28 de Setembro Beatos Pedro de Zúñiga, Tomás de Santo

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28 DE SETEMBRO
BEATOS PEDRO DE ZÚÑIGA, TOMÁS DE SANTO
AGOSTINHO, PRESBÍTEROS,
E COMPANHEIROS, MÁRTIRES
Mártires no Japão
MEMÓRIA
Em 1602, os primeiros missionários agostinianos entraram no Japão. A perseguição, porém,
surgiu impetuosa, em meio de tanta esperança. Houve centenas de agostinianos e agostinianos
recoletos – entre religiosos, terciários e cinturados – que, entre 1617 e 1637, derramaram o
sangue, sujeitos a atrozes suplícios, em testemunho da fé cristã. Entre eles, recordamos, na
presente celebração, o primeiro grupo beatificado em 1867 pelo Beato Pio IX, composto pelos
seguintes mártires: o Pe. Fernando de São José e seu catequista, o cinturado André Yoshida,
mortos em 1617; o Pe. Pedro de Zúñiga, em 1622; o Irmão João Shozaburo, os oblatos Miguel
Kiuchi Tayemon, Pedro Kuhieye e Tomás Terai Kahioye, e os terciários Mâncio Seizayemon e
Lourenço Hachizo, martirizados em 1630; e, por fim, os padres Bartolomeu Gutiérrez, Vicente de
Santo Antônio e Francisco de Jesus, em 1632. Além dos quais, celebramos também os padres
recoletos Martinho de São Nicolau e Melquior de Santo Agostinho, igualmente martirizados em
1632, e beatificados posteriormente, aos 23 de abril de 1989, pelo Beato João Paulo II.
A memória desses mártires revela a universalidade da vida agostiniana (eles representam, com
efeito, quatro nações, a saber, Japão, México, Espanha e Portugal), manifestando o comum
testemunho da fé de sacerdotes, irmãos não clérigos e leigos agostinianos, e a mesma herança
partilhada pelas famílias agostinianas.
Do Comum de vários mártires, com salmodia do dia de semana corrente, exceto o seguinte:
OFÍCIO DAS LEITURAS
SEGUNDA LEITURA
Das cartas e memórias dos Beatos mártires do Japão
(B. Barth. Relación del suceso de la prisión, 1622: Gaspar de S. A., Conquistas, II,
Valladolid 1890, p. 211; B. Franc., Carta del 25.10.1630; B. Vinc., Acta: Bullarium
ORSA, II, Roma 1961, pp. 665-666; 715-716)
Alegravam-se, pois davam a vida por amor de Cristo
Aquele piedoso Pai de família, rico em misericórdia, que semeia e recolhe belos frutos
em qualquer tempo – são palavras do Beato Bartolomeu Gutiérrez –, nos últimos tempos,
colheu generosos e abundantes frutos de santos mártires neste ubérrimo campo da Igreja
no Japão. Por tudo isso, com o profeta, devemos cantar louvores eternos ao eterno Pai de
família, dizendo: “Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”. É justo e necessário
que se informe a toda a cristandade, a toda a Igreja de Deus, acerca desta conversão
gloriosa e apostólica, para que em toda parte se elevem ações de graças sem fim pelas
grandes misericórdias que a graça divina nela realiza, dando-lhe uma fortaleza tão
admirável na confissão de sua santa fé católica, a ponto de os convertidos submeterem a
própria vida à espada, ao fogo e a qualquer outro tipo de suplício, para não faltar a um só
ponto daquela fé. O assunto seria abundantíssimo e de máxima edificação, tanto no que se
refere aos próprios mártires, como às prisões que sofreram.
Aos 18 de novembro do passado ano de 1629 – refere o Beato Francisco de Jesus –
capturaram-me nas montanhas de Yukinoura, a onze léguas de Nagasáki; dali a oito dias,
prenderam também meu companheiro Frei Vicente. Conduziram-nos à casa do governador
de Nagasáki, onde se achavam detidos o Padre Bartolomeu Gutiérrez, da nossa Ordem, e
MARTIRES DO JAPÃO (28 DE SETEMBRO)
um padre japonês da Companhia de Jesus, com outros fiéis cristãos. No mês seguinte e
depois, milhares de notícias nos chegaram: que seríamos desterrados para aquela região
chamada de ilhas Filipinas; que ainda não morreríamos neste ano; ou que seríamos
executados em breve… Afinal, certo fidalgo português – o capitão Jerônimo de Macedo –,
que fora libertado em agosto e está em Nagasáki, avisou-nos hoje ter ouvido da boca do
próprio tirano, de cuja amizade priva, que a nossa festa nupcial seria ainda neste ano, no
início de novembro. Tais novas foram de grande alegria e consolação para nós. Assim,
pela misericórdia do nosso bom Deus e Senhor, temos todos a firme esperança de gozar do
que há tanto desejamos, sem perder aquilo para o qual fomos criados. Como tudo
certamente é dom gratuito do nosso bom Deus, eu lhe dou e nós lhe damos infinitas
graças.
No dia 2 de setembro de 1632, um mensageiro do governador Unemedono
entregou-lhes a sentença de morte, assim redigida: “Manda o Imperador que, em lugar já
preparado, sejam os seis prisioneiros queimados vivos se não renunciarem à lei que
pregaram. Caso a renegarem, sejam libertados o quanto antes e contem com a graça e a
honra do Imperador”. Tendo ouvido a sentença, os mártires responderam a uma só voz:
“Queremos dar a vida por Jesus Cristo e por sua santa lei”. No mesmo dia, o padre Frei
Vicente escreveu a seguinte ata por todos assinada, remetendo-a a seus amigos
portugueses: “Louvor ao Santíssimo Sacramento. Para honra e glória de Deus, atesto que
hoje, quinta-feira, dia 2 de setembro, chegou a esta prisão um mensageiro do tirano,
dizendo que se acha preparado o lugar do martírio, em que se executará, amanhã ou
depois, a sentença de sermos queimados vivos, conforme ordenara o Imperador.
Advertia-nos, entretanto, que, se negássemos a fé, seríamos libertados e premiados. Todos
respondemos, a uma só voz, que entregaríamos a Deus a vida que tínhamos tão logo eles
no-la quisessem tirar e que estávamos preparados e alegres para dá-la pelo amor, pela lei e
pelo Evangelho do Senhor. O Deus das misericórdias seja louvado pelas maravilhas que
fez para conosco. Tão indignos somos delas, quanto magnânimo e misericordioso ele é ao
fazê-las. Pedimo-vos instantemente que nos encomendeis a Deus. Frei Vicente de Santo
Antônio, Frei Bartolomeu Gutiérrez, Frei Francisco de Jesus, Jerônimo da Cruz, Ygida
Antônio, Frei Gabriel: até a morte, até a morte não havemos de negar.”
RESPONSÓRIO
MT 10, 18-19
R/. Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa * para dar
testemunho diante deles e das nações.
V/. Naquele momento vos será indicado o que deveis dizer, * para dar testemunho.
Ou:
Dos Tratados sobre o evangelho de São João, de Nosso Pai Santo Agostinho, bispo
(In Io. 51, 12-13: CCL 36, 444-445; NBA 24, 1025-1027)
Todos, cada um a seu modo, podem servir a Cristo
Quando Jesus disse: “Se alguém me quer servir, siga-me”, quis que se entendesse com
isso como se dissesse: Se alguém não me seguir, não me serve. Servem, portanto, a Jesus
Cristo os que não procuram o que lhes é próprio, mas sim o que é de Jesus Cristo. Pois isto
significa aquele “siga-me”, a saber, caminhe pelos meus caminhos, não pelos seus,
conforme está escrito noutro lugar: “Quem diz que permanece nele, deve também
proceder como ele procedeu”. Se der pão ao faminto, deve fazê-lo movido por
misericórdia, não por jactância; não procurando nisso mais que fazer uma boa obra, de
modo que a mão esquerda desconheça o que faz a direita, ou seja, que se afaste o desejo de
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LITURGIA AGOSTINIANA DAS HORAS
vaidade da obra de caridade. Quem serve desse jeito, a Cristo serve; e merecidamente se
lhe dirá: “Todas as vezes que fizeste isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim
que o fizeste”.
E não só quem faz aquelas obras relativas à misericórdia corporal, mas quem realiza
qualquer obra boa por Cristo – a obra será boa, com efeito, posto que “o fim da lei é
Cristo, para a justiça de todo aquele que crê” – é servo de Cristo, até chegar àquela
obra-prima da caridade que é entregar a própria vida pelos irmãos, o que não é senão
entregá-la também por Cristo. Pois ele há de dizer isto também pelos seus membros:
Quanto fizeste por estes, por mim o fizeste. Ele mesmo se dignou tornar-se e chamar-se
servo de tal obra, ao dizer: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir
e dar sua vida como resgate em favor de muitos”.
Daqui se pode constatar, portanto, que alguém é servo de Cristo, um vez que servo é
também Cristo. Assim, ao que deste modo serve a Cristo, seu Pai o honrará com aquela
honra imensa de poder estar com o Filho, e jamais acabará a sua felicidade.
Ao ouvirdes, pois, irmãos, o Senhor que diz: “Onde eu estou estará também o meu
servo”, não penseis apenas nos bons bispos e clérigos. Também vós, a vosso modo, servi a
Cristo vivendo bem, dando esmolas, ensinando o quanto puderdes o seu nome e a sua
doutrina, de modo tal que cada pai de família reconheça, por esse nome, que deve amar a
sua família com afeto paternal. Por Cristo e pela vida eterna, admoeste a todos os seus,
ensine, exorte, corrija, dispense a benevolência, exerça a disciplina; desempenhará, assim,
em sua própria casa, um ofício eclesiástico e, de certo modo, episcopal, servindo a Cristo
para com ele viver eternamente.
Ora, muitos dos que estavam entre vós também prestaram aquele máximo serviço de
padecer por Cristo. Muitos que não eram bispos nem clérigos, mas rapazes e moças,
idosos com outros mais jovens, muitos casados e casadas, muitos pais e mães de família
que, servindo a Cristo, entregaram suas vidas no martírio e receberam mui gloriosas
coroas, honrados que foram pelo Pai.
RESPONSÓRIO
CFR. CONFISSÕES VIII, 11, 27
R/. Lançai-vos no Senhor, * e não temais.
V/. Ele não fugirá de vós, não caireis; * e não temais.
Oração como nas Laudes.
LAUDES
HINO
Primícias da fé, rebentos do Senhor,
florescestes nas terras do Japão,
quando outrora o Evangelho do amor
vós pregastes dando a vida em oblação.
Impetrai que para quem ali espera
amanheça um novo sol em seu clarão,
e a luz de Cristo que do alto impera
penhor lhes seja de eterna redenção.
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MARTIRES DO JAPÃO (28 DE SETEMBRO)
Ó Mártires do Japão, que proclamastes
no sangue o triunfo de Cristo redentor,
fazei que em toda parte o que amastes
seja propício a quem o serve por amor.
E assim todos sejam em Cristo um rebanho
sob um único pastor, num só redil,
cresçam em fé e amor como vós antanho,
vencendo do Maligno todo ardil. Amém.
LEITURA BREVE
2 COR 6, 3-7A
Não damos a ninguém nenhum motivo de escândalo, para que o nosso ministério não
seja desacreditado. Mas em tudo nos recomendamos como ministros de Deus, com muita
paciência, em tribulações, em necessidades, em angústias, em açoites, em prisões, em
tumultos, em fadigas, em insônias, em jejuns, em castidade, em compreensão, em
longanimidade, em bondade, no Espírito Santo, em amor sincero, em palavras verdadeiras,
no poder de Deus.
RESPONSÓRIO BREVE
JO 13, 16B; 15, 20B
R/. O servo não está acima do seu senhor, * e o mensageiro não é maior do que quem
o enviou. R/. O servo.
V/. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós. * E o mensageiro. Glória
ao Pai. R/. O servo.
CÂNTICO EVANGÉLICO
Ant. Somos continuamente entregues à morte por causa de Jesus, para que também a
vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal.
PRECES
Peçamos a Cristo, que em sua morte deu-nos um exemplo de fortaleza e de amor, que
consigamos firmar-nos na fé e caminhar na santidade todos os dias da nossa vida:
Dai-nos, Senhor, que vos sirvamos na justiça e na santidade.
Cristo, glorificais a vossa Igreja pela vida e pela morte dos vossos santos,
— fazei que suas virtudes sejam sempre cultivadas pelo vosso povo.
Vós, que dissestes: “A messe é grande, mas os operários são poucos”,
— concedei aos pregadores do Evangelho o auxílio das nossas preces e a intercessão
dos vossos santos.
Cristo, concedestes aos mártires a fidelidade até a morte,
— fazei que sejamos ativos e constantes no vosso serviço.
Senhor, destes aos mártires a graça de anunciar a Palavra da vida,
— fazei que, com a nossa vida, anunciemos sempre ao mundo a Boa-nova de Cristo.
(intenções livres)
Pai nosso…
ORAÇÃO
Deus eterno e todo-poderoso, que destes aos Beatos Pedro, Tomás e companheiros
mártires japoneses participar da Paixão de Cristo, vosso Filho, unidos pelo vínculo da
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LITURGIA AGOSTINIANA DAS HORAS
união fraterna, fazei que, por sua intercessão, mereçamos permanecer firmes na confissão
do vosso nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
VÉSPERAS
HINO como nas Laudes.
LEITURA BREVE
AP 6, 9-11
Vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido imolados por causa da Palavra
de Deus e do testemunho que mantinham firme. Gritavam com voz forte: “Senhor santo e
verdadeiro, até quando tardarás em fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os
habitantes da terra?”. Então, cada um deles recebeu uma veste branca e foi-lhes dito que
descansassem mais um pouco de tempo, até se completar o número dos seus
companheiros e irmãos, que iriam ser mortos como eles.
RESPONSÓRIO BREVE
SB 3, 5
R/. Deus os pôs à prova, * e os achou dignos de si. R/. Deus os pôs.
V/. Tendo sofrido leves correções, serão cumulados de grandes bens, * e os achou.
Glória ao Pai. R/. Deus os pôs.
CÂNTICO EVANGÉLICO
Ant. A vida dos justos está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá. Sua
saída do mundo foi considerada uma desgraça, mas eles estão em paz.
PRECES
Demos graças ao Senhor pelos brilhantes exemplos que nos deu em nossos
missionários e mártires, implorando-lhe nos conceda ser testemunhas sempre fiéis de
Cristo, e digamos:
Fazei, Senhor, que vos sirvamos cada dia melhor.
Senhor, por cujo amor os mártires aceitaram a morte,
— ajudai-nos a compreender que a verdadeira liberdade só se pode encontrar em vós.
Senhor, por cuja graça os mártires mostraram, com sua morte, que preferiam o céu
aos bens deste mundo,
— fazei que os prazeres passageiros jamais nos possam separar de vós.
Senhor, que sois a fonte de toda santidade,
— purificai-nos das manchas dos nossos pecados.
Senhor, pela intercessão dos vossos mártires, que lavaram suas vestes no sangue do
Cordeiro,
— concedei aos nossos irmãos e irmãs falecidos gozar com eles da paz celeste.
(intenções livres)
Pai nosso…
Oração como nas Laudes.
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