Gêneros de rádio, para processos de produção

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Gêneros de rádio, para processos de produção coletiva
de comunicação, na perspectiva da Educomunicação*
Grácia Lopes Lima
Por forma que a nossa tarefa principal
Era a de aumentar
O que não acontecia.
(Nós era um rebanho de guris.)
A gente era bem-dotado para aquele serviço
De aumentar o que não acontecia.
A gente operava a domicílio e para fora.
E aquele colega que tinha um olhar
de pássaro
Era o campeão de aumentar os
desacontecimentos.
Uma tarde ele falou pra nós que enxergara um
lagarto espichado na areia
A beber um copo de sol.
Apareceu um homem que era adepto da razão
e disse:
Lagarto não bebe sol no copo!
Isso é uma estultícia.
E falou de sério.
Ficamos instruídos.
Manoel de Barros
Ao propor produção de comunicação, na perspectiva da Educomunicação, queremos
atingir objetivos bem diferentes daqueles a que se prestam os cursos profissionalizantes
de formação de especialistas em comunicação.
Para nós, os meios de comunicação são, de fato, meios, ou seja, sinônimo de ferramenta
de trabalho, tal qual a pá para o pedreiro, ou o computador para o designer gráfico.
Queremos, através deles, conseguir realizar uma proposta de educação, de formação de
gente atenta, curiosa, criativa, interessada em conhecer pessoas e temas ligados à vida e
ás pessoas dos lugares onde se encontram.
Por esses motivos, para os fins que nos interessam, os gêneros se dividem em apenas
três tipos: dois comuns para rádio e vídeo, e um que é específico somente do vídeo.
Informativo: tipo adequado para quando precisamos
denunciar, discutir ou avisar
sobre fatos relacionados com o dia-a-dia da nossa rua, nosso bairro, cidade ou país.
Tendo claro que é esse o modo mais eficiente de conseguir realizar o que precisamos,
passamos então à escolha da forma com que essa informação poderá ser transmitida.
Podemos optar por fazer uma única entrevista (ou uma série delas), realizar uma
enquete (ou várias), promover um debate, ou um ciclo de discussão sobre um tema,
entre tantas outras possibilidades.
Ficção:
gênero acertado para as situações que não têm compromisso, de modo
explícito, com a realidade. Cabe nesse tipo a novela (uma história apresentada em
capítulos), o rádio ou vídeo-conto (uma história com começo, meio e fim contados de
uma só vez), dentre outras formas que o próprio grupo pode inventar. Convém destacar
que dependendo da qualidade da história, da interpretação dos atores e também da
sonoplastia (ambientação sonora, que permite, no caso do rádio, visualizar os cenários
onde a história se desenvolve) é possível atingir mais rapidamente os objetivos que
queremos, muito mais do que através de qualquer outro gênero radiofônico.
Experimental:
a característica desse gênero, como o nome bem diz, é o uso da
criatividade, da invenção para produzir som ou imagem. Trabalho artesanal, de pesquisa
da linguagem, em busca de efeitos que reforcem idéias que se quer partilhar com mais
pessoas. Tanto no rádio como nas produções de cinema, televisão e vídeo, o cuidado
com a ambientação sonora é responsável direto pela compreensão da mensagem.
* Texto que integra o Eixo Educomunicação, uma das disciplinas do curso de Pós Graduação
Tecnologias na Aprendizagem, do SENAC, 2008.
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