1 1ª PARTE - UMA VISÃO GERAL 1 - INTRODUÇÃO Este capítulo possui dois objetivos distintos: 1º) apresentar o escopo da matéria de administração financeira e orçamentária no curso de administração, bem como o seu conteúdo programático; 2º) expor detalhadamente a sistemática de avaliação. 1.1 - A IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Tomando como base o fato de que a maioria das decisões tomadas por uma empresa é medida em termos financeiros (lucro ou prejuízo), é natural “que o administrador financeiro desempenhe um papel chave na operação da empresa” 1. Assim, normalmente, os executivos de cúpula de uma empresa são os da área financeira. Assim sendo, as instituições de ensino superior vêm se preocupando, cada vez mais, com os programas financeiros, tanto na graduação quanto na pós-graduação. A fim de entendermos melhor a função financeira, examinaremos a sua área de atuação, as funções do administrador financeiro e seu objetivo global, entre outros aspectos. 1.2 - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. significado e objetivos da administração financeira; noções sobre os profissionais da área financeira, o perfil desejado e as oportunidades de mercado; naturezas jurídicas básicas e suas influências para a administração financeira; revisão da estrutura patrimonial (ativo e passivo – curto e longo prazo); administração de recursos de curto (CCL) e longo prazo; indicadores de liquidez e ciclo operacional; sistema financeiro nacional; noções básicas sobre o mercado financeiro, mercado de capitais, câmbio e opções; análise de investimentos. 1.3 - OBJETIVO DO CURSO Proporcionar ao aluno conhecimentos fundamentais à gestão financeira eficaz, bem como capacitá-lo à correta tomada de decisão sob a ótica financeira. 1.4.2 - TENDÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA FINANCEIRA2 Nos últimos anos, o mercado de trabalho na área financeira tem sofrido importantes alterações devido a fatores macroeconômicos, gerenciais e tecnológicos. Ao longo dos próximos anos, essa mudança deverá se manter e, em alguns casos, se acentuar. Os fatores macroeconômicos recentes com atuação mais marcante sobre o mercado de trabalho na área financeira foram a queda da inflação ocasionada pelo Plano Real e a abertura da economia brasileira. Com a forte redução das taxas de inflação, a importância das aplicações financeiras - uma atividade típica de tesouraria - foi naturalmente reduzida. Quando tínhamos uma inflação alta, era muito importante dirigir os esforços para maximizar os ganhos ou minimizar as perdas com os recursos financeiros ociosos. Ao mesmo tempo em que a inflação brasileira se reduziu drasticamente, alargou-se a abertura da nossa economia, obrigando as empresas a se tornarem mais competitivas, o que ressaltou a importância da atividade de controladoria. Análise de custos, avaliação da rentabilidade das operações e estudo da economicidade de processos, 1 GITMAN, Lawrence J. - Princípios de Administração Financeira - Ed Harbra Ltda 2 http://www.ief.com.br/index.htm 2 entre outras, são atividades que passaram a ter uma importância crucial para as empresas, tornando a função de controladoria mais importante do que nunca. Nas pequenas e médias empresas, a gestão da controladoria e da tesouraria tem ficado sob a responsabilidade de uma mesma pessoa. Nesse caso, a mudança antes mencionada, significou apenas uma alteração de ênfase no trabalho que o gerente já executava. Nessas empresas, a agregação das atividades de tesouraria e controladoria também se verifica junto aos profissionais de nível operacional. Em grandes organizações ainda predomina a tradicional dualidade na gestão das áreas de controladoria e tesouraria. Ela também é observada junto aos profissionais que trabalham nessas áreas. Entretanto, este quadro já começou a mudar nessas empresas, principalmente por causa de mudanças no processo gerencial. Já se nota o início da junção das funções de tesouraria e controladoria, como reflexo dos processos de downsizing. Naturalmente, a tendência se refletirá sobre os profissionais que trabalham nessas áreas. Do ponto de vista organizacional, a simplificação da cadeia hierárquica, com a eliminação dos níveis gerenciais intermediários, tem afetado sensivelmente a área financeira. Muitas empresas estão colocando as áreas financeira, administrativa e jurídica sob a responsabilidade de um mesmo gerente. A tendência tem sido designar o responsável pela área financeira como gestor das três áreas. Esta tendência afeta a exigência de qualificação para o gestor financeiro.As mudanças tecnológicas têm afetado bastante o trabalho na área financeira. A informatização tem ceifado milhares de empregos na tesouraria das empresas, levando os profissionais dessa área a buscar novos nichos de trabalho. Deve ser destacado que o fenômeno do enxugamento em áreas da tesouraria - principalmente contas a pagar e a receber - tende a pegar muitos profissionais desprevenidos. É que nessas áreas o trabalho é normalmente volumoso, o que costuma dar às pessoas a crença de terem seus empregos garantidos. A informatização afeta, além do trabalho operacional, também aquele mais especializado, como é o caso dos cálculos financeiros. Os sistemas centralizados executam os cálculos financeiros, fazendo com que o profissional se limite a acionar o teclado do seu terminal. Alguns deles comentam que o "sistema faz tudo" e, portanto, não precisam dominar esses cálculos. Esta costuma ser uma armadilha fatal. Quanto aos segmentos de trabalho promissores para os profissionais da área financeira, a dinâmica de mudança rápida e contínua que se verifica no ambiente econômico brasileiro e internacional, torna difícil fazer prognósticos. Entretanto, um princípio permanecerá válido em quaisquer circunstâncias: a todo tempo, as áreas promissoras serão aquelas em que o profissional tiver a oportunidade de usar seu conhecimento combinado com a criatividade individual. São áreas onde a informática e a reengenharia nunca conseguirão eliminar a necessidade de trabalho analítico e criativo. Sem pretender esgotar a lista de áreas promissoras, poderíamos citar: engenharia financeira, análise e administração de investimentos, redução de custos, avaliação de desempenho econômico-financeiro, marketing financeiro e consultoria financeira. Nos segmentos mencionados sempre haverá espaço para a inovação e utilização do potencial de criatividade, permitindo ao profissional de finanças a oportunidade de se destacar e passar ao largo da crise. Também vale registrar algumas orientações de caráter geral para as pessoas que já trabalham ou buscam uma oportunidade ou a recolocação na área financeira. Inicialmente é preciso destacar o conjunto obrigatório de conhecimentos exigidos de um profissional da área financeira, tanto na tesouraria como na controladoria. Esta base mínima de conhecimentos deve incluir: economia brasileira e contas nacionais, produtos e serviços do mercado financeiro, matemática financeira, contabilidade gerencial, sistema tributário nacional, economia internacional, além do conhecimento geral do software excel, com ênfase em suas funções financeiras e estatísticas e seus recursos de simulação. Também é fundamental o conhecimento total de uma língua estrangeira (falar, ler e escrever). A segunda língua estrangeira começa a ser mais um requisito. A figura do super-especialista está em baixa. A preferência é por um profissional generalista, com uma ou duas áreas de concentração de interesse. Outro aspecto importante a ser registrado é que um elevado percentual dos currículos recebidos pelas empresas continuam sendo mal elaborados. As falhas mais comuns são: estruturação inadequada, inclusão de detalhes irrelevantes na experiência profissional, informações conflitantes, cifras incoerentes de resultados alcançados e má apresentação gráfica. Como o currículo é o cartão de visitas do candidato a emprego, se for mal elaborado, já deixa a pessoa em desvantagem na "largada" do processo de seleção. Outro aspecto a merecer atenção é o treinamento. De modo geral, quando as pessoas estão empregadas, dão pequena prioridade ao treinamento. No momento em que perdem o emprego ou 3 sentem a ameaça de perdê-lo é que se dão conta de como negligenciaram no desenvolvimento ou aprimoramento de suas habilidades profissionais. Também a empresa que até então nunca havia se preocupado com o treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores, no momento em que os demite, paga uma espécie de "vale-treinamento". Talvez, muito tarde. Por último, as estatísticas mostram que a forma mais utilizada de procurar emprego - responder a anúncios de jornais - é a menos eficaz. É sabido que os maiores índices de sucesso acontecem através de indicações pessoais ou de postulação direta junto à empresa pelo próprio interessado. 2 - A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O ADMINISTRADOR FINANCEIRO 2.1 - SIGNIFICADO E OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Segundo GROPPELLI e NIKBAKHT, finanças “é a aplicação de uma série de princípios econômicos para maximizar a riqueza ou o valor total de um negócio. Mais especificamente, maximizar a riqueza significa obter o lucro mais elevado possível ao menor risco. Na realidade, ninguém sabe quando a riqueza máxima é atingida, embora ela seja entendida como a última meta de cada empresa. Uma maneira de descobrir a riqueza de uma empresa é através dos preços de sua ação ordinária. Quando o preço das ações aumenta, diz-se que a riqueza de seus acionistas está aumentando.”3 Já GITMAN, propõe que finanças seja “a arte e a ciência de administrar fundos”4. Das definições acima, pode-se abstrair que administração financeira visa maximizar a riqueza do investidor através da manipulação de fluxos monetários. Quanto ao objetivo principal, senão único da administração financeira, consiste em maximizar a riqueza de seus proprietários. Neste sentido, concorre GITMAN: “O objetivo de uma empresa, e por conseguinte de todos os administradores e empregados é o de maximizar a riqueza dos proprietários... é medida pelo preço da ação ... é relevante reconhecer que o lucro por ação (LPA), por ser um importante componente do retorno da empresa, afeta o preço da ação”5. O mesmo autor destaca como objetivo ampliado (ou secundário) a preservação da riqueza dos “stakeholders” (grupos tais como empregados, clientes, fornecedores, credores e outros que possuem um vínculo econômico com a empresa). É importante destacar que a administração financeira ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. 2.2 - AS FUNÇÕES E O OBJETIVO DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO As funções do administrador financeiro são as seguintes: a) Análise e planejamento financeiro. b) Administração da estrutura do ativo da empresa. c) Administração de sua estrutura financeira. Quanto ao objetivo do administrador financeiro temos que ele deverá, através de suas funções, maximizar a riqueza dos investidores (acionistas, sócios, empresários, pessoas físicas etc) 2.3 - O RELACIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA COM OUTRAS CIÊNCIAS A Administração financeira utiliza-se de conceitos de outras ciências, tais como economia, contabilidade, direito etc. A economia, através da Macroeconomia, dá subsídios sobre o ambiente global em que a empresa opera ou deseja operar e, através da Microeconomia, permite a melhor escolha das estratégias operacionais para a empresa. Visto que o campo de Finanças está estreitamente relacionado ao da economia e que a maioria das empresas opera dentro da Economia, o administrador financeiro deve compreender o arcabouço econômico e estar atento às conseqüências dos vários níveis de atividade econômica e das mudanças na política econômica. O princípio econômico básico usado em Administração Financeira é a análise marginal, princípio segundo o qual devem ser tomadas decisões financeiras e realizadas ações, somente quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais. 3 GROPPELLI, A. A. & NIKVAKHT, Ehsan – Administração Financeira. 3ª ed. Saraiva São Paulo, 1998, p. 3. GITMAN, Lawrence J. – Princípios de Administração Financeira. 7ª ed. Harbra, São Paulo, 1997, p. 4 5 GITMAN, J. Lawrence – Princípios de Administração Financeira., 7ª ed. Harbra, São Paulo 1997, p. 18. 4 4 Exemplo de análise marginal6: Uma copiadora decide substituir uma das máquinas antigas, por uma nova, mais sofisticada, capaz de dar conta de um maior volume de cópias por minuto. A nova máquina requer um desembolso, à vista de $50.000,00, enquanto que a antiga poderá ser vendida por $18.000,00. Os benefícios totais a serem geradas pela nova copiadora seriam de $70.000,00, e os benefícios da máquina antiga, no mesmo período de tempo, seriam de $25.000,00. Aplicando a análise marginal a esses dados, obtemos o seguinte: Benefícios com a nova copiadora (-) Benefícios com a copiadora antiga (1) Benefícios marginais adicionados Custo da nova copiadora (-) Receita obtida com a venda da antiga copiadora (2) Custos marginais adicionados Benefício líquido [(1) –(2)] $70.000,00 ($25.000,00) $45.000,00 $50.000,00 ($18.000,00) $32.000,00 $13.000,00 A contabilidade apresenta uma relação tão próxima com a Administração Financeira que os leigos acabam por considerar as duas ciências como unas. Isto é errôneo. Na verdade, a função contábil é uma sub-função da administração financeira que desempenha papel importante ao fornecer os dados necessários à perfeita administração financeira da organização. O direito influencia diretamente a administração financeira ao impor normas de condutas às organizações e aos seus participantes. 2.4 - NOÇÕES SOBRE OS PROFISSIONAIS DA ÁREA FINANCEIRA E AS SUAS OPORTUNIDADES DE MERCADO E O PERFIL DESEJADO DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA FINANCEIRA A área de finanças, por afetar diretamente a vida de todas as pessoas (físicas ou jurídicas), é ampla e dinâmica. As oportunidades profissionais encontram-se divididas em serviços financeiros e em administração financeira. A prestação de serviços envolve a carreira bancária em instituições financeiras, o planejamento e organização de finanças pessoais, consultoria de investimentos, seguros etc. Em suma, é a voltada à concepção e à prestação de assessoria, tanto à entrega de produtos financeiros a indivíduos, empresas e governo. A administração financeira envolve ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. A administração financeira enquanto gestão diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro, quais sejam, orçamentos, previsões financeiras, administração de caixa, administração do crédito, análise de investimentos e captação de fundos. São exemplos: analistas financeiros, gerente de caixa, administrador de fundos de pensão, tesoureiros, analistas de contas a pagar etc. Dois cargos devem ser destacados o de tesoureiro e o controller. O tesoureiro é responsável pelas atividades financeiras da empresa, tais como planejamento financeiro, obtenção de fundos, decisões sobre investimentos de capital, administração de caixa, das atividades de crédito e do fundo de pensão. O controller: responsável pelas atividades contábeis da empresa, tais como administração tributária, informática, contabilidade de custos e financeira. As oportunidades de carreira em serviços financeiros por área estão em bancos e instituições correlatas, planejamento das finanças pessoais, investimentos, bens imóveis, seguros. As oportunidades de carreira em serviços financeiros por cargo são: analista financeiro, analista/gerente de orçamentos de capital, gerente de projetos financeiros, gerente de caixa, analista/gerente de crédito, administrador de fundos de pensão etc. 3 - NATUREZAS JURÍDICAS BÁSICAS E SUAS INFLUÊNCIAS PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA As organizações são classificadas, em termos de responsabilidade, em duas formas jurídicas básicas: ilimitada e limitada. 6 Exemplo adaptado: GITMAN, Lawrence J., Princípios de Administração Financeira. 5 3.1 - RESPONSABILIDADE ILIMITADA Neste tipo firma ou de sociedade, o empresário ou os sócios respondem ilimitadamente com seus bens particulares pelas dívidas sociais. Se a sociedade ou firma não saldar seus compromissos, o empresário individual ou os sócios são chamados a fazê-lo. São exemplos desta modalidade: empresário individual (antiga firma individual), sociedade em conta de participação (responsabilidade ilimitada do sócio ostensivo), a sociedade em nome coletivo (responsabilidade ilimitada de todos os sócios), sociedade em comandita simples (os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota), sociedade em comandita por ações (os acionistas comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de suas ações). É importante destacar que a sociedade de capital e indústria deixou de existir no dia 11/01/2003 com a vigência do Novo Código Civil (NCC), Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 3.1.1 - EMPRESÁRIO INDIVIDUAL É a antiga firma individual, sendo regulamentado pela Lei nº 10.406/2002. Trata-se da organização cujo proprietário é a pessoa que opera em seu próprio benefício, sendo responsável por todas as decisões inexistindo sócios. Em geral, seu capital advém de recursos próprios ou de empréstimos. Ex.: bares, oficinas mecânicas, mercearias etc.. Vantagens: baixos custos organizacionais, facilidade de dissolução, economia fiscal, propriedade de todo o lucro, sigilo etc. Desvantagens: responsabilidade ilimitada, limitações na dimensão de suas operações em função da limitação de crédito, falta de continuidade do negócio por ocasião da morte ou incapacidade civil do proprietário, inexistência de um plano de carreira aos funcionários etc. 3.1.2 - SOCIEDADES DE PESSOAS DE RESPONSABILIDADE ILIMITADA Consiste na união de dois ou mais sócios num mesmo negócio, com um único intuito: obter lucros. Quanto ao tamanho, normalmente supera a empresa constituída na forma de firma individual, uma vez que é possível uma maior capitalização do negócio. A sociedade de pessoas é estabelecida mediante um contrato escrito entre os sócios, conhecido como cláusulas contratuais. Vantagens: maior capital, melhor situação creditícia, maior desenvolvimento das atividades administrativas, etc. Desvantagens: vida limitada à vida ou interesse de seus membros, difícil liquidação, impossibilidade de atingir operações de larga escala, responsabilidade ilimitada etc. É importante ressaltar que na sociedade: a) em nome coletivo, figura o nome de um mais sócios ou, ainda, de um dos sócios e a expressão “& Cia.” A responsabilidade de todos os sócios é ilimitada. b) em comandita simples a firma ou razão social é composta só com os nomes dos sócios comanditados (que entram com o capital e o trabalho). A responsabilidade é limitada ao sócio comanditário (presta somente o capital e não o trabalho) e ilimitada do sócio comanditado. c) em conta de participação, que não passa de um contrato para uso interno entre um empresário individual e outra(s) pessoa(s). Por isto mesmo, não aparece perante terceiros, não tem nome, nem capital, nem personalidade jurídica e nem estabelecimento. Há um sócio ostensivo (de responsabilidade ilimitada), em nome do qual são feitos os negócios e um ou mais sócios ocultos (sem qualquer responsabilidade). 3.2 - SOCIEDADES DE RESPONSABILIDADE LIMITADA Nesta modalidade de sociedade, o cotista ou sócio entra com uma parcela do capital social, ficando responsável até o limite da cota integralizada. Ex: sociedade por cota de responsabilidade limitada (Ltda) e a sociedade anônima (S/A). 6 3.2.1 - LTDA. Uma vez integralizadas as cotas de todos os sócios, nenhum deles pode mais ser chamado para responder com seus bens particulares pelas dívidas da sociedade. Vantagens: maior capital, melhor situação creditícia, maior desenvolvimento das atividades administrativas, responsabilidade limitada etc. Desvantagens: vida limitada, difícil liquidação, impossibilidade de atingir operações de larga escala etc. 3.2.2 - SOCIEDADE ANÔNIMA É aquela constituída pelos acionistas, Conselho de Administração e o Presidente. Normalmente, caracteriza-se por seu grande porte. O Presidente cuida das operações diárias e pela implementação das políticas estabelecidas pelo Conselho de Administração, ao qual está adstrito. O Conselho de Administração é o responsável pela direção e pela política geral da empresa. Os acionistas são os verdadeiros proprietários da empresa e, por isso, votam periodicamente para selecionar o Conselho de Administração e alterar seus estatutos. Os seus direitos básicos são os seguintes: 1. receber dividendos em proporção à sua participação; 2. conservar ou vender seus certificados de ações; 3. participar na liquidação da empresa; 4. garantia na compra “pro-rata” de quaisquer novas ações emitidas; 5. inspecionar os livros e registros da empresa. Vantagens: impessoalidade, responsabilidade limitada dos acionistas, grande dimensão, facilidade na transferência de propriedade, longevidade, maior capacidade de expansão em função de melhor capacidade creditícia, plano de carreira aos funcionários, maior profissionalização e maior facilidade na obtenção de créditos etc. Desvantagens: imposto de renda sobre os dividendos pagos aos acionistas, custos de organização societária elevados (particularmente nas S/As abertas: entre cem mil dólares até um milhão de dólares dependendo do porte da empresa), falta de sigilo (todos conhecem o desempenho e a situação financeira da empresa através dos demonstrativos anuais os quais são obrigatoriamente publicados em jornais de grande circulação), regulamentação governamental (burocracia) etc. 3.3 - QUADRO COMPARATIVO Empresário Individual Diploma Legal Sócios Lei 10.406/02 Inexiste Responsabilidade Ilimitada Denominação Empresário Objeto Qualquer atividade lícita Nacionalidade Sociedade de responsabilidade ilimitada Lei 10.406/02 Mínimo de Dois, pessoa jurídica ou física residente ou domiciliada no Brasil ou no exterior. É possível, excepcionalmente, pelo prazo de 180 dias. Limitada ao valor da participação de cada sócio no capital social. Responsabilidade solidária dos sócios pela integralização do capital. Deverá ser seguida da expressão Limitada ou Ltda, sob pena de responsabilidade ilimitada dos sócios. Deverá indicar a atividade A atividade lícita prevista no contrato social. Nacional ou estrangeira (depende de autorização do poder executivo para funcionar no país) Sociedade Anônima Lei 6.404/76 São denominados acionistas. Os acionistas podem ser ordinários (com direito a voto) ou preferenciais (sem direito a voto) limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia", ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. Atividade lícita prevista no estatuto Nacional ou estrangeira (depende de autorização do poder executivo para funcionar no país) 7 Duração Capital Social Assembléia Reunião Até o encerramento da Prazo determinado ou indeterminado firma ou até a morte ou (estabelecido pelo contrato social) incapacidade da pessoa física do empresário Não há Em quotas, de valores iguais ou não, indivisíveis perante a sociedade. O capital deverá ser subscrito quando da constituição A integralização do capital deve estar prevista no contrato social. Sendo vetada a integralização por meio de serviços. ou Não há. Convocadas pela gerência ou sócios. Instalação em primeira convocação, com a presença de sócios representando ¾ do capital e em segunda com qualquer número de sócios presentes. Deliberações deverão ser arquivadas na Junta comercial. A reunião ordinária deverá ser efetuada até o quarto mês seguinte ao encerramento do exercício social. A assembléia de sócios é obrigatória para as sociedades com mais de 10 sócios e serão convocadas pelos administradores na forma prevista no contrato social. Prazo determinado ou indeterminado (estabelecido pelo estatuto) O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro A assembléia de constituição instalarse-á, em primeira convocação, com a presença de subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número. Anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, convocada na forma da lei. 2ª PARTE – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO E LONGO PRAZO 1 - REVISÃO DA ESTRUTURA PATRIMONIAL 1.1 - DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Um relatório contábil é a exposição ordenada de dados de uma organização colhidos pela contabilidade. Tais relatórios podem ser obrigatórios (quando exigidos pela lei) ou não obrigatórios. Os relatórios contábeis obrigatórios são conhecidos como demonstrações financeiras. Os relatórios obrigatórios, no Brasil, são elencados pela Lei 6.404/76, a saber: Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (se Ltda) ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (se S/A); e, Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos (S/A). Tais relatórios devem ser publicados no Diário Oficial e em outro jornal de circulação expressiva. 1.2 - O BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é uma foto da situação patrimonial de uma organização em determinado momento. É assim dividido: ATIVO Ativo Circulante Realizável a Longo Prazo Permanente Investimento Imobilizado Diferido PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Passivo Circulante Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido Da ilustração anterior, conclui-se que ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 8 1.3 - A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO É o demonstrativo contábil que demonstra o resultado de uma organização em determinado período. A DRE é, como regra geral, ordenada através da separação das receitas, custos e despesas operacionais ou não de forma vertical e dedutiva. Para sua elaboração segue o chamado regime de competência, segundo o qual as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado o período em que ocorrerem, independentemente de recebimento ou pagamento. Em outras palavras: “Reconhece as receitas no momento da venda e as despesas, quando incorridas.”7 2 - ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE CURTO PRAZO (AC X PC) Visto que o Ativo Circulante (AC) representa o conjunto de bens e direitos de curto prazo de uma empresa (aquilo que ela possui ou possuirá em curto período de tempo) e que o Passivo Circulante (PC) representa o conjunto de obrigações de uma empresa para com terceiros no curto prazo (aquilo que ela deve pagar em curto período de tempo), é lógico admitir que se o AC for maior do que o PC, melhor será a situação financeira de curto prazo. 2.1 - ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE CURTO (CCL) 2.1.1 - CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO A diferença entre o ativo circulante e passivo circulante é denominada de Capital Circulante Líquido (CCL) ou Capital de Giro Líquido (CGL): O CCL destaca o valor do ativo circulante que não está comprometido com o passivo circulante. CCL = AC – PC Imagine que o AC de uma organização seja de R$ 100,00 e que seu PC seja de R$ 50,00. Neste caso, temos que: AC > PC, ou seja, aquilo que a empresa têm a pagar no curto prazo é menor do que a empresa tem a receber no curto prazo, caracterizando uma situação favorável. De modo inverso, imagine que o AC de uma organização seja de R$ 50,00 e que seu PC seja de R$ 100,00. Neste caso, temos que: AC < PC, ou seja, aquilo que a empresa dispõe no curto prazo é menor do que suas dívidas de curto prazo, caracterizando uma situação desfavorável. No primeiro caso, há uma folga financeira de R$ 50,00 (CCL) e, no segundo, o CCL, por ser negativo (– R$ 50,00) significa que a empresa necessitará de empréstimos para honrar seus compromissos para com terceiros no curto prazo. É importante destacar que o Capital Circulante Líquido não se confunde com o Capital de Giro. Tal diferença é assim explicada por MARION8: “O Ativo Circulante também é conhecido como Ativo Corrente ou Capital em Giro (ou Capital de Giro). Tanto a expressão ‘corrente’ como a ‘em giro’ são bem fáceis de serem entendidas: são contas com valores correntes (não fixos); são contas que estão constantemente em giro, em movimento, circulando”. 2.1.2 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ A liquidez é uma medida de avaliação da capacidade financeira da empresa para satisfazer os compromissos com terceiros. Mede sua capacidade de pagamento a curto e longo prazo. A definição acima não é pacífica. Explica-se: autores como Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion defendem que a liquidez abrange a capacidade de curto e longo prazo. Todavia, outros autores tais como GITMAN apontam como liquidez a capacidade de pagamento de curto prazo. Os índices de liquidez podem ser de: a) liquidez imediata: 7 8 GITMAN, J. Lawrence – Princípios de Administração Financeira., 7ª ed. Harbra, São Paulo 1997, p. 12. MARION, José Carlos – Contabilidade empresarial. 5º Ed., Atlas, São Paulo, 1993. 9 Também denominada de instantânea. Demonstra a capacidade de empresa em recursos financeiros imediatos e disponíveis destinados ao pagamento de obrigações a curto prazo. LI Disponibil idades PC Onde, Disponibilidades = caixa+bancos+aplicações financeira de curto prazo. b) liquidez ou seca: Demonstra quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada $1 de Passivo Circulante. LS AC Estoques PC c) liquidez corrente: Também denominada de “current ratio”. Demonstra quanto a empresa possui de Ativo Circulante para cada $1 de Passivo Circulante. LC AC PC d) liquidez geral A Liquidez Geral mede a capacidade financeira da empresa em sentido amplo (a curto e longo prazo). O indicador é obtido da relação entre Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo, como numerador, e Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo, como denominador. LG AC RLP PC ELP 3 - CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO DAS EMPRESAS Podemos definir ciclo operacional como sendo o período de tempo, geralmente em dias, que vai da data em que a empresa adquire matérias primas até a data em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado resultante. “...é o modo pelo qual um produto passa pelas contas de ativo circulante começa sua vida como estoque, é convertido em contas à receber ao ser vendido e é finalmente transformado em caixa quando recebemos o valor da venda. Note que, a cada etapa o ativo se desloca para mais perto da forma de caixa.” O ciclo operacional pode ser melhor compreendido através do seguinte diagrama abaixo: ESTOQUE CAIXA DUPLICATAS. Á RECEBER Pode ser calculado através da fórmula: 10 CO = PMRE + PMRV Onde: CO = Ciclo operacional PMRE = Período (ou prazo) médio de rotação de estoques PMRV = Período (ou prazo) médio de recebimento das vendas Já o ciclo financeiro, também denominado ciclo de caixa é o “...período de tempo em que os recursos da empresa se encontram comprometidos entre o pagamento dos insumos e o recebimento pelo venda do produto acabado resultante.”9 É importante destacar que cada atividade tem suas características próprias. O ciclo de operação e o ciclo financeiro de uma empresa agrícola que produz milho, seguramente, são diferentes dos ciclos de outra empresa também agrícola que produza café. O ciclo operacional e o ciclo de caixa de um estaleiro são diferentes dos ciclos de uma fábrica de caneta. Para fins didáticos vamos concentrar nossos estudos nas empresas comerciais e industriais. As atividades normais de uma empresa comercial, por exemplo, compreendem diversas fases, a saber: a) compra; estocagem; venda. As compras podem ser a vista ou a prazo. As mercadorias adquiridas podem ser vendidas rapidamente ou podem demorar nos estoques. Finalmente, as vendas podem ser a vista ou a prazo. Como ilustração, suponhamos um supermercado que trabalhe com as seguintes condições: Período médio de rotação dos estoques = 34 dias. Período médio de recebimento das vendas = a vista = 0 dia Período médio de pagamento das compras = 51 dias Graficamente: Compra Vende e recebe PMRE = 34 dias Compra Paga PMPC = 51 dias Recebe Paga Ciclo Financeiro = - 17 dias Compra Recebe Ciclo Operacional = 34 dias O período médio de rotação dos estoques compreende o tempo que a mercadoria permanece na empresa, após ser adquirida. O período médio de pagamento das compras compreende o período que a empresa tem para pagar suas compras após ter recebido a mercadoria. O período médio de recebimento das vendas compreende o período que o cliente tem para pagar à empresa que efetuou a venda, após o recebimento das mercadorias. Nesse exemplo do supermercado, as vendas são a vista. O ciclo financeiro (CF) é o período que a empresa leva para que o dinheiro volte ao caixa, isto é, compreende o prazo médio de rotação do estoque, mais o prazo médio de recebimento das vendas, menos o prazo médio de pagamento das compras. No exemplo, temos: CF = PMRE + PMRV – PMPC CF = 34 + 0 – 51 = – 17 dias. Para este supermercado, observamos que sua atividade permite trabalhar, durante 17 dias, com o dinheiro do fornecedor, isto é, recebe antes de pagar. Portanto, o supermercado não precisará de 9 GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7ª Ed. Editora Harbra, 1997. 11 recursos próprios para financiar sua atividade. Já o ciclo operacional vai da data em que a empresa adquire matérias primas até a data em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado resultante. Portanto, CO = PMRE + PMRV CO = 34 + 0 CO = 34 dias. Enquanto na empresa comercial a ênfase de sua atividade está na intermediação, ou seja, compra e venda de mercadorias, numa empresa industrial ocorre a transformação da matéria-prima em produtos destinados ao uso ou ao consumo, ou mesmo destinados à produção de outros bens. Em resumo, o processo numa indústria tem a seguinte seqüência: Compra de matéria-prima Estocagem de matéria-prima Transformação da matéria-prima, agregando: * Mão-de-obra direta * Componentes * custos indiretos de fabricação Estocagem do produto acabado Venda do produto acabado Nesse esquema relativo a uma empresa industrial, o ciclo da operação começa na aquisição da matéria-prima e termina na venda do produto acabado. O tempo envolvido dependerá do tipo de atividade da empresa e do grau de modernização de seus processos e de sua administração. Além das etapas esquematicamente representadas, há as ocorrências de pagamento das compras e de recebimento das vendas. Suponhamos uma empresa industrial que trabalhe com as seguintes condições: Prazo médio de rotação dos estoques = 180 dias Prazo médio de recebimento das vendas = 120 dias Prazo médio de pagamento das compras = 90 dias Compra Vende PMRE = 180 dias Compra Paga PMPC = 90 dias Vende PMRV = 120 dias Recebe Ciclo financeiro = 210 dias T1 T2 T3 T4 Observamos que, após a entrada das matérias-primas e componentes, a empresa os transforma em produtos acabados e posteriormente os vende. O prazo médio de rotação dos estoques é de 180 dias. Depois de efetuada a venda, os clientes levam aproximadamente 120 dias para pagar. Assim sendo, o ciclo operacional é de 300 dias: CO = PMRE + PMRV CO = 180 + 120 CO = 300 dias É importante destacar que o ciclo de caixa é positivo. Dessa forma, a empresa financia o período 12 compreendido entre o momento em que paga ao fornecedor (T2) e aquele em que recebe do cliente (T4), que no caso equivale a 210 dias. CF = PMRE + PMRV – PMPC CF = 180 + 120 – 90 CF = 210 dias Tanto nas empresas comerciais quanto nas industriais, as atividades básicas podem ser sintetizadas em quatro grandes eventos, ou seja: Quando ocorre a compra Comerciais Quando ocorre a venda EVENTOS Quando ocorre o pagamento Financeiros Quando ocorre o recebimento 4 - ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE LONGO PRAZO 4.1 - O ATIVO PERMANENTE “O permanente representa Bens e Direitos de uso da empresa. Através da utilização do Permanente e outros Ativos, a empresa obtém lucro operacional.”10 O ativo permanente é dividido em três sub-grupos, quais sejam: investimentos, imobilizado e diferido. As empresas industriais, via de regra, possuem Permanente elevado, já as comerciais exigem Permanente menor e, finalmente, as prestadoras de serviços quase não possuem Permanente. Todavia, tais regras comportam exceções, visto que cada empresa é um caso particular. 4.2 - O EXIGÍVEL A LONGO PRAZO O exigível a longo prazo representa as dívidas da organização para com terceiros com prazo para sua liquidação superior a um ano. “A opção por parte da empresa de contrair dívidas a Longo Prazo é mais confortável, uma vez que terá (a empresa) mais tempo para pagar a obrigação e, conseqüentemente, terá mais tempo para gerar recursos financeiros (para saldar a dívida)”11. 4.3 - O PATRIMÔNIO LÍQUIDO O patrimônio líquido representa a obrigação da empresa para com os proprietários. Quanto maior for o capital próprio, provavelmente, menor será o retorno dos proprietários. Tal hipótese será demonstrada por ocasião no próximo semestre na disciplina de Administração Financeira e Orçamentária II. 5 - EXERCÍCIOS 5.1 - (PROVÃO 97) – Ao final de 19X7, a empresa XYZ apurou os seguintes dados econômicofinanceiros: 10 11 IUDÍCIBUS, Sérgio de & Marion, José Carlos – Curso de Contabilidade para não contadores. Atlas, São Paulo, 1998, p. 55. IUDÍCIBUS, Sérgio de & Marion, José Carlos – Curso de Contabilidade para não contadores. Atlas, São Paulo, 1998, p. 46. 13 DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS XYZ - Valores em R$ 19X7 Receita operacional Custos e Despesas Operacionais Despesas Financeiras Imposto de Renda LUCRO LÍQUIDO 2.550 (1.810) (55) (114) 571 FLUXO DE CAIXA XYZ - Valores em R$ 19X7 Fluxo de caixa operacional ( - ) Dispêndio de capital ( - ) Acréscimos ao capital de giro FLUXO DE CAIXA TOTAL 840 595 268 (23) Obs.: O Fluxo de caixa operacional reflete a diferença entre todas as entradas e saídas de caixa provenientes das operações da empresa. Por que ocorrem diferenças entre os valores de lucro líquido e os de fluxo de caixa? 5.2 - (PROVÃO 97) – Nas demonstrações de resultado das empresas que são regidas pelo regime de competência, existem itens que são deduzidos para fins de cálculo do imposto de renda, mas que não exigem qualquer desembolso. Assinale a opção que indica as despesas mais comuns que NÃO representam o referido desembolso. (A) indenizações e encargos trabalhistas; (B) amortizações e depreciação; (C) Salários e benefícios; (D) imposto de renda e tributos; (E) juros e dividendos. 5.3 - A empresa YYY está preparando uma projeção trimestral (abril, maio e junho de 2001) relativa às vendas a serem realizadas no referido período. Tal empresa sempre realizou e vai continuar realizando suas vendas da seguintes maneira: 40% à vista, 40% em 30 dias e 20% em 60 dias. As vendas projetadas pela empresa para o referido trimestre deverão ser as seguintes: R$ 40.000 em abril, R$ 60.000 em maio e R$ 80.000 em junho. Se o saldo da conta “contas a receber” no balanço patrimonial no final de março de 2001 foi de R$ 20.000, qual deverá ser o saldo final da citada conta, em reais no balanço projetado para o final de junho de 2001? (Obs: Exercício adaptado do Provão 97, questão 39) (A) R$ 40.000 (B) R$ 50.000 (C) R$ 60.000 (D) R$ 70.000 (E) R$ 80.000 5.4 - (PROVÃO 97) Considere os dados abaixo, referentes ao balanço patrimonial resumido de uma empresa no final de um determinado ano. Ativo permanente líquido Caixa Contas a pagar Contas a receber Estoques Exigível a longo prazo Salários a pagar R$ 350,00 R$ 100,00 R$ 150,00 R$ 300,00 R$ 250,00 R$ 300,00 R$ 50,00 14 O valor do Patrimônio Líquido dessa empresa, em reais, é: (A) 200,00 (B) 350,00 (C) 500,00 (D) 1.000,00 (E) 2.050,00 5.5 - Com base nos dados do exercício anterior calcule: a) Liquidez seca b) Liquidez corrente c) Liquidez geral d) Capital circulante líquido e) Capital de giro 5.6 - (PROVÃO 97) Uma das áreas-chave da administração do capital de giro de uma empresa é a administração de caixa. O ciclo de caixa, que representa o tempo em que o dinheiro da empresa está aplicado, mantém relações diretamente (D) e inversamente (I) proporcionais com as seguintes variáveis: idade média de estoque (IME), período médio de pagamento (PMP) e período médio de cobrança (PMC). Indique a opção que apresenta a correta relação entre as respectivas variáveis e o ciclo de caixa. (A) IME (D), PMP (D) e PMC (I) (B) IME (D), PMP (I) e PMC (D) (C) IME (I), PMP (D) e PMC (I) (D) IME (I), PMP (D) e PMC (D) (E) IME (I), PMP (I) e PMC (D) 5.7 - (PROVÃO 98) Interprete o Balanço Patrimonial da Companhia ALPHA e os gráficos de estrutura patrimonial apresentados abaixo e responda às questões 1, 2 e 3. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Circulante Disponibilidades Duplicatas a Receber (-) Provisão Devedores Duvidosos Estoques Permanente Imobilizado (-) Depreciação Acumulada 20.000 (5.000) Total do Ativo 45.000 Total do Passivo 1.500 20.000 (300) 8.800 Circulante Fornecedores Salários e Encargos Dividendo a Pagar Empréstimo Bancário Provisão para Imposto de Renda Patrimônio Líquido Capital Social Reserva Legal Reservas de Lucros Lucros (P) Acumulados 9.380 2.400 1.000 5.000 2.820 11.000 600 5.800 7.000 45.000 15 GRÁFICOS DE ESTRUTURA PATRIMONIAL 1) A estrutura patrimonial da Companhia ALPHA corresponde ao gráfico da Estrutura: (A) I (B) II (C) III (D) IV (E) V 2) Das empresas representadas graficamente, a que se encontra mais próxima da insolvência técnica é a da Estrutura: (A) I (B) II (C) III (D) IV (E) V 3) Considerando que todas as empresas representadas graficamente tiveram a mesma receita bruta de venda, a que apresentou o maior giro do ativo permanente foi a da Estrutura: (A) I (B) II (C) III (D) IV (E) V 5.8 - Com base nos dados do exercício anterior calcule: a) Liquidez imediata b) Liquidez seca f) Liquidez corrente g) Liquidez geral h) Capital circulante líquido i) Capital de giro 5.9 - (PROVÃO 2001) A Agropecuária Petrolina S/A teve lucros por ação de R$ 6,00 no ano passado e pagou dividendo de R$ 3,00 por ação. Os lucros retidos totais aumentaram em 30 milhões de reais durante o ano, enquanto o valor patrimonial por ação no fim do ano foi de R$ 50,00. A Companhia não tem ações preferenciais e nenhuma nova ação foi emitida durante o ano. Se a dívida de fim de ano da Petrolina foi de 500 milhões de reais, o índice de endividamento (Dívida/Ativos) de fim de ano para com os ativos da empresa é: (A) 0,0 (B) 0,5 (C) 0,6 (D) 1,0 (E) 2,0 5.10 - (PROVÃO 2001) A Salineira Pato Branco Ltda. obteve, no ano de 2000, lucro de R$ 60.000,00, depois do imposto de renda. As despesas de depreciação foram de R$ 20.000,00 e foi feito um pagamento de R$ 5.000,00 relativo à amortização de um título de dívida. Nesse ano, o fluxo de caixa operacional da empresa, em reais, foi (A) 35.000,00 (B) 40.000,00 (C) 60.000,00 (D) 75.000,00 (E) 85.000,00 16 5.11 - ESTRUTURA PATRIMONIAL12 A seguir, apresenta-se o Balanço Patrimonial da Cia. Itamar (empresa comercial) (valores em 31.12.2002) Ativo Circulante Caixa Clientes Estoques Total do circulante RLP Tit. a receber Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Total do Pemanente Total do Ativo 2002 200 300 500 1000 Passivo Circulante Fornecedores Impostos a pagar Outras dívidas Total do circulante 2002 100 ELP Financiamentos 1400 1000 500 500 2000 Patrimônio líquido Capital Lucros Aplicados Total do PL 400 100 500 3100 Total do Passivo + PL 100 1000 100 1200 3100 Responda as seguintes questões: a) Qual é o Capital Circulante Líquido da empresa? b) A empresa conseguirá, sem problemas, pagar as suas dívidas? c) Pressuponha que a empresa esteja atrasando um tipo de obrigação. Qual é? d) A composição do endividamento (Capital de Terceiros) é boa? e) As aplicações no Permanente são sensatas? f) Você compraria ações desta empresa? Por que? Admita que as ações estejam abaixo do valor patrimonial. g) A proporção de Capital Próprio em relação ao Capital de Terceiros é boa? h) Qual seria sua atitude como administrador desta empresa? i) O volume de investimentos dos sócios é satisfatório. 3ª PARTE – FLUXO DE CAIXA 1 - INTRODUÇÃO Fluxo de caixa é um demonstrativo onde se resumem todas as entradas e saídas de dinheiro da empresa. O fluxo de caixa projetado tem o objetivo de simular o futuro, por isso, representa importante ferramenta de planejamento, pois permite avaliar, antecipadamente, a capacidade de pagamento da empresa em determinados momentos. Pode apresentar-se de formas variadas, porém sempre convergindo para o mesmo objetivo. A periodicidade nele contida depende de sua finalidade. Podemos encontrar fluxos anuais( mais comum para projetos), semestrais, mensais e, até mesmo, diário. O analista de crédito deve ter sempre presente que a verdadeira garantia de uma operação de crédito é a capacidade de pagamento do cliente, uma vez que não interessa a nenhum banco receber bens em pagamento dos empréstimos concedidos. A projeção do fluxo de caixa será sempre baseada no desempenho passado e presente da empresa, condições indispensáveis para permitir ao analista estabelecer premissas e estimar resultados futuros. Por isso, dizemos que o fluxo de caixa a cada momento está sujeito a pequenos ajustes. 12 Adaptado do livro de exercícios de Marion, José Carlos. Contabilidade empresarial. 4ª ed. São Palo, Atlas, 1997. 17 2 - TERMINOLOGIA Ingressos: É a entrada de recursos financeiros no caixa da empresa. Desembolsos: É a saída de recursos financeiros do caixa da empresa. Nível desejado: Também denominado de saldo mínimo de caixa. Trata-se do valor mínimo determinado pela administração a ser mantido em caixa. Projeções: É a estimativa futura dos saldos de caixa. Assim sendo, está sujeito a alterações constantes. Fluxo operacional: É o fluxo de caixa gerado pelas atividades operacionais normais da empresa. Fluxo líquido:Diferença matemática entre recebimentos e pagamentos de uma empresa em um dado momento. Assim sendo, por exemplo, o fluxo de líquido de caixa diário de uma empresa poderá ser nulo, negativo ou positivo. Se nulo, o saldo de caixa da empresa não será alterado; se negativo, o saldo de caixa será diminuído e, se positivo, o saldo de caixa será aumentado. 3 - EXERCÍCIO A seguir são apresentados alguns dados da empresa G. Ladeira Ltda, necessários para a elaboração do fluxo de caixa para o próximo semestre. DISCRIMINACÃO julho 1- Saldo Inicial 2- Recebimento de Vendas 3- Outros Recebimentos 4- Pagamentos de Compras 5- Pagamentos de Despesas 6- Outros Pagamentos MESES setembro outubro agosto 80 700 650 10 300 400 150 280 350 310 720 20 290 360 0 novembro 780 10 310 390 30 600 10 240 300 20 dezembro 680 10 270 340 30 A empresa deverá manter um saldo mínimo de caixa de R$ 100 Caso a empresa necessite de recursos para o caixa a mesma conta com linha de crédito junto ao Banco Carrefurto S/A (conta garantida), à taxa de juros 20% a.m. Caso a empresa apresente superávit de caixa o excedente deverá ser investido em aplicações financeiras de liquidez mensal junto ao banco já descrito com rendimento previsto de 10% am. FLUXO DE CAIXA PROJETADO (VALORES EM $ MIL) DISCRIMINACÃO julho 1- Recebimento de Vendas 2- Recebimento de Juros 3- Outros Recebimentos 4- Pagamentos de Compras 5- Pagamento de Despesas 6- Pagamento de Juros 7- Outros Pagamentos 8- Fluxo Líquido de Caixa 9- Saldo Inicial 10- Saldo Final 11- Saldo Mínimo de Caixa 12- Sobras ou Déficit de Caixa 13- Empréstimo 14- Aplicação financeira agosto setembro MESES outubro novembro dezembro 18 4ª PARTE – O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E O MERCADO FINANCEIRO NACIONAL 1 - O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - SFN13 O SFN é o conjunto de instituições intermediadoras de recursos na economia. Mercado de Capitais nº 4.728, de 14 de julho de 1965, quando foram criados também o Conselho Monetário Nacional - CMN e o Banco Central do Brasil - BACEN, além de diferentes instituições de intermediação financeira, entre as quais, as integrantes do Sistema Financeiro da Habitação - SFH. Posteriormente, foram incorporados ao quadro institucional do sistema a Comissão de Valores Mobiliários Desde então, a sua composição é a que segue: a) SUBSISTEMA NORMATIVO: é aquele que normatiza, que cria as normas que orientarão o funcionamento do sistema. Suas funções são regular, controlar e exercer fiscalização sobre as instituições intermediadoras, disciplinar todas as modalidades de crédito bem como a emissão de títulos e valores mobiliários. Fazem parte deste subsistema: - o Conselho Monetário Nacional - CMN; - o Conselho de Recursos do SFN; - o Banco Central do Brasil - BACEN; - a Comissão de Valores Mobiliários - CVM. b) SUBSISTEMA OPERATIVO: é aquele que funciona em segmentos específicos do mercado financeiro, de capitais (longo prazo), monetário (curto prazo) e cambial, subordinando-se às normas emanadas do subsistema normativo. Fazem parte deste subsistema: b.1) Instituições financeiras bancárias ou monetárias: são aquelas com capacidade de criar moeda: - Bancos Comerciais; - Bancos Múltiplos; - Caixas Econômicas; - Cooperativas de Crédito. b.2) Instituições financeiras não bancárias ou não monetárias: são aquelas que não criam moeda: - Bancos de Investimento - BI’s; - Bancos de Desenvolvimento; - Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing); - Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (financeiras); - Sociedades de Crédito Imobiliário. b.3) Sistema distribuidor de títulos e valores mobiliários: são aquelas cuja finalidade é negociar e distribuir títulos e valores mobiliários (ações, debêntures, NP’s, Commercial Papers etc.): - Bolsas de Valores; - Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F; - Caixa de Registro e Liquidação; - Sociedade de Compensação e Liquidação de Operações; - Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários - SCTVM; - Sociedades Corretoras de câmbio - SCC; - Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários - SDTVM; - Agentes Autônomos de Investimento. b.4) Agentes Especiais: são instituições que complementam funções do subsistema normativo e operam em nome do Tesouro Nacional: - Banco do Brasil S.A. - BB; - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES; 13 Fonte: http://www.enciclopedia.com.br/MED2000/pedia98a/fina0584.htm 19 - Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB - Banco da Amazônia S.A. - BASA. Os três primeiros integrantes, CMN, CVM e BACEN, fazem parte do subsistema normativo, que regula e controla o subsistema operativo. Essa regulamentação e controle são exercidos através de normas legais, expedidas pelas autoridades monetárias, ou pela oferta de crédito levada a efeito pelo BB e BNDES. As demais instituições financeiras fazem parte do subsistema operativo, competindo no mercado financeiro. Segundo foi definido pela Lei nº 4.595, as instituições financeiras, para efeito legal, são pessoas jurídicas, públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Para efeito desta Lei, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas de forma permanente ou eventual. Daí a razão dos Agentes Autônomos de Investimento figurarem como instituições financeiras auxiliares. Em suma, os principais órgãos do governo que integram o SFN são o CMN, o BACEN, o BNDES e a CVM, que operam fiscalizando e promovendo o funcionamento do mercado financeiro, tendo como principais funções a prestação de serviços e a intermediação de recursos entre aqueles que possuem disponibilidades e aqueles que necessitam desses recursos. 20 1.1 - ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Bancos Múltiplos com Carteira Comercial Órgãos de Regulação e Fiscalização Instituições Financeiras Captadoras de Depósitos à Vista Bancos Comerciais Caixas Econômicas Cooperativas de Crédito Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento Banco Central do Brasil Demais Instituições Financeiras Sociedades de Crédito Imobiliário Companhias Hipotecárias Associações de Poupança e Empréstimo Agências de Fomento Sociedades de Crédito ao Microempreendedor Bolsas de Mercadorias e de Futuros Comissão de Valores Mobiliários Bolsas de Valores Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários Outros intermediários ou Auxiliares Financeiros CMN Conselho Monetário Nacional Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários Sociedades de Arrendamento Mercantil Sociedades Corretoras de Câmbio Superintendência de Seguros Privados Representações de Instituições Financeiras Estrangeiras Agentes Autônomos de Investimento Entidades Fechadas de Previdência Privada Entidades Ligadas aos Sistemas de Previdência e Seguros Secretaria de Previdência Complementar Entidades Abertas de Previdência Privada Sociedades Seguradoras Sociedades de Capitalização Sociedades Administradoras de Seguro-Saúde Fundos Mútuos Administração de Recursos de Terceiros Clubes de Investimentos Carteiras de Investidores Estrangeiros Administradoras de Consórcio Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC Sistemas de Liquidação e Custódia Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos - CETIP Caixas de Liquidação e Custódia 21 2 - O MERCADO FINANCEIRO14 É o mercado voltado para a transferência de recursos entre os agentes econômicos. 2.1 - TIPOS DE MERCADOS FINANCEIROS MERCADO À VISTA O investidor negocia o título com base em seu preço corrente, praticado no pregão de viva voz ou no Sistema de Negociação Eletrônica. Uma vez que a operação é fechada e registrada, o vendedor deve disponibilizar os títulos para liquidação até o segundo dia útil (D+2), recebendo o valor da venda no terceiro dia útil (D+3). O comprador paga e recebe os títulos no terceiro dia útil após a negociação (D+3). MERCADO PRIMÁRIO E MERCADO SECUNDÁRIO Mercado Primário: Chama-se de mercado primário ao processo de geração dos títulos para distribuição. É uma transação entre a companhia emissora e os investidores, com intermediação de instituições financeiras, e é nesse momento que os recursos são captados pela companhia. É nele que ocorre a colocação de ações ou outros títulos, provenientes de novas emissões. As empresas recorrem ao mercado primário para completar os recursos de que necessitam, visando ao financiamento de seus projetos de expansão ou seu emprego em outras atividades. Mercado Secundário: Chama-se de mercado secundário às negociações de títulos já emitidos. É uma transação entre investidores. No qual ocorre a negociação dos títulos adquiridos no mercado primário proporcionando a liquidez necessária. MERCADO DE BALCÃO E LEILÃO EM BOLSA A distribuição de títulos pode ser feita em leilão especial em Bolsa de Valores. Dessa forma, o emissor tem a certeza de obter o melhor preço que o mercado se dispõe a pagar no momento do leilão. Em contrapartida, a eventual coincidência do leilão em um dia de baixa em bolsa compromete o resultado do leilão. Diz-se de mercado de balcão as operações não realizadas em leilão. Mercado de balcão Mercado de títulos sem lugar físico determinado para as transações, as quais são realizadas por telefone entre instituições financeiras. São negociadas ações de empresas não registradas em bolsas de valores e outras espécies de títulos. Mercado de balcão organizado Sistema organizado de negociação de títulos e valores mobiliários de renda variável, administrado por entidade autorizada pela Comissão de ValoresMobiliários - CVM. MERCADO FUTURO Os participantes deste mercado fazem um depósito inicial e que serve de garantia da operação, além de pagar um ajuste sobre o preço diário da ação. Se paga o preço estabelecido nesta oportunidade para pagamento em vencimento determinado pela Bolsa de Valores. 14 Fonte: http://www.globalbrasil.com/objetivos/dic/merc_fin.html em 01.03.2003 22 MERCADO DE OPÇÕES São negociados direitos de compra ou de venda de ações, com um preço pré-estabelecido (preço de exercício) e prazo de pagamento específico. O comprador pagará o prêmio ao vendedor em D+3. Os direitos de opção de compra podem ser exercidos a qualquer momento até a data do vencimento. Nas opções de venda, o exercício das opções é efetuado apenas na data do vencimento. As opções são negociadas no sistema pregão viva voz ou no sistema eletrônico de negociação a um preço (prêmio) formado livremente no mercado. MERCADO À TERMO Este mercado caracteriza-se pela compra de títulos para pagamento após 30, 60, 90, 120, 150 ou 180 dias. A diferença entre o preço à vista e o preço do vencimento do contrato é o juro pago. 5ª PARTE – INVESTIMENTOS 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este capítulo tem por escopo possibilitar aos seus leitores o acesso às noções básicas relativas ao tema explorado, e, em particular, na tomada de decisão financeira. Segundo Aswath Damodaran, em sua obra “Avaliação de Investimentos”, distingue os ativos em ativos reais e em ativos financeiros. Todo imobilizado de uma organização nada mais é do que um ativo real. São exemplos: máquinas, equipamentos, instalações etc. Por sua vez, todo produto financeiro (CDBs, ações , debêntures etc), são ativos financeiros. Todos os ativos, reais ou financeiros, exigem técnicas diferentes de análise. Neste sentido, Damodaran (2001, p. 1), manifesta-se: “Qualquer ativo pode se avaliado, mas alguns são mais facilmente avaliados do que outros, e os detalhes da avaliação variam de caso para caso. Assim, a avaliação de uma quota de um imóvel exigirá informações diferentes e seguirá um formato diverso da avaliação de uma ação negociada em bolsa. Entretanto, o que é realmente surpreendente não são as diferenças das técnicas de avaliação de ativo para ativo, mas o grau de similaridade nos princípios básicos.” 1.2 - RISCO E INCERTEZA “O risco, em seu sentido fundamental, pode ser definido como a possibilidade de prejuízo financeiro. Os ativos que possuem grandes possibilidades de prejuízos são vistos como mais arriscados que aqueles com menos possibilidades de prejuízo. Mais formalmente, o termo risco é usado alternativamente como incerteza, ao referir-se à variabilidade de retornos associada a um dado ativo” (Gitman: 1997, p. 202). APLICAÇÃO DE CONCEITOS Medida de Risco da Loan Pricing Corporation Se um empréstimo é muito arriscado, os bancos simplesmente não fornecem financiamento. Uma questão que permanece é aquela dos riscos percebidos nos empréstimos que são concedidos. Para responder a essa questão, a Loan Princing Corporation tabulou a classificação de risco que 85 bancos deram a mais de 7000 empréstimos. O empréstimo foi classificado por tipo de indústria e forma calculadas médias para cada uma delas. Empresas industriais, especialmente do ramo têxtil e de fabricação de móveis, foram consideradas as mais arriscadas. Empresas de serviços, especialmente as de advocacia e educação, forma consideradas menos arriscadas. Dada a diferença nos ativos permanentes requeridos nessas indústrias tais resultados não são surpreendentes. Os riscos de prejuízos são grandes nas empresas com máquinas pesadas, grandes e de utilização específica. Fonte: Gitman, Lawrence J. – Princípios de Administração Financeira. São Paulo, Ed. Harbra, 1997. 23 1.3 - RETORNO “O retorno sobre um investimento é medido como o total de ganhos ou prejuízos decorrentes de um investimento durante um determinado período de tempo.” (GITMAN, 1997: 203) 2 - INVESTIMENTOS EM ATIVOS PERMANENTES Para investimentos expressivos em ativos permanentes é recomendável que seja desenvolvido um projeto de investimento. “Entendemos por projeto o conjunto de informações internas e/ou externas à empresa, coletadas e processadas com o objetivo de analisar-se (e, eventualmente, implantar-se) uma decisão de investimento. Nestas condições, o projeto não se confunde com as informações, pois ele é entendido como sendo um modelo que, incorporando informações qualitativas e quantitativas, procura simular a decisão de investir e suas implicações.”15 Os projetos de investimento envolvem a administração de ativos permanentes e investimento de capital. Segundo Gitman (1997), os conceitos e técnicas que fundamentam tais tópicos são, muitas vezes, considerados a espinha dorsal da administração financeira contemporânea. O conceito transcrito admite os seguintes pressupostos: a) o fato de que a maior parte dos investimentos das empresas industriais é realizada em ativos permanentes; b) o fato de que quanto maior o índice de ativos permanentes para ativos totais, mais capital-intensiva é a empresa; c) o consenso doutrinário de que os ativos permanentes são considerados ativos rentáveis, já que fornecem a base para geração dos lucros e valores da empresa; É natural que tais pressupostos sejam considerados imutáveis para validação da presente teoria. A seguir, serão apresentadas todas as demais considerações fundamentais que envolvem a administração de ativos permanentes e de investimento de capital. 2.1 - A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE ATIVOS PERMANENTES E INVESTIMENTOS DE CAPITAL Os investimentos em ativos permanentes (particularmente o imobilizado e o diferido) representam dispêndios significativos para empresas industriais. Assim sendo, é preciso verificar não só o dispêndio inicial destinado à compra de um determinado ativo, como também aos dispêndios subseqüentes relacionados ao ativo. Os ativos permanentes (imobilizados e diferidos), por apresentarem vida superior a um ano, denotam um comprometimento financeiro a longo prazo como, por exemplo, o risco de obsolescência e os gastos com manutenção. 2.2 - DISPÊNDIOS DE CAPITAL Dispêndio de capital é toda despesa que uma empresa realiza visando gerar benefícios durante o período superior a um ano, normalmente, na forma de desembolso de caixa, troca de ativos, ou criação de uma obrigação para com terceiro. Outrossim, nem todo dispêndio de capital resulta na aquisição de um ativo. Ex.: despesas com propaganda. As empresas podem apresentar diversas justificativas para seu dispêndio de capital, tais como: aquisição, substituição, modernização etc. Todavia, as formas de avaliação não se modificam. A seguir, são abordadas as principais: a) Aquisição de ativos permanentes É o motivo mais usual para o dispêndio de capital, comumentemente visualizado em empresas que se encontram em crescimento (ampliação de vendas). Neste sentido, uma empresa que atinge sua capacidade plena, sendo incapaz de satisfazer à demanda de seus produtos, necessita avaliar as diversas propostas alternativas de investimento de capital a fim de determinar a melhor maneira de aumentar sua capacidade produtiva. 15 WOILER, SANSÃO & MATHIAS - Projetos: planejamento, elaboração, análise - São Paulo - Atlas - 1986 - p. 27 24 b) Substituição de ativos: comum em empresas maduras, este tipo de dispêndio não provém, necessariamente, do estrago de um equipamento ou da impossibilidade de uma instalação existente funcionar eficientemente. É realizada quando os equipamentos deixam de atender as tolerâncias exigidas ou seus custos de manutenção começam a se elevar. A substituição deve ser considerada em função dos benefícios da mesma. c) Modernização de ativos: a modernização é uma alternativa à substituição. Pode incluir reconstrução, reparo ou inclusão de tecnologia. A decisão de modernização deve ser tomada em função dos custos e benefícios relevantes. d) Outras finalidades: são os dispêndios que não envolvem ativos tangíveis. São exemplos clássicos a propaganda, a pesquisa, o desenvolvimento de novos produtos, os serviços de consultoria etc. É inolvidável que tais dispêndios geram benefícios à organização. Porém, apresentam difícil mensuração de retornos, o que dificulta, em muito, a sua avaliação. 2.3 - RESPONSABILIDADE QUANTO AOS DISPÊNDIOS DE CAPITAL Os montantes de dispêndios de capital podem variar enormemente. Assim, numa hidroelétrica, temos que a compra de uma turbina é um dispêndio de capital; outrossim, a compra de uma máquina de furar também figura como dispêndio de capital. Desta forma, fica claro que tais dispêndios deverão ser realizados por pessoas (cargos) diferentes em função dos níveis hierárquicos existentes na organização. 2.4 - RESPONSABILIDADE QUANTO A ELABORAÇÃO DE PROJETOS A elaboração pode ser realizada: a) por órgão de linha: maior participação e envolvimento;. b) por órgão de staff: maior tempo para análise e imparcialidade. O ideal é que a responsabilidade seja compartilhada a fim de que os trabalhos desenvolvidos sejam, naturalmente, beneficiados pelas vantagens de cada tipo de órgão. 2.5 - TIPOS PROJETOS a) Projetos independentes: são aqueles que não competem entre si, de tal modo que a aceitação de um deles não elimina a consideração dos demais. Se uma empresa tiver fundos ilimitados para investir, todos os projetos independentes que satisfizerem seu critério mínimo para investimento podem ser implementados. Como exemplo, podemos citar uma montadora de automóveis. A mesma possui os seguintes projetos de produtos: uma linha de carros populares, uma linha de carros médios, uma linha de utilitários. Assim, a montadora pode desenvolver todos os projetos (desde que viáveis) vez que não são concorrentes entre si. b) Projetos mutuamente excludentes: são aqueles que possuem a mesma função. A aceitação de um dos projetos mutuamente excludentes elimina a consideração de todos os outros projetos do grupo. Exemplificando-se: se uma montadora possui três projetos similares de carros populares, é óbvio que a implementação de um destes projetos automaticamente inviabiliza a implementação de outro. 2.6 - DISPONIBILIDADE DE FUNDOS Entende-se por fundos ilimitados a possibilidade de implementação de todos os projetos pretendidos, desde que independentes e viáveis. Deve-se ter em mente que os fundos disponíveis são maiores que o custo de execução de todos os projetos. E, em sentido contrário, temos uma situação de racionamento de capital (fundos limitados) na qual a organização não possui fundos suficientes para viabilizar todos os projetos desejáveis. Nesta última situação, a organização deve implementar quais projetos podem e devem ser desenvolvidos. Independentemente da organização possuir fundos ilimitados ou limitados, a mesma necessita analisar os diversos projetos de forma a maximizar seus investimentos. Isto se dará mediante técnicas de avaliação de alternativas de investimentos que serão estudadas a seguir. 25 2.7 - ABORDAGENS UTILIZADAS NAS DECISÕES SOBRE INVESTIMENTO DE CAPITAL Imprescindível esclarecer: a abordagem depende da empresa encontrar-se ou não em racionamento de capital e a tipologia dos projetos (independentes ou excludentes). Gitman (1997), propõe duas técnicas, a saber: a) Abordagem “aceitar/rejeitar”: normalmente é utilizada por organizações que possuem fundos ilimitados à sua disposição. É realizada mediante aplicação de critérios predeterminados a uma proposta e a comparação do retorno resultante com o retorno mínimo aceitável definido pela organização. Trata-se, portanto, de uma abordagem simplista. É importante destacar que poderá ser utilizada, em caráter preliminar, por empresas que apresentem limitação de capital ou que estudam projetos mutuamente excludentes. b) Abordagem de classificação: segundo esta abordagem, os projetos devem ser classificados em função de algum ou de alguns critérios predeterminados e apenas os projetos aceitáveis devem ser classificados. Sua utilidade é visível em situações de racionamento de capital - permitindo a escolha dos melhores projetos - ou em situação de grupos de projetos mutuamente excludentes. 3 - EXERCÍCIOS 3.1 - A AVALIAÇÃO DE UM PROJETO DE INVESTIMENTO Uma determinada empresa pretende lançar um novo produto e, após longa pesquisa, chegam ao departamento financeiro as seguintes informações acerca da aceitação e fabricação do referido produto: a) Custos: Parcela Fixa....................................................................................................$ 100.000 a.a. Parcela Variável.........................................................................................30% das vendas. b) Despesas de vendas e administração: Parcela Fixa: $ 25.000 a.a. para os dois primeiros anos e de $ 20.000 para os demais. Parcela Variável ......................................................................................... 5% das vendas. c) Taxa de depreciação dos ativos permanentes .................................................. 10% a.a. d) Custo do capital empregado: 1º e 2º ano ..............................................................................................................20% a.a. demais anos ............................................................................................................25% a.a. e) Alíquota do Imposto de Renda...................................................................................25% f) Compra de ativos permanentes no início do projeto por ..............................$ 200.000,00 g) Receitas de vendas ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5 $ 200.000,00 $ 275.000,00 $ 350.000,00 $ 280.000,00 $ 180.000,00 Admitindo-se uma vida útil de cinco anos e a venda do equipamento por $ 120.000,00 no final do último período, responda o que abaixo segue: a) O projeto é viável? b) Qual o tempo de recuperação do investimento? c) Qual a taxa média de retorno? d) Qual o índice de rentabilidade? e) Qual a taxa interna de retorno? 26 +/- 1 2 3 4 5 RT CV Desp. Var. MC CF Desp. Fixas LAIR IR LDIR Deprec. Saldo parcial Vda do equip Fluxo Final VALOR ATUAL LÍQUIDO ANO FC Fator de Atual. PV do FC FC Acum (Desc) 0 1 2 3 4 5 BIBLIOGRAFIA - ASSAF, Alexandre Neto - Os Métodos Quantitativos de Análise de Investimentos - Caderno de estudos, FIPECAPI/FEA-USP, sem data. BRIGHAM, Eugene F. & HOUSTON, Joel F. – Fundamentos da Moderna Administração Financeira. Campus, Rio de Janeiro, 1999. CASAROTTO FILHO, Nelson - Análise de Investimentos. 7ª ed. Atlas, São Paulo, 1996. - DAMODARAN, Aswath - Avaliação de Investimentos. Qualitymark, Rio de Janeiro, 1997. - DOWNES, Jonh & GOODMAN, Jordan Eliott- Dicionário de termos financeiros e de investimento. Nobel, São Paulo, 1998. GITMAN, Lawrence J. – Princípios de Administração Financeira. Harbra, São Paulo, 1997. - - GROPPELLI, A. A. & NIKVAKHT, Ehsan – Administração Financeira. 3ª ed. Saraiva São Paulo, 1998. HIRSCHFELD, Henrique - Viabilidade Técnico-Econômica de Empreendimentos. São Paulo, Ed. Atlas, 1993. 27 - IUDÍCIBUS, Sérgio de & MARION, José Carlos - Curso de Contabilidade para não contadores. Atlas, São Paulo, 1998. MARTINS, Eliseu & NETO, Alexandre Assaf - Administração Financeira: as finanças das empresas sob condições inflacionárias. São Paulo, Atlas, 1986. ROSS, Stenphen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. - Princípios de Administração Financeira. São Paulo, Atlas, 1998. SANVICENTE, Antonio Zoratto – Administração Financeira. 3ª ed. Atlas, São Paulo, 1997. SOLOMON, Ezra & PRINGLE, John J. - Introdução à Administração Financeira - São Paulo, Ed. Atlas, 1981. TREUHERZ, Rolf M. - Análise Financeira por objetivos. 5ª ed. Pioneira, São Paulo, 1999. WOILER, SANSÃO & MATHIAS - Projetos: planejamento, elaboração, análise. São Paulo, Ed. Atlas, 1986.