VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Gestão de processos comunicacionais: uma análise sobre a complexidade do discurso organizacional das ouvidorias públicas Resumo O artigo teve como objetivo analisar a comunicação como um processo de produção de sentidos entre sujeitos interlocutores que se realiza pela produção de discursos. Para isso, buscou-se estudar com base em pesquisa bibliográfica, o discurso organizacional das ouvidorias públicas e sua complexidade na gestão de processos comunicacionais, adotando a matriz do modelo mental emergente do paradigma da complexidade como aquela que melhor se ajusta a um determinado contexto. Palavras-chave: Comunicação nas Organizações; Discurso; Ouvidoria 1. Introdução As transformações ocorridas nas últimas décadas do século XX trouxeram uma nova dinâmica nas relações das organizações com o ambiente. A instabilidade desencadeou um processo de mudança nos sistemas sociais. As variáveis econômicas, tecnológicas, sociais e culturais atingiram as relações entre os agentes que atuam nesse sistema, provocando a necessidade de um processo de evolução. Diante da singularidade de tal circunstância histórica, não tardou até que surgissem os primeiros serviços de ouvidorias no Brasil, principalmente com a consolidação da democracia, após a Constituição de 1988, quando se estabeleceram canais de comunicação entre as instituições e os cidadãos que facilitaram a circulação das informações, ampliaram os mecanismos de controle indispensável ao desempenho e aperfeiçoamento do regime democrático. Assim, a instituição de ouvidorias é hoje uma realidade em quase todas as empresas de médio e grande porte do país, já que, na iniciativa privada, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), em vigor desde 11 de setembro de 1990, instituiu um novo paradigma nas relações de consumo, com a defesa dos direitos dos consumidores e a exigência para as empresas da melhoria da qualidade dos seus produtos e serviços. 1 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Na área pública o instituto da ouvidoria foi criado a partir de uma interpretação da Emenda Constitucional nº 19, de 04 de junho de 1998 – tendo conservado o tradicional nome ouvidoria1, enquanto nas empresas privadas ganhou o nome de ombudsman2, uma menção explícita à sua congênere sueca, cuja origem está secularmente ligada às atividades públicas. A relevante procura por transparência no serviço público impulsionou esse instituto a buscar resolver rapidamente as demandas de informações recebidas pelos cidadãos, por meio da abertura de canais de comunicação com autonomia para análise e sugestão, prevenindo o poder público das irregularidades. Assim, mais do que uma simples instância de comunicação com o público, a ouvidoria passou a representar, também, uma importante forma de mídia institucional e organizacional, uma valiosa oportunidade de marketing direto. A atuação de uma ouvidoria pode ser resumida em dois principais focos ou funções: a primeira função é a de registrar e dar o tratamento adequado às reclamações, sugestões, denúncias ou elogios sobre produtos, serviços e qualidade de atendimento, oriundos da sociedade. A segunda importante função é a de sugerir mudanças, tanto gerenciais como de procedimento, mediante análise e interpretação das percepções dos usuários, com produção de relatórios estratégicos destinados aos dirigentes das instituições. Nessa perspectiva, é preciso ressaltar que as organizações contemporâneas têm de um modo geral, valorizado a linguagem como componente fundamental da sua comunicação interna que visa ao alcance de suas metas e propósitos organizacionais, maximizando fatores como produtividade, rentabilidade e a própria gestão. As organizações, dada a transformação jurídica por que passaram, são obrigadas a se reestruturar e a produzir discursos que lhes garantam condições de sustentabilidade, uma vez que é na linguagem e pela linguagem que se concretizam as relações sociais. Por isso, a exemplo de Iasbeck (2006), entendemos que a identificação da ouvidoria com a organização que representa precisa ser intensa e verdadeira. Os públicos devem entender que quando a ouvidoria responde, ou quando ela providencia 1O termo ouvidoria é a corruptela brasileira do termo ombudsman. No resto do mundo, o local onde o ouvidor exerce as suas funções de ouvidoria é chamado Ombudsman Office. (BRASIL, 2002, p. 5). 2 Ombudsman é um cargo criado na Suécia por uma das Constituições mais antigas da Europa, fortemente influenciada pelas ideias de Montesquieu. Segundo informa Nilsson (1984, p. 33), a palavra ombudsman é bastante comum em sueco e tem vários significados, dentre os quais ressaltamos o de representante ou advogado. 2 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP respostas, as soluções encontradas são de responsabilidade de toda a organização e não só dela, pois como se trata de um canal de comunicação, a ouvidoria não precisa responder por si mesma as questões que lhe chegam pelos diversos acessos que proporciona. Mas não pode deixar de providenciar, com urgência e eficácia, as respostas demandadas. É essa a função primordial dessa mídia organizacional: fazer girar o fluxo de informações, além de ser um espaço de comunicação destinado exclusivamente a ouvir a fala dos cidadãos e a partir das demandas recebidas fazer sua análise e promover melhorias em vários aspectos do ambiente organizacional. Enfim, com base nessas premissas, esse artigo objetiva analisar a comunicação como um processo de produção de sentidos entre sujeitos interlocutores que se realiza pela produção de discursos. Para isso, buscamos estudar por meio de pesquisa bibliográfica o discurso organizacional das ouvidorias públicas e sua complexidade na gestão de processos comunicacionais, adotando a matriz do modelo mental emergente do paradigma da complexidade como aquela que melhor se ajusta a um determinado contexto. 2. A gestão do discurso organizacional das ouvidorias públicas A origem da palavra “gestão”, na concepção de Cury (2002), advém do verbo latino gero, gessi, gestum, gerere, cujo significado é levar sobre si, carregar, chamar a si, executar, exercer e gerar. Um dos substantivos gerados do verbo demonstra que sempre implica o sujeito – gestatio – o mesmo que gestação, o ato que traz em si e dentro de si algo inovador, diferente, um novo ente. Assim, o termo gestão tem sua raiz etimológica em “ger” que significa fazer brotar, germinar, fazer nascer, e dessa mesma raiz originam-se os termos genitora, genitor, gérmem. O termo gestão pode ser compreendido como um processo estruturado para se obter resultados positivos das interações entre as organizações e seus públicos. Portanto, todo processo necessita de quem o gerencie na medida em que decisões são necessárias para funcionalizá-lo, isto é, para conferir-lhe uma dinâmica operativa adequada, de modo a colocá-lo em movimento na perspectiva de que trará os resultados esperados. Na prática, a gestão de processos de comunicação nas organizações está relacionada diretamente com o controle sobre a circulação de informação (dentro da empresa; e entre empresa e esfera pública); com a formação de opinião pública (nos 3 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP ambientes interno e externo); e com a influência a se exercer sobre as atitudes dos públicos (por exemplo: o consumo dos seus produtos pelos clientes, o desejo de se trabalhar nela, a admiração expressa da opinião pública, a aceitação de suas práticas pela população, a complacência dos entes públicos, a aprovação dos seus atos pela mídia etc.). É importante salientar, que ao falarmos da gestão de processos comunicacionais no contexto das ouvidorias públicas, nos referimos à expansão de uma competência comunicativa que nos remete à possibilidade de produzir entendimento por meio do diálogo, dos atos de fala cotidianos que acontecem nas relações face a face, bem como nos demais processos de comunicação mediados por computador, ainda que, na comunicação mediada por computador, o processo comunicativo das ouvidorias dependa quase que exclusivamente de trocas textuais, subtraindo-se as possibilidades de uso de linguagens não-verbais, gestos, expressões faciais, olhares, tom de voz etc. Essa competência comunicativa é estratégica para a produção de sentidos entre sujeitos interlocutores que se realiza pela produção de discursos. Entretanto, este é um notável desafio para as ouvidorias públicas: reconhecer a fala do outro como válida. Posto em outros termos, se a fala do usuário/cidadão é desqualificada, não reconhecida, ou seus argumentos são sequer colocados, não há nenhuma hipótese de entendimento ou ação comunicativa. A validade dos argumentos estaria baseada em algumas pretensões reconhecidas: de inteligibilidade da mensagem contida; de verdade do conteúdo proposicional; de correção, de justeza em face do mundo social; de sinceridade na ordem subjetiva. Todavia, para reconhecer o argumento do outro como válido, torna-se mister a adoção de uma postura interpretativa, uma busca de conhecimento e tradução dos referentes e contextos do mundo da vida deste outro autor, pressupondo aí o reconhecimento de sua racionalidade. Implica, enfim, buscar conhecer as situações que levaram o autor a enunciar aquele texto. Em outras palavras, demanda um exercício hermenêutico. Exercício este que depende de uma compreensão "correta" do discurso do outro, o que envolve um processo ativo, de construção e busca de significados e interpretações e que, por conta desta característica processual comunicativa contínua, terá sempre limitações. Em suma, mediante as premissas expostas, entendemos que a funcionalidade do controle da gestão comunicacional exercida pela ouvidoria pública está na conversão de um discurso social informal em um discurso social formal e institucionalizado. 4 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP 3. A complexidade do discurso organizacional das ouvidorias públicas Os estudos organizacionais, na atualidade, são permeados por novos paradigmas. Kuhn (2005) conceitua o termo paradigma3 como um modelo ou um conjunto de condições que delimitam uma comunidade científica (valores, instrumentos e métodos de pesquisa). Em um sentido mais geral, o termo paradigma significa modelo ou padrão no qual se pauta, por exemplo, o comportamento humano. Tomando essa noção de paradigma, apontamos nesse artigo o paradigma da complexidade, que introduz uma nova concepção de mundo diante dos crescentes problemas da humanidade desde o século passado. De modo que, para avançar no entendimento de nosso tema, parece útil contextualizá-lo e referi-lo teoricamente à idéia de “complexidade”. A origem da palavra, do latim complexus, diz respeito ao que “abrange ou encerra muitos elementos ou partes”, ou ainda, ao “conjunto de coisas, fatos ou circunstâncias que têm qualquer ligação ou nexo entre si”. A complexidade, como conceito nuclear, vem sendo abordada na ciência contemporânea como fundamental para a compreensão de fenômenos em diversos campos do conhecimento. O pressuposto da complexidade aponta para o reconhecimento de que a simplificação obscurece as interrelações de fato existentes entre todos os fenômenos do universo e que é imprescindível ver e lidar com a complexidade do mundo em todos os seus níveis. Nessa direção, Morin (2000, p. 206), afirma que “a complexidade é um tipo de pensamento que não separa, mas une e busca as relações necessárias e interdependentes de todos os aspectos da vida humana”. Para ele, esse tipo de pensamento integra os diferentes modos de pensar, opondo-se aos mecanismos reducionistas, simplificadores e disjuntivos. Na concepção de Morin (2002) o paradigma da complexidade reflete a necessidade de uma profunda reforma no sistema de pensamento predominante na cultura atual – uma passagem do pensamento linear, que é competitivo, excludente e predatório, para o pensamento complexo que é cooperativo, includente e integrador. 3 O termo paradigma entrou em evidência depois que foi amplamente utilizado por Thomas Kuhn, em 1962, no seu livro “A estrutura das revoluções científicas”. 5 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Esse modelo mental emergente do pensamento complexo está ancorado em um sistema auto-regulado, onde os desvios são identificados por sinalizações de feedback4 e então compensados, corrigidos, atenuados ou neutralizados, sempre por meio de mudanças incrementais. Nesse novo paradigma constata-se que a própria mudança muda, exatamente como na natureza do simples para o complexo. Diante dessa nova visão complexa de mundo, surgem, portanto, novas perspectivas para a ciência das organizações e novos questionamentos sobre o modelo de gestão mais adequado para os tempos atuais. Na concepção teórica de Morgan (2006) existe a comparação das organizações a sistemas vivos, onde estes dependem do meio para sobreviverem. Do mesmo modo, as organizações, assim como certos animais, dependem de um ambiente específico. A organização, vista como um organismo vivo está sempre em movimento, influenciando e sendo influenciada por todos os fatores que a cercam. Por isso, para entendermos as organizações e seus públicos, temos que analisar o contexto em que elas estão inseridas sob vários aspectos: econômico, social, político, cultural, histórico, psicológico e geográfico. Conforme afirma Morgan (2006), apesar de não ter cérebro como os seres humanos, as organizações têm um tipo de aparelho cognitivo formado por sua cultura, história, memória, rotinas, procedimentos e as pessoas que fazem parte dela. Morgan (2006) apresenta essa metáfora5 para compreender as organizações valendo-se de imagens de funcionamento do cérebro. Para Coelho (2011), o uso da metáfora do cérebro, tal como proposta por Morgan (2006), permite visualizar a ouvidoria pública como um sistema organizacional que se insere no cenário de cidadania que hoje circunda as organizações, aprendendo e evoluindo por meio da habilidade de processar informações que chegam do ambiente, ou seja, a ouvidoria pode ser considerada como o resultado de diferenciação interna do sistema organizacional fruto de sua evolução, e que surge de uma demanda pela redução da complexidade do ambiente. 4 Feedback ou retroalimentação é entendido na teoria de sistemas como uma cadeia de eventos nos quais o último elemento conduz de volta ao primeiro e torna a cadeia de eventos circular, e não mais linear. A retroalimentação pode ser positiva ou negativa. Ela é positiva quando conduz a mudanças, à perda de estabilidade, e negativa quando produz o efeito exatamente de manutenção do sistema. A palavra metáfora deriva do grego “meta” (além) mais “phorein” (transportar de um lugar para outro). Tem a conotação de transportar o sentido literal de uma palavra ou frase, dando-lhe um sentido figurado. 5 6 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Segundo explica Coelho (2011), nessa metáfora, privilegia-se o caráter de autonomia da organização que favorece os indivíduos a criarem novos conhecimentos, além de possibilitar que cada parte da organização tenha o conhecimento do todo, de maneira que o conhecimento não se perca caso uma dessas partes apresente algum problema. Para Coelho (2011) a aplicação dessa metáfora à ouvidoria pública, permite privilegiar sua autonomia como órgão estratégico interno institucional. Desse ponto de vista, entende-se que a ouvidoria deve estar ligada à administração superior de sua organização, mas não pode se confundir com ela, porque precisa manter uma distância para representar os interesses dos cidadãos. Sob este olhar, compreender as organizações como um sistema vivo significa admitir que estão inseridas num macroambiente que gera ameaças e oportunidades a todo o instante. Portanto, para atender a esta realidade, as organizações necessitam efetivamente adotar uma visão sistêmica e relacional quanto aos processos comunicativos e quanto à dinâmica institucional em seus modelos de gestão. Nesse contexto, a teoria da autopoiese6 de Maturana e Varela (1997) apresenta as organizações como sistemas vivos, autônomos e autorreferentes, onde por meio de uma relação sistêmica, o organismo e o meio geram-se mutuamente. O termo autopoiese denomina a unidade que um elemento, um processo, um sistema é para si próprio. Por meio de auto-organização, o sistema constitui seus próprios elementos como unidades funcionais. A relação entre os elementos se refere à sua autoconstituição, a qual é reproduzida, assim, permanentemente. Para Maturana e Varela (1997), o ser vivo mesmo sendo um sistema fechado7 mantém as relações constantes de trocas de energia com o ambiente. Estas relações não necessariamente terão um mesmo significado para o sistema e para um observador externo, sendo que para um sistema cada informação tem um significado próprio, que só a ele faz sentido. Segundo afirmam Maturana e Varela (1997, p. 69), “o objetivo de tais sistemas é, em última instância, reproduzirem-se a si mesmos: a sua organização e identidade próprias são os seus produtos mais importantes”. 6 O termo autopoiese vem do grego autós = próprio e poiein = fazer. O sentido literal é, portanto (autofazer-se) ou produzir-se a si próprio (autofazimento). 7 Para Matura e Varela (1997), enquanto sistemas autopoiéticos, os seres vivos são sistemas fechados quanto à sua organização. Contudo, enquanto sistemas moleculares, os seres vivos são sistemas abertos ao fluxo de matéria e energia. 7 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Nessa perspectiva, Luhmann (1997) aplicou essa reflexão dos biólogos chilenos Maturana e Varela aos sistemas sociais e à sociedade, fazendo do conceito de autopoiese um elemento fundamental do seu referencial teórico no início da década de 80. Autopoiese seria para Luhmann (1997), uma qualidade interna do sistema, intocável de fora. Para Luhmann (1997) a autopoiese inclui a autorreferência como a capacidade de se relacionar consigo, de refletir-se. Para Curvello (2001), o conceito de comunicação é central na teoria dos sistemas de Luhmann. Para ele, a comunicação é o dispositivo fundamental da dinâmica evolutiva dos sistemas sociais, uma vez que é um processo de seleções e é pela seleção, se bem estruturada, que se opera o processo de redução de complexidade na relação com o ambiente. Sua análise parte da improbabilidade da comunicação, que deve superar uma série de obstáculos antes de se realizar. Na reflexão sobre essas questões, podemos inferir que a complexidade, pressupõe comunicação e interação entre as partes do sistema e o todo. A comunicação estabelece a possibilidade de sobrevivência e auto-organização dos sistemas complexos, como as comunidades humanas. Feitas essas considerações, destacamos o pensamento de Marchiori (2009, p.10) ao afirmar que, “a comunicação e o discurso atuam no processo de construção e representação do mundo, produzindo uma rede de significados e sentidos”. Para Marchiori (2009) distinguir comunicação e discurso é entender a profundidade dos conceitos e seu relacionamento interativo. Seguindo essa linha de raciocínio, salientamos que, para Oliveira e Paula (2003) os processos de comunicação dentro da organização devem ser entendidos como atos de interação planejados ou espontâneos que se estabelecem a partir dos fluxos informacionais e relacionais da organização. Os primeiros devem ser entendidos como todos os atos e instrumentos utilizados na transmissão das informações institucionais e mercadológicas. E os segundos por oportunidades de encontros que promovam o compartilhamento de idéias entre interlocutores. Estes processos ocorrem a partir da produção de mensagens, no contexto e nas percepções dos atores que participam da interação. Feitos esses apontamentos, queremos destacar que os discursos constituem as organizações Por isso, analisar as organizações a partir dos discursos torna-se uma perspectiva interessante para compreender os vários fenômenos que constituem a organização. 8 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Na concepção de Foucalt (1986), o discurso é um conjunto de enunciados que se apóia na mesma formação discursiva. Já para Maingueneau (1993) o discurso é o modo de apreensão da linguagem que envolve a atividade dos sujeitos inscritos em contextos determinados. Segundo Maingueneau (1993), as formações discursivas devem ser vistas sempre dentro de um espaço discursivo ou de um campo discursivo, ou seja, elas estão sempre em relação como determinados campos de saber. Para Maingueneau (1993), a formação discursiva deve ser vista, antes de qualquer coisa, como o princípio de dispersão e de repartição dos enunciados, segundo o qual se sabe o que pode e o que deve ser dito, dentro de determinado campo e de acordo com certa posição que se ocupa nesse campo. As “coisas ditas”, portanto, são radicalmente amarradas às dinâmicas de poder e saber de seu tempo. Nessa perspectiva, Foucalt (1986, p. 82) compreende formação discursiva ou sistema de formação como: Um feixe complexo de relações que funcionam como regra: ele prescreve o que deve ser correlacionado em uma prática discursiva, para que esta se refira a tal ou qual objeto, para que empregue tal ou qual enunciação, para que utilize tal conceito, para que organize tal ou qual estratégia. Definir em sua individualidade singular um sistema de formação é, assim, caracterizar um discurso ou um grupo de enunciados pela regularidade de uma prática. Daí que o conceito de prática discursiva para Foucault (1986), não se confunde com a mera expressão de idéias, pensamentos ou formulação de frases. Exercer uma prática discursiva significa falar segundo determinadas regras, e expor as relações que se dão dentro de um discurso. As “práticas discursivas” envolvem tanto os fatos do mundo verbal (das línguas naturais) quanto os do “mundo natural”, das linguagens nãoverbais. De acordo com Bakhtin (1997, p. 261), “todos os campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem, ainda que esse uso se dê de maneiras diferentes, tendo como elemento unificador a própria língua, mas não somente ela”. Bakhtin (1997) afirma que, a palavra acompanha e comenta todo ato ideológico. Os processos de compreensão de todos os fenômenos ideológicos (um quadro, uma peça musical, um ritual ou um comportamento humano) não podem operar sem a participação do discurso interior. A palavra não comporta nada que não esteja ligado a essa função, nada que não tenha sido gerado por ela. A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social. 9 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Sobre esse tema, Baccega (2000, p. 46) assim se manifesta: A palavra só existe no intercâmbio da vida social. Ela “canta” sempre num salão de baile, onde ‘dança conforme a música’, utiliza-se de máscaras ou despe-se, permitindo que se veja toda sua beleza. Ou seja: a palavra nunca está só – ela sempre aparece acompanhada. Ela está sempre num discurso, já que é no discurso que a palavra assume seu significado. Para traçar um estudo sobre as relações discursivas, Bakhtin (1997) postula que essas relações interagem por intermédio do dialogismo. O dialogismo é um conceito que permeia toda a obra de Bakhtin (1997). A concepção dialógica contém a ideia da relatividade da autoria individual e, por conseguinte, o destaque do caráter coletivo e social da produção de discursos. Ele parte da suposição de que o discurso não se relaciona diretamente com as coisas, mas com outros discursos. Para Bakhtin (1997), o indivíduo faz uso da linguagem para estabelecer uma relação com a realidade. Assim, o dialogismo se apresenta como princípio constitutivo da linguagem, que corresponde ao seu funcionamento real. Um dado enunciado faz uso de outros discursos dentro de uma esfera de comunicação verbal e mantém com estes uma relação de sentido: A relação dialógica é uma relação de (sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicação verbal. Bakhtin (1997) afirma que o reconhecimento do sujeito e do sentido é imprescindível para a constituição de ambos. Ele coloca em crise a unicidade do sujeito falante e atribui ao sujeito um estatuto heterogêneo. O sujeito modifica seu discurso em função das intervenções dos outros discursos, sejam elas reais ou imaginadas. Por isso, o sujeito não é a fonte primeira do sentido. O sujeito emerge do outro. Desse modo, o ser humano seria considerado um intertexto, não existindo isoladamente, já que a sua vida se tece, intercruza-se e se interpenetra com a experiência do outro. Os enunciados de um falante estão sempre e inevitavelmente atravessados pelas palavras do outro: o discurso elaborado pelo falante constitui e se constitui também do discurso do outro que o atravessa, condicionando o discurso do “eu”. Nessa perspectiva, vale também ressaltar, que na concepção teórica de Bourdieu (1992), não se dissocia o discurso e a estrutura social em que é usado. O discurso para ele é um bem simbólico. As relações de trocas simbólicas presentes na comunicação lingüística definem quem pode falar, a quem e como. Dessa maneira, toda fala é 10 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP produzida para e pelo mercado ao qual ela deve sua existência e suas propriedades mais específicas. Essas colocações permitem a reflexão acerca da constituição do discurso, fornecendo elementos que podem ser utilizados na construção dos discursos organizacionais, e na gestão de processos de comunicacionais como fomentadores dos discursos organizacionais. Isso não implica, no entanto, ter a comunicação como um mero instrumento de reprodução, mas como processo de compartilhamento dos objetivos e percepções da organização que são compartilhados por intermédio dos discursos. Portanto, como síntese do pensamento dos autores, podemos inferir que o discurso organizacional das ouvidorias públicas é um processo de interação social que promove mudanças. Esse discurso organizacional é uma situação de comunicação, elaborado a partir de uma intencionalidade prévia, mas que não está completamente atrelado a essa intencionalidade do sujeito informante, já que sua leitura depende também da capacidade interpretativa e de aspectos cognitivos do sujeito receptor. O sentido produzido a partir de determinado discurso não vem pré-estabelecido pelas escolhas do informante, mas, sim, depende das escolhas da recepção baseado em um processo de troca, mediado pela linguagem. Este sentido é sempre uma possibilidade, que é conformada considerando a relação estabelecida entre os sujeitos envolvidos, o que constitui o processo comunicativo. De forma que, por entendermos que a ouvidoria utiliza signos linguisticos, e, é ela mesma um signo, pois intermedeia (faz mediação) entre a organização e o cidadão, representando ambos os lados num processo comunicativo, dinâmico e ininterrupto, podemos inferir que é também um lugar onde se embatem as linguagens. É pela linguagem que a ouvidoria é atuada e atua. Portanto, são os signos linguísticos os mais aparentes e óbvios condutores dos significados. A linguagem verbal predomina nas manifestações de insatisfação, acompanhadas de uma orquestra de signos não-verbais, mais sutis, mas nem por isso menos poderosos para gerar sentidos e provocar reações. (IASBECK; COELHO, 2011, p. 7). Em resumo, vista por esse ângulo, a ouvidoria cumpre um papel legal e apaziguador, ancorado em discursos e práticas normatizados, previamente pactuados, tendo para tanto de interferir na singularidade das situações que intermedeia. 11 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP 4. Considerações finais Da temática em questão, buscamos compreender a comunicação como um processo de produção de sentidos entre sujeitos interlocutores que se realiza pela produção de discursos, a partir de um determinado contexto. De modo que, das relações sociais, percebem-se as maneiras de comunicar-se verbalmente e destas, observam-se os modos de enunciar-se verbalmente. Dentro dessa perspectiva, a ouvidoria não é apenas um posto burocrático para atendimento de reclamações; é um lugar onde os sentidos estão o tempo todo sendo produzidos e recebidos. Nesse cenário, a comunicação não pode mais significar somente a transmissão de informações, mas sim da produção de sentido e negociação de significados que transforma e eleva o processo de informação a um processo comunicacional. O desafio colocado é o de aprender, reconhecer e negociar com o outro. Com efeito, os processamentos das respostas que culminam na produção dos discursos das ouvidorias públicas supõem: uma postura rigorosamente descritiva, a análise detalhada, a seleção do conteúdo relevante de cada resposta, a busca e a nomeação dos sentidos manifestos nas idéias centrais e latentes presentes nos conteúdos das respostas. Nessa direção, o ouvidor na condição de mediador ou gestor da comunicação nesse ambiente, deve conhecer bem as novas tecnologias por meio das quais processará sua comunicação. Só assim conseguirá planejar estrategicamente as ações comunicacionais que servem de suporte para que a ouvidoria pública cumpra o seu verdadeiro papel social: o de envolver emissor e receptor em um diálogo aberto e democrático. Nesse aspecto, importa considerar, também, como tecnologias envolvidas na gestão de ouvidorias: o acolhimento, a escuta, a negociação, a interpretação de histórias e a aprendizagem com a experiência do outro. Vale lembrar, que nesse breve estudo, também verificamos que os estudos organizacionais, na atualidade, são permeados por novos paradigmas que desqualificaram os antigos modelos de gestão de caráter autoritário para inserir novas formas de governança que sugerem a cooperação e participação da sociedade civil na elaboração e execução de políticas públicas. 12 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP Assim, outras propostas paradigmáticas têm sido desenvolvidas buscando compreender a comunicação como um processo de produção de sentidos entre sujeitos interlocutores, a partir de um determinado contexto. Sob esse panorama, buscamos dar ênfase a uma proposta paradigmática que se encaixa no que se conhece como o paradigma da complexidade, que, como já assinalado, pressupõe comunicação e interação entre as partes do sistema e o todo. Nesse paradigma, a comunicação estabelece a possibilidade de sobrevivência e autoorganização dos sistemas complexos, como as comunidades humanas. Dentro desse contexto, a ouvidoria pública é um serviço especializado que acolhe manifestações, faz a mediação entre o demandante e as áreas competentes pela resolução da demanda e busca o equilíbrio entre os entes envolvidos a fim de dirimir divergências. A ouvidoria exerce, ainda e, sobretudo, o papel de mediadora entre a alta direção da organização e os seus públicos-alvo, encurtando distâncias de comunicação, reduzindo discrepâncias dos serviços prestados para o aperfeiçoamento da máquina administrativa, contribuindo para a melhoria contínua e, por fim, favorecendo a mudança de cultura da organização para uma visão sistêmica. Vista sob esse prisma, a ouvidoria pública caracteriza-se, dessa forma, como um sistema especialista em produções comunicativas para a manutenção da existência da organização original, isto é, que detém condições mais apropriadas e mais conhecimento sobre a realização de seleções para tornar mais eficazes e legítimas a comunicação da organização. Portanto, uma atuação efetiva da ouvidoria propicia o feedback aos órgãos superiores da organização, constituindo uma rica fonte de informações para a retroalimentação do sistema das atividades de planejamento institucional, tendo por fim a correção de rumos e sintonia com as reais necessidades da organização. Em síntese, da análise efetuada, buscamos demonstrar que o instituto da ouvidoria pública representa uma instância privilegiada de relações intertextuais, de construção ideológica e interação social. 5. Referências bibliográficas BACCEGA, M.A. Palavra e discurso: Literatura e História. São Paulo: Ática, 2000. 13 VI Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – “VI Abrapcorp 2012 – Comunicação, Discurso, Organizações” São Luiz/MA – 26 a 28 de abril de 2012 MESAS TEMÁTICAS ABRAPCORP BAKHTIN, Mikhail (VOLOCHINOV). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. e org.: Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1997. 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