POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL LGBTT NO BRASIL: A CRIAÇÃO DA DIVISÃO ADMINISTRATIVA NO MUNICIPIO DE SÃO CARLOS VOLTADA PARA A DIVERSIDADE SEXUAL. Autor: Guilherme Efraim Vergili – Administração pública Orientador: Prof. Dr. Ângelo Del Vecchio – Departamento de Antropologia, Política e Filosofia. UNESP – “Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho” – Campus Araraquara Palavras-chave: LGBT; Direitos Humanos; Sociedade Civil; Políticas Públicas; Divisões Administrativas. Introdução Os movimentos sociais, a partir do pós-guerra, principalmente com a criação das Nações Unidas estruturam-se em torno da abrangência dos direitos humanos a eles. (CARMONA; PRADO 2009). Sendo que a partir dos anos 80 surgem as primeiras políticas focalizadas para esses movimentos sociais, no caso o movimento feminista fora o primeiro movimento a ser contemplado por elas (FACCHINI 2009). Em meados dos anos 90, se há um processo de multiplicação de sujeitos políticos nos movimentos sociais, e assim há uma focalização neles ainda maior das políticas públicas (FACCHINI 2009). Recentemente com medidas como a criação do Plano Nacional de Direitos Humanos, a partir do final dos anos 90, e o programa Brasil sem homofobia, no caso do movimento das Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBTT (DANILIAUSKAS 2011), e ainda com a criação de secretárias voltadas para a questão da mulher e para a igualdade racial estes movimentos sociais passaram a ser agregados pela administração pública. Objetivo Entender como ocorre à formulação e implementação de políticas publicas direcionadas para inclusão de social LGBTT na esfera municipal brasileira por meio da criação de estruturas administrativas voltadas para atender a demanda social da articulação dessa minoria política e social. Além das formas de como elas colaboram para o alcance efetivo dos direitos individuais a todos os cidadãos de modo a contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária. Justificativa Em suma, os movimentos sociais surgiram a partir da década de 1940, em um histórico de lutas e de questionamentos acerca da distribuição do poder na sociedade civil (CARMONA; PRADO 2009). Assim compreender também como ocorreu à construção das identidades coletivas dos movimentos sociais, da representação de categorias especificas da sociedade civil (FACCHINI 2009), sobretudo do movimento LGBTT, como ocorreu seu surgimento e até os seus caminhos percorridos até os dias atuais, onde que com o surgimento da globalização se modificou a forma de interação entre os diferentes agentes sociais, culminando numa reivindicação pautada na abrangência de Direitos (GARCIA 2006). Justamente onde o tema de pesquisa que encontra a sua importância por seu caráter pioneiro no estudo da relação dos movimentos sociais com a administração pública municipal no Brasil, através da criação de estruturas administrativas municipais para atender as suas demandas sociais, em um contexto onde por conta do número de cada vez mais presentes na esfera política de agentes políticos. Podendo identificar de que forma elas contribuem para o alcance da efetivação de direitos humanos pela formulação e implementação de políticas públicas municipais. Metodologia O método nesta pesquisa, de caráter qualitativo, consiste em uma revisão bibliográfica para situação histórica dos movimentos sociais, bem como as reivindicações do movimento LGBTT no Brasil, de modo a se estabelecer uma base teórica e histórica, atrelada a uma futura coleta e interpretação de dados a respeito da atuação dessas coordenadorias municipais, no caso do objeto de estudo aqui apresentado isto deverá ocorrer junto a recém criada divisão de assuntos ligas a diversidade da prefeitura de São Carlos e da ONG Visibilidade, atuante no município de São Carlos e região. Assim a partir de então estabelecer um estudo capaz de vincular uma relação entre as políticas públicas provenientes da esfera federal e como ocorre a sua transposição para o nível municipal, de modo, a identificar as especificidades da elaboração e a implementação de políticas públicas voltadas para inclusão de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais no território brasileiro. Resultados A busca por Direitos dos movimentos sociais baseia-se na abordagem dos Direitos Humanos, construídos a partir do período de guerras mundiais. Porém, pode-se dizer que eles possuem duas fases de atuação, a primeira que se enfatiza na proteção universal e abstrata deles, sendo que a segunda fase, na década de 1960, enfatiza a especificação deles e das particularidades do sujeito (CARMONA; PRADO 2009), sendo nesta onde ocorre uma incorporação das lutas dos movimentos sociais. E a sua discussão para o movimento LGBT passar a ser mediante o reconhecimento dos chamados direitos sexual. Embora, tal concepção acabe por esbarrar nas diferentes concepções culturais acerca dos direitos sexuais, bem como na vasta abrangência da sexualidade humana que muitas vezes impossibilita uma delimitação clara dos sujeitos que ela abrange (GARCIA 2006). O movimento LGBTT no Brasil se inicia a partir da década de 1970, contudo possuindo uma postura muito mais de oposição ao regime militar. Sua história pode ser divida em três ondas, a primeira com o fim da ditadura militar, em 1978, quando o movimento passa a se estruturar de fato; a segunda quando ocorre a redemocratização do país, no inicio dos anos 80, onde o movimento começa a assumir uma postura de agente político e social; e a ultima em meados dos anos de 1990, quando o movimento passa a ser um parceiro do Estado e de situa em uma sociedade onde se inicia a construção de um mercado segmentado para o consumo (OLIVEIRA 2010). Na primeira onda se havia o intuito de construir a identidade homossexual enquanto na segunda se há o intuito de se promover a imagem do homossexual como um ser respeitável, de modo à desmarginalizálo no imaginário popular (OLIVEIRA 2010). É no inicio da década de 1990 que se inicia um processo de multiplicação de sujeitos políticos no campo dos movimentos sociais no Brasil, e é quando a questão da sexualidade começa a ser abordada na sociedade e as primeiras políticas públicas direcionadas a categoria LGBTT começam a ser criadas, sobretudo na área de saúde por conta da epidemia de AIDS e que fora taxada como doença gay (FACCHINI 2009). O primeiro documento oficial a reconhecer os homossexuais no campo da promoção de Direitos ocorre em 1996, no Plano Nacional de Direitos Humanos, já com a criação do Conselho Nacional de Combate a Discriminação, em 2001, juntamente com a formulação do segundo Plano Nacional de Direitos Humanos em 2002, passa-se a serem incluídas no plano de ação do governo algumas ações direcionadas ao movimento (FACCHINI 2009). Em Junho de 2007 com o lançamento do Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania, com status de ministério, pelo governo federal, se há uma nova realidade na luta dos movimentos sociais, uma realidade composta por espaços mistos de participação entre as políticas públicas e s movimentos sociais, de modo a contribuir para de conhecer, refletir e se intervir na área agora de maneira conjunta entre ambos (CARMONA; PRADO 2009). Atualmente o movimento LGBTT se encontra sobre uma nova estrutura social, onde o seu formato institucional baseia-se nas estruturas das organizações não-governamentais, onde se é exigida certa infra-estrutura e organização diante da sua necessidade de financiamento e institucionalização (OLIVEIRA 2010). Conclusões Pela pesquisa se encontrar ainda em um estágio inicial, o trabalho de coleta de dados referentes ao movimento LGBTT e da divisão para assuntos ligados a diversidade sexual no município de São Carlos ainda não começou, o que impossibilita conclusões mais profundas a cerca do objeto de estudo especificamente. Contudo nota-se que o processo de institucionalização dos movimentos sociais, especificamente o LGBTT, baseia-se nos novos questionamentos enfrentados pela administração pública a partir da de meados de década de 90, onde as fronteiras entre sociedade civil e Estada diminuem, passando-se construírem espaços mistos de articulação política, por conta da maior diversidade de atores sociais envolvidos com a cena pública (CARMONA; PRADO 2009). Assim, no contexto municipal se há então uma prática de políticas públicas mais contextualizadas (CARMONA; PRADO 2009) aos atores sociais locais, uma delas é a institucionalização do movimento pela administração pública através da criação de estruturas administrativas municipais voltadas para questão sexual, a exemplo da criada, em meados de 2011, no município de São Carlos e que é objeto de estudo. Referência Bibliográfica CARMONA, A. MOREIRA; PRADO, M. AURÉLIO. O universal e o particular na política LGBT: tensões e diálogos na esfera pública. In: XV Encontro Nacional da ABRAPSO – Associação Brasileira de psicologia social, 2009, Maceió. Psicologia Social e Políticas de Existência: Fronteiras e Conflitos, 2009. DANILIAUSKAS, M. De “temas polêmicos” a “sujeitos de Direitos”: LGBT nas políticas públicas de direitos humanos e de educação (Brasil, 1996-2010). 2011. In: Seminário Internacional Fazendo o Gênero: Diásporas, Diversidades, Deslocamentos; 9, 2010, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, resumo, anais eletrônicos, <http://www.fazendogenero.ufsc.br/site/anaisfg9>, 2010, 10p. FANCCHINI, R. Entre compassos e descompassos: um olhar para o “campo” e para a “arena” do movimento LGBT brasileiro. Revista Bagoas, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, n. 4, pp. 131-158, 2009. GARCIA, J.; PARKER, R. From global discourse to local action: the makings of a sexual rights movement? Horizontes Antropológicos, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, n. 26, pp. 13-41, 2006. OLIVEIRA, G. DESTRO DE. Construção, negociação e desconstrução de identidades: do movimento homossexual ao LGBT. Cadernos Pagu, Núcleo de Estudos de Gênero, Universidade Estadual de Campinas, n. 34, pp. 373-381, 2010.