2 - Unioeste

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06 A 08 DE OUTUBRO DE 2016
PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO: UMA EXPERIÊNCIA DOS ACADÊMICOS DO
TERCEIRO ANO DE ODONTOLOGIA DA UNIOESTE – 2015-2016
Especialidade: Saúde Coletiva
Vinícius Marchiori1
Matheus Gabardo Yokota1
Mariângela Monteiro de Melo Baltazar2
Marina Berti2
Daniela Pereira Lima2
Danielle Portinho2
Modalidade: Extensão
RESUMO: ‘Promoção de Saúde representa uma estratégia mediadora entre pessoas
e ambientes, sintetizando escolha pessoal e responsabilidade social em saúde para
criar um futuro mais saudável’ (OMS, 1987). Baseado nisso a disciplina de
Odontologia em Saúde Coletiva III (UNIOESTE) fornece conhecimento sobre
planejamento em saúde a serem aplicados preventiva e curativamente na
comunidade. Desde 2015 atividades voltadas ao atendimento de gestantes do
município de Cascavel são realizadas na Clínica de Odontologia. Estes atendimentos
possibilitaram aos acadêmicos a vivência com este grupo de pacientes muitas vezes
negligenciados devido aos mitos e tabus que persistem na comunidade. As pacientes
recebem orientação de higiene bucal e alimentação e são submetidas ou
encaminhadas, quando necessário, a procedimentos odontológicos de dentística,
periodontia, endodontia, exodontia, prótese e estomatologia. Como resultado tem-se
observado melhora na higiene bucal das gestantes, interesse destas em relação à
influência da saúde bucal e o desenvolvimento do bebê além da motivação dos
acadêmicos envolvidos.
Palavras-chave: Saúde Pública, Saúde Bucal, Pré-natal odontológico, Gestantes.
INTRODUÇÃO
A gestação é um momento único para a mulher. Apesar do ditado popular
“gestação não é doença”, é uma condição temporária que apresenta sintomas que
requerem cuidados especiais e que devem ser constantemente acompanhados pelos
profissionais da saúde. Dentre estes profissionais inclui-se o cirurgião dentista (CD) já
que, durante o período gestacional, a cavidade bucal passa por mudanças que
comumente levam a situações de cárie, gengivite e periodontite (SRINIVAS; PARRY,
2012).
Acadêmico do 3° ano do Curso de Odontologia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE, e-mail: [email protected]
2 Professora Adjunta da Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Campus de Cascavel.
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De maneira geral, as gestantes apenas procuram o serviço odontológico
quando já apresentam um problema bucal instalado, sendo rara a prevenção
(FELDENS et al., 2005). A resistência ao tratamento por parte das gestantes, na
maioria das vezes, ocorre em decorrência de ideias difundidas relativas à possibilidade
deste tratamento provocar alterações no curso da gestação ou mesmo danos à mãe e
ao bebê (de ALBUQUERQUE; RODRIGUES, 2004). Somado a isso está o mito de que
dentes quebradiços, “estragado” e sangramento gengival é uma situação normal
durante a gravidez. Tal situação não é verdadeira, o que ocorre é que durante a
gestação as alterações no organismo da mulher, o aumento do consumo de doces e
de frequência de refeições, somado à diminuição dos cuidados com a higiene oral
pode levar ao aparecimento de problemas dentários e gengivais.
O entendimento de que problemas bucais podem levar a intercorrências
gestacionais vem sendo amplamente estudado em todo o mundo. Da mesma maneira
que a percepção de que os hábitos maternos podem influenciar no desenvolvimento
do bebê. Desta forma, as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, Brasil
Sorridente propuseram orientações para o atendimento do grupo de gestantes
considerando que a mãe tem um papel fundamental nos padrões de comportamento
apreendidos durante a primeira infância (MS, 2004). Entretanto, apesar das
orientações dos documentos, ainda se nota pouco conhecimento, receio, muitos mitos
e tabus que levam ao medo na realização do atendimento por parte dos profissionais
da saúde e desconfiança em relação à segurança por parte das gestantes. Embora
haja uma orientação do próprio Ministério da Saúde, muitos médicos ainda contra
indicam a ida das gestantes ao dentista. Mesmo cirurgiões dentistas desaconselham o
tratamento odontológico durante o período gestacional (BARBOSA, 2011). Esse fato
demonstra que a crença, da população leiga, de que o tratamento prejudica a gestante
e o seu filho tem origem, possivelmente, na própria concepção do profissional
(SCAVUZZI; ROCHA; VIANNA, 1998). Dentre diferentes fatores que levam a esta
hesitação, pode-se destacar a formação acadêmica, pois raras são as universidades
que possuem em sua grade curricular estudo direcionado a este tipo de paciente
(Martins et al., 2013).
Portanto, para preencher esta lacuna do conhecimento dos futuros cirurgiões
dentistas formados pelo curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, no ano de 2015 a disciplina de Saúde Coletiva III iniciou orientação e
atendimento às gestantes do município de Cascavel, Paraná no intuito de melhorar a
qualidade de vida das gestantes e promover uma saúde bucal mais ampla.
OBJETIVO



Divulgar o trabalho que vem sendo realizado pela disciplina de Odontologia
em Saúde Coletiva III da UNIOESTE;
Desmistificar junto aos alunos mitos e tabus acerca do atendimento
odontológico de gestantes;
Estimular o acompanhamento odontológico de gestantes para a manutenção
da saúde bucal destas pacientes;
METODOLOGIA
No ano de 2015 a disciplina de Saúde Coletiva III, em contato com a direção do
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CEAPAC (Centro de Atenção e Pesquisa de Anomalias Crânio Faciais), propôs o
atendimento de gestantes na clínica odontológica do centro. Postos de saúde foram
informados para que as gestantes atendidas nestes locais pudessem também receber
um atendimento odontológico de qualidade, estabelecendo com isso uma parceria
entre CEAPAC, UBS (Unidades Básicas de Saúde) e a Universidade. Para o ano de
2016 o atendimento das gestantes passou a ser realizado na Universidade.
Depois de estabelecida a parceria deu-se início à programação que constou
de aulas teóricas aos acadêmicos de odontologia nas quais foram abordados, ao
longo do ano, temas como: (a) epidemiologia das doenças bucais; (b) educação em
saúde bucal; (c) tratamento restaurador atraumático; (d) pré-natal-odontológico e; (e)
métodos de prevenção das doenças bucais.
No segundo semestre os acadêmicos passaram a realizar atendimento às
gestantes na Clínica Odontológica. A turma foi dividida em dois turnos: matutino e
vespertino. Antes do atendimento as gestantes recebem informações sobre saúde e
higiene bucal, dieta e influência destes fatores na saúde do bebê. As pacientes são
orientadas quanto à escovação e uso do fio dental e recebem profilaxia. Em seguida
passam por exame odontológico minucioso para avaliação das suas necessidades e
riscos. Então, nas clínicas subsequentes, sob supervisão dos professores da disciplina
iniciam os tratamentos das necessidades preventivas e/ou curativas destas pacientes.
Os procedimentos realizados em clínica variaram desde orientação de higiene
bucal, avaliação do Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) profilaxia, selamento
provisório de cavidades dentárias, selamento de fóssulas e fissuras, aplicação de
verniz fluoretado, aplicação de flúor, acabamento e polimento de restaurações,
restaurações de cavidades dentárias, raspagem e alisamento corono-radicular e
encaminhamento, quando necessário, para demais especialidade clínicas da
UNIOESTE.
RESULTADOS
Os conceitos de higiene bucal e a existência de uma relação com a saúde do
feto ficaram bem claros para as gestantes e isso pode ser observado pelos
questionamentos que muitas delas faziam durante as palestras pré-atendimento.
Houve pacientes que desistiram do tratamento mesmo com sérias
necessidades odontológicas. Algumas delas o fizeram por medo, por orientação do
seu médico obstetra, enfermeiro ou parentes e amigos.
Até o presente momento 61 pacientes passaram pelo atendimento na
disciplina de Saúde Coletiva III. Deste total, 18 pacientes desistiram do tratamento, 20
concluíram o tratamento e receberam altas e 23 ainda continuam em atendimento.
Mesmo após o parto dos bebês as pacientes que ainda apresentam
necessidades para manutenção da saúde bucal continuam sendo acompanhadas até
que todas as necessidades sejam concluídas. Além de receberem orientação quanto à
saúde bucal do bebê.
DISCUSSÃO
Segundo Moimaz, et al. (2007), as gestantes, de um modo geral, apresentam
pouca procura à consultas odontológicas por conta, principalmente, de crenças e mitos
em relação ao atendimento odontológico durante a gestação e os autores reforçam a
importância de priorização do atendimento às mesmas levando a informação e
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aprendizado até elas. Além disso, gestantes acreditam, por insegurança, que a
intervenção pode causar anormalidades congênitas ou até mesmo aborto, entretanto
estudos indicam haver segurança no atendimento às gestantes, desde que os
procedimentos ocorram de maneira a seguir princípios mais conservadores como:
limitação de doses de fármacos, seleção de agentes mais seguros e limitação da
duração do tratamento (POLETTO et al., 2008). Somado a isso e como maior
segurança para a gestante e o bebê, deve-se dar preferência pela realização de
intervenções no segundo trimestre de gestação, por ser considerado o período mais
estável (BARAK et al, 2003). Apesar desta recomendação, casos de urgência devem
ser realizados a qualquer momento para a remoção do agente etiológico causador da
adversidade (TIRELLI et al., 2001).
Vários são os aspectos que estão envolvidos na alteração da saúde bucal das
gestantes, incluindo os de ordem fisiológicos ou psíquicos. Muito comum no período
gestacional, a cárie, é bastante frequente haja vista os desejos que a gestante pode
apresentar em relação aos doces, o aumento da acidez bucal por conta das náuseas e
vômitos, a diminuição da salivação acompanhando ou não pelo aumento da acidez da
saliva e atenção limitada à saúde oral (AGUIAR et al., 2011).
As mudanças nas características de saúde gengival são muito importantes já
que há, durante o período gestacional, uma tendência ao agravamento da gengivite
que, por sua vez, pode culminar em periodontite. Todas estas mudanças são causadas
pelas alterações associadas a fatores como: deficiências nutricionais, altos níveis de
estrógeno e progesterona, presença de placa bacteriana, possível estado de
imunodepressão, alteração da microbiota bucal e metabolismo celular (MOIMAZ et al.,
2006). Estudos constataram aumento na incidência de partos prematuros e baixo peso
de
neonato
em
pacientes
gestantes
com
doença
periodontal
(OFFENBACHER et al., 1998).
Para que haja cooperação durante a mudança do comportamento, a mudança
nos hábitos das gestantes deve ser feita de modo individual e não deve ser fora do
contexto social no qual ela está inserida (MOIMAZ et al., 2007 apud Pinto, 1992).
Portanto, a disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva III tem contribuído não
apenas no aprendizado dos acadêmicos, mas também na vida das gestantes no
sentido de desmistificar o atendimento dessas pacientes e gerar mudança individual e
social na qualidade da saúde bucal. Assim, contribuindo para diminuir o risco de
intercorrências durante a gravidez. Com essas certezas os futuros profissionais
sentem segurança em atender gestantes e oferecem uma política pública de saúde
mais igualitária e de inclusão dessa classe outrora amedrontada.
CONCLUSÕES
1.
Algumas gestantes ainda se mostram reticentes quanto ao atendimento
odontológico e os possíveis riscos ao desenvolvimento fetal;
2.
Ainda se observa que há pacientes que abandonam o tratamento ou por
seus receios ou por orientação de seu médico;
3.
As gestantes que permanecem no programa mostram-se receptivas e
interessadas;
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4.
Já na segunda consulta observou-se que algumas gestantes se
mostraram motivadas em relação à higienização, notando-se melhora no quadro geral
de higiene oral;
5.
Os acadêmicos compreenderam a importância da atenção a esta
parcela da população.
REFERÊNCIAS
de AGUIAR TC, JUNIOR AV, da SILVA SRC, ROSELL FL, TAGLIAFERRO EPS.
Avaliação do perfil de risco de cárie dentária em gestantes de Araraquara, Brasil. Rev
Cubana de Estomatología; v. 48, n. 4, p. 341-351. 2011
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