Aderlande Pereira Ferraz

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EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NEOLÓGICAS EM UM DICIONÁRIO
ESPECIALIZADO COM OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
Aderlande Pereira Ferraz (UFMG)
Em meio à tipologia das unidades do léxico, destacam-se as unidades fraseológicas que,
por sua vez, também apresentam uma tipologia própria. Dessas unidades, constituem
objeto de análise neste estudo as expressões idiomáticas de caráter neológico.
Compostas pela junção de dois ou mias elementos lexicais, em cuja estruturação
semântica o significado global é diferente da soma dos significados das partes
componentes, as expressões idiomáticas são bastante comuns nos discursos orais como
em alguns discursos escritos. Com o objetivo de refletir sobre a produtividade de
expressões idiomáticas no português contemporâneo do Brasil, com especial destaque à
manifestação de formações novas na linguagem publicitária, este trabalho também
mostra como é possível alocar tais unidades fraseológicas em um repertório
lexicográfico voltado para o ensino do português. A importância do tratamento
lexicográfico das unidades fraseológicas é cada dia mais reconhecida e, no âmbito do
ensino de língua portuguesa no Brasil, um dicionário assim especializado, com
objetivos pedagógicos, é, inegavelmente, de grande necessidade. Entretanto, quais
unidades fraseológicas devem ser trabalhadas na sala de aula de língua portuguesa? E
em que nível se deve ensinar tais unidades? Nesse contexto, para responder tais
questões, procura-se discutir aqui o tratamento lexicográfico, com fins pedagógicos, de
um tipo de fraseologismo, a expressão idiomática, juntando-se a isso a consideração do
valor dos neologismos lexicais no que concerne ao desenvolvimento da competência
lexical no ensino de língua portuguesa. Assim, no presente estudo, procura-se relacionar
a competência lexical, não com a fase de aquisição na infância, mas com o contínuo
processo de desenvolvimento, que é o produto de aprendizagem através da educação
sistemática, especialmente como se dá nos níveis avançados de educação. Para tanto,
parte-se da chamada abordagem lexical (The Lexical Approach) Lewis (1993, 1997). O
léxico, ao longo de todos os diferentes métodos de ensino de línguas, tem sido tratado
de várias maneiras, porém, a que lhe tem dado uma posição central, nos últimos anos, é
exatamente a abordagem lexical. Nesta abordagem, a gramática e o léxico se
aproximam e quebram a forte linha de separação entre ambos. A unidade lexical, nesta
abordagem, é a unidade de aprendizagem, ou seja, com esta abordagem se busca
desenvolver a competência lexical dos aprendizes, levando-os a reconhecer e produzir
os chamados Chunks, ou seja, itens lexicais que não podem ser analisados em unidades
menores de sentido. O léxico então é ensinado a partir de diferentes estratégias, para que
o aluno seja capaz de reconhecer as diferentes combinatórias lexicais, destacando-se
aqui a combinatória lexical de que resulta a expressão idiomática. Atestando as variadas
inovações lexicais ocorrentes no português brasileiro, a presença de expressões
idiomáticas, tanto atestadas quanto neológicas, em textos publicitários, é também um
forte indicativo de que tais fraseologismos não são privativos da modalidade falada da
língua. Como corpus de análise, contou-se com um banco de neologismos extraídos de
textos publicitários, veiculados pelas revistas Veja, Istoé e Época, em edições de 2001 a
2010. As expressões idiomáticas recolhidas apresentam caráter neológico, pelo fato de
não se encontrarem atestadas nos principais dicionários monolíngues brasileiros. Pelo
caráter de novidade sempre presente nos anúncios, o discurso publicitário se reveste da
necessidade de utilização de palavras novas não apenas para nomear mercadorias, mas
sobretudo por tecer enunciados cheios de apelos estilísticos e persuasivos, tornando a
criação de neologismos um fator inevitável. Como referencial teórico, foram
aproveitados ainda trabalhos importantes e anteriores, como os de Corpas Pastor (1996),
no que concerne ao estudo das unidades fraseológicas; Guilbert (1975) e Boulanger
(1989), na conceituação de neologia e neologismo; Penadés Martínez (2002, 2003),
sobre o tratamento lexicográfico e pedagógico de unidades fraseológicas; e Ferraz
(2008), no que diz respeito à analise do corpus.
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