital Investido (RCI) foi de 8% no sistema com capim Tanzania, 9,5% no sistema
com capim Mombaça e 22% no sistema com capim Tifton 85. Mais trabalhos como este
deverão receber atenção em futuro próximo por parte dos pesquisadores devido ao interesse
crescente em sistemas intensivos por parte de pecuaristas e consultores.
PALAVRAS-CHAVE: custo de produção, lucratividade, margem líquida, receita, retorno sobre
capital investido
(The authors are responsible for the quality and content of the title, abstract and keywords)
THE ECONOMIC VIABILITY OF MEAT PRODUCTION IN INTENSIVE PASTURES SYSTEMS
AT THE CERRADO REGION
ABSTRACT: This work was carried out to evaluate the economic viability of meat production
in intensives pastures. The evaluation period was 12 months at the Uberaba Agriculture and
Animal Husbandry College Farm in a typical Cerrado environment with Tanzânia, Panicum
maximum Jacq. cv Tanzânia-1; Mombaça Panicum maximum Jacq. cv Mombaça and Tifton 85,
Cynodon sp cv Tifton 85 species in a rotational grazing system. Animals were of the Guzerá
and Tabapuã breeds and Nelore/Limousin and Nelore/Piemontes crosses. To evaluate the
economic viability of the systems were determined the Total Cost, the Effective Operational
Cost, Income, Gross Margin, Net Margin, Profitability, Capital Revenue. Net Margin per hectare
was R$ 425,0/ha in the system with Tanzânia grass; R$ 564,0 in the system of Mombaça grass
and R$ 1.767,0 in the system with
Tifton 85 grass. Profitability varied 26% in the system of Tanzânia grass; 32% in the system of
Mombaça grass and 57% in the system of Tifton 85 grass. The Total Capital Revenue was 8%
in the system of Tanzania grass; 9,5% in the system of Mombaça grass and 22% in the system
of Tifton 85 grass. More works is the should receive attention in near future on the part of the
researchers due the growing interest on the part of farmers and consultants in the intensives
production systems.
KEY WORDS: income, net margin, production cost, profitability, capital revenue
INTRODUÇÃO
A produtividade de carne nas fazendas que exploram pastagens cultivadas fica entre 150 e 180
kg/ha/ano de peso vivo (PV) ou 75 a 90 kg de carcaça/ha/ano, enquanto se pode encontrar na
literatura produções acima de 900 kg/ha/ano de PV (AGUIAR et al., 2000; ESTEVES 2000;
CORSI et al., 2001), sinalizando que a produtividade pode ser aumentada em pelo menos
cinco vezes, apesar de CORSI (1986) já ter estabelecido a produtividade de 600 kg de
carcaça/ha/ano ou 1.200 kg de PV/ha/ano. Se considerarmos a área total de pastagens
brasileiras como sendo 177.700.471 ha (PITOMBO, 1999) e 2 milhões de propriedades
(informação pessoal do Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Sr. João Carlos de
Souza Meirelles), teremos uma área média por propriedade de 89 ha, uma área pequena e que
por isso precisa ser explorada intensivamente para que o proprietário se mantenha na
atividade. Outro ponto a considerar é a discordância entre pesquisadores sobre a viabilidade
econômica da adubação de pastagens para a produção de carne, como se vê em GOMIDE
(1984), que concluiu: “aos preços atuais da carne e do nitrogênio (N) não é economicamente
viável a aplicação de N em pastagens destinadas à engorda de novilhos”. Neste contexto, se
faz necessário a avaliação econômica das recomendações preconizadas pela pesquisa e pela
extensão, embora não tenha sido uma rotina as análises econômicas nos trabalhos de
pesquisa que deveriam dar suporte para a tomada de decisão de consultores e de produtores.
O objetivo deste trabalho é o de avaliar a viabilidade econômica de produzir carne a partir de
pastagens manejadas intensivamente, como um sistema de produção para viabilizar a
produção de carne nas pequenas e médias propriedades.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido na Fazenda Escola da Faculdade de Agronomia e Zootecnia de
Uberaba – FAZU, no período de outubro de 1999 a novembro de 2000. A área experimental
começou a ser implantada em outubro de 1997 e usada a partir de abril até setembro de 1998
como o primeiro período de avaliação (AGUIAR et al., 1998) e como segundo período de
avaliação de outubro de 1998 a novembro de 1999 (AGUIAR et al., 2000). A área total mede
9,12 ha, com 4 ha de capim Mombaça, Panicum maximum Jacq cv Mombaça, 4 há de
Tanzânia Panicum maximum Jacq cv Tanzânia-1 e 1,12 ha de tifton 85, Cynodon sp cv Tifton
85. Cada área de cada forrageira foi dividida em módulos com doze piquetes nos módulos de
Tanzânia e Mombaça e seis no de Tifton 85. Estas forrageiras foram manejadas em pastejo
rotacionado com períodos de descanso variados, de acordo com a época do ano, tendo sido de
28 a 45 dias nos capins Mombaça e Tanzânia e de 21 a 35 dias no capim Tifton 85. O manejo
da fertilidade do solo foi orientado para manter o pH em H2O entre 6,2 a 6,5, e as adubações
foram planejadas para alcançar taxas de lotação média no ano de 4,2 UA/ha e para isso foram
aplicados 360 kg/ha de nitrogênio; 76 kg/ha P2O5; 90 kg/ha de K2O; 36 kg/ha de enxofre,
sobre um solo com pH em H2O de 6,4, fósforo determinado por solução de Norte Carolina de 7
a 16 ppm, potássio de 111 a 187 ppm; CTC a pH 7,0 de 5,4 a 6,2; porcentagem de alumínio na
CTC efetiva, igual a zero; saturação por bases
de 65 a 69% e matéria orgânica entre 2,2 a 2,8%. A capacidade de suporte foi levantada
através da pesagem da forragem disponível em cada piquete antes de cada pastejo e a
pressão de pastejo praticada foi de 5%. Uma vez por mês foi coletada forragem para análise
bromatológica. Foram usados animais das raças Zebuínas, a Guzerá e a Tabapuã, entre
outubro de 1999 a julho de 2000, quando a maior parte foi abatida e alguns foram enviados
para confinamento. De julho a novembro de 2000 foram usados animais cruzados nelorepiemontês e nelore-limousin. Os animais receberam apenas sal mineral durante todo o período
de avaliação. Uma vez por mês os animais foram pesados após jejum de 14 horas, sempre
com inicio às 7 horas da manhã. Os animais foram abatidos e se obteve o rendimento de
carcaça.˜Para o levantamento da viabilidade econômica foi usado o modelo adotado por
AGUIAR e ALMEIDA (1998); AGUIAR e ALMEIDA (1999) e por AGUIAR et al., (2000), que
consideraram o uso de indexadores, receita, margens bruta e liquida, lucratividade, retorno
sobre o capital investido com e sem a terra.˜
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 está o resumo dos dados coletados durante o período de avaliação. No Custo
Operacional Efetivo (COE) foram considerados todos os desembolsos com a pastagem e com
os animais. No Custo Total (CT) foram acrescentados os custos de oportunidade do capital e
da depreciação dos investimentos. O Custo/@ foi obtido da divisão do Custo Total pelo número
de @ produzidas/ha, com 52% de rendimento de carcaça. A Receita foi obtida multiplicando o
numero de @ produzidas por hectare/ano pelo valor de R$ 40,0/@. A margem bruta (MB) foi
obtida da subtração da receita pelo custo operacional efetivo e a margem líquida (ML) foi obtida
da subtração da receita pelo custo total. A lucratividade é dada em porcentagem e foi obtida da
divisão da margem líquida pela receita. O retorno sobre o capital circulante (RCC) foi obtido da
divisão da margem líquida pelo custo operacional efetivo. O total de capital investido (TCI)
engloba todos os investimentos em terra e animais mais o custo total. O retorno sobre o capital
Investido foi obtido da divisão da margem líquida pelo total de capital investido. A margem
líquida variou de R$ 425,00/ha/ano, no sistema com capim Tanzânia, de R$ 564,0 no sistema
com capim Mombaça e R$ 1.767,0 no sistema com o capim Tifton 85. Comparando com a
produtividade comum de ser obtida nas propriedades produtoras de carne da ordem de 75 a 90
kg de carcaça/ha/ano ou, cinco e seis arrobas de carcaça, ao mesmo valor de R$ 40,0/@, a
receita seria de R$ 200,0 a R$ 240,0/ha/ano, com uma margem liquida de R$ 100,0 a R$
120,0/ha/ano. Considerando a área média por propriedade como sendo de 89 ha, o proprietário
teria por ano entre R$ 8.900,0 a R$ 10.680,0 de margem liquida, o que daria entre R$ 742,0 e
R$ 890,0/mês. Explorando altas produtividades como ficou demonstrado neste trabalho, seria
possível o produtor ter anualmente uma margem liquida de R$ 37.825,0 explorando a
produtividade do capim Tanzânia, que foi a menor neste trabalho. Com este valor teria uma
margem liquida mensal de R$ 3.152,0. A lucratividade foi de 26% no sistema com capim
Tanzânia, de 32% no sistema com capim Mombaça e 57% no sistema com capim Tifton 85.
Isto significa que da receita total obtida, entre 43% a 74% foram custos e entre 26% e 57% foi o
que sobrou liquido para o produtor. O retorno sobre o capital investido (RCI) foi de 8% no
sistema com capim Tanzânia, 9,5% no sistema com capim Mombaça e 22% no sistema com
capim Tifton 85. O retorno sobre todo o capital investido na atividade foi baixo nos sistemas
com os capins Tanzânia e Mombaça se compararmos com as taxas de juros praticadas no
mercado financeiro nacional, indicando que as taxas de juros deveriam ser menores para
estimular o investimento na produção, como ocorre em paises onde as taxas de juros para
investimento no setor primário variam entre 6% a 10% ao ano, sem correção monetária.
CONCLUSÕES
Estes resultados abrem novas perspectivas para a produção de carne a pasto e elevam as
metas de produtividade e ganho econômico para patamares muito acima da media de
produtividade de carne das pastagens brasileiras. Mais trabalhos como estes deverão receber
atenção em futuro próximo devido ao interesse de pecuaristas com pequenas propriedades.
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CORSI, M. 1994. Pastagens de alta produtividade. In: PEIXOTO, A.M., MOURA, J.C. de,
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PITOMBO, L. H. 1999. Pecuária em números. DBORural. São Paulo, ano 17, n.219, jan/fev,, p.
26-80.
TABELA 1 - Resultado econômico do sistema intensivo de produção de carne a pasto em
pastagens dos capins Mombaça, Tanzânia e Tifton 85
Dado avaliado
Animais/ha.média.ano
UA/ha.média.ano
Ganho médio diário (Kg)
Kg peso vivo/ha.ano
@/ha.ano
COE/ha.ano (R$)a
CT/ha.ano (R$)b
Custo/@ (R$)
Receita/ha.ano (R$)
MB/ha.ano (R$)c
ML/ha.ano (R$)d
Lucratividade (%)
RCC (%)e
TCI/ha (R$)f
RCI (%)g
Mombaça
5,4
4,46
0,60
1.294,0
44
1.060,0
1.196,0
27
1.760,0
700,00
564,0
32
53
5.911,0
9,5
Tanzânia
4,64
3,65
0,68
1.176,0
40
1.049,0
1.175,0
29
1.600,00
551,00
425,00
26
40
5.323
8,0
Tifton 85
9,1
7,0
0,68
2.294,0
78
1.208,0
1.353,0
17
3.120,0
1.912,0
1.767,0
57
146
8.016
22
Custo Operacional Efetivo b Custo Total c Margem Bruta d Margem Liquida e Retorno Sobre o Capital
Circulante f Total de capital investido em um hectare g Retorno sobre o capital investido
a
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