4.1. Flutuação Populacional

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Fundação
Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso
“Monitoramento do bicudo do algodoeiro Anthonomus grandis
através do uso de armadilhas”
Relatório final apresentado ao Fundo de
Apoio a Cultura do Algodão - FACUAL
RONDONÓPOLIS - MATO GROSSO
Novembro 2005
1
Título:
“Monitoramento do bicudo do algodoeiro Anthonomus grandis através do uso de
armadilhas”
Instituição Executora
Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso - FUNDAÇÃO MT
Data do relatório final
30/10/2004
2
Sumário
1. Resumo.............................................................................................................. 4
1. Abstract.............................................................................................................. 5
2. Introdução.......................................................................................................... 6
3. Revisão De Literatura........................................................................................ 7
4. Material e Métodos............................................................................................ 10
4.1. Flutuação Populacional................................................................................... 10
4.1.1. Avaliação de armadilha de feromônio......................................................... 10
4.1.2. Avaliação de armadilha de solo (pitfall)...................................................... 11
4.1.3. Avaliação de armadilha de adesiva.............................................................. 11
4.2. Coleta de maçãs ............................................................................................. 12
4.3. Flutuação populacional na entressafra e plantas hospedeiras........................ 12
5. Resultados e Discussão...................................................................................... 12
5.1. Flutuação Populacional................................................................................... 12
Safra....................................................................................................................... 12
Entressafra............................................................................................................. 17
5.2. Coleta de botões florais.................................................................................. 20
5.3. Avaliação das plantas de cerrado................................................................... 22
6. Conclusões......................................................................................................... 23
7. Referências Bibliográficas................................................................................. 24
3
1. Resumo
O trabalho foi conduzido com o objetivo de monitorar a população de bicudo do
algodoeiro com o uso de três armadilhas, determinar os picos populacionais da praga nas
regiões de Rondonópolis, Campo Verde e Primavera do Leste, bem como estabelecer as
áreas de refúgio do inseto na entressafra. As armadilhas utilizadas foram armadilhas de
feromônio, adesiva e de solo. Na armadilha de feromônio constatou-se um maior número
de insetos capturados no final do ciclo da cultura, já a armadilha adesiva capturou os
insetos durante toda os estágios da planta. Na entressafra a armadilha de feromônio
capturou maior número de insetos do que as outras duas avaliadas, sendo que o período de
maior número de insetos coletados foi logo após a colheita do algodão. Com a coleta de
botões florais observou-se que o número de larvas aumentou na área de Rondonópolis a
partir de meados de abril e em maio ocorreu o pico populacional de adultos nessa área. Na
área de Campo Verde e Primavera do Leste observou-se aumento no número de larvas a
partir de maio em decorrência da época tardia do plantio. As plantas coletadas em
Primavera do Leste, como possíveis hospedeiras para o bicudo do algodoeiro foram das
seguintes famílias: Myrtacea, Leguminosae (Caesalpiniacea) com presença do inseto em
uma das coletas, Verbenaceae, Melastomataceae. As plantas coletadas em Rondonópolis
foram Malpighiaceae (Byrsonia coccobifolia), Myrtaceae do gênero Eugenia sp e outra
planta dessa família, Apocynaceae, Cariocaraceae (Cariocar brasiliensis), Annonaceae
(Bocageopsis) e em Campo Verde as plantas coletadas na área do cerrado foram
Melastomataceae (Miconia albicans), Verbenaceae, Lauraceae, Malphiaceae, Connaraceae,
sendo que essas duas últimas foram coletadas em área próxima e na família Connaraceae
observou-se visitação do inseto.
4
1. Abstract
This work was lead with the objective to monitor the population of boll weevil
of the cotton plant with the use of three traps, to determine the population peaks of the
plague in the regions of Rondonópolis, Campo Verde and Primavera do Leste, as well as
establishing the shelter areas of the insect in the period between harvest. The traps used
were pheromonio traps, adhesive and soil traps. In the pheromonio trap a higher number of
insects was captured in the end of the cycle of the crop, already the adhesive trap captured
the insects during all the plant stages. In the period between harvest, the pheromonio trap
captured higher number of insects of that the other two evaluated, being that the period of
bigger number of insects collected was soon after the cotton harvest. With the collection of
flower-bud it was observed that the number of larvae increased in the area of Rondonópolis
from middle April and on May occurred the population peak of adults in this area. In the
areas of Campo Verde and Primavera do Leste it was observed an increase in the number of
larvae from May on, this was due to the delayed time of sowing. The plants collected in
Primavera do Leste, as possible hostesses for the boll weevil had been of the following
families: Myrtacea, Leguminosae (Caesalpiniacea), Verbenaceae, Melastomataceae. The
plants collected in Rondonópolis was Malpighiaceae (Byrsonia coccobifolia), Myrtaceae of
genero Eugenia sp and other plant this family, Apocynaceae, Cariocaraceae (Cariocar
brasiliensis) and Annonaceae (Bocageopsisv). In Campo Verde the plants collected were
Melastomataceae (Miconia albicans), Verbenaceae, Lauraceae, Malphiaceae, Connaraceae,
and the last were collected in área were collected in another área and in family Connaraceae
observed visitation of the insect.
5
2. Introdução
O algodão (Gossypium hirsutum L.) é a fibra vegetal mais utilizada pelo
homem. Os fatores limitantes de produção da cultura do algodoeiro são vários, dentre eles o
ataque de várias espécies de insetos-pragas ao longo de todo o ciclo. Estes são agrupados de
acordo com suas preferências alimentares, ecológicas, podendo se dividir em pragas de solo
e da parte aérea.
No Brasil, estima-se que a entomofauna associada à cultura do algodão incluía
cerca de 259 espécies de insetos (Silva et al. 1968) das quais 12 são consideradas pragas
importantes juntamente com três espécies de ácaros fitófagos (Gallo et al., 1988).
Levantamentos da artropodofauna algodoeira indicam que o número de
espécies encontrado nesta cultura pode variar de poucas centenas a mais de milhares. A
grande maioria destas espécies é predadora e parasitóide de espécies fitófagas. Estima-se
que o número de insetos praga varia de 20 a 60, mas os danos significantes são causados
por 5-10 pragas chaves em muitos sistemas produtivos (Bachelor & Bradley, 1989).
A situação atual exige dos cotonicultores um alto nível de conhecimentos,
porque, os seus lucros ou prejuízos, em cada ano agrícola, segundo Silva et al. (1997),
dependem principalmente do grau de eficiência de sua luta contra as pragas e da
preservação do meio ambiente.
Atualmente, o bicudo-do-algodoeiro é a praga de maior incidência na cultura
do algodão (Heilman et al., 1979; Ramalho & Gonzaga, 1992; Ramalho & Silva, 1993) e
com maior potencial de dano (Hunter & Hinds, 1995).
Os danos causados por este inseto são observados nos botões florais que se
tornam amarelecidos após o dano, as brácteas se abrem e secam prematuramente e os
botões florais caem no solo; botões florais atacados próximos à abertura, permanecem
fechados adquirindo o aspecto de balão, segundo Carvalho et al. (1984) há destruição da
fibra e das sementes nas maçãs atacadas. Elevada umidade e temperatura em torno de 27oC,
favorecem a multiplicação do bicudo.
O período compreendido entre os 40 e 90 dias se constitui na fase crítica de
ataque do bicudo para o algodoeiro. As plantas de algodão de lavouras recém-emergidas
6
exercem atração para os insetos sobreviventes da entressafra. O ataque se inicia a partir das
bordaduras da cultura através de danos às partes vegetativas da planta. Os bicudos
imigrantes das matas, geralmente se estabelecem nas bordaduras e, permanecem nestes
locais aguardando a emissão dos botões florais, que acontece a partir dos 35 dias. Com o
manejo adequado da praga e sob níveis normais de população as infestações podem
permanecer até os 70 dias localizadas nas bordaduras das lavouras, mas a partir desta fase
ocorre um processo de distribuição acelerada do ataque.
No final do ciclo da cultura e, principalmente após a destruição das soqueiras, a
maioria dos adultos abandona os campos cultivados e se dirigem aos “abrigos”
permanentemente vegetados (matas, capinzais) existentes ao redor das áreas cultivadas.
Nesses locais de refúgio os adultos permanecem com seu metabolismo fisiológico reduzido
alimentando-se esporadicamente de grãos de pólen de diferentes espécies vegetais e, nessas
condições muitos indivíduos sobrevivem à safra seguinte.
O objetivo do presente estudo é monitorar a população de bicudo em regiões do
Mato Grosso com diferentes tipos de armadilha de captura de insetos como armadilhas de
feromônio, adesiva e de solo e, desta forma determinar os picos populacionais da praga
nesta região, bem como estabelecer as áreas de refúgio do inseto na entressafra. Os ensaios
serão realizados em campos de produção de algodão.
3. Revisão de Literatura
Entre as pragas que atacam o algodão, destaca-se o bicudo do algodoeiro,
Anthonomus grandis. Nos últimos anos, este inseto tem sido o principal responsável por
expressivas perdas registradas na produção e qualidade do algodão.
Os adultos são pequenos besouros com cerca de 4-9 mm de comprimento e 7
mm de envergadura, caracterizados por apresentarem coloração acinzentada ou castanha,
com aparelho bucal mastigador em forma de tromba. Os ovos são branco-amarelados,
esféricos com 0,5 mm de diâmetro, enquanto as larvas e pupas são de coloração de brando a
creme; as larvas que eclodem com aproximadamente 1 mm, completam seu
7
desenvolvimento e transformam-se em pupas e em seguida emergem como adultos no
interior das estruturas das plantas (botões e maçãs) (Almeida & Silva, 1999).
A duração média do ciclo biológico varia entre 12 a 17 dias (Gabriel et al.,
1986); o período de incubação dos ovos varia de 2 a 4 dias (Marin, 1981; Alvarez, 1990). O
período de larva varia de 3 a 4 dias e o período pupal de 3 a 5 dias (Young Junior, 1969). A
longevidade de adultos do bicudo é de 42 dias para os machos e de 37 dias para as fêmeas.
O período de pré-oviposição é de 5 dias (Broglio-Micheletti, 1991) e o número médio de
ovos/fêmea/dia varia entre 10 e 12, num total de 150 ovos/fêmea (Young Junior, 1969).
Segundo Alvarez (1990) podem ocorrer 5 a 6 gerações/ciclo no algodoeiro.
Os principais danos causados pelo bicudo são efetuados nos botões florais, onde
os insetos adultos fazem orifícios de alimentação e oviposição, sendo que as larvas
eclodidas fazem galerias dentro dos botões. Com o ataque, provocam a queda anormal dos
botões florais, flores e maçãs. Os botões atacados apresentam perfurações externas, ficam
com as brácteas abertas e pode-se notar presença de excremento amarelado; as flores ficam
com aspecto de “balão” devido a não abertura das pétalas; as maçãs apresentam perfurações
externas; fibras e sementes são destruídas, causando a abertura anormal da maçã (carimã) e
escurecimento interno (Degrande, 1992).
O período crítico vai desde o aparecimento dos primeiros botões florais até o
primeiro capulho, o nível de controle estabelecido para o bicudo do algodoeiro é de 10% de
botões amostrados com orifícios de oviposição e/ou alimentação.
No Brasil, o primeiro registro do bicudo foi em 1983, no município de
Campinas, SP. No Mato Grosso o primeiro registro foi em 1993 na região de Cáceres. Na
safra 2000/2001 observou-se ataques do bicudo na região de Campo Verde, principalmente
às margens da rodovia BR 070. Na safra 2003/2004, o inseto foi detectado em praticamente
todo município, sendo nas áreas mais afastadas observado no final do ciclo da cultura, não
havendo controle específico para este inseto.
As estratégias do controle de pragas do algodão incluem: - manipulação de
cultivar, - controle biológico com entomófagos e entomopatógenos, - controle cultural, controle climático e – controle químico.
A destruição dos restos de cultura visando reduzir populações remanescentes de
pragas tornou-se obrigatória na maioria dos estados brasileiros onde se cultiva o algodão,
8
assim imediatamente após a colheita, deve-se proceder à destruição dos restos de cultura,
tais como; raízes, caules, botões florais, flores, maçãs, carimãs e capulhos não colhidos por
destruição química ou mecânica. A destruição dos restos culturais no final da safra visa
quebrar o ciclo biológico do inseto, através da eliminação dos sítios de proteção,
alimentação e reprodução (Silva et al. 1997).
O status de principal praga da cultura do algodoeiro atribuído à A. grandis foi
alcançado devido às suas características favoráveis que propiciam uma maior manutenção
da espécie como: habilidade de movimentação; alta capacidade reprodutiva, devido ao
elevado potencial de postura e reduzido ciclo biológico; e, múltiplas gerações. Na
entressafra, o adulto apresenta grande capacidade de adaptação por consumir pólen de
diferentes espécies vegetais e por apresentar diapausa. Outro fator que o favorece é a baixa
incidência de inimigos naturais, pois as fases de ovo, larva e pupa ficam protegidas no
interior do botão floral ou maçã (Santos & Meneguim, 1996).
Um dos pontos importantes para o monitoramento e controle do bicudo do
algodoeiro é a utilização de técnicas de monitoramento com atração e armadilhas para
coleta do inseto na época da safra e para conhecer áreas de refúgio na entressafra.
Um dos sucessos do manejo do bicudo é o controle realizado nas bordaduras
próximas das áreas de abrigo. Os insetos penetram nas lavouras pelas bordaduras, onde
permanecem durante a primeira geração. Nas bordaduras devem ser realizadas as
estratégias como amostragens específicas, catação e colocação de armadilhas para coletas.
Em campos com esse tipo de manejo é possível constatar a redução do volume de
inseticidas em área total devido o controle do bicudo nas bordaduras (Santos, 1996).
A planta exerce um papel importante na atração dos primeiros insetos
proporcionando a colonização (White & Rumel, 1978). Alguns autores mencionam que a
produção de botões florais parece demarcar a colonização e que provavelmente a produção
de algumas substâncias voláteis produzidas pela planta estão envolvidas no processo
(Bottrell, 1983). Desta forma, a catação de estruturas frutíferas sobre o solo é uma maneira
de se realizar o monitoramento do bicudo, pois o inseto causa queda acentuada de botões
florais até os 90 dias de idade das plantas. Estes botões caídos contêm larvas que darão
origem às novas gerações de bicudos (Santos, 1996).
9
Ao final da cultura do algodoeiro os adultos do bicudo se dirigem para os locais
de abrigo, ou seja, áreas permanentemente vegetadas (matas, capinzais, etc) existentes nas
proximidades da área cultivada onde passam a entressafra. Os adultos apresentam alteração
na sua fisiologia entrando no estado de diapausa. Este mecanismo desenvolvido pelo
bicudo adulto favorece a passagem de uma safra a outra de algodão, sob condições adversas
de clima e escassez de alimento. Earle & Newson (1964) citam que este mecanismo
permite aos bicudos viverem de 6 a 8 meses sem se alimentarem.
O monitoramento de adultos de bicudo estabelece a época em que os insetos
abandonam os abrigos na entressafra e infestam os cultivos de algodão, assim como a época
em que deixam os cultivos no final da safra. Segundo Busoli et al. (1991) capturas em
armadilhas indicaram que a infestação inicial de adultos ocorre aos 43 dias após a
emergência da planta.
O objetivo do presente estudo foi monitorar a população de bicudo em regiões
do Mato Grosso com diferentes tipos de armadilha de captura de insetos e, desta forma
determinar os picos populacionais da praga nesta região e seus locais de refúgio.
4. Material e Métodos
4.1. Flutuação Populacional
Para verificação e avaliação da flutuação e monitoramento populacional do
bicudo do algodoeiro foram instalados vários tipos de armadilhas em campos com histórico
de ataque do inseto. Os experimentos para monitoramento de bicudo no algodoeiro foram
realizados em áreas de produtores: Fazenda Filadélfia – Campo Verde, MT; Fazenda
Centro Oeste – Primavera do Leste, MT; Fazenda SMII – Rondonópolis, MT
4.1.1. Avaliação de armadilha de feromônio
Foram instaladas armadilhas com feromônio acompanhando as bordaduras de
matas de cerrado para verificação da entrada do inseto na lavoura e, dentro da lavoura de
10
algodão para acompanhamento da disseminação do inseto dentro da lavoura, essas
armadilhas foram instaladas na lavoura de algodão no mês dezembro para
acompanhamento do comportamento do inseto. As armadilhas foram colocadas sobre
estacas de 1,5 m de altura, espaçadas 40 metros entre si.
O número de insetos coletados será avaliado quinzenalmente em todas as áreas
do experimento e, as pastilhas de feromônio trocadas mensalmente. A área de abrangência
deste método de monitoramento foi de 1 ha e em três locais conforme descrito abaixo.
4.1.2. Avaliação de armadilha de solo (pitfall)
Foram distribuídas armadilhas de solo (pitfall), durante a fase vegetativa do
algodão, com objetivo de avaliar o comportamento do inseto. Esse tipo de armadilha foi
utilizado para verificação se os insetos que estavam em áreas de refúgio entram na lavoura
caminhando pelo solo.
As armadilhas foram instaladas a cada 50 metros totalizando 4 armadilhas a
cada 200 metros de bordadura. Foram realizadas coletas a cada 15 dias em cada área de
experimento.Todos os insetos coletados nessa armadilha foram trazidos para o laboratório
para contagem e identificação.
4.1.3. Avaliação de armadilha adesiva
Foram distribuídas armadilhas adesivas nas bordaduras de lavouras de algodão
com objetivo de coleta dos insetos por interceptação durante o vôo. As armadilhas foram
distribuídas a cada 40 metros de 1 a 1,50 metro. Foram realizadas coletas a cada 15 dias em
cada área de experimento. Com esta metodologia espera-se obter resultados sobre a altura
de vôo dos insetos e seu deslocamento na lavoura de algodão. A área de abrangência deste
método de monitoramento será de 1ha e a troca das armadilhas será realizada a cada quinze
dias ou quando houver necessidade.
11
4.2. Coleta de maçãs
Na fase de botão floral e maçãs selecionou-se 50 plantas individuais ao acaso
em 1 hectare e, observou-se quanto à presença e número de insetos, com objetivo de avaliar
a época em que a planta é mais atrativa ao inseto do que o feromônio. Cinqüenta botões
florais por hectare foram coletados, quinzenalmente, e trazidos ao laboratório para
dessecação e detecção da presença de ovos e larvas para observação do ciclo do inseto.
4.3. Flutuação populacional na entressafra e plantas hospedeiras
Durante a entressafra foram instaladas armadilhas adesivas, de feromônio e de
solo para captura da população hibernante e também foram coletadas plantas no cerrado
que podem ser hospedeiras dessa população. A cada 15 dias realizou-se avaliação das
armadilhas e contagem dos insetos capturados. O feromônio foi trocado a cada 28 dias.
5. Resultados e Discussão
5.1. Flutuação Populacional
Safra
No período da safra a flutuação populacional dos insetos em cada local e por
armadilha pode ser observada nos gráficos 1, 2 e 3.
Nas áreas de Rondonópolis (Figura 1) e Campo Verde (Figura 2) foi verificado
que durante a floração e a frutificação o número de insetos coletados pelas armadilhas é
baixo, no entanto observou-se inseto nas plantas, fato esse por serem mais atraídos pelas
plantas, pois de acordo com Hardee et al. (1969), a presença de plantas na fase de produção
de botões florais e maçãs nos ponteiros afeta significativamente a captura de adultos em
armadilhas com feromônio. Na área de Primavera do Leste (Figura 3) o número de insetos
coletados no mês de maio foi baixo. Isto pode ter ocorrido pelo fato da cultura ter sido
plantada mais tarde.
Nas áreas de Primavera do Leste e Campo Verde observou-se que quando houve
aplicação de produtos químicos para o controle da população de bicudo (Tabelas 1 e 2) essa
diminuiu, mas também se observou que após um período a população aumenta novamente,
12
devido a presença de larvas e ovos nos capulhos e maças. Em Primavera do Leste esse fato
foi bem claro, pois a última aplicação foi dia 23/05 e após o dia 31/05 o número de insetos
coletados na armadilha adesiva foi maior do que nos outros períodos. Em Campo Verde, as
aplicações para bicudo iniciaram a partir de final de maio, que foi detectado altas
populações nas armadilhas (adesiva e feromônio). Com as aplicações (Tabela 1) coincidiu a
redução da população nas armadilhas, sendo que a armadilha adesiva coletou maior número
de insetos.
Já na área de Rondonópolis a população foi estável porque não foram realizadas
pulverizações para controle do bicudo.
Em todos os locais a armadilha de solo não capturou bicudo do algodoeiro, as
armadilhas de feromônio e adesiva foram as mais eficientes, sendo que a adesiva capturou
insetos mesmo na época de floração e frutificação.
Na armadilha de solo foram encontrados diversos insetos como Calosoma sp.,
grilos, formigas, gafanhotos e, a armadilha adesiva atraiu moscas, percevejos,
microhimenópteros, abelhas.
O monitoramento realizado por meio de armadilhas pode ajudar, no entanto o
monitoramento a campo é necessário, principalmente nas épocas de floração e frutificação.
13
Número de insetos
140
S
A
F
120
100
80
60
40
20
28/5/2005
14/5/2005
30/4/2005
16/4/2005
2/4/2005
19/3/2005
5/3/2005
19/2/2005
0
Datas
Figura 1. Número de insetos coletados nas armadilhas na Fazenda SM2. Rondonópolis,
MT. F= feromônio, A= adesiva, S= solo.
14
2/
3
14 / 20
/3 0
26 /20 5
/3 05
/
7/ 200
4
19 / 20 5
/4 05
/
1/ 200
5
13 / 20 5
/5 0
25 /20 5
/5 05
/
6/ 200
6
18 / 20 5
/6 0
30 /20 5
/6 0
12 /20 5
/7 05
/2
00
5
Número de insetos
12
F
A
S
10
8
6
4
2
0
Datas
Figura 2. Número de insetos coletados nas armadilhas na Fazenda Fartura. Campo Verde,
MT. F= feromônio, A= adesiva, S= solo.
15
4
Número de insetos
3,5
F
A
S
3
2,5
2
1,5
1
0,5
2/
3
12 / 20
/3 05
22 /20
/3 05
/2
1/ 00
4 5
11 / 20
/4 05
21 /20
/4 05
/2
1/ 00
5 5
11 / 20
/5 05
21 /20
/5 05
31 /20
/5 05
10 /20
/6 05
20 /20
/6 05
/2
00
5
0
Datas
Figura 3. Número de insetos coletados nas armadilhas na Fazenda Sonho Verde. Primavera
do Leste, MT. F= feromônio, A= adesiva, S= solo.
Tabela 1. Inseticidas utilizados para controle do bicudo do algodoeiro no talhão do
experimento em Campo Verde, MT. Safra 2004/05.
Data
Produto
Dose
29/05
Fury 200
0,15 L/ha
07/06
Fury 200
0,15 L/ha
11/06
Fury 200
0,15 L/ha
27/06
Decis
0,1 L/ha
16/07
Decis
0,057 L/ha
16
Tabela 2. Inseticidas utilizados para controle do bicudo do algodoeiro no talhão do
experimento em Primavera do Leste, MT. Safra 2004/05.
Data
Produto
Dose
29/01
Dissulfan
2L/ha
09/02
Dissulfan
2L/ha
25/02
Dissulfan
2L/ha
13/03
Dissulfan
2L/ha
29/03
Dissulfan
2L/ha
15/04
Fury 200
0,25 L/ha
26/04
Fury 200
0,25 L/ha
05/05
Fury 200
0,25 L/ha
23/05
Fury 200
0,25 L/ha
Entressafra
A flutuação populacional dos insetos em cada local e cada armadilha nas áreas de
cerrado pode ser observada nos gráficos 4, 5 e 6.
Na área de Rondonópolis observou-se aumento da população coletada nas
armadilhas logo após a colheita do algodão e, também uma alta população nas armadilhas
de solo pelo fato de ter sido colocado uma pastilha de feromônio (Figura 4). Nos próximos
testes será colocada pastilha de feromônio nessas armadilhas de solo, pois o inseto pode ser
capturado devido a altura dessa. A partir do mês de setembro observou-se uma diminuição
no número de insetos capturados pelas armadilhas, isto pode ter ocorrido devido a brotação
de soqueiras do algodoeiro em áreas próximas ao cerrado o que faz com que o inseto tenha
alimento e local para reprodução durante a entressafra, dificultando o controle efetivo dessa
praga.
Em Campo Verde (Figura 5) e Primavera do Leste (Figura 6) uma grande
quantidade de insetos foi atraída e coletada pela armadilha de feromônio nos locais de
cerrado. O período de maior número de insetos coletados nos três locais de avaliação foi no
período de aplicação de desfolhante e após a colheita do algodão, o que forçou a migração
17
dos insetos para o cerrado. No entanto, com o passar do tempo o número de insetos
coletados diminuiu sendo que, isto pode ter ocorrido devido à atração dos insetos por
plantas hospedeiras ou por terem migrado para outros locais de refúgio, como também por
ter brotações na soqueira da safra anterior que não foi destruída causando um aumento da
população e comprometimento do controle da safra seguinte. Este fato também foi
observado por Scomparin (2005, comunicação pessoal). As armadilhas foram monitoradas
durante todo o período de entressafra e, a partir da primeira quinzena de novembro serão
transferidas para as margens da lavoura a ser implantada na safra 2005/06 nos três locais de
experimento a fim de acompanhar a entrada dos insetos na lavoura e dar continuidade ao
trabalho de monitoramento da população.
Número de Insetos
35
F
A
S
30
25
20
15
10
5
17/10/2005
3/10/2005
19/9/2005
5/9/2005
22/8/2005
8/8/2005
25/7/2005
11/7/2005
27/6/2005
13/6/2005
0
Datas
Figura 4. Número de insetos coletados, no período de entressafra, nas armadilhas na
Fazenda SM2, em áreas de cerrado. Rondonópolis, MT. F= feromônio, A= adesiva, S=
solo.
18
35
Número de Insetos
30
F
A
S
25
20
15
10
5
21
/7
/
29 20
/7 05
/2
6/ 00
8 5
14 / 20
/8 05
22 /20
/8 05
30 /20
/8 05
/2
7/ 00
9 5
15 / 20
/9 05
23 /20
/9 05
1/ /20
10 05
9/ /20
1 0
17 0/ 2 5
/1 00
25 0/2 5
/1 00
0/ 5
20
05
0
Datas
Figura 5. Número de insetos coletados, no período de entressafra, nas armadilhas na
Fazenda Fartura, em áreas de cerrado. Campo Verde, MT. F= feromônio, A= adesiva, S=
solo.
A presença de refúgios próximos às áreas de plantio, constituídos por matas
aguadas, possibilita condições de abrigo e sobrevivência do inseto até a próxima safra
(Degrande, 1998). Desta forma, a utilização de armadilhas é um instrumento importante
para detectar, monitorar e até mesmo suprimir baixos níveis populacionais do inseto tanto
na safra como na entressafra (Busoli, 1991), em que os insetos são atraídos pelo feromônio
e também pela armadilha colorida adesiva. Também, é importante ressaltar a necessidade
de realizar a destruição de soqueiras e evitar o brotamento dessas, pois serão abrigo e locais
de reprodução na entressafra.
19
35
F
A
S
Número de Insetos
30
25
20
15
10
5
30
/6
10 /20
/7 05
20 /20
/7 05
30 /20
/7 05
/2
9/ 00
8 5
19 /20
/8 05
29 /20
/8 05
/2
8/ 00
9 5
18 /20
/9 05
28 /20
/9 05
8/ /20
1 0
18 0/2 5
/1 00
28 0/ 2 5
/1 00
0/ 5
20
05
0
Datas
Figura 6. Número de insetos coletados, no período de entressafra, nas armadilhas na
Fazenda Sonho Verde, em áreas de cerrado. Primavera do Leste, MT. F= feromônio, A=
adesiva, S= solo.
5.2. Coleta de botões florais
As coletas de botões florais (50/ha) foram iniciadas quando surgiram os primeiros
botões nos campos experimentais. Nas primeiras avaliações foram observadas ninfas de
primeiro instar e muitos botões com presença de postura. O número de larvas aumentou na
área de Rondonópolis a partir de meados de abril e em maio ocorreu o pico populacional de
adultos nessa área (Figura 7). Esses resultados corroboram com os obtidos na flutuação
populacional que neste período diminuiu a captura dos adultos nas armadilhas, pois estes
são mais atraídos pela planta.
Na área de Campo Verde (Figura 8), observou-se aumento no número de larvas a
partir de maio em decorrência da época tardia do plantio, o mesmo foi observado em
Primavera do Leste (Figura 9). O fato de essas áreas serem comerciais e sofrerem a pressão
de pulverizações pode ter retardado a entrada do inseto.
20
40
Quantidade
35
31/mar
30
7/abr
25
13/abr
23/abr
20
28/abr
15
4/mai
10
5
0
Adul
Aliment
Larva
Post
Pupa
Botões
Figura 7. Número de insetos coletados e estágios nas datas de coleta dos botões florais
na Fazenda SM2, Rondonópolis, MT.
30
5/abr
25
Quantidade
11/abr
23/abr
20
10/mai
15
17/mai
30/mai
10
16/jun
1/jul
5
0
Adul
Aliment
Larva
Post
Pupa
Botões
Figura 8. Número de insetos coletados e estágios nas datas de coleta dos botões florais
na Fazenda Fartura, Campo Verde, MT.
21
30
Quantidade
25
6/abr
13/abr
20
20/abr
3/mai
13/mai
15
25/mai
10
2/jun
5
0
Adul
Aliment
Larva
Post
Pupa
Botões
Figura 9. Número de insetos coletados e estágios nas datas de coleta dos botões florais na
Fazenda Sonho Verde, Primavera do Leste, MT.
A partir dos resultados obtidos pela coleta de maçãs conclui-se que o orifício de
alimentação foi observado em todas as datas de coleta. Orifícios de postura e presença de
larvas foram observados a partir de maio em Primavera do Leste e Campo Verde, já em
Rondonópolis isso ocorreu antes devido ao plantio mais precoce dessa área. A presença
maior de adultos foi observada no fim do ciclo da cultura, isso sugere que mesmo
ocorrendo controle químico a população de bicudo aumentou durante a safra.
5.3. Avaliação das plantas de cerrado
As plantas coletadas em Primavera do Leste, Campo Verde e Rondonópolis
foram enviadas para identificação das quais conseguiu-se a identificação das seguintes
famílias: Myrtacea, Leguminosae (Caesalpiniacea), Verbenaceae, Melastomataceae que
estavam presentes na área de Primavera do Leste.
22
Na Leguminosae (Caesalpiniacea) coletada em Primavera de Leste observou-se
a presença de um bicudo do algodoeiro na primeira avaliação realizada, no entanto nas
próximas avaliações não se observou mais a presença do inseto, isto sugere que o inseto
estava somente visitando a planta e não a utilizando para alimentação ou para hospedeira.
Em Campo Verde as plantas coletadas na área de cerrado foram
Melastomataceae (Miconia albicans), Verbenaceae, Lauraceae, Malphiaceae, Connaraceae.
Essas duas últimas famílias de plantas foram coletadas na região do Ouro Branco, MT onde
está sendo realizado um trabalho semelhante para identificação das possíveis plantas
hospedeiras de bicudo do algodoeiro no período de entressafra, sendo que na planta da
família Connaraceae observou-se visitação do inseto no botão floral e um orifício de
alimentação semelhante ao feito pelo bicudo nos botões florais do algodoeiro.
As plantas coletadas em Rondonópolis foram Malpighiaceae (Byrsonia
coccobifolia), Myrtaceae do gênero Eugenia sp e outro exemplar dessa família,
Apocynaceae, Cariocaraceae (Cariocar brasiliensis), Annonaceae (Bocageopsis).
Nos últimos 25 anos, muito outros gêneros de plantas foram adicionados como
hospedeiro de bicudo (Cross et al., 1975). De acordo com Lukefahr (1984) com poucas
exceções, todas as plantas hospedeiras do bicudo pertencem à tribo Gossypieae, da família
Malvaceae. As plantas coletadas no presente trabalho podem se comportar como
hospedeiros esporádicos para o bicudo, por isso a necessidade de estudos de
acompanhamento da população de bicudo na entressafra.
6. Conclusões
-
As armadilhas de feromônio e adesiva apresentaram captura de insetos, tanto na
safra como na entressafra,
-
A armadilha adesiva mostrou mais eficiência quando a planta de algodão estava no
estágio de botão floral e capulhos,
-
Na entressafra, logo após a colheita do algodoeiro observou-se alta população de
bicudo do algodoeiro nos locais de refúgio através das armadilhas de captura
adesiva e de feromônio.
23
-
As coletas de plantas de cerrado precisam ser repetidas para mais informações a
respeito do comportamento do inseto para cada família.
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25
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26
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