Medicamento X Data: 01/01/2013 Material Nota Técnica 11 de 2013 Procedimento Número do processo: 1.0024.12.266022-8/001 Cobertura ADALIMUMABE PARA UVEÍTE POSTERIOR NÃO INFECCIOSA JANEIRO /2013 1 S UMÁRIO 1-RESUMO EXECUTIVO .......................................................................... 3 2.ANÁLISE CLÍNICA DA SOLICITAÇÃO................................................... 4 2.1.PERGUNTA CLÍNICA ESTRUTURADA ........................................ 4 2.2. CONTEXTO………………………………………………………… 4 2.3.DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA A SER AVALIADA..................... 5 3-RESULTADOS DA REVISÃO DE LITERATURA ................................... 6 4- CONCLUSÃO……………………………………………………………… 6 2 1-RESUMO EXECUTIVO 1.1CONTEXTUALIZAÇÃO Trata-se de paciente portador de uveíte posterior não-infeciosa que já foi submetido a tratamento com altas doses de prednisona, azatioprina e ciclosporina, mas mantém atividade da doença. Evoluiu com efeito adverso a ciclosporina (prejudicou a função dos seus rins). 1.2 CONSIDERAÇÕES O paciente já fez uso de todas as medicações disponíveis nas diretrizes do SUS para o tratamento da uveíte posterior não-infeciosa e desenvolveu efeito adverso a uma dessas medicações. Assim, precisa fazer uso de outra medicação, que não está na diretriz. É um caso de exceção. O adalimumabe não é a melhor opção nesse caso, visto que há poucos estudos sobre o seu uso nessa situação. Há uma medicação da mesma classe que o adalimumabe, denominada infliximabe, que foi mais bem estudada na uveíte posterior não-infeciosa refratária. 1.3 CONCLUSÕES O paciente já esgotou as opções terapêuticas disponíveis no SUS. Entretanto, o adalimumabe não é a melhor opção para o seu caso. A medicação mais bem estudada para esses casos é o infliximabe. 3 2- ANÁLISE CLÍNICA DA SOLICITAÇÃO 2.1. PERGUNTA CLÍNICA ESTRUTURADA População: Pacientes com uveíte posterior não-infecciosa refratária Intervenção: adalimumabe Comparação: azatioprina, ciclosporina, prednisona, infliximabe Desfecho: preservação da acuidade visual 2.2. CONTEXTO1,2,3,4,5, 6, 7 A uveíte é uma inflamação que ocorre dentro dos olhos, especificamente em um local denominado úvea. Essa inflamação pode levar à cegueira. A uveíte responde por cerca de 10% dos casos de perda visual no mundo ocidental, e, aproximadamente, 35% dos pacientes acometidos desenvolve cegueira ou baixa acuidade visual. A uveíte posterior afeta a área posterior dos olhos: a área da úvea que é denominada coróide. Pode ocorrer de forma idiopática (causa desconhecida) ou ser causada por agentes infecciosos (como o da toxoplasmose) ou estar associada a doenças sistêmicas, 4 como sarcoidose, doença de Behçet, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla, entre outras. A uveíte posterior geralmente é indolor e pode levar a déficit visual de forma aguda ou gradual. O tratamento é realizado usualmente com a administração de altas doses de corticóidesa associados a outros agentes imunossupressoresb. O corticóide usado é a prednisona. O agente imunossupressor melhor estudado é a azatioprina, que provou reduzir o risco de recorrência de uveíte e de perda da visão em estudo de boa qualidade metodológica. O tratamento deve ter a duração de pelo menos um a dois anos. Caso o paciente não apresente resposta à azatioprina, há a opção terapêutica da ciclosporina. Já, caso a uveíte seja refratária a essas duas medicações, pode-se usar a medicação infliximabe. 2.3. DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA A SER AVALIADA 8,9, O adalimumabe é um anticorpo produzido através da tecnologia de recombinação do DNA. Inibe uma molécula denominada fator de necrose tumoral alfa, que está envolvida em processos inflamatórios. 2.3.1 Registro na ANVISA: 105530294 2.3.2- Característica do medicamento requisitado Nome completo Princípio ativo Fabricante Indicação do fabricante Humira® adalimumabe Abbott Artrite reumatoide, artrite psoriásica, espondilite anquilosante, doença de Crohn e psoríase em placas. 2.3.3- Tratamento da uveíte posterior no SUS a b Medicamentos com potente ação antiinflamatória e que também diminuem a resposta do sistema imune. Medicamentos que diminuem a resposta do sistema imune. 5 Há uma diretriz específica (Portaria SAS/MS no 498, de 23 de abril de 2010) para o tratamento da uveíte posterior não-infecciosa no Sistema Único de Saúde. Os medicamentos fornecidos por meio dessa diretriz são a prednisona, a azatioprina e a ciclosporina. 2.3.4- Custo da medicação requisitada O custo do tratamento com o Humira® na dose requisitada por um período de 12 meses é de cerca de R$ R$ 29.211,12. Está disponível no SUS para o tratamento da artrite reumatóide. 3-RESULTADOS DA REVISÃO DE LITERATURA 10,11, Não há nenhum estudo de boa qualidade metodológicac avaliando o uso do adalimumabe no tratamento da uveíte posterior não infecciosa. Também não há estudos que comparam essa medicação com outras usadas no tratamento da uveíte posterior. Em pesquisa em base de dados da literatura médica (via medline), foi encontrado um estudo que avaliou o adalimumabe em 131 pacientes portadores de uveíte, que não melhoraram após o uso de prednisona e de pelo menos um imunossupressor. Apenas 3,8% das pessoas incluídas nesse estudo tinham uveíte posterior. Houve diminuição da inflamação ocular e foi possível diminuir a dose de prednisona nesses pacientes. A acuidade visual melhorou em 32 olhos (21.3%) e piorou em cinco olhos (3.3%) de 150 olhos avaliados. Em um período de acompanhamento de seis meses, nove pacientes (6.9%) tiveram recidiva da doença. 4- CONCLUSÃO Não há embasamento suficiente na literatura médica para indicar o uso do adalimumabe no tratamento da uveíte posterior não infeciosa refratária ao uso de prednisona, azatioprina e ciclosporina. c Ensaio clínico randomizado controlado; revisão sistemática 6 Como o paciente em questão já usou todas as medicações disponíveis no SUS sem melhora e, inclusive, vem evoluindo com efeitos adversos atribuíveis a algumas delas (ciclosporina), há que se buscar uma alternativa terapêutica, já que tem uma doença grave com possível sequela de perda visual total. Infliximabe, que também é um inibidor de anti-TNF, como o adalimumabe, é mais bem estudado nos casos de uveíte posterior refratária as medicações usuais. 5. REFERÊNCIAS 1. Wakefield D, Chang JH. Epidemiology of uveitis. Int Ophthalmol Clin. 2005; 45(2):1-13. 2. Kim EC, Foster CS. Immunomodulatory therapy for the treatment of ocular inflammatory disease: evidence based medicine recommendations for use. Int Ophthalmol Clin. 2006; 46(2):141-64. 3- http://www.uveitis.net/patient/posterior.php 4- Hamuryudan V, Ozyazgan Y, Hizli N et al. Azathioprine in Becet´s syndrome: effects on long-term prognosis. Arthritis Rheuma 1997; 40:769 5- Yamada Y, Sugita S, Tanaka H, Kamoi K, Kawaguchi T, Mochizuki M.Comparison of infliximab versus ciclosporin during the initial 6-month treatment period in Behçet disease. Br J Ophthalmol. 2010 Mar;94(3):284-8. 6- Ilknur Tugal-Tutkun, Abdulbaki Mudun, Meri Urgancioglu, Sevil Kamali, Esen Kasapoglu, Murat Inanc, and Ahmet Gu. Efficacy of Infliximab in the Treatment of Uveitis That Is Resistant to Treatment with the Combination of Azathioprine,Cyclosporine, and Corticosteroids in Behcet’s Disease An Open-Label Trial ARTHRITIS & RHEUMATISM Vol. 52, No. 8, August 2005, pp 2478–2484 7- L. Niccoli, C. Nannini, M. Benucci2, D. Chindamo, E. Cassara`, C. Salvarani3, L. Cimino4, G. Gini, I. Lenzetti1 and F. Cantini. Long-term efficacy of infliximab in refractory posterior uveitis of Behcet’s disease: a 24-month follow-up study Rheumatology 2007; 46; 1161–1164 7 8-www.anvisa.gov.br 9- http://formsus.datasus.gov.br/imgarq/8793/1101992_109700.pdf 10-http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed 11- Díaz-Llopis M, Salom D, Garcia-de-Vicuña C, Cordero-Coma M, Ortega G, Ortego N et al. Treatment of refractory uveitis with adalimumab: a prospective multicenter study of 131 patients.Ophthalmology. 2012 Aug; 119(8):1575-81. doi: 10.1016/j.ophtha.2012.02.018. 8