A Acção de Cristo na fundação da Igreja… “O Filho do Gomem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua Vida, como resgate de muitos” 1. Concebida e querida no desígnio Eterno do Pai, como Reino de Deus e de Seu Filho, o Verbo Encarnado Jesus Cristo, a Igreja, encarna no mundo como um facto histórico e, ainda que cheia de mistério, foi acompanhada por milagres desde a sua origem e, poder-se-ia dizer, ao longo de toda a sua história. Pertence também ao âmbito dos factos verificáveis, experimentáveis e documentáveis. Nesta perspectiva, a Igreja começa com o grupo dos doze discípulos, a quem o Próprio Jesus escolheu entre a multidão dos seus seguidores [(cfr Mc 3,13.19 “. Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, com poder de expulsar demónios. Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que o entregou”;(Jo 6,70) “Disse-lhes Jesus: Não vos escolhi Eu a vós, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo.”; (Act 1,2) ”Até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu”)] e que recebem o nome de Apóstolos [(cfr Mt 10,1.5 “Jesus chamou doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos malignos e de curar todas as enfermidades e doenças”.”Jesus enviou estes doze, depois de lhes ter dado as seguintes instruções: não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos”; (Lc 6,13) “Quando nasceu o dia, convocou os discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos.”)]. Jesus chama-os, forma-os de modo completamente peculiar e por fim, envia-os como testemunhas e anunciadores da Sua Mensagem, da Sua Paixão e Morte e da Sua ressurreição. Os Doze são assim, desse ponto de vista, os fundadores da Igreja como Reino de Deus que, no entanto tem sempre o seu fundamento em Jesus Cristo[(Cfr 1Cor 3,11)”Pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo”; (Ef 2,20) “Edificados sobre os alicerces dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus”)]. Depois da Ascensão, encontra-se um grupo de discípulos reunido em torno dos Apóstolos e de Maria, esperando o Espírito Santo que Jesus havia prometido. Na verdade, dada a “promessa do Pai”, que Jesus lhes fez uma vez mais quando estava com eles à mesa, promessa que se referia a um “Baptismo no Espírito Santo” (Act 1,4.5 “No decurso de uma refeição que partilhava com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai, do Qual -disse Ele- me ouvistes falar. João baptizava em água, mas, dentro de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo”), perguntaram ao Mestre ressuscitado: é neste momento que vais restabelecer o reino de Israel? (Act 1,6 “Estavam todos reunidos quando Lhe perguntaram: Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?”). Era evidente que a sua mentalidade, estava ainda influenciada pela esperança de um reino messiânico, que consistiria na restauração temporal do reino davídico [(Cfr Mc 11,10) “Hossana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino do nosso pai David que está a chegar. Hossana nas alturas”; (Lc 1,32.33) “Será grande e vai chamar-Se Filho do Altíssimo . O Senhor Deus vai dar-Lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.”), esperado por Israel. Jesus havia-os dissuadido desta expectativa e havia reafirmado a promessa: “Recebereis a força do Espírito Santo, que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”(Act 1,8)]. 1 2. O dia de Pentecostes, que era primitivamente a Festa das Colheitas [(Cfr Ex 23,16) “Guardarás também a festa da ceifa, das primícias do teu trabalho, daquilo que semeaste no campo, e a festa das colheita, à saída do ano, quando recolheres os teus frutos do campo.”)], havia-se tornado para Israel na festa da renovação da Aliança [(Cfr 2 Cr 15,10.13) “Reuniram-se em Jerusalém, no terceiro mês do ano quinze do reinado de Asa. Nesse dia, sacrificaram ao Senhor, do espólio que haviam trazido, setecentos bois e sete mil ovelhas. Obrigaram-se, por uma aliança, a seguir o Senhor, Deus dos seus antepassados, com todo o seu coração e com toda a sua alma. E todos aqueles que faltassem a este compromisso com o Senhor, Deus de Israel, pequeno ou grande, homem ou mulher, seria morto.”)], a promessa de Cristo cumpre-se do modo que já conhecemos. Debaixo da acção do Espírito Santo, o grupo dos Apóstolos e dos discípulos, consolida-se e ao redor deles reúnem-se os primeiros convertidos pelo anúncio dos Apóstolos e especialmente de Pedro. Assim se inicia o crescimento da primeira comunidade cristã [(Cfr Act 2,41) “Os que aceitaram a sua palavra receberam o baptismo e, naquele dia, juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas”)] e se constitui a Igreja de Jerusalém [(Cfr. Act 2, 42.47) “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades da cada um. Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo,. Partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação”)], que logo se alarga e se estende também a outras cidades, regiões e nações, até Roma…já pelo seu próprio dinamismo interno impresso pelo Espírito Santo, já porque as circunstancias assim o obrigam, os cristãos saíram de Jerusalém e da Judeia e dispersam-se por diversas localidades, e também por causa do ardor, com que principalmente os Apóstolos, pretende colocar na obra e mandato de Cristo, sobre a evangelização universal. Este é o acontecimento histórico das origens, descrito por Lucas nos Actos dos Apóstolos e confirmado pelos demais textos cristãos que documentam a difusão do cristianismo e a existência das distintas Igrejas em toda a zona do Mediterrâneo, e mais longe…ao longo dos últimos decénios do primeiro século. 3. No contexto histórico deste facto está contido o elemento misterioso da Igreja, a que se refere o Concílio do Vaticano II, quando escreve que na Lumen Gentiu [“Veio pois o Filho, enviado pelo Pai, que N’Ele nos elegeu antes de criar o mundo, e nos predestinou para sermos seus filhos de adopção, porque lhe aprouve reunir N’Ele todas as coisas” (cfr Ef, 1, 4-5.10). Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando, com a própria obediência, a redenção. A Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr Jo 19,34), e preanunciam-nos as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: “Quando Eu for elevado acima da terra, atrairei todos a Mim” (cfr Ho. 12,32). Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1 Cor. 5-7), realiza-se também a obra da nossa redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo (cfr 1 Cor. 10,17). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo (cfr 1 Cor. 10,17). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos”(LG ,3)]. Estas palavras são a síntese da catequese anterior sobre o começo do Reino de Deus na terra, em Cristo e por Cristo, por sua vez, indicam que a Igreja foi chamada por Cristo à existência, afim de que este 2 reino perdure e se desenvolva nela e por ela, no decurso da história do homem na terra. Jesus Cristo, que desde o início da sua missão messiânica apelava à conversão e à adesão à fé: “convertei-vos e acreditai na Boa Nova” (Mc 1,15),confiou aos Apóstolos e à Igreja, a tarefa de congregar os homens na unidade desta fé, convidando-os a entrar na comunidade de fé, fundada por Ele. 4. A comunidade de fé, é paralelamente uma comunidade de salvação. Jesus havia repetido muitas vezes: “pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Sabia e declarava-o desde o início, que a Sua missão era a de “anunciar aos pobres a Boa Nova, proclamar a liberdade aos cativos e dar a vista aos cegos”(Cfr Lc 4,18). Sabia e afirmava-o, que o Pai O havia enviado como Salvador (Cfr Jo 3,17) “de facto, Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” e (Jo 12,47)”Se alguém ouve as minhas palavras e nãos cumpre, não sou Eu que o julgo, pois não vim para condenar o mundo, mas sim para o salvar”. Por isso, a sua particular solicitude, para os pobres e os pecadores. Consequentemente, também a sua Igreja devia surgir e desenvolver-se como uma comunidade de salvação. O que o Concílio do Vaticano II sublinha no Dec. Ad Gentes: “…Aquilo que uma vez foi pregado pelo Senhor ou aquilo que N’Ele se operou para a salvação do género humano, deve ser proclamando e espalhado até aos confins da terra, começando por Jerusalém, de modo que tudo quanto foi feito uma vez por todas, pela salvação dos homens, alcance o seu efeito em todos, no decurso dos tempos.”(AG nº 3). Desta exigência de expansão, manifestada pelo Evangelho e pelos Actos dos Apóstolos, aconteceram as missões da Igreja no mundo inteiro. 5. Os Actos dos apóstolos, dão-nos testemunho que na Igreja primitiva, a comunidade de Jerusalém, a oração era intensa e que os cristãos se reuniam para a “fracção do pão”, [(Act 2,42 ss) “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um. Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todos o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação”]. A expressão “fracção do pão” tinha, em linguagem cristã, o significado de um rito eucarístico [(Cfr 1 Cor.10,16) “O cálice de benção, que abençoamos, não é comunhão com o Sangue de Cristo? O pão que partimos, não é comunhão com o Corpo de Cristo”; (1 Cor 11,24) “e tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o Meu Corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim.”; (Lc 22,19) “ Tomou então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribui-o por eles, dizendo: Isto é o Meu Corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em memória de Mim”; etc.]. Na verdade, Jesus queria que a Sua Igreja fosse a comunidade do Culto a Deus, em espírito e verdade. Este era o significado novo do culto que Ele havia ensinado: “Mas chega a hora –e é já –em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende” (Jo 4,23), disse-o Jesus, aquando do diálogo com a samaritana. Mas esse culto em espírito e em 3 verdade, não excluía o aspecto visível; não excluía portanto, os sinais e os ritos litúrgicos, para o que os primeiros cristãos se reuniam no templo (Cfr Act 2,46 “Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo…”), como nas suas casas particulares (Cfr Act 2,46 “…partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração”). Falando com Nicodemos, o próprio Jesus havia aludido ao rito do Baptismo: “ em verdade, em verdade te digo: o que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”( Jo 3,5). Era o primeiro sacramento da nova comunidade, no qual se realizava o renascimento pela Acção do Espírito Santo e a entrada no Reino de Deus, significada pelo rito visível da imersão na água [Cfr Act 2,38.41) “Pedro respondeu-lhes: convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para remissão dos seus pecados; recebereis então o dom do Espírito Santo…Os que aceitaram a sua palavra receberam o Baptismo e, naquele dia, juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas”]. 6. O momento culminante do novo culto, em espírito e verdade, era a Eucaristia. A instituição deste sacramento havia sido o ponto-chave na formação da Igreja. Relacionando-a com o festim pascal de Israel, Jesus havia-A concebido e realizado como um convite (em que Ele Mesmo Se entregava, debaixo das espécies de comida e bebida: pão e vinho, sinais de participação da Sua Vida Divina… Vida Eterna) aos convidados para o banquete. São Paulo expressa bem o aspecto eclesial de tal participação na Eucaristia, quando escreve aos Coríntios: “O cálice de benção, que abençoamos, não é comunhão com o Sangue de Cristo? – O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo – Uma vez que há um único pão, nós embora muitos, somos Um só Corpo, porque todos participamos desse único pão”(1 Cor 10,16.17). Desde a sua fundação, a Igreja compreendeu que a instituição do sacramento, que teve lugar durante a Última Ceia, significava a introdução dos cristãos no Próprio coração do Reino de Deus, que Cristo através da Sua Encarnação, tinha iniciado e constituído na história do homem. Os cristãos sabiam desde o princípio que este Reino perdura na Igreja, especialmente através da Eucaristia. E esta, como sacramento da Igreja, era e é também, a expressão culminante desse culto em espírito e verdade, a que Jesus havia aludido durante o diálogo com a samaritana. Ao mesmo tempo, a Eucaristiasacramento, era e é um rito que Jesus instituiu para que fosse celebrada na Igreja. Na realidade havia dito na Última Ceia: “Fazei isto em memória de Mim” [(Lc 22,19) “Tomou, então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribui-o por eles, dizendo: Isto é o Meu Corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em Minha memória”; (1 Cor 11,24.25) “E tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o Meu Corpo, que é para vós; fazei isto em memória de Mim. Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou o cálice e disse: Este é o cálice da Nova Aliança no Meu Sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de Mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.”]. Estas palavras foram pronunciadas na véspera da Sua Paixão e Morte na Cruz, como parte de um discurso aos Apóstolos, com o qual Jesus os instruía e preparava para o Seu Próprio Sacrifício. Eles assim o entenderam, com esse sentido. A Igreja, tomou dessas palavras a doutrina e a prática da Eucaristia, como renovação incruenta (sem derramamento de sangue) do sacrifício da cruz (que foi um sacrifício cruento). 4 São Tomás de Aquino, expressou este aspecto fundamental do sacramento eucarístico na famosa antífona: “Ó Sagrado Banquete, Em que se recebe Cristo, Se comemora a sua Paixão, A alma se enche de graça. E nos é dado penhor de futura glória”. 7. O Concílio do Vaticano II, resume assim a doutrina da Igreja acerca deste ponto: “Veio pois o Filho, enviado pelo Pai, que N’Ele nos elegeu antes de criar o muindo, e nos predestinou para sermos seus filhos de adopção, porque lhe aprouve reunir N’Ele todas as coisas [(cfr Ef. 1, 4-5.10) “Foi assim, que Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença, no amor. Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com o beneplácito da sua vontade, para que seja prestado louvor à glória da sua graça, que gratuitamente derramou sobre nós, no Seu bem amado Filho. É em Cristo, pelo Seu Sangue, que temos a redenção, o perdão dos pecados, em virtude da riqueza da sua graça, que Ele abundantemente derramou sobre nós, com toda a sabedoria e inteligência. Manifestou-nos o mistério da sua vontade, e o plano generoso que tinha estabelecido, para conduzir tudo a Cristo, reunindo N’Ele o que há no céu e na terra”]. Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando, como a própria obediência, a redenção. A Igreja, ou seja, o Reino dos Cristo, já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr Jo 19,34 “Porém, um dos soldados abriu-Lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água.”), e, preanunciam-nos as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: “Quando Eu for elevado acima da terra, atrairei tudo a Mim” (cfr Jo 12,32 “E Eu quando for erguido da terra, atrairei todos a Mim.”). Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual Cristo, nossa Páscoa foi imolado (1 Cor 5,7 “Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos. Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolada”), realiza-se também a obra da nossa redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só Corpo em Cristo (cfr 1 Cor 10,17 “Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só Corpo, porque todos participamos desse único pão”). Todos os homens são chamados a esta união em Cristo, luz do mundo, do Qual vimos, por Quem vivemos, e para O Qual caminhamos”. Segundo o Concílio, a Última Ceia, é o momento em que Cristo, antecipando a Sua Morte na Cruz e a Sua Ressurreição, instituiu a Igreja: a Igreja é imaginada junto com a Eucaristia, enquanto é chamada a “esta união com Cristo, luz do mundo, de Quem procedemos, por Quem vivemos e para Quem caminhamos” (LG 3). Cristo é a Luz do mundo, sobretudo no Seu sacrifício redentor. É então que realiza plenamente as palavras, que tinha dito um dia: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida como resgaste por todos”(Mc 10,45 e Mt 20,28 “Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua Vida para resgatar a multidão”). Cumpre-se então o desígnio eterno do Pai, segundo o qual “Cristo devia morrer (…) para reunir N’Um todos os filhos de Deus que estavam dispersos” (Jo 11, 51.52 “Ora ele -Caifás- não disse isto por si mesmo, mas como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos”). Portanto no sacrifício da Cruz, Cristo é o centro da unidade da igreja, como havia previsto: “E Eu quando for erguido da terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12,32). No sacrifício da Cruz, renovado no Altar, Cristo é o Centro regenerador da igreja, em que os homens são chamados a participar na Sua Vida Divina, para alcançar um dia a participação na Sua Glória Eterna. Ele é para nós, o penhor da futura e eterna Glória. Encuentra/ Sección: Reino de Dios Tradução livre de MAM (www.encuentra.com) 5 - Aos cépticos, aos que duvidam, aos racionalistas, lembro, simplesmente, que a fé é um Dom de Deus. E que Deus gosta de se revelar aos pequenos (Lc 10,21”Eu te Bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos…”). É preciso humildade. Não pensem que não crêem porque raciocinam. Os irracionais não tem fé. A fé é própria do homem- justamente porque é racional. Quem só aceita o testemunho dos sentidos, só crendo no que vê, no que sente, no que ouve, não está usando a inteligência. Até aí, ela não precisa funcionar. Mas para crer em coisas mais altas, precisa-se de algo superior aos sentidos, precisase pensar. Por isso, a fé é um acto de inteligência. É ao que temos de especificamente humano (inteligência e vontade). Deus trata- nos com dignidade e é para o que temos de mais nobre que Ele apela. 6