UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA E ESTATÍSTICA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO INTEROPERABILIDADE DE SISTEMAS HOSPITALARES UTILIZANDO PADRÕES HL7 E DATASUS KARINE PETRY PAULA MARIEN ALBRECHT LOPES DR. RER. NAT.ALDO VON WANGENHEIM FLORIANÓPOLIS, MAIO DE 2005. II RESUMO A explosão da informática trouxe como conseqüências a necessidade da interoperabilidade entre os sistemas já existentes. Assim, diversos padrões foram propostos com o intuito de promover esta tão esperada comunicação. O HL7 é um padrão internacional destinado à área de saúde que permite a interoperabilidade de sistemas através do envio de mensagens. No Brasil a especificação do padrão de comunicação entre os sistemas clínicos e hospitalares utilizados no país, ficou sob a responsabilidade do Datasus com a Padronização dos Registros Clínicos(PRC). Palavras-chave: interoperabilidade, HL7, Datasus,saúde, mensagens III Listas de Abreviaturas ANSI – American National Standards Institute DATASUS – Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde DICOM – Digital Imaging and Communications in Medicine HIPAA – Health Insurance Portability and Accountability Act HIS – Hospital Information System HL7 – Health Level Seven IEEE 1073 – Standard for Medical Device Communications ISO – International Standards Organization LOINC – Logical Observation Identifiers Names and Codes NCDCP – National Council for Prescription Drug Programs OSI – Open System Interconnection PACS – Picture Archive and Communications System PEP – Prontuário Eletrônico do Paciente PRC – Padronização de Registros Clínicos SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde UML– Unified Modeling Language XML – Extensible Markup Language IV Listas de Figuras Figura 1 – Macrorregiões ......................................................................................................... 16 Figura 2 – Modelo ISO / OSI ................................................................................................... 22 Figura 3 – O evento "admissão de paciente" origina o envio automático de informação ........ 27 Figura 4 – Constituição de uma mensagem de identificação de paciente(A01) ....................... 29 Figura 5 – Mensagem HL7 para admissão de paciente ............................................................ 29 Figura 6 – Alguns tipos de mensagens ..................................................................................... 30 Figura 7 – Admissão de Paciente – Mensagem ADT-A01 ...................................................... 31 Figura 8 – Exemplos de eventos da mensagem ADT ............................................................... 31 Figura 9 – Segmentos da mensagem de solicitação de informação de paciente ...................... 32 Figura 10 – Mensagem HL7 para solicitação de informação de paciente ................................ 32 Figura 11 – Segmento resposta Confirmação ........................................................................... 32 Figura 12 – Mensagem HL7 ACK ........................................................................................... 32 Figura 13 – Segmentos da resposta à solicitação de informação de paciente .......................... 33 Figura 14 – Mensagem HL7 resposta à solicitação de informação de paciente ....................... 33 Figura 15 – Principais segmentos do padrão HL7 .................................................................... 34 Figura 16 – Geração dos analisadores léxico e sintático .......................................................... 37 Figura 17 – Interface gráfica do servidor HL7 versão 1........................................................... 37 Figura 18 – Interface gráfica da aplicação Cadastro Paciente (ADT1) .................................... 38 Figura 19 – Interface gráfica da aplicação Laboratório(LABADT1) ....................................... 38 V Sumário 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 7 1 OBJETIVO .......................................................................................................................... 7 1.3.1 Objetivos Gerais ........................................................................................................ 7 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 7 1.4 MÉTODO ......................................................................................................................... 8 2 INÍCIO DA INFORMATIZAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE.................................................. 9 2.1 VANTAGENS DA INFORMATIZAÇÃO NA AREA DA SAUDE .............................. 9 2.2 INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE NO MUNDO ........................................................ 10 2.3 INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE NO BRASIL ......................................................... 11 2.4 INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE EM SANTA CATARINA .................................... 14 2.5 INTEROPERABILIDADE DE SISTEMAS HOSPITALARES ................................... 17 2.5.1 Padronização ............................................................................................................ 18 2.6 SISTEMAS INTEGRADOS .......................................................................................... 19 2.6.1 SISREG ................................................................................................................... 19 3 TECNOLOGIAS ................................................................................................................... 20 3.1 HL7 ................................................................................................................................. 20 3.1.1 Princípios Básicos do Padrão HL7 .......................................................................... 22 3.1.2 Versões Publicadas .................................................................................................. 24 3.1.3 Potencialidades do HL7 ........................................................................................... 26 3.1.4 Utilizações das versões 2.x ...................................................................................... 26 3.1.5 Especificação da Versão 2.3 .................................................................................... 27 3.2. DATASUS ..................................................................................................................... 35 3.2.1 DATASUS: Protocolo de comunicação .................................................................. 36 3.3 C++ ................................................................................................................................. 36 3.4 GALS .............................................................................................................................. 36 4 SISTEMA .............................................................................................................................. 37 4.1 MODELAGEM .............................................................................................................. 37 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 39 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 40 6 1 INTRODUÇÃO O surgimento da informática pode ser visto como um passo fundamental para se atingir a era da sabedoria. Primeiro tornou-se possível armazenar grandes massas de dados, em seguida, permitiu-se analisar informações para gerar conhecimento e, agora estamos em busca da sabedoria usando como fonte o conhecimento adquirido das nossas informações. Já que é praticável armazenar informações, é conseqüentemente vital compartilhá-las com outros sistemas, dessa forma, diversos protocolos foram desenvolvidos para proporcionar a comunicação entre os mais variados tipos de sistemas, incluindo dispositivos, sistemas operacionais, aplicativos e bases de dados. Como os investimentos no setor tecnológico partem geralmente do meio empresarial, a grande maioria destes mecanismos foi projetada para a área de negócios. Porém, tornou-se evidente que o ambiente de saúde também merece uma atenção especial, assim com esta finalidade, foram projetados padrões como o HL7, a nível internacional, e a padronização de Registros Clínicos(PRC) a nível nacional. O HL7 tem o objetivo de definir normas para a transmissão de dados como, por exemplo, dados sobre registros de pacientes, admissão, transferências de pacientes, seguros, taxas e contas a pagar, pedidos e testes de laboratório, exames de imagem, observações médicas e de enfermagem, prescrições de dieta, pedidos à farmácia, pedidos de suprimentos e arquivos; enfim, o padrão HL7 tem a capacidade de comunicar sistemas considerados heterogêneos como o sistema administrativo de um hospital, o sistema financeiro e o sistema de informações clínicas do paciente. O HL7 não restringe o sistema operacional, nem a linguagem de programação a ser utilizada para a troca de informação. Além disso, o HL7 é independente de meio físico e de protocolo de comunicação. O padrão HL7 permite que o implementador defina suas próprias mensagens, o que mais uma vez, torna-o flexível. A padronização de Registros Clínicos (PRC) do Datasus define um conjunto mínimo de dados que as informações médicas devem ter, estruturada de forma semelhante ao HL7, podendo-se assim afirmar que o padrão de comunicação estabelecida pela PRC representa um subconjunto do padrão HL7. É a possibilidade de interoperabilidade entre os diversos sistemas de área de saúde que será abordada como objeto de estudo. 7 1.2 JUSTIFICATIVA Em virtude da disparidade existente entre os sistemas projetados para o mundo dos negócios e aqueles que englobam a área da saúde, tornou-se necessário à elaboração de mecanismos que facilitem as transações num meio constituído por diversas peculiaridades como é o serviço de saúde em qualquer lugar do globo. Com o propósito de evitar que dados replicados sejam armazenados nos bancos de dados, e conseqüentemente evitar o desperdício de tempo cadastrando novamente um paciente em outro sistema pertencente ao mesmo sistema de saúde, torna-se justificável realizar um estudo sobre uma tecnologia capaz de proporcionar o estabelecimento de comunicação entre estes sistemas e constatar a importância da sua finalidade. Portanto, com a finalidade de utilizar um padrão de transmissão de informações em Sistemas de Informação Hospitalares - os denominados HIS, será implementado o padrão HL7 em um ambiente real - o HU (Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina) e utilizado a padronização de Registros Clínicos(PRC) para a integração dos sistemas da área da saúde no estado de Santa Catarina. 1 OBJETIVO 1.3.1 Objetivos Gerais Permitir a interoperabilidade dos sistemas hospitalares existentes no Hospital Universitário, através da implementação de uma interface composta pelos padrões HL7 e DATASUS. 1.3.2 Objetivos Específicos Hoje em dia, o sistema hospitalar do HU é constituído de sistemas que não trocam informações, ou seja, o sistema de imagens radiológicas é capaz de adquirir informações do sistema de informações clínicas de um paciente somente através de redundância de dados. 8 Um outro problema constatado freqüentemente nos serviços de saúde é a necessidade do paciente ter que manter consigo todos os exames efetuados em outro estabelecimento de saúde (incluindo hospitais, clinicas, laboratórios médicos e assim por diante), pois não é possível adquirir esses dados de um sistema de saúde para outro, o que resulta em repetição de exames e conseqüentemente em desperdício de tempo e aumento de custos. Com a finalidade de permitir a comunicação entre os sistemas hospitalares utilizados no HU e no estado de Santa Catarina, será desenvolvida uma interface que proporcione a tão esperada interoperabilidade entre sistemas utilizando o padrão HL7. 1.4 MÉTODO Para proporcionar a interoperabilidade no ambiente hospitalar, será desenvolvido inicialmente um sistema para conectar o sistema de radiologia do HU que utiliza o padrão DICOM. Para isto, será necessário compreender o funcionamento do sistema para então possibilitar a troca de informações dentro do mesmo sistema (arquitetura cliente-servidor) utilizando o padrão HL7. Pode-se observar que os requisitos do sistema partem da necessidade de trocar dados demográficos de pacientes, e também permitir anexar observações sobre o paciente em questão. Este protótipo será implementado utilizando a linguagem Pascal com a ferramenta Delphi devido à facilidade de uso. À medida que existir maior familiaridade com o padrão HL7, será iniciada uma nova fase de desenvolvimento, cujo objetivo é a construção de uma interface para a comunicação entre o HIS do Hospital Universitário. Nesta fase, será elaborado um modelo conceitual especifico para este sistema, analisando todos os requisitos necessários. Para assim, iniciar o desenvolvimento de uma interface multiplataforma, utilizando a linguagem C++, base de dados PostgreSQL. Sendo o padrão HL7 constituído por segmentos que representam os dados demográficos de pacientes, estes segmentos serão utilizados de forma a representar o padrão estabelecido no Brasil através do DATASUS. Portanto, é imprescindível conhecer a estrutura adotada pelo DATASUS. 9 2 INÍCIO DA INFORMATIZAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE A informática na área da saúde é algo relativamente novo. Seu desenvolvimento teve início na década de sessenta, onde as primeiras atuações compreenderam análises estatísticas, epidemiológica, sistemas de informatização hospitalar e prontuários eletrônicos (COSTAR – computer stored ambulatory record). Na década seguinte, o uso de recursos informatizados passou a ser utilizado também em sistemas administrativos hospitalares. Com o aparecimento e desenvolvimento de microcomputadores, tornou-se viável a informatização em sistemas de controle de farmácias e laboratórios hospitalares. A década de noventa foi marcada por uma explosão na utilização de informática em gerenciamento e administração na área da saúde vindo a atender as crescentes necessidades dessas áreas que se encontram em expansão desde aquele momento. 2.1 VANTAGENS DA INFORMATIZAÇÃO NA AREA DA SAUDE A informatização na área da saúde tem por objetivo atender às necessidades operacionais dos diversos setores ou serviços existentes, bem como proporcionar uma integração e uma interação entre os mesmos. Assim, dentro de um sistema operacional que rege um hospital, por exemplo, teremos subsistemas como módulos do laboratório central, da admissão, da radiologia, do centro cirúrgico entre outros, o que possibilita: total acesso às informações produzidas em cada setor do hospital, maior facilidade e agilidade em pedidos de exames, localização rápida e fácil do histórico clínico do paciente, possibilitando a recuperação de diagnósticos pregressos, internações, consultas ambulatoriais, exames antigos ou cirurgias realizadas. Ainda tratando-se do exemplo da informatização hospitalar, do ponto de vista administrativo, pode-se através de um sistema de informação em saúde, obter-se um controle total sobre os leitos hospitalares, evitando a subutilização e possibilitando uma noção mais precisa das necessidades de cada enfermaria em um dado momento (remédios, refeições, aparelhos e instrumentos, etc.). O módulo na emergência irá cadastrar todos os atendimentos ocorridos nos setores de emergência ou pronto atendimento. Assim, evita-se o alto índice de perda de documentos que ocorre nas emergências e maior agilidade durante atendimento. O 10 módulo do laboratório ainda pode permitir armazenamento de resultado de exames, coleta, requisições, permitindo assim a possibilidade do hospital ser ou não independente ou localizado fisicamente dentro do hospital. Estes são apenas algumas das facilidades propiciadas pela informatização na área da saúde, que ainda traz como conseqüência o exercício da telemedicina junto com o avanço da telecomunicação, permitindo assim transferência de dados eletrônicos (como exemplo, imagens de alta resolução, som, imagens ao vivo e informações do paciente) de um local a outro. Esse processo se faz através de sistema de telecomunicações incluindo linhas telefônicas comuns, ISDN, ATM, Internet, Intranet e satélites. Através da telemedicina, alguns elementos da prática médica podem ser acoplados ao sistema informatizado mesmo estando o paciente geograficamente distante de seu centro de cuidados médicos (pessoas que moram em locais rurais e distantes dos grandes centros populacionais, nos quais concentram-se grande parte dos médicos especialistas). 2.2 INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE NO MUNDO Nos últimos anos, houve uma maior preocupação com a informatização na área de saúde em todo o mundo.Como já se esperava, os investimentos em sistemas de saúde nos países desenvolvidos, é considerável. Podemos citar como um dos principais interessados, os Estados Unidos, que buscam por novas tecnologias e investem na interoperabilidade de sistemas. Nos Estados Unidos à discussão sobre padrões de informação em saúde está em evidência. Existe uma busca para a constituição de uma infra-estrutura de informação em saúde, que permita a troca de informações e a avaliação de riscos à saúde. Com esse objetivo, o governo norte-americano adotou recentemente cinco padrões para uso na integração entre agências federais: HL7, NCDCP, IEEE 1073, DICOM e LOINC. Esses padrões são elaborados com o objetivo de promover a interoperabilidade de sistemas, mas ainda não está se verificando a interoperabilidade de componentes de diferentes fornecedores. Nos últimos dez anos uma nova tendência surgiu nos Estados Unidos - a integração entre serviços e instituições de saúde. Este movimentou iniciou com a consolidação do setor de saúde privado americano ao redor de conglomerados (Integrated Healthcare Delivery Systems). Os conglomerados se formam pela junção de instituições que tinham histórias, 11 sistemas e tradições diferentes e cujos sistemas, a partir do momento da fusão, devem ser integrados. Assim, necessitou-se o desenvolvimento de uma nova tecnologia que é o cadastro central de pacientes, ou MPI (master patient index ou cadastro integrado de pacientes). O MPI permite ligar múltiplos domínios cadastrais com informações sobre pessoas e pacientes. Assim, é possível reunir todos os dados de saúde de um indivíduo ao longo do processo de assistência à saúde. Este tipo de integração permite melhor faturamento e melhores análises do uso dos serviços e dos resultados. (Neto,2004). Já quando se trata da informatização em países em desenvolvimento, é possível identificar um grave atraso da informatização na área da saúde, principalmente a nível de armazenamento e compartilhamento de informações médicas. Os motivos de tal atraso podem ser citados como: Forma de trabalho do profissional de saúde: profissionais da área da saúde pouco habituados com o uso de computadores nas tarefas diárias e contrárias às regras que se fazem necessárias para que a implantação de sistemas de informática seja bem implementada. Estrutura organizacional dos sistemas de saúde: desatualização e despreparo para as mudanças sociais que o avanço tecnológico vem trazendo à sociedade. Custos elevados: como o investimento inicial de um processo de informatização é relativamente alto, muitas vezes opta-se pela manutenção do sistema tradicional. 2.3 INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE NO BRASIL Para se manter adaptado às novas tecnologias, o Brasil, também passou a investir na informatização hospitalar e ambulatorial. Mediante esse interesse, verificou-se que existem algumas particularidades nos sistemas de saúde brasileiros devido ao contexto econômico, político, social, cultural, histórico, entre outros. Uma das características mais notáveis nos sistemas de saúde do Brasil refere-se ao enfoque, que é predominantemente administrativo, priorizando procedimentos de contabilidade, como a prestação de contas e o faturamento, em detrimento de todos os demais aspectos, ou seja, a informação clínica é deixada para segundo plano. Um outro ponto de destaque relevante é que os sistemas hospitalares e ambulatoriais brasileiros divergem consideravelmente nos setores públicos e privados, isto ocorre em 12 conseqüência da prioridade atribuída ao faturamento que possui regras diferentes em cada setor. No Brasil é muito comum a fragmentação dos sistemas de informação em saúde. Segundo, Neto (2004) “Organizações complexas de saúde quase sempre utilizam vários sistemas de informação em paralelo: um ou mais sistemas centrais para dar conta do atendimento principal; sistemas administrativos; sistemas departamentais; etc. Cada um destes sistemas possui uma parte da informação sobre os pacientes e sobre as atividades da instituição, gerando necessidade continuada de integração entre sistemas heterogêneos. A solução mais comum para este problema é a constituição de interfaces ad hoc entre os vários sistemas. É uma solução trabalhosa, mas deve continuar sendo muito popular no curto e médio prazo, principalmente considerando que muitos sistemas legados continuarão em uso por vários anos ainda. A adoção, progressiva no Brasil, de padrões de informação em saúde facilita e torna mais direto o desenvolvimento destas interfaces, reduzindo muito o seu custo”. Apesar da utilização da Internet ser consideravelmente difundida, a integração dos sistemas de informação em saúde brasileiros com a Web não atinge a mesma proporção. Já existem iniciativas para permitir acesso através da internet a algumas funcionalidades, tais como resultados de exames, agendas, cadastros, entre outras. Os sistemas brasileiros aos poucos começaram a oferecer recursos para facilitar a emissão de laudos. Atualmente, estão finalmente se voltando para o tratamento das imagens e alguns o estão fazendo seguindo padrões internacionais como PACS e DICOM. A essência dos sistemas de informação na área de saúde está no prontuário eletrônico do paciente, que deve reunir informações de todo o processo de atendimento. Apesar de existirem dificuldades técnicas, o prontuário eletrônico está ganhando aceitação de maneira acelerada, isto se deve também porque o preconceito e a dificuldade das novas gerações de médicos em lidar com a informática está desaparecendo. Estudos realizados nos EUA indicam que quando o sistema de prescrição é parte de um conjunto de sistemas clínicos seu uso é aceito mais rapidamente pelos médicos; e também consideram que a adoção de sistemas de prescrição eletrônica é uma estratégia para a diminuição de erros médicos e a melhoria da qualidade da assistência. Legalmente, no Brasil, o prontuário eletrônico ainda não pode substituir o papel. Além disso, há muitas questões tecnológicas envolvidas no projeto do prontuário eletrônico: a 13 representação dos conceitos clínicos por meio de vocabulários adequados, a modelagem conceitual dos dados clínicos, a tecnologia de armazenamento a ser utilizada, entre outras. Uma vez que a modelagem conceitual dos dados clínicos é pouco estruturada a tecnologia de bancos de dados relacional não é eficiente. A tecnologia XML está gradativamente assumindo um papel relevante e cumprindo a promessa de se tornar a principal ferramenta de suporte ao prontuário eletrônico e ao intercâmbio de informações entre sistemas. A versão 3.x do padrão HL7 é baseada em XML, podendo então facilitar a integração. Mas mesmo com o uso das tecnologias citadas acima, ainda persiste dois problemas em se tratando da identificação de pacientes: o problema de estabelecer corretamente a identidade da pessoa que se apresenta a um serviço de saúde, ou seja, um problema de identificação; e o problema de estabelecer referências cruzadas entre as informações relativas a uma mesma pessoa, porém armazenadas em diferentes sistemas ou bancos de dados; ou armazenadas em um mesmo sistema porém vinculadas a eventos ou momentos diferentes, ou seja, um problema de integração. O problema de identificação é muito importante sempre, mas é crucial para os prestadores de serviços privados de saúde e planos de saúde, que precisam estabelecer com precisão e antecipadamente se um determinado paciente, é ou não, elegível para receber algum tratamento. A solução mais simples e comum para o problema de identificação, embora de eficácia limitada, é estabelecer documentos de identificação, através de cartões. Novas técnicas e abordagens incluem o uso de biometria e reconhecimento de digitais. A HIPAA norte-americana prevê o uso de biometria como alternativa para identificação de pessoas e esse tipo de recurso já começa a ser usado também no Brasil. No Brasil, o Cartão Nacional de Saúde é a mais abrangente iniciativa de identificação de pacientes. Até meados de 2004, cerca de dois terços da população brasileira já estavam recadastrados. A integração do sistema Cartão Nacional de Saúde com os demais sistemas públicos de saúde ainda não foi concluída, mas o processo está avançando.(Neto, 2004) No que se refere ao uso de software no Brasil para o setor de saúde, pode-se destacar que a utilização de software livre é considerada pequena, mas crescente. Apesar do pioneirismo de outros países no desenvolvimento de sistemas de saúde, no Brasil a aquisição de sistemas provenientes do mercado externo não é significativa devido às particularidades das normas governamentais brasileiras não estarem implementadas nestes sistemas. 14 Quanto ao uso de hardware, podemos considerar que o computador de mão pode contribuir muito para a informatização na área de saúde se convertendo então, em médio prazo, na tão esperada clinical workstation, ou seja, na interface mais comum entre os médicos e os sistemas computadorizados de informação em saúde. Foi estabelecido em 2002, que a SBIS seria responsável pela certificação de software na área da saúde, para atender às normas técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico, da resolução 1639/2002 do Conselho Federal de Medicina. A SBIS também é responsável pela elaboração do Manual de Requisitos de Segurança, Conteúdo e Funcionalidades para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (RES), que consolida os requisitos para que Sistemas RES possam ser certificados pela SBIS e o Conselho Federal de Medicina (CFM). Outra importante iniciativa da SBIS é a adoção de um Código de Ética para os Profissionais de Informática em Saúde. O Código limita-se a questões éticas vinculadas à relação entre o especialista em Informática em Saúde e seus interlocutores (pacientes, profissionais da saúde, pessoal administrativo, instituições de saúde, operadoras de planos de saúde e agências governamentais, etc.) e não inclui qualquer referência aos procedimentos técnicos. Considerando o retorno proporcionado pela informatização com o surgimento de tecnologias concebidas especialmente para a área da saúde, cabe às instituições brasileiras, investirem seu capital a fim de manterem-se sintonizadas com as novidades e partir para a adoção de tecnologias que respeitem a usabilidade necessária no ambiente de saúde. 2.4 INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE EM SANTA CATARINA Santa Catarina, mesmo enfrentando diversos problemas na área da saúde, ainda é um dos poucos estados do país em que o Sistema Único de Saúde(SUS) funciona. No estado o SUS funciona razoavelmente no acesso aos exames de alta e média complexidade e no acesso de pessoas a consultas de especialidade, apesar de existirem gargalos e demanda reprimida na assistência médica. Um grande problema encontrado na área da saúde em SC segundo Dr. Luiz Henrique Saliba, é que ainda não se tem claro, tanto no Ministério da Saúde como no estado de Santa Catarina, um protocolo de acesso para determinados serviços. “Um médico, por exemplo, lá no interior do Estado, que não é especialista, que faz clínica médica, pede ressonância 15 magnética. Não que não possa pedir, mas ele deveria primeiro exaurir totalmente a condição clínica, pedir raio-x, ultra-sonografia, tomografia, para depois ir para a ressonância.” (Saliba06/2000). Ainda segundo Dr. Luiz Henrique, outro problema são as superespecializações, muitas vezes pelas inevitáveis filas, uma vez que o paciente terá direito a escolher seu especialista. “Não adianta dizer que tem o médico X, se ele quer o Y, então, ele vai ficar na fila.” Tanto a nível estadual quanto nacional, é possível identificar a seguinte realidade da assistência à saúde: Vagas hospitalares e ambulatoriais sendo preenchidas sem considerar o grau de prioridade e gravidade. Leito SUS sendo disponibilizados e reservados com base na influência pessoal ou política. Sobrecarga da população nos serviços de atendimento dos pronto-socorros em casos não urgentes. Serviço de marcação de consulta, exames e internações fazem apenas agendamento, sem estabelecer um processo de regulação. Para a solução do problema de sobrecarga, o governo de Santa Catarina vem investindo na “deshospitalização” com os programas “Saúde da Família” e “Hospital Dia”. Através do programa Saúde da Família os agentes comunitários tiram pacientes do hospital e possibilitam o tratamento na casa do paciente pelo programa Hospital Dia. O processo de regulação dos serviços de média e alta complexidade vem sendo seriamente estudado nos últimos dois anos no estado de SC, e busca a garantia do acesso a consultas, exames especializados e outros serviços necessários para a promoção, tratamento e reabilitação da saúde dos pacientes, resolvendo assim os problemas das filas onde não há priorização dos casos mais graves. Segundo Dr. Roberto não é possível fazer Sistema Único de Saúde sem regulação. Para a regulação do acesso dos pacientes aos serviços de saúde serão implantados oito Complexos Reguladores, um em cada macrorregião do estado. Os complexos Reguladores são compostos por estruturas denominadas Centrais de Regulação e tem como principal objetivo a atualização e avaliação de dados, além de verificar possíveis gargalos e demanda reprimida na área da saúde. 16 Fazem parte do Complexo Regulador: Central de Regulação de Urgência e Transferência de Pacientes Graves, Central de Regulação de Consultas, Exames e Serviços Ambulatoriais de Média e Alta Complexidade, Central de Regulação de Internação Hospitalar. A Figura 1 mostra as macrorregiões do estado que conterão os Complexos Reguladores. Figura 1 – Macrorregiões A Secretaria de Estado da Saúde implantará nas oito macrorregiões sistemas informatizados de marcação de consultas e exames com garantia de acesso para quem precisa. O diagnóstico e os resultados de exames por imagem à distância também serão viabilizados com a instalação de uma rede de telemedicina com alta tecnologia. Telemedicina é a transferência de dados eletrônicos (como exemplo, imagens de alta resolução, som, imagens ao vivo e informações do paciente) de um local a outro. Esse processo se faz através de sistema de telecomunicações incluindo: linhas telefônicas comuns, ISDN, ATM, Internet, Intranet e satélites. Através da integração dos Complexos Reguladores com a implementação da telemedicina, espera-se: 17 Reduzir o tempo e custos de transporte de pacientes; Maior efetividade no diagnóstico e tratamento; Eficiência na continuidade e qualidade do atendimento; Priorização de casos segundo protocolos; Democratização do acesso aos serviços. 2.5 INTEROPERABILIDADE DE SISTEMAS HOSPITALARES De acordo com a ISO, a interoperabilidade é a habilidade de dois ou mais sistemas (computadores, meios de comunicação, redes, software e outros componentes de tecnologia da informação) de interagir e de intercambiar dados de acordo com um método definido, de forma a obter os resultados esperados. Interoperabilidade não é somente a integração entre sistemas e nem somente a integração de redes. Não referencia unicamente troca de dados entre sistemas e não contempla simplesmente definição de tecnologia. Na verdade, é uma soma de todos esses fatores, considerando, também, a existência de um legado de sistemas, de plataformas de hardware e software instaladas. A interoperabilidade tem por meta a consideração de todos os fatores para que os sistemas possam atuar cooperativamente, fixando as normas, as políticas e os padrões necessários para consecução desses objetivos. Com a evolução da tecnologia e a crescente informatização em ambientes clínicos e hospitalares no inicio dos anos noventa, começou-se a pensar na distribuição das informações armazenadas nestes sistemas. Desta forma, a interoperabilidade entre os sistemas hospitalares passou a ser o principal foco de estudo para a disseminação das informações médicas. Porém quando se pensa em interoperabilidade, na qual sistemas "conversam" com outros sistemas e com equipamentos biomédicos, não se pode deixar de pensar em padrões. Para essa interoperabilidade entre os sistemas é necessário que os dados sejam estruturados e não ambíguos. Além disso, é fundamental ter dados com uma semântica que possa ser compreendida pelos outros sistemas (Van Ginneken e Moorman, 1997). 18 2.5.1 Padronização A necessidade de padronização da informação em saúde deve-se a vários fatores (Van Bemmel, 1997; Murphy, Hanken e Waters, 1999): Diversidade de fontes e termos (existem mais de 150.000 conceitos médicos); Sistemas estão em diferentes plataformas de software e hardware, necessitando de uma linguagem comum (padrão) para que esses possam intercambiar informações; Para facilitar a busca e a comunicação de informações; Devido a pontos importantes para a área da saúde como estatística, epidemiologia, prestação de contas (faturamento), indexação de documentos e pesquisa clínica. Viabilizar o uso de sistemas de apoio à decisão e sistemas de alerta, bem como são indispensáveis para a interoperabilidade entre os sistemas. Segundo Blair (2001),os padrões para a área de saúde são classificados em : Identificação: para pacientes (Social Security Number - nos Estados Unidos, Cartão Nacional de Saúde, etc.), médicos (Número no Conselho Regional de Medicina), etc. Comunicação: padrão para mensagens entre sistemas (HL7, X12, EDIFACT, XML, etc.) Conteúdo e Estrutura: padronização do Registro Clínico do DATASUS, ABRAMGE, etc. Representação de dados clínicos (Códigos): CID, SNOMED, LOINC, AMB, etc. Confidencialidade, Segurança e Autenticação. Indicadores de Qualidade, Conjunto de Dados e Diretrizes. Além desses existem padrões para imagens, como o DICOM e padrões para objetos, como o CorbaMed. No Brasil, a nível de padronização, é possível identificar o Datasus como responsável pela padronização das informações médicas do país. De acordo com Cládio G. A. Costa, um 19 exemplo de padronização brasileira é o comitê de Padronização de Registros Clínicos (PRC) que aprovou, através de um processo aberto, um conjunto mínimo de dados que um PEP deve ter, além de elaborar a Document Type Definition (DTD) correspondente à estrutura de dados proposta pelo PRC para troca de dados via XML (DATASUS,2001). O Ministério da Saúde, através do Cartão Nacional de Saúde, que visa identificar De forma única o cidadão brasileiro no Sistema Nacional de Saúde, lançou recentemente um conjunto de DTDs, com a padronização para troca de informações com os sistemas do Cartão Nacional de Saúde (DATASUS, 2001). Ainda no Brasil, outro exemplo de padronização é o chamado Padrão ABRAMGE, utilizado para a troca de faturamento entre prestadores de serviços médicos e as operadoras de planos de saúde. 2.6 SISTEMAS INTEGRADOS 2.6.1 SISREG O Sisreg é um sistema de informações on-line, disponibilizado pelo DATASUS, para o gerenciamento e operação das Centrais de Regulação, que funciona através de navegadores instalados em computadores conectados à Internet. O desenvolvimento, implementação e implantação do Sisreg são resultado da parceria entre o DATASUS e o Departamento de Informática em Saúde da Universidade Federal de São Paulo. Sisreg é composto por dois módulos independentes, a Central de Marcação de Consultas (CMC) e a Central de Internação Hospitalar (CIH). CMC: destina-se ao gerenciamento das ações de saúde no encaminhamento dos pacientes que necessitam de consultas com especialistas ou de exames especializados. Para garantir aos pacientes a melhor alternativa terapêutica, mesmo em situações de demanda reprimida ou de escassez de recursos do município, a CMC introduz a figura do médico regulador. O regulador avalia a necessidade do caso pelo laudo médico, consulta limites físicos e financeiros de unidades de saúde mais próximas e autoriza a execução dos procedimentos necessários, baseados nas evidências clínicas e na Programação Pactuada Integrada (PPI), se o caso envolver referências intermunicipais. 20 CIH: permite o gerenciamento das ações de saúde nas internações - tanto eletivas como de urgência. Pela CIH são possíveis a visualização do mapa de leitos das unidades executantes, a emissão e o controle de AIHs, o registro das altas hospitalares e a intervenção do médico regulador nas internações de urgência. Para o gestor, a CIH fornece uma visão geral da rede assistencial da sua região, que considera a PPI e os limites físicos e financeiros dos estabelecimentos de saúde, o que lhe permite distribuir melhor os recursos, de acordo com as demandas da população. O Sisreg pode ser operado por diferentes usuários e foi concebido para ser usado por: Gestores das secretarias estaduais e/ou municipais de saúde; Médicos reguladores e autorizadores; Técnicos/administradores de tecnologia/informática; Administradores de unidades prestadoras; Pessoal de atendimento e videofonistas 3 TECNOLOGIAS Primeiramente será necessário conhecer como os padrões HL7 e DATASUS foram especificados, para que então possa ser selecionada a tecnologia que efetivamente possa ser utilizada para o desenvolvimento de uma interface para proporcionar interoperabilidade entre sistemas. 3.1 HL7 Em 1987, foi fundada uma organização sem fins lucrativos denominada Health Level Seven, com a responsabilidade de produzir normas para a área de saúde, relacionados com a informação clínica e administrativa. A sede da instituição está localizada nos Estados Unidos, mas conta com delegações de vinte e sete países como Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia, Croácia, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Lituânia, México, Nova Zelândia, Polônia, Reino Unido, República Tcheca, Suíça, Taiwan e Turquia. Teve seu reconhecimento internacionalmente, pela ANSI em 1994. 21 O estabelecimento das normas é realizado pelos seus membros, que incluem organizações governamentais, vendedores, consultores e engenheiros de sistemas. A organização atualmente é constituída por mais de 2000 membros, representando aproximadamente 500 organizações, sendo que 90% dos principais fabricantes/fornecedores de sistemas de informação clínica dos Estados Unidos estão incluídos. Estes se encontram divididos em Grupos de Trabalho, que por sua vez são organizados em comitês técnicos e grupos de interesses especiais. Os comitês técnicos são diretamente responsáveis pela especificação das normas, enquanto os grupos de interesses especiais investigam novas áreas que possam ser incluídas nas especificações do HL7. O HL7 tem por missão: “Promover o desenvolvimento de normas relacionadas com a troca, integração, partilha e recuperação de informação eletrônica na saúde, assim como no apoio à prática médica e administrativa e avaliação dos serviços de saúde. Em concreto, a sua missão orienta-se para o desenvolvimento de uma linguagem flexível, de baixo custo, possível de parametrizar, seguindo uma metodologia que permita a interoperabilidade entre os mais diversos sistemas de informação na área de saúde”. A origem do termo Level Seven está associada à camada de mais alto nível do modelo de comunicação da ISO/OSI, ou seja, a camada de aplicação. A camada de aplicação relaciona-se com a implementação de sistemas abertos, portanto, não é necessária nenhuma restrição quanto à comunicação, tipo de rede ou meio físico, resultando apenas como função a definição da estrutura da informação para trocar, a seqüência e instantes para o fazer e as correspondentes mensagens de confirmação ou erro. Dessa forma, estabeleceu-se que o padrão HL7 tem a finalidade de definir o conteúdo e formato das mensagens que poderão ser trocadas na camada de aplicação. A Figura 2 mostra as sete camadas do modelo ISO/OSI. 22 Figura 2 – Modelo ISO / OSI 3.1.1 Princípios Básicos do Padrão HL7 3.1.1.1 Visão Geral do HL7 A unidade básica de informação, a ser trocada entre os vários intervenientes, é designada no padrão HL7 por mensagem. O padrão especifica além das características principais da troca de mensagens entre sistemas distintos, os vários tipos de mensagem e respectiva constituição. Genericamente uma mensagem é constituída por segmentos, que por sua vez são constituídos por campos, sendo estes últimos organizados em componentes. Tipos de Mensagens e Formato O padrão especifica quais as mensagens a serem trocadas entre os diversos setores do hospital. Dentre os vários tipos de mensagens definidos pelo HL7 podem ser citadas: gestão de pacientes ao nível de admissão, transferências e saídas, pedidos, resultados e observações clínicas, contabilidade. O padrão HL7 define o formato das mensagens, ou seja, descreve como os dados devem ser representados, o seu tipo e quais os caracteres usados para delimitar os vários segmentos numa mensagem. Eventos O padrão HL7 especifica as circunstâncias em que as mensagens devem ocorrer, regras como conseqüência de eventos (trigger event). Por exemplo, se for definido que os dados pessoais de um paciente devem ser disponibilizados, então quando houver uma admissão de paciente, automaticamente deve ser desencadeada uma mensagem que transmita a informação a todos os interessados (consulta não solicitada – unsolicited message). Confirmação/Erro O padrão HL7 também define os procedimentos que devem ser realizados na ocorrência de certos erros entre as aplicações. Por exemplo, caso uma aplicação não receba os dados que esperava, esta pode comunicar o fato para a aplicação emissora através de uma 23 mensagem de erro. Por outro lado, se a transmissão dos dados foi efetuada corretamente, então uma mensagem de confirmação (ACK-acknowledge) pode igualmente ser enviada. Garantindo, portanto confiabilidade na troca de mensagens. 3.1.1.2 Arquitetura Física do Sistema Quanto a arquitetura física do sistema definida pelo padrão HL7 tem-se: O sistema computacional pode estar organizado de uma forma central ou distribuído; A totalidade das especificações definidas na norma HL7 não necessita obrigatoriamente ser implementada. A troca de informação pode ser efetuada com base em diversos sistemas operacionais ou linguagens de programação. O padrão HL7 é independente do meio físico e protocolo de comunicação, podendo, por exemplo, ser usado o protocolo TCP/IP. 3.1.1.3 Interoperabilidade Como um dos objetivos principais do padrão é ser o mais abrangente possível, o HL7 não assume qualquer arquitetura particular para o sistema de comunicação, pelo contrário, pretende servir de suporte à comunicação entre diversas aplicações distintas permitindo seu uso inclusive em sistemas heterogêneos. Devido, a complexidade de informações existentes num sistema hospitalar e a inexistência de um vocabulário comum, levou-se a adoção de uma abordagem onde é atribuída liberdade ao utilizador de implementar as suas próprias mensagens. Porém, esta abertura, apresenta resultados indesejáveis, por exemplo, muitas vezes é necessário que uma grande quantidade de analistas para priorizar a construção e implementação do padrão, ou seja, campos e/ou segmentos opcionais, ambíguos e talvez até mesmo inconsistentes, requerem o estabelecimento de uma interpretação única e objetiva por parte dos projetistas dos sistemas participantes. Em outras palavras, devido à flexibilidade do padrão HL7, embora a estrutura sintática das mensagens esteja claramente definida, a semântica é demasiadamente livre para acomodar qualquer possibilidade essencial na formação do modelo. 24 Já que é responsabilidade da aplicação proceder à adaptação das suas estruturas de dados às normas definidas pelas mensagens HL7, a implementação desta última não é, um procedimento trivial. Isto porque é necessário considerar um esforço inicial de desenvolvimento e a sua implementação é uma tarefa trabalhosa. Sendo assim, o problema foi reconhecido, tanto pela instituição HL7 como por aqueles que desenvolvem ferramentas computacionais. Com a finalidade de facilitar esta tarefa inicial, têm surgido diversas aplicações comerciais capazes de automatizar o processo de implementação prática do padrão. A correta implementação do padrão HL7 permite: Interoperabilidade - Fornece formatos e protocolos para a troca de informação entre diversos sistemas computacionais na área da saúde, permitindo desta forma integrar equipamentos distintos; Flexibilidade - Pode ser implementada computacionalmente utilizando uma grande variedade de softwares; Tornar possível a unificação de interfaces distintas, uma vez normalizados os vários formatos existentes; Minimizar o número e o tempo necessários à implementação de interfaces; Melhorar os meios de suporte à decisão pela capacidade de integrar informação clínica entre os vários setores do hospital. 3.1.2 Versões Publicadas 3.1.2.1 HL7 Versão 1 A primeira versão, 1.0, foi apresentada em 8 de outubro de 1987 e definia o âmbito e o formato das mensagens. Apesar de várias funcionalidades terem sido sugeridas muitas delas não foram, contudo implementadas, por exemplo, as relativas aos dados contabilísticos do paciente. 3.1.2.2 HL7 Versões 2.x A versão 2.0 surgiu em setembro de 1988 e depois desta uma série de atualizações foram realizadas. A versão 2.1, surgida em junho de 1990, constituiu a primeira versão a ser reconhecida e efetivamente adotada (nos Estados Unidos). Em junho de 1994 a HL7 torna-se membro certificado pela ANSI e em dezembro desse mesmo ano surge à versão 2.2, e a sua aplicação começa na prática a ser amplamente implementada. Em março de 1997, são 25 proporcionadas funcionalidades (já bem estabelecidas) para a troca de informação relativa à gestão do paciente (admissão, transferências e saídas), contabilidade, observações clínicas, gestão da informação médica, entre outras. Apesar de em 1998 ter sido introduzida a versão 2.3.1 e em 2000 a versão 2.4 a versão 2.3 continua talvez a ser a mais utilizada na prática, sendo atualmente apenas válidas as versões 2.3 ou superiores. De fato, referem-se como aspectos negativos das versões 2.x os seguintes: Processo de integração é complexo e moroso; Algumas especificações permitem interpretações distintas; Demasiadas opções; Falta de suporte a novas tecnologias, tais como: o Web o Orientadas a objetos o XML - Extensible Mark-up language o Segurança. 3.1.2.3 HL7 Versão 3 Desde 1996 a organização HL7 está trabalhando no desenvolvimento da versão 3, fato motivado principalmente pelas limitações das versões 2.x. Assim, a versão 3 é radicalmente distinta da versão 2 em vários aspectos. A versão 3 recebeu certificação da ANSI no dia 05 maio de 2005. Em primeiro lugar, o padrão terá por base um modelo orientado a objetos RIM (Reference Information Model) que proporciona uma visão coerente dos dados a serem trocados assim como das relações entre os diferentes tipos de dados. Assegurando assim, que as mensagens sejam consistentes e que na prática sejam verdadeiramente utilizáveis pelas aplicações comunicantes. Esta abordagem produz um número maior de eventos e de formatos de mensagens, mas permite a obtenção de mensagens mais precisas, isto é, com muito poucas opcionalidades. Em segundo lugar, as mensagens serão desenvolvidas seguindo a metodologia MDF (Message Development Framework). Este processo envolve o desenvolvimento de diversos modelos, incluindo o RIM já referido e o PRA (Patient Record Architecture). O objetivo principal dessa abordagem será produzir objetos consistentes e a sua representação através de mensagens. A versão 3 também permite a extensão para diferentes formatos de troca de informação. A versão 2.x permite apenas um formato baseado em caracteres ASCII. A versão 26 3 suporta XML, ActiveX e Corba. Para proporcionar a interoperabilidade, a versão 3 tira proveito das funcionalidades do XML, desenvolvendo uma arquitetura baseada em XML, a CDA (Clinical Document Architecture), que proporciona um modelo de trocas com diversos níveis de complexidade e que permite a criação de documentos XML que incorporam mensagens HL7. 3.1.3 Potencialidades do HL7 A adoção do padrão HL7 é considerada importante para o ambiente hospitalar pelos seguintes motivos: Aceitação: a norma encontra-se em uso por um número significativo de países, Estados Unidos, Japão, Canadá, Inglaterra, França, só para citar alguns. No caso dos Estados Unidos 90% das instituições hospitalares usam-na, o que só por si é um fato que justifica a sua utilização. Versatilidade: permite satisfazer necessidades tanto no nível de instituições (entre hospitais) quanto no nível dos setores de um hospital (farmácia, laboratórios, enfermarias). Sistema aberto: tem por base standards não proprietários, que resultam da cooperação entre diversas entidades, por exemplo, utilizadores, fornecedores, engenheiros de sistemas. Reconhecimento: por ser formada a partir da cooperação entre diversas instituições hospitalares a instituição HL7 é certificada pela ANSI e pela ISO. Ativa: a instituição incentiva e promove a cooperação entre os principais interessados na área da saúde para assegurar que as normas produzidas atendam às necessidades dos interessados. Flexibilidade: permite um grau de liberdade para suprir as necessidades especificas de um utilizador, além de possuir uma grande variedade de mensagens prédefinidas. 3.1.4 Utilizações das versões 2.x Mesmo que os equipamentos principais suportem a versão 3, ainda assim, terão que manter em simultâneo a versão 2.x para outros equipamentos, e a transição não será nunca um processo instantâneo. Como recentemente a certificação da ANSI foi recebida, calcula-se que a utilização efetiva da versão 3 será a partir de meados de 2005. 27 A instituição HL7 acordou que futuras revisões na norma 2.x serão mínimas ou mesmo inexistentes. Uma das exceções, e que constitui uma área recentemente desenvolvida, relaciona-se com mecanismos capazes de codificar a norma 2.x para XML, seguindo um algoritmo formal, o que veio ainda mais reforçar o potencial da versão 2.x. Mediante a maior disponibilidade da especificação do padrão HL7 para a versão 2.3 e que conseqüente representa que esta é a versão com maior aceitação optou-se a princípio pela sua implementação. 3.1.5 Especificação da Versão 2.3 Uma vez que a comunicação entre duas aplicações é realizada através do envio de mensagens, tudo se inicia quando ocorre algum tipo de evento. Como primeiro exemplo de evento temos quando o emissor envia uma mensagem ao receptor a fim de repassar alguma informação como a admissão de paciente, ou seja, a mensagem não solicitada. Um outro tipo de evento pode ser desencadeado quando o emissor solicita alguma informação ao receptor. Portanto, seja qual for à situação, uma mensagem surge sempre de uma de duas razões: de uma consulta ou de um evento que desencadeia uma mensagem (não solicitada). Em resposta as mensagens, podem ser solicitadas informações de confirmação de recebimento. A Figura 3 mostra o envio de uma mensagem através do evento admissão de paciente(ADT^ A01) que exige confirmação de recebimento. Neste caso, as aplicações receptoras enviam uma mensagem de confirmação de recebimento para o emissor. Figura 3 – O evento "admissão de paciente" origina o envio automático de informação 28 3.1.5.1 Composição da Mensagem 3.1.5.1.1 Mensagens No padrão Hl7 uma mensagem é a menor unidade de dados que pode ser transferida entre dois intervenientes. É constituída por segmentos e é delimitada por um inicio de bloco, caractere Hex0b, e por um fim de bloco, o caractere Hex1c seguido de Hex0d (carriage return <cr>). 3.1.5.1.2 Segmentos Um segmento é cada uma das partes que constituem uma mensagem, disponibilizando um meio de agrupar informação de uma forma lógica. Os segmentos são representados por um conjunto de três caracteres (bytes), por essa razão são designados como identificadores do segmento. A presença de um segmento numa determinada mensagem pode ser obrigatória (Rrequired), opcional (0-optional) ou então pode ocorrer mais que uma vez, isto é, pode ser repetida. Quando for opcional utilizam-se colchetes [ ] para indicar o fato, por exemplo, a notação [AL1] significa que o segmento relacionado com alergias é opcional nessa mensagem. De forma análoga, a notação { } permite especificar a repetição de um segmento, assim {AL1} indica que o segmento das alergias pode ser repetido se for necessário. As notações anteriores podem ser combinadas, [{AL1}] significando que o segmento das alergias é opcional e que, além disso, pode ser repetido. 3.1.5.1.3 Campos O conteúdo semântico da mensagem, como os detalhes relativos do paciente, está definido nos campos que constituem cada um dos segmentos. Os campos têm comprimento variável e encontram-se separados entre si pelo caractere “|”. Os campos por sua vez são constituídos por cadeias de caracteres sendo cada um deles pertencente a um dado tipo, como por exemplo, o tipo ST representa um string. Para cada um dos tipos de dados poderá ainda ter associado um valor obtido a partir de uma tabela. Por exemplo, o tipo de dados sexo (do tipo String), será definido pelos seguintes valores (FFeminino, M-Masculino, H –Hermafrodita, T-Transexual, U- Desconhecido). Os campos ainda podem ter uma estrutura bem definida, de que é exemplo o tipo de dados DT-date, definido por YYYYMMDD. Desta forma o dia 28 de Maio de 2005 define-se por 20050528. 29 Caso o campo transmitido contenha uma cadeia de caracteres vazia (|””|), então isso significa que o campo está vazio, ou seja, o receptor deverá eliminar os valores representados. 3.1.5.1.4 Componentes e sub-Componentes Alguns campos podem conter vários componentes, sendo neste caso delimitados pelo separador “^”. Estes campos são usualmente designados por campos compostos, de que o campo nome do paciente é um exemplo, uma vez que pode conter vários componentes, por exemplo, nome próprio e apelido. Concluindo, uma mensagem é constituída por segmentos, que por sua vez são constituídos por campos, subdivididos em componentes. A Figura 4 representa a constituição de uma mensagem. Figura 4 – Constituição de uma mensagem de identificação de paciente(A01) 3.1.5.2 Construção de Mensagens O padrão HL7 distingue diversos tipos de mensagens. Por exemplo, na Figura 5 mostra-se o exemplo de uma mensagem relativa à admissão de uma paciente (ADT), composta pelos segmentos MSH, EVN, PID. MSH|^~\&|ADT1|CADPACIENTE|LABADT|CADPACIENTE|20052242048||ADT^A01|MSGADT1 200522420485|P|2.3<cr> EVN|A01|20052242048<cr> PID|||PATID1234 5 M11||Silva^Marcelo^Loyola^II^Dr.|Maria Ferreira|19451227|M||A|Rua Minas Gerais 55||(48)9833-8956|(48)398-6665|Português|S|lutheran |989896632|96556|98989^055^65||U|São Paulo|0|3|Brasileiro||Brasileiro||<cr> Figura 5 – Mensagem HL7 para admissão de paciente 30 Podemos considerar os principais tipos básicos de mensagens: Gestão de pacientes ou ADT - relativas à gestão da estada do paciente no hospital, admissão, transferência e saídas de pacientes por esta razão também conhecidas por mensagens ADT-admissions, discharges, transfers. São desencadeadas sem uma consulta prévia explícita (unsolicited messages). Pedidos/Querys – utilizadas para requisição (consulta) de informação. Uma situação típica ocorre quando um dos setores (farmácia, laboratório) consulta o sistema de admissão com respeito à informação de um paciente; Resultados/Observações – Resulta como resposta a uma mensagem do tipo (pedido/query) e a sua função é permitir a transmissão de informação de laboratórios e de observações clínicas, por exemplo; Outras - relativas à informação contabilística e financeira, experiências clínicas, bases de dados, etc. Todas as mensagens têm uma estrutura semelhante, por exemplo, o primeiro segmento é sempre o cabeçalho (MSH) contendo informação sobre a mensagem e seu conteúdo. Seguem-se depois os demais segmentos, específicos de cada uma das mensagens. A Figura 6 exibe os principais tipos de mensagens do padrão HL7. Figura 6 – Alguns tipos de mensagens 31 3.1.5.2.1 Mensagens Relativas a Gestão de Pacientes (ADT) É utilizado para transmitir informação relativa à admissão, transferência e saída de um paciente no hospital. Dependendo do tipo de evento (trigger event) é possível distinguir vários tipos de mensagens. O evento que origina a mensagem é a admissão do paciente (A01), sendo uma mensagem para a qual não houve um pedido explicito (unsolicited). Como regra geral esta informação deve ser difundida para os vários setores (enfermarias, laboratórios, etc). A Figura 7 mostra os segmentos de uma mensagem de admissão de paciente. Figura 7 – Admissão de Paciente – Mensagem ADT-A01 Para cada um dos eventos, se distinguem vários tipos de mensagens, a Figura 8 mostra alguns desses eventos. Figura 8 – Exemplos de eventos da mensagem ADT 32 3.1.5.2.2 Pedidos/Query Um dos exemplos típicos de uma mensagem de consulta de informação é a mensagem RQI – Request for Patient Information. Figura 9 – Segmentos da mensagem de solicitação de informação de paciente A mensagem representada na Figura 9 mostra o pedido de informação sobre o paciente cujo identificador é o PATID5239. MSH|^~\&|CDB||EKG||||QRY^R02|CDB22222|P<cr> QRD|198904180943|R|I|Q4412|||10|PATID5239|0123456-1|RES<cr> QRF|EKG<cr> Figura 10 – Mensagem HL7 para solicitação de informação de paciente 3.1.5.2.3 Resultados/Observações A mensagem mais simples de resposta é a mensagem de confirmação (ACK Message). A sua constituição é mostrada na Figura 11, onde o segmento MSA permite especificar num dos seus campos a confirmação/erro gerada como um dos seguintes valores: AA-Application Accepted, AE-Application Error, AR-Application Rejected. A Figura 12 representa uma mensagem de confirmação no formato HL7. Figura 11 – Segmento resposta Confirmação MSH|^~\&|EKG||CDB||||RPI^R04|X981672|P<cr> OMSA|AA|CDB22222<cr> Figura 12 – Mensagem HL7 ACK 33 Em resposta a uma mensagem RQI-Request for Patient Information (pedido), pode ser enviada uma mensagem de resposta RPI- Response for Patient Information, cujos segmentos podem ser observados na Figura 13. Figura 13 – Segmentos da resposta à solicitação de informação de paciente A mensagem representada na Figura 14 mostra o envio de uma mensagem RPI como resposta a uma consulta. A mensagem deverá indicar que o paciente sofre de uma atrial fibrillation. MSH|^~\&|EKG||CDB||||RPI^R04|X981672|P<cr> MSA|AA|CDB22222<cr> QRD|198904180943|R|I|Q4412|||10|PATID5239|0123456-1|RES<cr> OBR||||93000^EKG REPORT|||198801111330<cr> OBX|1|CE|8601-7^EKG IMPRESSION:^LN|1|^ATRIAL FIBRILATION||||||F<cr> Figura 14 – Mensagem HL7 resposta à solicitação de informação de paciente São apresentados na Figura 15 exemplos de segmentos que compõem o padrão HL7. Embora seja fundamental a representação dos campos de cada segmento para a implementação de uma interface que utilize o HL7, não é escopo deste trabalho detalhá-los. 34 Figura 15 – Principais segmentos do padrão HL7 35 3.2. DATASUS Nas últimas décadas observou-se um grande aumento na complexidade e quantidade de informações com que os profissionais da área da saúde tiveram que lidar. A informação é fundamental para a democratização da Saúde e o aprimoramento de sua gestão. A informatização das atividades do Sistema Único de Saúde (SUS), dentro de diretrizes tecnológicas adequadas, é essencial para a descentralização das atividades de saúde e viabilização e controle social sobre a utilização dos recursos disponíveis. Para alcançar tais objetivos, foi atribuída ao Departamento de Informação e Informática do SUS - DATASUS, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, a responsabilidade de "coletar, processar e disseminar informações sobre saúde". Sendo um órgão de informática de âmbito nacional, representa papel importante como centro tecnológico de suporte técnico e normativo para a montagem dos sistemas de informática e informação da Saúde. Suas extensões estaduais constituem a linha de frente no suporte técnico às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Sua missão é: "Prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e suporte de informática necessários ao processo de planejamento, operação e controle do Sistema Único de Saúde, através da manutenção de bases de dados nacionais, apoio e consultoria na implantação de sistemas e coordenação das atividades de informática inerentes ao funcionamento integrado dos mesmos". Seu principal objetivo é: Manutenção das bases nacionais do Sistema de Informações de Saúde; Disseminação de Informações em Saúde para a Gestão e o Controle Social do SUS bem como para apoio à Pesquisa em Saúde; Desenvolvimento, seleção e disseminação de tecnologias de informática para a saúde, adequadas ao país; Consultoria para a elaboração de sistemas do planejamento, controle e operação do SUS; Suporte técnico para informatização dos sistemas de interesse do SUS, em todos os níveis; 36 Normatização de procedimentos, softwares e de ambientes de informática para o SUS; Apoio à capacitação das secretarias estaduais e municipais de saúde para a absorção dos sistemas de informações no seu nível de competência; Incentivo e apoio na formação da RNIS - Rede Nacional de Informações em Saúde na Internet, e outros serviços complementares de interesse do SUS como redes físicas (InfoSUS), BBS e vídeo-conferência. 3.2.1 DATASUS: Protocolo de comunicação 3.3 C++ 3.4 GALS Uma vez compreendido o significado de cada termo da especificação do padrão HL7, o passo seguinte envolveu a construção da gramática que represente a troca de mensagens no padrão HL7. Devido à familiaridade e eficiência, foi utilizado o aplicativo GALS (Gerador de Analisadores Léxicos e Sintáticos), para a geração da gramática. Já que a implementação estava baseada na versão 2.3 do HL7, onde existem diversas flexibilidades, foi decidido especificar a gramática seguindo a especificação proposta pela versão, ou seja, os campos de cada seguimento foram especificados na totalidade, mesmo que mais tarde se constate que não poderão ser preenchidos pela aplicação. Como a gramática do padrão HL7 pode ser representada através de uma gramática livre de contexto, a classe do analisador escolhido para a implementação foi do tipo preditivo (LL1), utilizando o modelo descendente (top-down), por isso, para a gramática gerar um autômato determinístico, foi necessário o cumprimento de três requisitos: 1) Não poderá possuir recursão à esquerda; 2) Deverá estar fatorada; 3) Não poderá ser ambígua; A Figura 16 mostra a interface do aplicativo utilizado para a construção dos analisadores léxicos e sintáticos. 37 Figura 16 – Geração dos analisadores léxico e sintático 4 SISTEMA O desenvolvimento do sistema foi realizado em duas versões distintas, mas atingindo o mesmo objetivo, proporcionar o envio e recebimento de mensagens HL7. 4.1 MODELAGEM Na primeira versão, o sistema foi projetado com maior liberdade para proporcionar um melhor entendimento do propósito do padrão HL7. Portanto, na versão inicial o sistema foi desenvolvido utilizando a linguagem Pascal, com a ferramenta Delphi, permitindo então, o uso de componentes para facilitar a construção da arquitetura cliente-servidor. As Figuras 17, 18 e 19 mostram a interface gráfica da versão 1. Figura 17 – Interface gráfica do servidor HL7 versão 1 38 Figura 18 – Interface gráfica da aplicação Cadastro Paciente (ADT1) Figura 19 – Interface gráfica da aplicação Laboratório(LABADT1) 39 5 CONCLUSÃO 40 6 REFERÊNCIAS NETO, José Augusto Vasconcellos. Tendências da Informática em Saúde no Brasil. Economia e Tecnologia. Maio/Julho 2004. Disponível em http://www.iees.org.br/Download/revista.PDF. Acesso 15/05/2005. FRICK, Oscar Osvaldo; LORO, Letícia. O Setor de Software para Saúde no Brasil. Economia e Tecnologia. Maio/Julho 2004. Disponível em http://www.iees.org.br/Download/revista.PDF. Acesso 15/05/2005. HENRIQUES, Jorge; CARVALHO, Paulo de. HL7 Health Level Seven. Informática Médica. O que é Health Level 7(HL7)? Disponível em http://www.virtual.epm.br/material/tis/currmed/temas/med5/med5t21999/estrutura/hl7.htm. Acesso 18/12/2004. HL7 USA central Web pages. Disponível em http://www.hl7.org. Acesso 18/12/2004. HL7 Receives ANSI Approval of Three Version 3 Specifications Including CDA, Release 2 . Disponível em http://www.hl7.org/Press/20050505.pdf. Acesso 29/05/2005. Ministério da Saúde - DATASUS. Disponível em http://www.datasus.gov.br. Acesso 29/05/2005 Projeto de Regulação – DATASUS. Disponível em http://portaldaregulacao.datasus.gov.br. Acesso 01/06/2005. COSTA, Cláudio Giulliano Alves da Costa. Desenvolvimento e Avaliação Tecnológica de um Sistema de Prontuário Eletrônico do Paciente, Baseado nos Paradigmas da World Wide Web e da Engenhar ia de Software. Por quê padronizar? Avanço da Informática Médica. Disponível em http://www.virtual.epm.br/material/tis/currmed/temas/med5/med5t32000/grupo5/avanco.htm. Acesso 22/04/2005. Introdução SISREG. 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