Agentes de socialização

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2009 / 2010
Tema- Problema – Pessoa e Cultura
Como se pode definir o processo de socialização?
A socialização pode ser definida como o processo de aprendizagem e interiorização de normas e valores,
característicos de determinado meio social tendo assim como objectivo a integração do indivíduo na
sociedade.
Inicialmente, quando o ser humano nasce, é apenas um organismo biológico sendo, portanto, um ser
culturalmente em branco. Estabelecendo relações com o grupo social que a rodeia, a criança torna-se um ser
cultural. Portanto, é possível afirmar que o comportamento do humano tem pouco de instintivo, resultando
antes de um processo de aprendizagem. Este processo resulta da interacção e comunicação com outros
homens na sociedade e pelo legado cultural (material ou imaterial) transmitido de geração para geração.
Através do contacto com os outros indivíduos do ambiente grupal a que pertence, o ser humano adapta o
seu comportamento às regras e aos valores implícitos no respectivo contexto social. Assim sendo, a
socialização não é um acto determinado no tempo mas, pelo contrário, um processo que decorre ao longo da
vida de cada indivíduo.
Dois tipos de Socialização:
Primária - Processo através do qual a criança estabelece relações com os outros elementos da sociedade,
tornando-se um membro participante e tendo como principal influência o agente social família. Este
processo é o mais importante, pois é onde há a criação de uma estrutura fundamental para toda a
socialização do indivíduo. Os pais têm um papel muito importante no que respeita à assimilação de normas,
valores e padrões comportamentais. A família é o primeiro agente de socialização e também o mais
importante, pois é na fase inicial da vida das crianças que estas assimilam com mais facilidade os valores
que lhes são incutidos, isto porque nessa fase as suas relações baseiam-se nos afectos e, como tal, estas
estão mais receptivas (funcionam como esponjas). No entanto, a família partilha cada vez mais a sua
importância, como agente de socialização primária, com os infantários, onde as crianças passam a maior
parte do tempo.
Secundária Processo posterior à socialização primária, por meio do qual o indivíduo aprende novos papéis,
contribuindo para a formação complexa da personalidade do indivíduo. Este processo pode ser superficial
no sentido de não exigir profundas mudanças, mas, por outro lado, também pode comportar grandes
alterações na sua personalidade.
É possível concluir que a interacção com o que é exterior à criança é um factor bastante importante para o
seu desenvolvimento, podendo ser considerado como um dos mais importantes para a sua progressão
intelectual. Assim sendo, o acto de brincar apresenta grande relevância para a criança, pois desenvolve a
sua capacidade cognitiva, isto é, a sua capacidade de adquirir conhecimentos e a sua capacidade de
relacionamento com outras pessoas (quando o tipo de brinquedos o permite) sendo estes dois factores
imprescindíveis para um futuro promissor.
Mecanismos de Socialização
Para a interiorização da cultura do grupo a que determinado indivíduo pertence (grupo de pertença) ou
deseja pertencer (grupo de referência), é necessário recorrer a certos mecanismos, sendo eles os seguintes:
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Aprendizagem
Através da qual são incutidos no indivíduo os valores, as regras sociais, consideradas correctas, e os
modelos de comportamento do grupo a que o mesmo pertence. Este processo é realizado através de
tentativas, cometendo, por vezes, alguns erros e repetições do que é considerado socialmente correcto;
Imitação
Que consiste na reprodução dos comportamentos observados sendo, assim, copiados;
Identificação
Que se processa quando um indivíduo se identifica com outra pessoa que desempenha determinados papéis
considerados importantes. Essa identificação faz com que o indivíduo em causa adquira, progressivamente,
esses mesmos comportamentos.
Os comportamentos que temos são-nos ensinados, essencialmente, por outros, sendo, consequentemente,
interiorizados por nós, que os modificamos e adaptamos consoante as necessidades e o contexto em que
ocorrem. Neste sentido, o ser humano é um produto da cultura que herdou, podendo, naturalmente,
modificar essa cultura, adaptando-a às novas condições de vida.
PRINCIPAIS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO
A Família como agente de socialização
A importância do grupo familiar no processo de socialização é indiscutível, dado que a criança vai
aprendendo aquilo que os seus familiares realizam, no momento em que se encontra mais permeável à
aquisição da cultura. Esta permeabilidade, ou abertura, à aprendizagem e assimilação de novos
conhecimentos nos primeiros anos de vida da criança deve-se ao facto de a socialização se fazer por via
afectiva, revestida, pois, de forte componente emocional, sem que a criança tome consciência dela. Tudo é
agradável e naturalmente recebido.
A importância da socialização nos primeiros anos de vida do indivíduo é, assim, indubitável.
A Escola como agente de socialização
Ao sairmos do grupo familiar somos forçados a inserir-nos em vários outros, continuando a nossa
aprendizagem. Desses novos grupos, a Escola surge como o grande agente de socialização.
O elevado número de anos que passamos nos bancos escolares e a função própria da Escola - ministrar os
conhecimentos e desenvolver as competências necessárias à transformação da criança num ser «útil» à
sociedade - conferem-lhe esse estatuto de grande agente de socialização.
A Escola é um agente de socialização formal (transmite conhecimentos, e desenvolve capacidades e
competências próprias para a futura inserção no mundo do trabalho) e informal (ensina outros
comportamentos indispensáveis à integração social, como o saber trabalhar em equipa, respeitar as
hierarquias, etc.).
Os mass media como agentes de socialização
Mass media - São todos os meios de comunicação destinados a grandes massas populacionais. A televisão,
a rádio, o cinema, a imprensa, a Internet ou o cinema são os principais exemplos.
No mundo de hoje, assistimos ao florescimento de outro importante e avassalador agente de socialização: os
meios de comunicação de massas. A rádio, a televisão, a imprensa escrita e o cinema constituem hoje
poderosos instrumentos de aprendizagem, uma vez que nos inculcam normas, crenças, valores, modelos de
conduta, etc. isto é, modelam-nos os comportamentos.
O papel da publicidade na socialização
Todos reconhecemos a função da publicidade na divulgação dos novos bens.
A publicidade tem uma das funções mais importantes nas economias actuais, mais importante do que a
própria função de produzir. Sem o conhecimento dos novos bens e das suas características, a oferta não
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poderia encontrar a necessária procura para escoamento da sua produção. Ao procurar a mensagem ideal, a
publicidade apoia-se em sólidos conhecimentos de Economia, Sociologia, Psicologia e outras ciências
humanas, que a auxiliam na sua tarefa de sedução do consumidor. É com essa intenção que se criam
processos em que o consumidor se vai identificar com os protagonistas dos filmes ou das imagens
publicitárias, copiando muitos dos seus comportamentos e hábitos. Nasce, assim, a vontade de ter o
produto.
Para além da sua função de criar o desejo de possuir os bens publicitados, a publicidade é, sem dúvida, um
poderoso agente de socialização. O processo de identificação do consumidor com a personagem central dos
anúncios leva à imitação dos seus comportamentos para além do produto anunciado.
Pode-se então concluir que a publicidade exerce uma função de socialização ao transmitir de forma
sugestiva e cativante muitas maneiras específicas de pensar, sentir a agir, isto é, a publicidade é um agente
de socialização.
A opinião pública pode ser um «agente de socialização» na medida em que acrescenta novas maneiras de
pensar, sentir e agir.
Opinião pública - é a opinião de uma população acerca de um acontecimento ou situação.
Os líderes de opinião como agente de socialização
Os líderes de opinião são indivíduos que, pelo seu status, influenciam as populações. Podem pertencer a
diferentes áreas profissionais ou diferentes grupos sociais, mas serão sempre pessoas influentes pelo
prestígio que têm nos seus universos. Um importante político, um consagrado economista, um conhecido
atleta ou uma estrela rock podem influenciar a opinião e os comportamentos dos indivíduos.
Ao defender uma determinada ideia ou procedimento, esses líderes de opinião indicam comportamentos a
seguir pelos membros das sociedades em que exercem essa influência. Nesse sentido, são agentes de
socialização que contribuem para a formação da opinião pública.
A opinião pública surge como a voz dos indivíduos, representando o seu pensar e sentir. A opinião pública
tira o indivíduo do anonimato, fá-lo sentir mais participativo e interveniente. A opinião pública dá poder ao
povo, não só porque ele faz ouvir a sua voz, mas também porque espera que essa sua opinião seja ouvida
por quem de direito. Neste sentido, a opinião pública é um instrumento indispensável das sociedades
democráticas.
Uma vez formada, a opinião pública leva à sociedade a maneira como esta interpreta os problemas ou os
acontecimentos, reforçando a sua visão da realidade. A opinião pública reforça a cultura de uma sociedade
e, nesse sentido, poderá ser um «agente de socialização».
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