Tuberculose Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o único país das Américas a figurar entre os 22 responsáveis por 80% dos casos de tuberculose no mundo, ocupando a triste 15a posição. Ao lado de nações como Afeganistão, Bangladesh, Tanzânia e Vietnã, pouca gente sabe que aqui cerca de 110 mil pessoas adoecem por ano. "Certamente é uma das doenças infecciosas que mais mata no Brasil", afirma o médico e pesquisador Genésio Vicentin, do Centro de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Fiocruz. Muitas vezes, sem ter nos meios de comunicação o mesmo espaço que dengue e Aids, a tuberculose atinge sobretudo as classes menos favorecidas. Apontada por muitos como um "mal social", a sua proliferação está intimamente ligada às condições precárias de vida. "A Fragmento aglomeração de pessoas é o principal fator de Há flores tristes, que nascendo à transmissão. Se imaginarmos uma família de cinco ou seis pessoas amontoadas num mesmo noite barraco, quando uma delas traz a tuberculose Só têm o açoite para casa os outros correm enormes risco de Do cruento sul E sem que um raio lhes alente a também serem infectados", explica Vicentin. Má alimentação, falta de higiene, tabagismo, seiva, alcoolismo ou qualquer outro fator que gere Rolam na leiva baixa resistência orgânica, também favorece o De seu vil paul. estabelecimento da doença. Eu sou como elas. A vagar sozinho Sigo um caminho De ervaçais e pó A luz de esp'rança bruxuleia a custo Tremo de susto, De morrer tão só. Castro Alves (1847-1871) Poeta baiano morto pela tuberculose Colégio Ari de Sá Cavalcante Apesar do surgimento da Aids ter contribuído para o seu aumento, apenas 3,3% dos doentes de tuberculose têm o vírus HIV. De acordo com Vicentin "a tuberculose atinge bem menos a classe média e alta e quando ocorre, freqüentemente está associada à Aids, daí se valoriza muito mais a segunda do que a primeira", o que dá a falsa impressão de que a tuberculose e hoje menos importante. Ainda segundo a OMS, o fraco comprometimento do Estado é um dos principais obstáculos para o enfrentamento da doença no Brasil. "A partir dos anos 70, houve um declínio dos investimento do Governo Federal no controle da tuberculose, e depois este transferiu a responsabilidade de combate para estados e municípios", conta Vicentin, lembrando que o município do Rio de Janeiro é o que tem maior índice de doentes por 100 mil habitantes do país. O médico ainda diz que essa descentralização não foi feita de maneira adequada e até hoje não há uma organização eficiente contra a enfermidade. "Para diminuirmos as estatísticas é necessário que as três esferas do governo retomem a tuberculose como problema prioritário de saúde pública e tenhamos políticas regionais de enfrentamento". Grave e causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis (também conhecida como bacilo de Koch), a tuberculose é transmitida pelas vias respiratórias. O contágio se dá pelas gotículas de escarro eliminadas pelo enfermo quando este tosse ou espirra ou mesmo pela poeira gerada pelo catarro expelido. Quanto aos sintomas, Vicentin explica: "a tosse prolongada por mais de três semanas, mesmo sem febre, é o primeiro indício da infeccção. Depois pode se seguir catarro, febre acompanhada de muito suor, perda de apetite e emagrecimento". Apesar dos números altos, Vicentin afirma que o tratamento à base de antibióticos aplicado no país é excelente e 100% eficaz. No entanto, aponta seu abandono como outro problema importante: "a cura leva seis meses, mas muitas vezes o paciente não recebe o devido esclarecimento, está desempregado, com baixa autoestima, não é estimulado e acaba desistindo antes do tempo". Para se evitar isso, o pesquisador sugere a formação de equipes com médicos, enfermeiros, assistentes socias e visitadores devidamente preparados. Fonte: http://www.fiocruz.br/ccs/glossario/tuberculose_p.htm Colégio Ari de Sá Cavalcante