1 Noel agradece a todos: da escrita informal para a escrita formal Nílvia Pantaleoni (2006. PUC-SP) Resumo: Na busca pelo aperfeiçoamento das competências leitora e escritora do aluno de graduação não podem ser ignorados exemplares de textos que circulam nos espaços públicos. Um cartaz encontrado em banheiro de acampamento contendo um aviso serve de ponto de partida para uma leitura crítica com alunos do primeiro ano de Letras. Considera-se o texto sob o ponto de vista sócio-cognitivo-interacional e tanto a leitura como a escrita como atividades estratégicas que envolvem a construção de uma representação coerente. van Dijk, Marcuschi, Koch e Fávero fornecem os subsídios teóricos para as atividades de leitura e de retextualização feitas em conjunto com os alunos que, durante o processamento de compreensão e de posterior parafrasagem do aviso a fim de adequá-lo à norma culta escrita, passam a reconhecer e valorizar as estratégias de ordem cognitiva empregadas por Noel na produção do aviso. Palavras-chave: variação, competência leitora e escritora, escrita informal e formal, reescrita. 0. Introdução Todos sabemos que o diálogo entre ensino e pesquisa é essencial. Uma das situações mais propícias para que isso aconteça é a sala de aula dos cursos de licenciatura – em nosso caso, Letras-Português – onde quem ensina é, preferencialmente, um professorpesquisador e quem aprende, quase sempre, um futuro professor. Partimos do pressuposto de que ambos interagem na produção do conhecimento e de que o papel do professor é o de orientar a leitura e a discussão de textos teóricos e de demonstrar de modo claro e didático sua aplicabilidade, por exemplo, em diferentes gêneros textuais, de tal forma que o aluno tenha consciência de que um dos papéis da pesquisa é a prestação de serviços a uma comunidade maior que a científica e de que ele, como futuro professor, deve conhecer o que foi produzido e o que se produz em termos de pesquisas relevantes que possam ser canalizadas em situações concretas de ensinoaprendizagem. A revalorização do professor passa necessariamente pela mudança da representação que se tem dele, ou seja, de seu ethos. Nossa meta prevê uma prática em que ele não seja mais rotulado como aquele que “ensina” porque “não sabe fazer”. O ditado, infelizmente tão corrente – Quem sabe faz, quem não sabe ensina – precisa ser desmentido pela atuação em sala de aula e uma estratégia efetiva é a demonstração de que a pesquisa teórica subsidia nossa prática. 2 1. O respeito à variação linguística Nosso aluno não deve ignorar que é consenso entre os linguistas (como ilustração, usamos Koch, 1993), de que o desenvolvimento das línguas deu-se porque o homem, vivendo em grupos, precisava comunicar-se, interagindo por meio de seu discurso/fala, pelos mais variados motivos. A função prototípica da linguagem certamente está ligada à luta para garantir a sobrevivência da própria comunidade. Seguem-se a esta função, outras relacionadas ao estabelecimento entre os falantes de relações dos mais variados tipos, a fim de obter deles reações ou comportamentos e de atuar sobre eles das mais diversas maneiras. Normalmente, quem age sobre os demais e é capaz de exigir mudanças de comportamento, reveste-se de uma autoridade que lhe é conferida também pelo domínio que detém das normas da variante de prestígio da língua que utiliza. Outras variantes ligadas a falantes pouco letrados são consideradas de mau gosto e, de modo precipitado, costuma-se categorizá-los como indivíduos de capacidade cognitiva reduzida. O que não é verdade! Nosso papel, como professores, deve ser o de reconhecer o direito linguístico de qualquer falante, mas não nos iludamos: seu reconhecimento social passa pelo aperfeiçoamento de sua competência comunicativa e de sua adequação às práticas sociais. Na busca pelo aperfeiçoamento das competências leitora e escritora de seus futuros alunos, nosso aluno de graduação não poderá ignorar os exemplares de textos que circulam nos espaços públicos: avisos, volantes, pedidos, orações, propagandas informais de serviços, e outros tantos que testemunham a grande variedade do discurso das ruas das grandes cidades. Para subsidiá-los no exercício de sua profissão, devemos sugerir o que podemos fazer quando estamos diante desses textos precariamente escritos do ponto de vista da adequação ao gênero e da norma gramatical, mas que apresentam uma coerência global que testemunha que o enunciador sabe o que quer dizer, mas desconhece a estrutura composicional e o estilo em que deve configurar aquilo que diz. 3 2. O cartaz assinado por Noel1 Um cartaz com um aviso encontrado em banheiro de acampamento serve de ponto de partida para uma leitura crítica, seguida de atividades de reescrita. ALO - ATENÇÃO QUANDO VOÇE SAIR DO BANHEIRO APAGAR A LUZ POR FAVOR OBRIGADO| - - - - OUTRAS COIZAS VOÇEIS QUE FUMÃN POR FAVOR NÃO JOGUE BITUCA DE CIGARROS EN QUAU QUER LUGAR - - NÃO É PERMITIDO VOÇE ANDAR FUMANDO MACONHA______ DENTRO DO CAMPIMG. RESPEITE A REGRA DO CAMPIMG. OBRIGADO NÃO ANDAR - GRITANDO NEIN DE DIA NEIN DINOITE. OKEI DE VOÇE TODOS – VÃO GOSTAR PRINCIPALMENTE O CAMPIMG VOÇE É UMA PESSOA BEM EDUCADA ENTÃO FAÇA ISTO QUE VOÇE VAI EN QUAL QUER LUGAR VOÇE CERA BEM VINDO OU BEM – INDO. NOEL AGRADECE A TODOS _ A COMPRIENÇÃO E QUE – DEUS NOSSO CRIADOR A BEMSSOIE A TODOS AMÉM 1 OBRIGADO< < < < < < 2005 Partimos do pressuposto de que o cartaz tenha sido redigido por Noel, indivíduo pouco letrado, responsável pela limpeza do camping. 4 O texto apresenta-se de tal forma que revela uma concepção discursiva oral ainda que concretizado graficamente. A fórmula de abertura “ALO - ATENÇÃO” já ancora o leitor numa situação comunicativa própria da fala informal. Não é nosso objetivo tratar das marcas de oralidade presentes em todo texto, nem estudar a gramática da fala. No entanto, concordamos que as diferenças entre fala e escrita só podem ser investigadas a partir da observação direta dessas duas práticas e que isso prevê a construção de um novo objeto de análise e a concepção de língua e de texto como um conjunto de práticas sociais. A perspectiva que adotamos é a mesma de Marcuschi (2001): a de que os domínios linguísticos da fala e da escrita se apresentam num continuum concretizados em gêneros textuais. Além do mais, alertamos que as práticas sociais não se circunscrevem à comunidade de falantes com um patamar elevado de letramento e cujo discurso, seja ele vazado na modalidade oral ou na escrita, em qualquer situação de comunicação, é aceito e valorizado, pois atende, principalmente no que se refere à microestrutura textual – ou seja, ao estilo – ao padrão da norma culta vigente. Existe, repetimos, uma comunidade muito maior cujo discurso, independente do tipo de prática social, é desvalorizado, pois é vazado em variantes indesejadas e ridicularizadas da língua, que comprometem a microestrutura do texto, ainda que reflitam as mesmas crenças sociais – sobre o que acontece de bom, de ruim, de certo ou de errado – dos mais letrados. Van Dijk (2000) trata da ideologia como a base das representações sociais compartilhadas pelos membros de um grupo, de uma comunidade. Para o autor, representar o mundo envolve a interpretação e a compreensão desse mundo em termos de categorias conceptuais. Nesse sentido, recomenda, para quem trabalha com a linguagem, a consideração da ideologia a partir de um triângulo conceptual e disciplinar cujos vértices são a cognição, a sociedade e o discurso. As ideologias, no que se refere à cognição, pertencem ao campo simbólico do pensamento e das crenças; no que se refere à sociedade, elas são frequentemente associadas a interesses, conflitos e lutas de classe; e, no que se refere ao discurso, o uso da linguagem, nas abordagens atuais, são associadas também frequentemente à veiculação de ideologias. A partir do conceito de ideologia como base das representações sociais, o que o enunciado do aviso nos revela sobre Noel? Quanto ao campo simbólico do pensamento e das crenças, que se refere à cognição, Noel participa de uma comunidade maior que condena hábitos e vícios, 5 comportamentos, enfim, julgados inadequados como fumar maconha, jogar lixo fora do lixo, gritar sem necessidade. No entanto, a partir do momento em que ele se confere o direito de agir sobre o outro por meio de uma prática discursiva corrente – apresentar regras de comportamento no espaço pelo qual ele próprio é responsável – seu despreparo na organização escrita do enunciado acaba por denunciá-lo como analfabeto e ignorante. Todos os recursos de modalização autonímica, que emprega para fornecer mais força ilocutória ao macroato de avisar/advertir os frequentadores do camping, são ridicularizados, pois, como enunciador, ele desconhece as normas de configuração da escrita. As marcas de modalização autonímica (letras irregulares de diversos tamanhos, cedilha, sinais de pontuação, grifos) resultam num efeito perlocutório adverso em muitos enunciatários de extratos sociais diferentes que não aceitam advertências de quem, mesmo sem conhecer, julgam inferior. Uma das funções do professor é demonstrar ao aluno que se pode olhar para o mesmo objeto – no nosso caso, o aviso “mal redigido” – de modo diferente da maioria, pois, subjacente à configuração problemática, o texto apresenta-se coerente aos seus propósitos, apesar de inadequado em sua apresentação de exemplar do gênero aviso. Vale a pena investir em sua reorganização por meio de operações que o transformem em um texto aceitável do ponto de vista da variante culta da modalidade escrita e configurado adequadamente. 3. A representação coerente do aviso As operações que sugerimos para a passagem gradual da escrita informal para a escrita formal do aviso de Noel podem ser empregadas em outros exemplares de gêneros textuais desde que os mesmos sejam coerentes. Aqueles que costumamos chamar de “sem pé nem cabeça” devem ser descartados, pois a construção de uma representação coerente para o texto, segundo Koch (1997), envolve a execução de cálculos mentais: as inferências. Por meio delas, podemos gerar informações semânticas novas a partir da informação fornecida pelo texto. Ora, do texto incoerente, ou cuja coerência escapa à nossa compreensão, não conseguiremos inferir o suficiente para reescrevê-lo a fim de torná-lo aceitável do ponto de vista gramatical. Eis um dos maiores dramas do professor: o gasto de tempo e de energia para tentar inferir, a partir dos arremedos de textos produzidos por alunos desinteressados, informações que o tornem coerente. Em contrapartida, podemos inferir do aviso de Noel, aparentemente tão problemático, a intenção de promover a ordem e a limpeza no camping, por meio de uma argumentação polida, ao avaliar positivamente seus frequentadores, agradecer antecipadamente e, por fim, abençoá-los. 6 4. Da escrita informal para a escrita formal: as operações de reescrita do aviso Marcuschi (2001) apresenta um modelo de operações linguísticas-textuais-discursivas que podem ser realizadas na passagem do texto-base oral para o escrito. Resumidamente, as operações são as seguintes: 1ª. Eliminação de marcas estritamente interacionais, hesitações e parte de palavras; 2ª. Introdução da pontuação com base na intuição fornecida pela entoação ou da fala; 3ª. Retirada de repetições, reduplicações, redundâncias, paráfrases e pronomes egóticos; 4ª. Introdução de paragrafação e pontuação detalhada sem modificação de ordem dos tópicos discursivos; 5ª. Introdução de marcas metalingüísticas para referenciação de ações e verbalização de contextos expressos por dêiticos; 6ª. Reconstrução de estruturas truncadas, concordâncias, reordenação sintática, encadeamentos; 7ª. Tratamento estilístico com seleção de novas estruturas sintáticas e novas opções léxicas; 8ª. reordenação tópica do texto e reorganização da seqüência argumentativa; 9ª. Agrupamento de argumentos condensando as idéias. Essas operações, em sua maioria, servem para processar textos informais de concepção discursiva oral concretizados tanto por meio sonoro quanto por meio gráfico. Inspiramo-nos nessas operações para elaborarmos as nossas: 1ª. Compactação; 2ª. Descompactação; 3ª. Primeiro agrupamento; Segundo agrupamento; 4ª. Observância do paralelismo; 5ª. Eliminação; 6ª. Adequação. 4.1 Compactação 1ª operação: Compactação: configuração provisória do texto escrito pela estratégia de eliminação da modalização autonímica e de todos os sinais gráficos de pontuação e dos espaços entre as palavras. O estrato do texto. aloatençãoquandovoçesairdobanheiroapagaraluzporfavorobri gadooutrascoizasvoçeisquefumãnporfavornãojoguebitucadeci garrosenquauquerlugarnãoépermitidovoçeandarfumandomac onhadentrodocampimgrespeitearegradocampimgobrigadonão andargritandoneindedianeindinoiteokeitodosvãogostardevoçe principalmenteocampimgvoçeéumapessoabemeducadaentãofa çaistoquevoçevaienqualquerlugarvoçecerabemvindooubemind onoelagradeceatodosacompriençãoequedeusnossocriadorabem ssoieatodosamémobrigado2005 7 Nossa primeira operação prevê, além da eliminação de todos os elementos de modalização autonímica, a eliminação dos espaços entre as palavras transformando o texto em um único bloco. Bechara (1997), na introdução de sua gramática, apresenta os estratos gramaticais possíveis em língua portuguesa, pela ordem ascendente: o elemento mínimo (ou monema), a palavra gramatical, o grupo de palavras, a cláusula, a oração e o texto. A transformação do estrato do texto em um único bloco tem como finalidade demonstrar ao aluno que sua configuração usual é convencional e pode ser alterada. 4.2 Descompactação 2ª operação: Descompactação2: configuração provisória do texto escrito pela estratégia da ordenação vertical das palavras (1ª coluna) e sua adequação de acordo com a norma ortográfica (2ª coluna). O estrato da palavra. 1ª coluna alo atenção quando voçe sair do banheiro apagar a luz por favor obrigado outras coizas voçeis que fumãn por favor não jogue bituca 2ª coluna alô atenção quando você sair do banheiro apagar a luz por favor obrigado outras coisas vocês que fumam por favor não jogue bituca Identificação do problema acentuação acentuação + grafia grafia acentuação + grafia grafia A segunda operação desfaz o bloco do estrato do texto e o configura verticalmente palavra por palavra. Devemos conservar a grafia original na primeira coluna e alterá-la 2 Descompactação de uma parte do texto. 8 apenas na segunda. Dependendo de nosso objetivo, aprofundamos a questão da grafia e da acentuação gráfica, explicando por exemplo, a escrita fonética empregada pelo enunciador. 4.3 Primeiro agrupamento 3ª operação: Agrupamento3: nova configuração pela estratégia da reunião de duas ou mais palavras que formem sintagmas ou combinem entre si de alguma forma. O estrato do nível do grupo de palavras. palavras alô (interjeição) atenção quando você sair do banheiro apagar a luz por favor obrigado outras coisas vocês que fumam por favor não jogue bituca de cigarros em qualquer lugar não é permitido agrupamento de palavras 1. alô atenção 2. quando você sair do banheiro 3. apagar a luz 4. por favor obrigado 5. outras coisas 6. vocês que fumam 7. por favor 8. não jogue bituca de cigarros 9. em qualquer lugar 10. não é permitido A terceira operação cuja estratégia prevê a reunião de duas ou mais palavras deve ser realizada pelo aluno e só receberá ajuda do professor se o agrupamento ficar 3 Agrupamento de uma parte do texto. 9 incoerente. Consideramos esta atividade cognitiva de base intuitiva mais proveitosa que a operação inversa que trata, por exemplo, da divisão lógica dos períodos em orações e das orações em sintagmas nominais e verbais. 4.4 Segundo agrupamento 4ª operação: Novo agrupamento: configuração da escrita pela estratégia da organização da pontuação. O estrato da oração. Agrupamento de palavras alô atenção Organização da pontuação 1. Alô! Atenção! quando você sair do banheiro apagar a luz 2. Quando você sair do banheiro, apagar a luz, por favor. Obrigado! por favor obrigado outras coisas vocês que fumam por favor não jogue bituca de cigarros 3. Outras coisas: vocês que fumam, por favor, não jogue bituca de cigarros em qualquer lugar. em qualquer lugar não é permitido você andar fumando maconha 4. Não é permitido você andar fumando maconha dentro do camping. dentro do camping respeite a regra do camping obrigado 5. Respeite a regra do camping. Obrigado. não andar gritando nem de dia nem de noite 6. Não andar gritando nem de dia nem de noite. O.K.? o.k. todos vão gostar de você principalmente o camping você é uma pessoa bem educada 7. Todos vão gostar de você, principalmente, o camping. 8. Você é uma pessoa bem educada. Os agrupamentos maiores devem ser orientados pelo professor. Nessa operação, o aluno deverá ficar atento tanto ao uso expressivo da interrogação e da exclamação quanto ao papel sintático da virgula, dos dois pontos, e do ponto final. Até aqui procuramos conservar todos os itens lexicais do texto-base. O motivo de não suprimi- 10 los é seu aproveitamento na constituição do paralelismo sintático que observamos na próxima operação. 4.5 Observância do paralelismo 5ª operação: Observância do paralelismo sintático-semântico: adequação das orações à escrita formal pela estratégia da correspondência de verbos, da concordância verbal e nominal, e da regência nominal e verbal. O estrato da oração. Orações organizadas configuradas Alô, atenção! Quando você sair do banheiro, apagar a luz, por favor. Obrigado! Outras coisas: vocês que fumam, por favor, não jogue bituca de cigarros em qualquer lugar. Não é permitido você andar fumando maconha dentro do camping. Respeite a regra do camping. Obrigado. Não andar gritando nem de dia nem de noite. Ok? Todos vão gostar de você, principalmente, o camping. Você é uma pessoa bem educada. Então, faça isto que você vai em qualquer lugar. Você será bem-vindo ou bem-indo. Noel agradece a todos a compreensão e que Deus, nosso criador, abençoe a todos. Amém! Obrigado! 2005 Paralelismo sintático-semântico Alô, atenção! Quando você sair do banheiro, apague a luz, por favor. Obrigado! Outras coisas: vocês que fumam, por favor, não joguem bitucas de cigarro em qualquer lugar. Não é permitido fumar maconha dentro do camping. Respeite as regras do camping. Obrigado. Não grite nem de dia, nem à noite. Ok? Todos vão gostar de você, principalmente, o camping. Você é uma pessoa bem educada. Então, faça isso que você vai a qualquer lugar. Você será bem-vindo. Noel agradece a todos pela compreensão e que Deus, nosso criador, os abençoe. Amém! Obrigado! 2005 Observância do paralelismo sintático-semântico: adequação das orações à escrita formal pela estratégia da correspondência de verbos, da concordância verbal e nominal, e da regência nominal e verbal. O estrato da oração. 11 4.6 Eliminação 6ª operação: Eliminação: supressão de termos empregados na modalidade falada. Paralelismo sintático-semântico Alô, atenção! Quando você sair do banheiro, apague a luz, por favor. Obrigado! Supressão de termos Alô, atenção! Quando sair do banheiro, apague a luz, por favor. Outras coisas: vocês que fumam, por favor, não joguem bitucas de cigarro em qualquer lugar. Outras coisas: não jogue bitucas de cigarro em qualquer lugar. Não é permitido fumar maconha dentro do camping. Não é permitido fumar maconha dentro do camping. Respeite as regras do camping. Obrigado. Não grite nem de dia, nem à noite. Ok? Respeite as regras do camping. Todos vão gostar de você, principalmente, o camping. Você é uma pessoa bem educada. Então, faça isso que você vai a qualquer lugar. Você será bem-vindo. Todos vão gostar de você, principalmente, o camping. Você é uma pessoa bem educada. faça isso que você será bem-vindo. Noel agradece a todos pela compreensão e que Deus, nosso criador, os abençoe. Amém! Noel agradece a todos pela compreensão. Deus os abençoe! Obrigado! 2005 Obrigado! 2005 Não grite nem de dia, nem à noite. 12 4.7 Adequação 7ª operação: Adequação à estrutura composicional do aviso Supressão de termos Alô, atenção! Quando sair do banheiro, apague a luz, por favor. Outras coisas: não jogue bitucas de cigarro em qualquer lugar. Não é permitido fumar maconha dentro do camping. Respeite as regras do camping. Não grite nem de dia, nem à noite. Todos vão gostar de você, principalmente, o camping. Você é uma pessoa bem educada. faça isso que você será bem-vindo Noel agradece a todos pela compreensão. Deus os abençoe! Obrigado! 2005 Adequação à estrutura composicional do aviso Atenção! Respeite as regras do camping: 1. Ao sair do banheiro, apague a luz: 2. Não jogue bitucas de cigarro em qualquer lugar: 3. Não é permitido fumar maconha dentro do camping. 4. Não grite nem de dia, nem à noite. Agindo dessa forma, você será sempre bem-vindo. Agradecemos pela compreensão. Obrigado! 5. Considerações finais A ordem ascendente dos estratos gramaticais, segundo Bechara (1999), é monema, palavra, grupo de palavras, cláusula, oração e texto. Para fins de reescrita empregamos uma nova ordem que parte do texto, fragmenta-o em palavras, vai reconstituindo o tecido do texto por meio da organização de grupos de palavras, de orações, chegando novamente ao texto. Este caminho ao inverso proporciona reflexões a respeito da organização do tecido textual e a produção de sentidos. O novo texto que vai surgindo por meio das sete operações de reescrita é produzido em conjunto e pontuado por reflexões de ordem metalinguística de natureza gramatical e discursiva. Confirmamos que a reescrita com finalidade didática, se realizada apropriadamente, proporciona uma interação eficiente entre futuros professores, professor-pesquisador e o texto a ser reescrito. É uma oportunidade de, por meio das pistas deixadas pelo autor do texto, acompanhar as operações cognitivas por ele realizadas e, dessa forma, dar uma feição mais formal ao estilo sem o desvirtuamento das intenções comunicativas. 13 Referências bibliográficas: BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. RJ: Lucerna, 1999. BAKHTIN, M. A estética da criação verbal. SP: Martins Fontes, 1997. FÁVERO, L.L.; ANDRADE, M.L.O.; AQUINO, Z. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. SP: Cortez, 2002. MARCUSCHI, L.A. Da Fala para a Escrita: atividades de retextualização. SP: Cortez, 2001. ________________ “Gêneros textuais: definição e funcionalidade” in: DIONÍSIO, A.P.; MACHADO, A. R. & BEZERRA, M.A. (orgs.). Gêneros textuais & ensino. RJ: Lucerna, 2002. KOCK, I.V. O texto e a construção dos sentidos. SP: Contexto, 1997. VAN DIJK, T. Ideología: un enfoque multidisciplinario. trad: Lucrecia B. de Blanco. Barcelona: Gedisa, 2000. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Site: http://houaiss.uol.com.br/