Mercado de trabalho e comércio exterior: uma análise para

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[Machado, Ana Flávia; Raposo, Daniela; Mercado de Trabalho e Comércio Exterior: uma análise para os
Estados de Minas Gerais e São Paulo].
Recife. V Encontro de Economistas de Língua Portuguesa, 5 - 7 de novembro de 2003.
V Encontro de Economistas de Língua Portuguesa
ÀREA TEMÁTICA - Ensino de Economia; Economia do Trabalho,
Economia Social e Demografia
Mercado de Trabalho e Comércio Exterior: uma análise para os Estados de
Minas Gerais e São Paulo.
RESUMO
Este trabalho investiga o impacto da liberalização comercial no mercado de trabalho nos
Estados de Minas Gerais e São Paulo, no período compreendido entre 1992 a 1999, tendo
como referência teórica o modelo de HOS. A fonte de dados utilizada é a PNAD, para
informações sobre o mercado de trabalho local e, SECEX, FJP e SEADE, para informações
sobre fluxos de comércio. A metodologia adotada, desenvolvida por KATZ e MURPHY
(1992), baseia-se na construção de medidas de rendimento e emprego relativo utilizadas em
testes que avaliam a relação entre comércio internacional e mercado de trabalho. De um modo
geral, no período como um todo, evidencia-se uma relação entre abertura comercial e mercado
de trabalho em Minas Gerais, favorecendo os trabalhadores menos qualificados. Em São
Paulo, outras mudanças do cenário econômico explicam alterações na composição do
emprego.
Palavras-chave: comércio internacional, mercado de trabalho, modelo HOS, emprego.
ABSTRACT
This paper aims at investigating the impact of trade liberalisation in Minas Gerais and São
Paulo’s job markets from 1992 until 1999, using HOS’ Model as a milestone. PNAD was the
database from which local job market was analysed while SECEX, FJP and SEADE were
used for market flows. The methodology adopted, due to Katz and Murphy (1992), is based
on the construction of relative employment and earnings measures used in tests that evaluate
the relationship between international trade and job market. There are evidences supporting
the relationship between free trade and job market favouring less skilled workers in the State
of Minas Gerais while, for São Paulo, it seems that other changes of the economic scenario
are responsible for the movements in job’s composition.
Key words: international trade, labor market, employment.
1
Área de classificação: Ensino de Economia; Economia do Trabalho, Economia Social e
Demografia
Código da classificação do JEL: J51, F15, R23.
Mercado de Trabalho e Comércio Exterior: uma análise para os Estados de
Minas Gerais e São Paulo.
1. Introdução
Nos últimos anos, na agenda de políticas econômicas direcionadas para o desenvolvimento,
processos de liberalização comercial têm assumido papel relevante, na medida em que se
assume relação direta entre a redução das barreiras alfandegárias nacionais o estímulo ao
aumento da competitividade das exportações e a ampliação da concorrência no mercado
interno por intermédio da entrada de bens estrangeiros.
Os impactos do comércio internacional sobre crescimento, emprego e distribuição de renda
são motivos de preocupação teórica desde a elaboração de modelos tradicionais de comércio
internacional como de e, atualmente, vários estudos empíricos verificam a pertinência ou não
das predições desses modelos na interpretação dos efeitos da liberalização comercial sobre as
economias de países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O modelo de Hecksher-Ohlin prediz que cada país deve especializar-se na produção de bens
intensivos no fator relativamente mais abundante. Dessa forma, os países desenvolvidos
tendem a se especializar em produtos intensivos em trabalho qualificado, por possui-lo em
abundância relativa, o que aumenta sua demanda em detrimento do trabalho menos
qualificado. O contrário ocorreria em países em desenvolvimento.
No que se refere ao mercado de trabalho, as investigações têm seguido duas vertentes. A
primeira delas atribui tais mudanças à integração comercial com países em desenvolvimento,
sobretudo a partir dos processos de liberalização comercial destas economias iniciados nos
anos 80 e, nesse caso, a inspiração teórica é o modelo de Heckscher-Ohlin e suas derivações.
A interpretação alternativa a esta se baseia na mudança do padrão tecnológico dos últimos
anos, por meio de eventos como inserção de computadores no local de trabalho, novas
tecnologias de informação, entre outros. Supõe-se que choques tecnológicos são enviesados
por qualificação, ou seja, preterem trabalhadores menos qualificados em favor dos
qualificados devido à complementaridade entre capital e trabalho qualificado.
A investigação dos efeitos da liberalização comercial sobre o mercado de trabalho dos países
é descrita em uma vasta literatura empírica em ambas vertentes. De um modo geral, essas
pesquisas apontam para um aumento da dispersão salarial, em conseqüência da queda da
demanda por mão-de-obra menos qualificada, devido tanto ao comércio internacional quanto
à mudança tecnológica.1 Para alguns, a queda da demanda por trabalho menos qualificado é
efeito primordial do processo de liberalização comercial. (WOOD, 1994; SACHS e SHATZ,
1994). Enquanto outros destacam a relevância da mudança tecnológica frente os impactos de
comércio. (BERMAN et al 1998; GRENHALGH, et al, 1998; MACHIN, 1996).
Contudo, de acordo com WOOD (1994), as mudanças no padrão tecnológico podem ser
conseqüências da globalização econômica, isso porque a abertura proporciona acesso fácil e
1
Como exemplos empíricos ver trabalhos de: KATZ e MURPHY (1992), BERMAN et al (1994), ROBBINS
(1994, 1997), WOOD (1997a).
2
rápido aos bens de capital, idéias, conhecimento e tecnologia. Desse modo, a combinação
entre liberalização comercial e inovações tecnológicas parece ser a melhor justificativa para
alterações no mercado de trabalho nos últimos anos.
No caso brasileiro, algumas pesquisas sobre o tema têm sido realizadas, explorando ambas
vertentes. Trabalhos como de MACHADO e MOREIRA (2000), ARBACHE e CORSEUIL
(2000) e FERREIRA e MACHADO (2001) investigam a influência da liberalização comercial
sobre a estrutura do emprego. No que tange à inovação tecnológica no ambiente de
liberalização, destacam-se as pesquisas de MENEZES-FILHO e RODRIGUES JUNIOR
(2001), SARQUIS e ARBACHE (2001) e MAIA (2001).
Este trabalho tem como objetivo trazer essa discussão para o caso de duas unidades da
Federação, Minas Gerais e São Paulo. A pergunta principal é se o processo de liberalização
comercial promove impacto significativo sobre a estrutura de emprego e salários nestes
Estados, tendo como referência à predição do modelo teórico de Heckscher-Ohlin Samuelson
(HOS).
O trabalho inova por avaliar o impacto da liberalização comercial sobre Estados da Federação
brasileira no período compreendido entre 1992 e 1999, utilizando como medidas de comércio
dados de exportação e importação dos Estados com o resto do mundo. A escolha do Estado de
São Paulo se deve ao seu dinamismo econômico e, além disso, a região desponta na
especialização de produtos industriais sobre as demais regiões, usando como contraponto o
estado de Minas Gerais, especializado na produção de bens agrícolas e intermediários.
O artigo encontra-se dividido em cinco seções, incluindo essa introdução. A segunda seção
traz uma discussão do referencial empírico, a terceira reserva-se um breve histórico do
processo de liberalização comercial e da conjuntura econômica brasileira na década de 90 e
sua repercussão sobre os Estados de Minas Gerais e São Paulo. Em seguida faz-se uma
avaliação empírica dos impactos da liberalização comercial sobre a estrutura de emprego em
Minas Gerais e São Paulo. Por fim, apresentam-se algumas considerações finais.
2. Referencial Teórico
A inspiração teórica do trabalho é o modelo de Hechscher-Ohlin e Samuelson (HOS). O
arcabouço desse modelo domina o debate teórico e empírico na análise dos efeitos do
comércio no mercado de trabalho. No entanto, este modelo está assentado em hipóteses
restritivas ao supor, entre outras, retornos constantes de escala e concorrência perfeita, e por
extensão, flexibilidade de preços e salários.2 Contudo, opta-se por manter a inspiração,
reconhecendo as limitações de aplicação do mesmo.
Nesse modelo, em uma situação de autarquia, a demanda e a oferta de fatores definem o nível
de rendimentos segundo as condições de maximização de lucro. Em economias abertas, a
oferta e demanda de fatores mundiais devem ser consideradas juntamente às domésticas na
determinação do nível de rendimento.
A literatura sobre comércio internacional baseia-se na hipótese de que as tecnologias de
produção são as mesmas em todos os países e o que os distingue é a dotação de fatores. Deste
modo, as diferenças em termos da dotação relativa de fatores determinam a direção e a
2
Os pressupostos do modelo HOS são descritos para dois setores distintos (cada um produzindo apenas um bem
tradable), havendo, desta forma, dois bens, dois fatores de produção, supondo ainda retornos constantes de
escala, perfeita mobilidade de fatores sem custo entre os setores produtivos de um mesmo país e ausência de
mobilidade para qualquer outra economia e concorrência perfeita. Além disso, existem dois países (desenvolvido
e em desenvolvimento), com preferências e tecnologias idênticas, diferentes apenas na dotação relativa de
fatores. Os preços dos produtos, a tecnologia disponível e o estoque de fatores são dados para os países.
3
composição do comércio: o país mais bem dotado em trabalho menos qualificado 3 (países em
desenvolvimento) exporta bens intensivos neste tipo de trabalho, e o país relativamente mais
bem dotado em trabalho qualificado (países desenvolvidos) exporta os bens intensivos neste
outro fator.
Em autarquia, dadas as diferenças em termos de dotações relativas de fatores e de tecnologia
dos bens, o preço relativo do bem intensivo em trabalho menos qualificado é menor no país
em desenvolvimento, pois este fator de produção tende a ser relativamente abundante nestas
regiões.
Com a liberalização comercial, amplia-se a demanda pelo bem no qual o país detém vantagem
comparativa e a tendência é haver equalização dos preços relativos4 (de bens e fatores), com
um aumento do preço relativo do bem intensivo em trabalho menos qualificado no país em
desenvolvimento e um movimento contrário no país desenvolvido. Além disso, de acordo
com o efeito clássico revelado pelo teorema de Stolper Samuelson (SS), a ampliação das
relações comerciais, ao mudar os preços relativos, eleva a remuneração relativa dos
trabalhadores menos qualificados porque aumenta a procura por esse fator no país em
desenvolvimento. Nestes termos, uma mudança na estrutura dos preços relativos, propiciada
pela liberalização comercial, modifica a estrutura da demanda de trabalho.
Desde que o comércio não leve à completa especialização dos dois países, os salários relativos
são determinados pelos preços relativos mundiais. As mudanças na oferta de trabalho
doméstica, a não ser que sejam muito grandes para afetar os preços mundiais, não mudam os
salários relativos. Segundo o teorema de Rybczinski5, o que deve ser alterado é a composição
do produto e a do comércio. Se o padrão é de especialização, o teorema não se aplica e, desse
modo, as mudanças na oferta de trabalho doméstica afetam os salários relativos. Neste caso,
um aumento no número de trabalhadores qualificados em relação aos menos qualificados
deve elevar o rendimento relativo deste último tipo de trabalho.
Diante dessa análise, o comportamento de oferta e demanda relativa de trabalho sugere dois
resultados importantes para o teste empírico. O primeiro se refere à suposição teórica sobre
ausência de correlação entre oferta de trabalho doméstica e rendimentos. O segundo resultado
é o deslocamento da demanda de trabalho em uma economia diversificada. No caso de países
em desenvolvimento como o Brasil, a liberalização comercial deve estimular a produção de
bens intensivos em trabalho menos qualificado6, devido ao aumento dos preços relativos dos
mesmos. Em virtude disso, há um acréscimo na procura relativa pela categoria, o que deve
gerar uma elevação no retorno relativo desse tipo de fator.
A seguir, busca-se descrever o ambiente macroeconômico brasileiro, mineiro e paulista de
modo a relacionar as mudanças verificadas à aplicação do modelo de HOS.
3
O modelo de HO é concebido originalmente com o emprego dos fatores de trabalho e capital. Posteriormente, a
literatura sobre comércio internacional e distribuição de renda tem considerando capital, trabalho qualificado e
trabalho não qualificado como os fatores de produção relevantes. A justificativa teórica é a suposição de que há
complementaridade entre capital e trabalho qualificado. Assim, o trabalho, antes tratado como bem homogêneo,
é dividido em duas categorias: trabalhadores qualificados e menos qualificados. (WOOD, 1997b).
4
De acordo com a teoria de comércio, mesmo um pequeno volume de comércio internacional é suficiente para
afetar salários através da equalização dos preços dos fatores, tendo em vista que o comércio não depende apenas
dos preços, depende de preferências, tecnologia e dotação de fatores.
5
Para uma revisão do argumento ver mais em MACHADO (2000) e ARBACHE (2000b).
6
Considera-se o Brasil um país com abundância relativa de trabalho menos qualificado. (Ver evidências
empíricas em MAIA, 2001).
4
3. Breve Análise da Conjuntura Econômica Nacional, Mineira e Paulista nos
Anos 90.
Ao longo dos anos 90, o Brasil passa por profundas transformações estruturais que ensejam
um novo tipo de inserção internacional do país.7 A abertura econômica e a privatização,
associadas ao arrefecimento do processo inflacionário, criam incentivos aos investimentos
tanto nacionais quanto estrangeiros.
Os anos 90 se caracterizam por um processo de liberalização comercial abrangente, que se
inicia no governo Collor e se estende até o governo Fernando Henrique. Em 1990, o governo
a fim de ampliar o grau de inserção do país - processo iniciado no final da década de 80 institui a nova Política Industrial e de Comércio Exterior, eliminando a maior parte das
barreiras não-tarifárias herdadas do período de substituição de importações; mantendo a
redução gradual das alíquotas de importações, entre o período de 1990/94; e extinguindo
grande parte dos regimes especiais de importação. (AVERBUG, 1999). Como conseqüência
desse conjunto de medidas, as importações crescem em volume e em valor, dobrando o
coeficiente de penetração de importação para o período e alterando o sinal da balança
comercial, que passa a ser deficitário após anos de superávits.
Com a implantação do Plano Real, em meados de 1994, a economia brasileira caminha para
uma nova fase do processo de liberalização comercial. A condução da política de importações
passa a desempenhar papel relevante na estabilização dos preços e na correção de algumas
alíquotas de importação, de modo a resguardar os setores mais afetados pelas medidas de
liberalização comercial adotadas em 1990. Além disso, o acordo comercial do Mercosul entra
em vigor, contribuindo para acelerar o processo de liberalização comercial. A partir de 1996,
no entanto, observa-se aumento nas alíquotas de importação de alguns produtos, na tentativa
de conter o aumento do déficit comercial devido a fatores como a valorização cambial, o
aquecimento da economia doméstica e a crise mexicana. (AVERBUG, 1999).
O aumento das alíquotas de importação é passageiro, uma vez que a situação da economia
mexicana é contornada. Além disso, os países em desenvolvimento passam a ser pressionados
a intensificar o processo de abertura por intermédio de resoluções da Organização Mundial do
Comércio (OMC) e por acordos bilaterais e multilaterais de comércio.
Ainda nos anos 90, os efeitos da Constituição de 1988 se fazem sentir sobre o mercado de
trabalho brasileiro. Medidas como garantia de liberdade da atuação dos sindicatos, redução da
jornada de trabalho, aumento da multa por demissão, redução na idade e no tempo de
contribuição para a aposentadoria e conseqüente aumento da contribuição previdenciária
acarretam acréscimos no custo unitário do trabalho, criando efeitos deletérios sobre o nível de
emprego.
Diante deste quadro, a indústria nacional, buscando evitar perda da lucratividade, devido à
concorrência internacional, passa por alterações tecnológicas e operacionais fomentadas, entre
outros fatores, pelo aumento das importações de bens de capital, que contribuíram para
aumento da produtividade total dos fatores.8 A reestruturação produtiva beneficia alguns
setores, aumentando a participação da produção e da margem de lucro, enquanto outros
perdem importância na geração do produto e têm a margem de lucro reduzida. Segundo
INDICADORES IESP (1997), os setores que sofrem maior redução da participação são os de
7
Em GIAMBIAGI e MOREIRA (Org.) A Economia Brasileira nos Anos 90. BNDES, 1999, apresenta-se um
conjunto de artigos que descrevem as grandes transformações ocorridas na economia brasileira na década de 90.
8
Para mais detalhes ver trabalhos como de CHAMON (1998) e ROSSI JUNIOR e FERREIRA (1999) para o
Brasil.
5
bens de capital ao passo que a indústria de bens de consumo experimenta expressivo aumento
da produção.
No que tange ao mercado de trabalho, observa-se tendência de crescimento da taxa de
desemprego aberto ao longo da década e a elevação da participação do emprego informal nas
regiões metropolitanas. As empresas adotam programas de ajuste no custo do trabalho,
promovendo uma reorganização da gestão da mão-de-obra, por meio da difusão da
terceirização, da maior rotatividade de mão-de-obra nas firmas de menor porte e do uso de
trabalho sem registro de contrato.
No ano de 1999, a desvalorização cambial ocasionada pela mudança do regime de bandas
estreitas para um regime de “flutuação administrada”, altera significativamente os preços
relativos da economia e, com isso, a estrutura de incentivos para a alocação de recursos. De
uma forma geral, os produtos brasileiros manufaturados passam a contar com um ganho de
competitividade expressivo, eleva-se a quantidade exportada e dinamiza a substituição de
importações. Apesar disso, os benefícios da desvalorização não são imediatos, especialmente
para as atividades do comércio exterior que estão previamente estabelecidas em contratos.
(NOTICIAS / FIESP, 1999).
As economias estaduais aqui analisadas, Minas Gerais e São Paulo, reagem de forma
diferenciada às reformas econômicas porque atravessam o Brasil nos anos 90. A produção da
economia mineira representa cerca de 10% da nacional ao passo que a paulista oscila entre
28% e 35% no período de 1992/99.
Nas últimas décadas, o Estado de Minas Gerais vem apresentando um desenvolvimento
econômico superior à média brasileira.9 Segundo DINIZ (1999), a taxa de crescimento do PIB
do Brasil, Minas Gerais e São Paulo no período entre 1980-1997 é de respectivamente 2,1%;
3,8%; e 1,2%. Esse desempenho é resultado de uma substancial alteração na estrutura
produtiva, que amplia o seu espectro da indústria de bens básicos (mineração, metalurgia,
minerais não metálicos e agropecuária) para a indústria de bens de consumo (automobilística,
mecânica), além de novos produtos agrícolas e da modernização dos serviços.
Os setores de bens de consumo duráveis e de capital (excluída a indústria mecânica) registram
um aumento significativo da participação no produto industrial do Estado de Minas Gerais ao
longo da década, com alta representatividade dos segmentos de material de transporte
(particularmente pela modernização do grupo FIAT), material elétrico e de comunicação. Por
sua vez, os segmentos têxteis, produtos alimentares, vestuário, couro e calçados perdem
representatividade relativa na produção do Estado. Embora tenham se verificado mudanças
estruturais em Minas Gerais, a produção agrícola e de bens intermediários mantém-se em
primeiro plano.
Por sua vez, o Estado de São Paulo, em termos econômicos e populacionais, é a principal
unidade da Federação, concentrando grande parte do parque industrial brasileiro, o qual gera
aproximadamente 34,75% em média do PIB nacional e 45% da produção industrial do país.
Essa posição de destaque da economia paulista no cenário nacional tem-se mantido há um
longo período, apesar do acelerado crescimento de outras regiões do país.10
9
Sobre a evolução da economia mineira nos últimos anos ver mais detalhes em FERNANDES (1997) e
Economia Mineira 1989: diagnóstico e perspectiva. (BDMG, 1989).
10
De acordo com DINIZ (1999), a maioria dos Estados, a exceção do Rio de Janeiro e Pernambuco, cresce mais
que São Paulo no período compreendido entre 1970 e 1997.
6
Nas últimas décadas, São Paulo vem perdendo representação na economia nacional, em
conseqüência do efeito generalizado de desconcentração industrial.11 Segundo DINIZ (2000),
na década de 70, a região metropolitana de São Paulo já apresentava sinais de perda de
posição na produção industrial nacional. Entre 1970 e 1980, embora tenha crescido a elevadas
taxas, em termos absolutos, reduz sua participação na produção industrial, em função do
melhor desempenho de outras regiões. Na década de 90, esta queda se mantém, reduzindo a
representação produtiva do Estado no total nacional.
O processo de reversão da polarização de São Paulo, especialmente a área metropolitana, vem
provocando uma dispersão regional dos novos projetos industriais, seguindo os grandes eixos
de transportes e apoiando-se na base urbana com infra-estrutura de serviços mais
desenvolvida. Destes, dois grandes eixos atingem o Estado de Minas Gerais. Um no sentido
do Sul de Minas e outro no sentido do Triângulo Mineiro. Estas regiões têm se transformado,
nos últimos anos, em alternativas para a desconcentração industrial de São Paulo. Resultado
disso é o desempenho econômico recente e a atração de maior volume de investimentos
canalizados para que essas regiões assegurem suas expansões produtivas nos próximos anos e
reforcem o processo macro-espacial da economia brasileira. (BOLETIM DE CONJUNTUTA
ECONÔMICA DE MINAS, 1997).
Por outro lado, na década passada, São Paulo atraiu vários segmentos da indústria de alta
tecnologia, principalmente nos segmentos leves, como de microeletrônica e informática. A
disponibilidade de recursos para pesquisa, mão-de-obra qualificada, a mais avançada rede
universitária do país, dimensão de mercado e facilidades de contato asseguram condições
adequadas para a localização deste segmento industrial.
Em que se pese o avanço dos setores de alta tecnologia, a crise da economia brasileira, a
concorrência internacional, a dificuldade de ampliar as exportações e a perda de
competitividade locacional para os demais Estados da Federação são elementos que acentuam
o período recessivo da economia paulista.
No que tange às relações comerciais externas, Minas Gerais participa com 9,7% do total do
comércio exterior brasileiro, detendo 13,28% das exportações nacionais e 5,85% das
importações. O Estado de São Paulo participa com 41% do total do comércio exterior
brasileiro, 35,3% referentes às exportações e 46,88% às importações.
Constata-se, pela tabela 1, que o grau de dependência da economia mineira em relação ao
mercado externo é maior que o da economia paulista, haja visto o coeficiente de exportação
do primeiro Estado em relação ao segundo, tornando-a mais vulnerável às políticas
macroeconômicas nos cenários externo e interno. Em que pese essa característica, a
economia mineira parece não ser prejudicada pela liberalização comercial, porque os setores
de maior participação na pauta de exportação mineira são intensivos em capital e esses não
foram beneficiados pela política tarifária brasileira dos anos 80. Essa, segundo KUME (1990),
protege os setores intensivos em mão-de-obra, enquanto os setores intensivos em capital
apresentam menores diferenciais de preço interno e externo.
Tabela 1
Balança Comercial (US$ bilhões de FOB) – Brasil, Minas Gerais e São Paulo – e Coeficiente de Exportação de
Minas Gerais e São Paulo - 1992/9912
Anos
Brasil
Minas Gerais
São Paulo
Exportações Importações
Saldo
Exportações Importações
Saldo
Coeficiente Exportações Importações
de
Saldo
Coeficiente
de
11
Sobre desconcentração econômica e reestruturação produtiva ver mais em trabalhos de AZZONI, C. R. (1986),
DINIZ, C.C. (1991, 2000), DINIZ, C.C. e CROCCO, M.A. (1996).
12
Para cálculo do coeficiente de exportação, considera-se o valor total das exportações a preços correntes sobre o
Produto Interno Bruto dos Estados no período de 1992/99, em bilhões de reais.
7
exportação
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
35,79
38,55
43,54
46,51
47,75
52,99
51,14
48,01
20,54
25,24
33,08
49,97
53,3
61,35
57,71
49,21
15,25
13,32
10,46
-3,47
-5,55
-8,36
-6,57
-1,2
4,83
5
5,69
5,86
5,79
7,23
7,59
6,38
1,2
1,39
2,27
2,96
2,85
3,81
3,56
2,92
3,62
3,61
3,43
2,9
2,94
3,41
4,03
3,46
0,1295
0,1196
0,1046
0,0781
0,0737
0,0891
0,0978
0,1238
exportação
13,24
13,39
14,74
15,97
16,58
18,09
18,23
17,54
9,03
11,51
14,97
23,69
25,7
28,97
27,93
23,31
4,21
1,88
-0,23
-7,73
-9,13
-10,88
-9,71
-5,77
0,0796
0,0703
0,07892
0,0527
0,0525
0,0534
0,0556
0,0801
Fonte: Elaboração própria a partir da SECEX, FJP, IBGE.
Desse modo, ocorre desempenho favorável na balança comercial mineira em um momento no
qual a economia nacional apresenta sucessivos déficits. O crescimento das exportações
mineiras está relacionado, principalmente, ao desempenho acentuado das vendas externas de
minério de ferro, veículos e produtos alimentares. Com este resultado, Minas Gerais consolida
o segundo lugar no posto de principal Estado exportador, superado apenas por São Paulo.
Em São Paulo, considerando a composição do fluxo de comércio na década de 90, tem-se que
as exportações estão constituídas por produtos manufaturados, dos setores de material de
transporte, alimentar, materiais elétricos e eletrônicos, máquinas e equipamentos e química.
As principais importações estão concentradas nestes mesmos segmentos. Porém, devido à
abertura, estas atividades, antes favorecidas pelo maior grau de proteção dado pelo governo,
sofrem mudanças, refletidas nos resultados deficitários da balança comercial.
A deterioração da balança comercial paulista está relacionada ao baixo dinamismo das
exportações e do investimento produtivo (especialmente da produção interna de bens de
capital) e da abrupta ruptura na proteção tarifária de gêneros mais intensivos em trabalho expressivos na composição produtiva industrial deste Estado- que passam a competir com o
crescente volume de importações.
Em síntese, a breve análise da década de 90 aponta para um comportamento diferenciado das
economias mineira e paulista quanto às mudanças estruturais internas e externas, tendo em
vista as peculiaridades do processo produtivo, da composição industrial, do grau de
importância na economia nacional e da dependência externa em cada um destes Estados.
Ciente dessas diferenças regionais, busca-se verificar os impactos da liberalização comercial
sobre o mercado de trabalho desses Estados em termos das variáveis emprego e rendimento.
4. Evidências Empíricas
4.1 Fonte de dados
A fonte de dados utilizada é a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio de 1992 a 1999,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A PNAD proporciona
informações relevantes para este estudo, pois compreende, entre outros quesitos, informações
sobre o mercado de trabalho brasileiro. Os filtros realizados na PNAD selecionam os
ocupados no Brasil com: idade de 18 e 65 anos; 20 a 98 horas por semana no trabalho
principal; rendimentos não nulos na atividade principal; trabalhadores nos setores
agropecuário e industrial; não empregadores.
A amostra13 de trabalhadores a ser observada é distribuída segundo gênero, idade (idade
calculada) e escolaridade (anos de estudo), quando avaliada sob a perspectiva de atributos
13
Este termo, quando mencionado no decorrer do trabalho, trata-se das matrizes de grupos de indivíduos com as
mesmas características segundo as variáveis supracitadas.
8
pessoais. Em termos de características dos postos de trabalho, essa mesma amostra é
distribuída por uma combinação de ramo de atividade, inserção na produção e posição na
ocupação.
A variável idade é agrupada em 5 faixas etárias: 18 a 24 anos completos; 25 a 34 anos; 35 a
44 anos; 45 a 54 anos e mais de 55 anos. A variável escolaridade é calculada através do
algoritmo de 18 categorias (0 a 17 anos de estudo), reagrupadas em 5 categorias (0 anos de
estudo; 1≤ x ≤3 anos de estudo; 4≤ x ≤7 anos de estudo; 8≤ x ≤ 11 anos de estudo; x
≥ 12 anos de estudo).
A variável ramo de atividade é distribuída em 16 categorias para o Estado de São Paulo e 15
categorias para o Estado de Minas Gerais.14 A variável ocupação é agrupada segundo o
critério de inserção na produção. A dicotomia inserção na produção é definida em 2
categorias: ocupações da produção direta de bens e ocupações ligadas às atividades fora da
produção. A categoria trabalhador ligado diretamente à produção e trabalhador não vinculado
à produção está diretamente associada à qualificação. Assume-se que os trabalhadores menos
qualificados predominam no universo dos trabalhadores ligados diretamente à produção e
qualificados concentram-se entre aqueles que estão fora da produção.
Por fim, a variável posição na ocupação é desagregada em 3 categorias: empregados sem
carteira assinada, empregados com carteira assinada e trabalhador por conta própria.
4.2 Sistematização dos dados
A metodologia empregada, para avaliação empírica dos impactos da liberalização comercial
sobre a estrutura de emprego em Minas Gerais e São Paulo no período de 1992/99 é
desenvolvida por KATZ e MURPHY (1992) no exame das razões para as mudanças dos
salários relativos no período de 1963-1987 na economia americana, aplicada também por
ROBBINS (1997) em trabalho para alguns países latinos americanos e MACHADO (2000)
em recente pesquisa para o Brasil. O método destes autores está baseado na construção de
matrizes de rendimentos (W) e de emprego relativo (X), tanto na perspectiva da oferta como
também da demanda, que são utilizadas em testes para avaliar a relação entre comércio
exterior e mercado de trabalho.
Os dados apresentados neste artigo são organizados em duas amostras, de preços
(rendimentos dos trabalhadores) e de quantidades (número de horas trabalhadas). Na amostra
de preços, a medida de rendimento do trabalho é a média de rendimento-hora dos ocupados
que possuem os mesmos atributos.
Essas amostras são a base para a formação das matrizes de rendimentos (W) e de emprego
relativo (X), tanto na perspectiva da oferta15, como também da demanda16. A matriz de
rendimentos (W) descreve o diferencial entre o rendimento hora médio de cada um dos
grupos e o rendimento hora médio ponderado por um fator demográfico (N) de todos os
grupos em um determinado ano. Já a matriz de quantidade relativa (X) expressa a participação
do emprego medida em unidades de eficiência de cada um dos grupos em um ano
determinado.
14
Vide em RAPOSO (2002) passos para a construção dessa variável.
15
Nos testes referentes à oferta de mão-de-obra, tem-se as variáveis demográficas sexo (2 categorias), idade (5
categorias) e escolaridade (5 categorias) combinadas em 50 grupos com as mesmas características.
16
No teste de demanda, as variáveis escolaridade, ramo de atividade e categorias de produção são combinadas
empregando-se: escolaridade (5 categorias), ramo de atividade (15 categorias) e ocupação da produção ou não
produção (2), definindo 150 grupos com as mesmas características segundo essas variáveis para Minas Gerais e
São Paulo, utilizadas no teste de impacto do comércio sobre a demanda de trabalho.
9
4.3 Neutralidade da Demanda relativa por mão-de-obra
O objetivo desse exercício é verificar se a oferta de mão-de-obra ou a demanda por mão-deobra ou a combinação das duas explicam a variação no rendimento; se a demanda for neutra,
espera-se um resultado negativo para o produto interno de vetores.
A metodologia proposta, com já dito, é desenvolvida por KATZ e MURPHY (1992). Segundo
estes autores, os rendimentos relativos dos grupos k são definidos pela interação entre oferta
relativa dos grupos e pela produção agregada associada a padrões de demanda pelo fator.
Trata-se de um modelo de equilíbrio parcial, onde não estão especificados os determinantes
da oferta relativa de trabalho. O pressuposto do teste se restringe ao fato de rendimentos e
quantidades observadas estarem sobre a curva de demanda. Tomando a função de produção
agregada dada por:
(1)
Xt = D (Wt, Zt),
onde Xt, Wt e Zt são os vetores de oferta de trabalho (kx1), rendimento relativo (kx1) e
variáveis associadas a mudanças na composição da demanda (mx1) no ano t. Como a função
de produção é côncava, o produto interno dos vetores de mudanças nos rendimentos e
mudanças na oferta relativa líquida de mudanças na demanda deve ser negativo ou nulo.
Então:
(2)
dW’t (dXt – DzdZt)  0
Contudo, deseja-se examinar apenas se os fatores de oferta são responsáveis por modificações
na estrutura de rendimentos relativos. Para isso, supõe-se DzdZt igual a zero, considerando a
demanda neutra:
(3)
dW’tdXt  0,
onde dW é o vetor de mudanças de rendimentos para os grupos demográficos compostos por
gênero, idade e escolaridade, em um dado período de tempo e dX corresponde à mudança no
vetor de oferta medido em unidades de eficiência.
Portanto, utilizando as matrizes estimadas na sessão anterior, W e X e baseado em KATZ e
MURPHY (1992), o teste de produto interno responde se somente mudanças na oferta são
suficientes para explicar modificações na estrutura de salários relativos em Minas Gerais e
São Paulo no período entre 1992/99.
De acordo com o exercício proposto pelos autores, quando resulta da demanda ser neutra, o
produto interno dos vetores pode ser negativo ou nulo, isso porque as mudanças do
rendimento relativo movem-se em direção oposta ao deslocamento da oferta relativa.17
O teste do produto interno em termos discretos é dado por:
(4)
(Wt+m – Wt)’(Xt+m – Xt)  0
onde Wt (Wt+m) é o vetor de rendimento relativo no ano t (t+m) e Xt (Xt+m) é o vetor da oferta
de trabalho relativa no ano t (t+m).
Segundo KATZ e MURPHY (1992) se a desigualdade é satisfeita, isto é, se o produto interno
das mudanças nos salários e na oferta é negativo, mudanças na oferta explicam integralmente
mudança nos salários, contrariando HOS. Então, para corroborar com HOS a desigualdade (4)
não deve se verificar.
Para cálculo do produto interno, recorre-se às médias quadrienais18 das variáveis de
rendimento e oferta relativa dos grupos19, nos períodos de 1992 a 1995 e de 1996 a 1999,
excluindo 1994 quando a PNAD não foi a campo.
17
Para ROBINS (1997), um resultado nulo no teste de produto interno corresponde à neutralidade da demanda
se a oferta relativa não tiver sofrido modificação; caso contrário, um valor nulo implica um deslocamento não
neutro da demanda relativa suficiente para compensar o deslocamento de oferta, mesmo com essa argumentação
o autor adota semelhante método e mesma interpretação dos resultados propostos por KATZ e MURPHY
(1992).
10
Tabela 2
Produto Interno São Paulo e Minas Gerais da Agricultura e Indústria segundo escolaridade, idade e sexo
SETORES
Agricultura e indústria
Agricultura
Indústria
MINAS GERAIS
1996/99 – 1992/95
0,016451
0,139995
0,053455
SÃO PAULO
1996/99 – 1992/95
-0,014391
-0,257070
-0,008495
Fonte: Elaboração própria a partir da PNAD.
Têm-se, pela tabela 2, resultados distintos entre os Estados. Em Minas Gerais, todos os
valores estão associados com produto interno positivo, verifica-se maior valor para
agricultura, sugerindo que apenas deslocamentos da oferta não explicam mudanças nos
rendimentos relativos, algo pertinente ao modelo HOS. Enquanto em São Paulo todos os
valores são negativos para todos setores, indicando que, ao contrário de Minas Gerais,
prevalece o deslocamento da oferta de trabalho sobre a demanda neste Estado. É possível que
este último resultado seja reflexo do processo de universalização do ensino brasileiro, tendo
em vista o aumento da oferta de trabalho de indivíduos com nível de instrução mais elevado,
especialmente da mão-de-obra paulista com IIº Grau Incompleto a partir de 1997.20
KATZ e MURPHY (1992) encontram valores positivos e maiores que os obtidos acima,
efetivando a relevância do deslocamento da demanda sobre alterações nos rendimentos
relativos dos trabalhadores americanos. Cabe destacar que MACHADO (2000) contraria estes
resultados ao constatar valores muito próximos de zero e negativos para todos os setores no
período de 1985/97, indicativo de que os deslocamentos de oferta prevalecem sobre os de
demanda para o caso brasileiro.
Em resumo, os resultados, para o teste do produto interno em Minas Gerais, mostram que os
deslocamentos de demanda prevalecem sobre mudanças na oferta de trabalho na determinação
dos salários relativos. Resultado contrário é verificado em São Paulo, sendo semelhante ao
obtido para o Brasil em estudo de MACHADO (2000).
A seguir, pretende-se agregar mais informações ao argumento constatado neste exercício,
incluindo variáveis de fluxos de comércio para verificar a influência do comércio sobre o
deslocamento da demanda relativa de trabalho.
18
Como o período compreende sete anos e não há informações sobre o ano de 1994, opta-se em dividi-lo em
sub-períodos com número par de anos, o que implica média do sub-período englobar o segundo semestre de um
ano e o primeiro semestre do ano seguinte. Isto é, no sub-período 1992/95, a média centra-se no segundo
semestre de 1993 e primeiro de 1994, em 1996/99, o ponto médio se localiza no segundo semestre de 1997 e
primeiro de 1998. Se o sub-período fosse formado por número ímpar de anos, o ponto médio se localizaria no
ano civil completo.
19
Para esse teste combinam-se os atributos pessoais, ou seja, sexo (2), idade (5) e escolaridade (5). Neste caso,
as variáveis rendimento e oferta provêm das matrizes W e X com 50 grupos demográficos, nos Estados para sete
anos.
20
A respeito do comportamento do mercado de trabalho em Minas Gerais e São Paulo no período analisado ver
mais em RAPOSO (2002).
11
4.4 Deslocamento da Demanda Relativa de Trabalho devido ao Comércio
Nesta parte, interessa testar quais os efeitos do fluxo de comércio sobre a demanda relativa de
trabalho em Minas Gerais e São Paulo no período entre 1992/99, tendo como inspiração
teórica o modelo HOS.
Conforme visto, as teorias de comércio estão descritas para as relações entre países,
desenvolvidos (intensivo em trabalho qualificado) e em desenvolvimento (intensivo em
trabalho pouco qualificado). Contudo, neste trabalho, está-se limitando a análise para de dois
Estados da Federação brasileira e suas relações com o resto do mundo. Desse modo, tratamse, individualmente, Minas Gerais e São Paulo, buscando isolar os efeitos do processo de
liberalização comercial no país sobre as variáveis de rendimento e emprego nesses Estados.
O teste de deslocamento da demanda relativa de trabalho devido ao comércio segue a
metodologia desenvolvida em KATZ e MURPHY (1992) baseada no conteúdo de fator de
comércio.21 Essa abordagem enfoca os efeitos de comércio sobre a demanda e remuneração
relativa dos fatores através do conteúdo dos fatores de produção embutidos nos bens
exportados e importados.22 Portanto, calcula-se quanto de trabalho qualificado e menos
qualificado está contido na produção de bens exportados pelo país e calcula-se a quantidade
requerida destes fatores nas importações, utilizando-se de coeficientes técnicos domésticos,
como se as importações seguissem o mesmo padrão tecnológico da produção doméstica .O
efeito líquido de comércio é, assim, definido pela diferença entre o conteúdo de trabalho
incorporado nas exportações e importações.
Segundo KATZ e MURPHY (1992), para estimar a quantidade de trabalho equivalente de
comércio, fluxos de comércio devem ser transformados em equivalentes de produtos
domésticos, com base na utilização da mão-de-obra nas indústrias domésticas responsáveis
pela produção de bens comercializáveis. Os autores sugerem estimar a oferta de trabalho
diretamente contida no comércio, desconhecendo os efeitos indiretos de insumo-produto,
conseqüentemente a quantidade de trabalho implícita no comércio é a quantidade de trabalho
requerida para produção doméstica de bens. O valor da oferta de trabalho implícita de
comércio é expresso por:
I 
k
k
(3)
Lt   ei Eit  it ,
 Yit 
k
onde ei é a participação média de emprego do grupo k em unidades de eficiência no períodobase;
Iit são as importações líquidas no ramo i no ano t23;
21
Trabalhos como de BURTLESS (1995), ARBACHE (2000 a e b) e MACHADO (2000) revisam essa
metodologia.
22
Os estudos do conteúdo de fator de comércio necessitam do ambiente proposto pelo modelo de HOS, onde não
ocorram mudanças de tecnologia, de preferências e de dotação dos fatores, ao trabalhar com os efeitos do
comércio internacional sobre a estrutura de emprego.
23
Os dados sobre fluxo de comércio internacional dos Estados são fornecidos pela Secretaria de Comércio
Exterior do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (SECEX/MICT) disponíveis pelo Sistema Alice
(Análise das Informações de Comércio Exterior da Secretaria de Comércio Exterior), referentes ao período de
1992 a 1999, combinados com informações da Fundação João Pinheiro (FJP) e Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados (SEADE) sobre o valor adicionado dos ramos de atividade selecionados. O Sistema Alice
contém informações mensais e anuais sobre os valores de importação e exportação na condição de venda FOB.
Os dados são apresentados segundo grandes grupos de produtos. Os dados referentes ao valor adicionado estão
em termos correntes. A escolha desse período (1992/99) se deve, portanto, à disponibilidade de dados do Sistema
Alice e sua compatibilização com os dados da PNAD. Deve-se tomar cuidado com a interpretação de dados
relativos às importações estaduais. Segundo DINIZ (2000), a análise dos impactos regionais das importações é
12
Yit é o produto no ramo i no ano t;24
Eit é a participação do emprego em unidades de eficiência do ramo i na economia no ano t (i
Eit = 1).
A equação (3) mensura a oferta de trabalho implícita do grupo k contida no comércio líquido
no ano t através de uma fração da oferta de trabalho doméstica do grupo. Já o efeito do
comércio sobre a demanda relativa de trabalho para o grupo demográfico k no ano t é dado
por:
 k  I 
I 
 1 
k
Tt   K i ei Eit  it   i Eit  it ,
(4)
E 
 Yit 
 Yit 

onde Ek é a participação média do emprego do grupo k no período-base.
O primeiro termo da equação (4) é basicamente a oferta implícita de trabalho do grupo k
contida no comércio, normalizada pelo emprego do grupo k no período-base com o sinal
invertido para medir o deslocamento da demanda. O segundo termo ajusta a medida de
deslocamento afim de que os efeitos de comércio somente afetem a demanda relativa de
trabalho.
Desse modo, se os bens exportados por Minas Gerais e São Paulo requerem mais mão-deobra menos qualificada que os bens importados, na presença do comércio, espera-se aumento
da demanda por este fator de produção e, adicionalmente, de sua remuneração relativa.25
Os dados para o cálculo da expressão (4) provêm da matriz X, onde se combinam as variáveis
escolaridade (5), ramo de atividade (15)26 e ocupação da produção ou não produção (2) para
obter a mesma amostra de ocupados distribuídos em 150 grupos nos anos de 1992 a 1999 e,
no caso da relação dicotômica qualificado e menos qualificado, redefine-se a matriz X,
obtendo o correspondente com 60 grupos com as mesmas características.27 Sendo k grupos
demográficos definidos ora por faixas de escolaridade, ora por nível de qualificação.
Da forma como proposto, o impacto do comércio sobre o emprego dos trabalhadores da
produção e não vinculados à produção é, por suposto, proporcionalmente igual, já que são
avaliados conjuntamente. Entretanto, as exportações e importações podem afetar de forma
diferenciada os postos de trabalho destas categorias. Assim sendo, a criação e destruição de
empregos devido à produção de bens exportáveis e de consumo doméstico recai tanto sobre os
empiricamente difícil porque não há vinculação direta entre as regiões que executam as importações e as regiões
que investem ou consomem estas importações, uma vez que grande parcela das importações são contabilizadas
segundo os portos e aeroportos de chegada ou muitas vezes pelas firmas importadoras, estado a maioria
estabelecida nas grandes capitais.
24
A referência do produto de cada ramo de atividade no período-base (1992/99) é dado pelo Valor Adicionado a
preço básico corrente fornecidos pela FJP e SEADE. Os coeficientes técnicos da produção doméstica são
expressos pela razão entre os fluxos comerciais e valor adicionado dos ramos i no ano t para os dois Estados.
(Ver tabelas A1, A2, A3 e A4, Apêndice).
25
Vale ressaltar que as hipóteses dessa metodologia são bastante restritivas, gerando críticas da consistência do
método, como as de LEAMER (1994, 1996). No entanto, esse método é bastante utilizado em textos que
pretendem relacionar comércio a mercado de trabalho, são exemplos KATZ e MURPHY (1992), WOOD (1994),
BALDWIN e CAIN (1997) e ROBBINS (1997).
26
Para o Estado de São Paulo, incluí-se o setor de mineral metálicos em Produtos diversos apenas no teste de
deslocamento da demanda relativa de trabalho devido comércio, de modo a compatibilizar os dados da PNAD
com as informações sobre comércio.
27
Neste trabalho, consideram-se os trabalhadores com IIº Grau e Nível Superior como mão-de-obra qualificada
e, como mão-de-obra menos qualificada, os trabalhadores com até Ginásio Incompleto.
13
trabalhadores vinculados à produção quanto sobre os não-vinculados diretamente à produção,
já as importações afetam mais o deslocamento dos trabalhadores da produção do que o
segundo tipo de trabalhador. Muitas das atividades realizadas pelos trabalhadores não
vinculados diretamente à produção podem ser relativamente complementares a dos
trabalhadores da produção do resto do mundo. Tendo em vista a ressalva de DINIZ (2000) da
credibilidade dos dados de importação para os Estados, opta-se em ausentar os resultados do
critério da alocação diferenciada, inicialmente proposto por KATZ e MURPHY (1992) e
aplicado por MACHADO (2000) para o caso brasileiro.
A tabela 3 apresenta os resultados do teste de deslocamento da demanda de trabalho devido
comércio segundo o critério da alocação igual por nível de escolaridade e qualificação para os
dois Estados no período-base (1992/99) e nos sub-períodos (1992/96 e 1996/99).
De acordo com a tabela 3, os resultados do teste, segundo escolaridade, são distintos no
período-base e similares nos sub-períodos entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo. Em
Minas Gerais, no período completo, há uma redução do emprego em todas as faixas, com
exceção de 4-7 anos de estudo. Neste caso, o comportamento do emprego tende a indicar que
o comércio é a variável mais importante para explicar o deslocamento da demanda de trabalho
por trabalhadores com Ginásio Incompleto. Em São Paulo, por sua vez, o comércio favorece
praticamente todas as faixas de escolaridade, exceto os trabalhadores com nível superior.
Quanto ao primeiro sub-período, 1992/96, a mão-de-obra menos instruída amplia sua
participação nos dois Estados, especialmente a faixa dos analfabetos. Já no segundo subperíodo, a conclusão se inverte, os efeitos do comércio repercutem positivamente sobre os
níveis de maior escolaridade, excetuando São Paulo no nível 3º grau completo.
Ainda na tabela 3, apresentam-se os resultados do deslocamento da demanda de trabalho
segundo comércio por nível de qualificação. Verifica-se, inicialmente, que os valores deste
teste são sempre maiores para o Estado de Minas Gerais, quando comparados aos de São
Paulo.
Tabela 3
Decomposição das mudanças na demanda por mão-de-obra relativa segundo comércio dos Estados de São Paulo
e Minas Gerais segundo ramo, inserção na produção e nível de qualificação 28
PERÍODOS
NÍVEIS DE
ESCOLARIDADE
1992/99
sem instrução
1-3 anos
4-7 anos
8-11 anos
12 e mais
sem instrução
1-3 anos
4-7 anos
8-11 anos
12 e mais
sem instrução
1-3 anos
4-7 anos
1992/96
1996/99
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
ALOCAÇÃO IGUAL
-2,45%
0,01%
-0,20%
1,58%
4,72%
1,54%
-1,77%
0,15%
-5,56%
-2,16%
8,32%
5,18%
7,96%
3,65%
3,28%
1,27%
-6,07%
-0,95%
-8,94%
-2,08%
-10,76%
-5,17%
-8,16%
-2,07%
1,45%
0,27%
28
Realiza-se ainda a decomposição das mudanças na demanda por trabalho segundo comércio dos Estados de
São Paulo e Minas Gerais segundo ramo, posição na ocupação, inserção na produção e por nível de qualificação.
Entretanto, os resultados obtidos são semelhantes aos apresentados na Tabela 15.
14
8-11 anos
12 e mais
1992/99
1992/96
1996/99
Menos Qualificados
Qualificados
Menos Qualificados
Qualificados
Menos Qualificados
Qualificados
4,29%
3,38%
2,27%
-2,96%
5,33%
-6,97%
-3,07%
4,01%
1,10%
-0,08%
1,35%
-0,86%
2,27%
-1,45%
-0,92%
0,59%
Fonte: Elaboração própria a partir da PNAD e ALICE/SECEX.
Nos dois Estados, no período como um todo e em 1992/96, verifica-se que o comércio parece
ser responsável pela mudança na demanda relativa de trabalho a favor dos menos
qualificados. Essa implicação é indicativa de que, pelo menos nestes períodos, o comércio
deve estar explicando a mudança da demanda de trabalho a favor dos menos qualificados em
detrimento dos qualificados, resultado que corrobora as predições do modelo HOS.
Porém, no segundo sub-período (1996/99), os fluxos de comércio parecem ter afetado
negativamente a demanda por trabalhadores menos qualificados em ambos Estados. É
possível que este resultado seja reflexo da consolidação do processo de liberalização
comercial do país combinado ao período de desaceleração econômica brasileira.
A literatura que investiga a associação entre comércio internacional e desigualdade através da
metodologia adotada neste trabalho, do conteúdo de fatores, também apresenta evidências
ambíguas nos países desenvolvidos. BORJAS et al (1992), SACHS e SHATZ (1994) e
WOOD (1994) mostram que o comércio internacional reduz a demanda por trabalhadores
menos qualificados, aumentando a desigualdade salarial. Já KATZ e MURPHY (1992) e
FEENSTRA e HANSON (2000) constatam que a mudança no conteúdo de fatores das
importações teve efeito modesto na demanda relativa de trabalho menos qualificado e
pequeno impacto nos salários.
Adicionalmente, outros trabalhos examinam a hipótese de mudanças tecnológicas enviesadas
em favor do trabalho qualificado e encontram evidências favoráveis ao aumento da demanda
por trabalhadores qualificados, afetando, assim a distribuição dos salários. (BERMAN et al,
1994; BERMAN et al, 1998; MACHIN, 1996; e DESJONQUERES et al, 1999).
Outros trabalhos investigam os efeitos da liberalização comercial no nível de emprego o qual,
supostamente, deve crescer após liberalização comercial devido à abundância relativa de
trabalho menos qualificado nos países em desenvolvimento. No entanto, observa-se modesto
crescimento ou taxa de crescimento negativa do emprego (REVENGA, 1997; CURRIE e
HARRISON, 1997). Da mesma forma, FEENSTRA e HANSON (1997) examinando os
impactos dos investimentos diretos estrangeiros no México nas chamadas maquiladoras,
verificam aumento significativo da demanda relativa de trabalhadores qualificados. De
maneira geral, a predição do modelo HOS, também não tem sido corroborada pelas evidências
nos países em desenvolvimento, e a explicação na literatura pode ser dada pela mudança no
padrão tecnológico e ou pelos efeitos dos movimentos de capitais e investimentos diretos
estrangeiros sobre o deslocamento da demanda por trabalho qualificado.
No que se refere aos Estados brasileiros, somente em Minas Gerais, no período como um
todo, os fluxos comerciais têm efeitos positivos sobre a demanda por trabalho menos
qualificado. Nesse caso, ter-se-ia a confirmação da predição teórica.
Deve-se destacar que, neste mesmo período, em Minas Gerais, a variação na demanda relativa
de trabalho qualificado devido comércio é negativa. O resultado obtido sugere papel
insignificante do comércio no deslocamento da mão-de-obra qualificada mineira,
15
corroborando evidências empíricas para o caso brasileiro e de outros países em
desenvolvimento.
Também, em São Paulo, no período completo, o verificado aumento da demanda relativa de
trabalho menos qualificado é devido à contribuição de outros fatores, que prevalecem sobre os
efeitos de comércio.
De um modo geral, no período como um todo, as evidências mostram um efeito acentuado da
liberalização comercial no Estado mineiro em favor dos menos qualificados, enquanto em São
Paulo outras mudanças do cenário econômico explicam alterações na composição do
emprego.
5. Considerações finais
O artigo examina o impacto da liberalização comercial no mercado de trabalho de Minas
Gerais e São Paulo no período compreendido entre 1992 a 1999. À luz do modelo de HOS,
investigam-se as alterações na composição do emprego destes Estados devido ao comércio.
O artigo está dividido em dois tratamentos empíricos. Os resultados do teste do produto
interno de vetores, o qual examina se mudanças na demanda de trabalho são importantes para
explicar as modificações na estrutura de salários relativos mostram que, no Estado de Minas
Gerais, em todos os setores, em especial a agricultura, o período da liberalização comercial
está associado a um produto interno positivo, indicando prevalência do deslocamento da
demanda de trabalho sobre a oferta. Em São Paulo, para o mesmo período, os valores do
exercício são negativos para todos os setores, sugerindo que apenas deslocamentos da oferta
explicam mudanças nos rendimentos relativos.
Posteriormente, como forma de investigar os efeitos da abertura no deslocamento da demanda
de trabalho, tendo em vista as predições teóricas do modelo HOS, emprega-se a metodologia
de conteúdo de fator. Os resultados mostram que, no período-base em Minas Gerais e no subperíodo 1992/96 para os dois Estados, o comércio internacional afeta positivamente a
demanda por trabalhadores menos qualificados, tal como prevê a teoria de HOS. Entretanto,
em São Paulo, no período-base e entre 1996/99, outros fatores contribuem para o aumento da
demanda relativa de trabalho menos qualificado, superando os efeitos de comércio.
Assim, os resultados evidenciam a favor das predições do modelo HOS para o Estado de
Minas Gerais. As peculiaridades produtivas e a característica aberta e competitiva da
economia mineira, contando com elevada participação dos ramos produtores de bens agrícolas
e intermediários, constituem aspectos relevantes na explicação tanto da correlação verificada
entre demanda relativa de trabalho e rendimentos relativos, quanto do aumento da mão-deobra menos qualificada em decorrência da liberalização comercial.
Em São Paulo, por sua vez, o crescimento do desemprego industrial formal e o processo de
reversão da polarização industrial paulista, associada à crise econômica nacional podem ser
fatores explicativos para predomínio do deslocamento da demanda em favor dos trabalhadores
menos qualificados, além de justificar os resultados pouco expressivos do teste de comércio.
Ressalta-se, ainda, a dificuldade de isolar os efeitos de comércio internacional de outras
transformações pelas quais passam a economia paulista, mesmo tendo em mente a
importância da abertura na economia do Estado.
Por tudo isso, as evidências apreciadas neste artigo desafiam a validade das previsões do
modelo HOS, o que nada surpreende, tendo em vista os resultados empíricos similares
encontrados para o Brasil e outros países em desenvolvimento.
Entretanto, o artigo não negligencia sua contribuição empírica para a vasta literatura deste
tema, por trabalhar com um Estado da Federação brasileira, isolando os efeitos de comércio.
16
No campo das sugestões práticas para pesquisa futura, pretende-se introduzir a análise um
estado da região Nordeste brasileira, tendo em vista uma restrita pauta de exportação baseada
em bens básicos e as particularidades da economia nordestina no cenário nacional.
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19
APÊNDICE
Tabela A1
Exportação Sobre Valor Adicionado Segundo Ramos – Minas Gerais (1992/99)
Agropecuária
Extrativa Mineral
Mineral Ñ Metálicos
Siderurgia
Maquinas e Equipamentos
Mat. Elétrico Equip. Eletro.
Mat. de Transporte
Papel, Papelão e Artefatos
Borracha
Química
Farmacêutica e Perfumaria
Material de Plástico
Têxtil
Vestuário couro e calcados
Alimentar
Produtos Diversos
1992
0,003217
1,560993
0,03132
0,805097
0,428556
0,689368
0,015423
0,833946
0,080503
0,141989
0,265902
0,084328
0,1678
0,210076
0,069969
0,003217
1993
0,002657
0,925013
0,045206
0,720248
0,563617
0,42644
0,015737
0,738763
0,076953
0,156704
0,444069
0,069387
0,166877
0,332986
0,08842
0,002657
1995
0,001878
1,099663
0,038945
0,530427
0,526946
0,264002
0,008672
1,192687
0,135535
0,085467
0,071962
0,071253
0,340293
0,382863
0,073537
0,001878
1996
0,013803
1,241506
0,0504
0,533122
0,553437
0,187256
0,008932
0,862483
0,146651
0,06212
0,107079
0,099152
0,504259
0,316897
0,072739
0,013803
1997
0,010376
1,201808
0,060494
0,44781
1,009975
0,385907
0,044073
1,333343
0,144696
0,052235
0,369583
0,111054
0,787328
0,593708
0,071595
0,010376
1998
0,017294
1,83323
0,06018
0,494113
1,005652
0,631937
0,048562
1,390756
0,117755
0,042318
0,611297
0,10661
1,010499
0,530303
0,085274
0,017294
1999
0,017027
2,140126
0,07756
0,615244
2,152963
0,720574
0,063765
1,729678
0,148708
0,041855
0,432231
0,14678
1,636447
0,597607
0,09397
0,017027
Fonte: Elaboração própria a partir da SECEX e FJP.
Tabela A2
Importação Sobre Valor Adicionado Segundo Ramos – Minas Gerais (1992/99)
1992
1993
Agropecuária
0,003431 0,003234
Extrativa Mineral
0,369196 0,134508
Mineral Ñ Metálicos
0,012121 0,007883
Siderurgia
0,02795 0,032906
Maquinas e Equipamentos
0,679951 0,70322
Mat. Elétrico e Equip. Eletrônicos 0,214599 0,255608
Mat. de Transporte
0,01355 0,022629
Papel, Papelão e Artefatos
0
0,0041
Borracha
0,053574 0,05652
Química
0,065238 0,037045
Farmacêutica e Perfumaria
0,21837 0,246748
Material de Plástico
0,041446 0,118921
Têxtil
0
0,040033
Vestuário couro e calcados
0,031639 0,031782
Alimentar
0,222638 0,21905
Produtos Diversos
0,003431 0,003234
Fonte: Elaboração própria a partir da SECEX e FJP.
1995
1996
1997
1998
1999
0,003921
0,169002
0,01191
0,072549
0,99064
0,567772
0,021218
0,028615
0,109746
0,039497
0,429207
0,116461
0,165206
0,060378
0,296628
0,003921
0,007034
0,076014
0,009726
0,063981
1,801873
0,26898
0,014684
0,062613
0,151778
0,089362
1,029571
0,182899
0,010092
0,049614
0,383115
0,007034
0,008351
0,12916
0,001216
0,070211
2,695555
0,416072
0,010385
0,089627
0,099692
0,017521
0,617906
0,19467
0
0,035648
0,326749
0,008351
0,010995
0,153407
0,001262
0,063937
2,156311
0,672974
0,018606
0,124528
0,129786
0,038759
0,264772
0,128564
0
0,022326
0,316171
0,010995
0,0132
0,270578
0,010487
0,051972
4,691071
0,679568
0,077075
0,113001
0,167544
0,127578
0,905326
0,282309
0
0,034191
0,532893
0,0132
20
Tabela A3
Exportação Sobre Valor Adicionado Segundo Ramos – São Paulo (1992/99)*
1992
1993
1995
1996
1997
1998
Agropecuária
Mineral Ñ Metálicos
Siderurgia
Maquinas e Equipamentos
Mat. Elétrico e Equip. Eletro.
Mat. De Transporte
Papel, Papelão e Artefatos
Borracha
Química
Farmacêutica e Perfumaria
Material de Plástico
Têxtil
Vestuário couro e calcados
Alimentar
Produtos Diversos
0,00508
0,00483 0,004165 0,021598 0,024894 0,015217
0,014882 0,025611 0,025126 0,020853 0,023305 0,01859
0,277703 0,22985 0,206092 0,201514 0,162097 0,169755
0,153205 0,131249 0,120416 0,112607 0,126473 0,130469
0,259078 0,292149 0,295665 0,337475 0,366835 0,371791
0,481688 0,339044 0,291377 0,362753 0,478379 0,677105
0,128803 0,137409 0,150524 0,132985 0,167893 0,183588
0,30451
0,2588
0,22822 0,227449 0,224278 0,25252
0,05676 0,040932 0,062376 0,074465 0,061063 0,057771
0,013298 0,02052 0,028882 0,03358 0,031088 0,037721
0,057573 0,037586 0,03297 0,029035 0,027069 0,030421
0,249978 0,149887 0,139967 0,142916 0,168871 0,156143
0,283987 0,313072 0,254135 0,265731 0,323549 0,278565
0,2937
0,258114 0,358531 0,320562 0,301674 0,322311
0,181295 0,16852 0,109898 0,077313 0,082524 0,094885
*Para este Estado incluir o setor mineral metálicos em Produtos diversos no teste de comércio.
Fonte: Elaboração própria a partir da SECEX e SEADE.
1999
0,022235
0,03763
0,193938
0,158241
0,624386
1,0299
0,208806
0,288633
0,068462
0,062012
0,040563
0,245606
0,338742
0,538994
0,144553
Tabela A4
Importação Sobre Valor Adicionado Segundo Ramos – São Paulo (1992/99)*
1992
Agropecuária
Mineral Ñ Metálicos
B Siderurgia
Maquinas e Equipamentos
Mat. Elétrico e Equip. Eletrônicos
Mat. de Transporte
Papel, Papelão e Artefatos
Borracha
Química
Farmacêutica e Perfumaria
Material de Plástico
Têxtil
Vestuário couro e calcados
Alimentar
Produtos Diversos
1993
1995
1996
1997
0,007954 0,008081 0,007619 0,03367 0,023318
0,003369 0,00495 0,004631
0
0,003772
0,295967 0,161264 0,220309 0,051149 0,090035
0,100952 0,098366 0,1212 0,196524 0,215208
0,256764 0,367831 0,5636 0,679129 0,789233
0,134243 0,174924 0,221537 0,223681 0,238544
0,034329 0,036993 0,08546 0,134723 0,15804
0,094416 0,099848 0,159367 0,124622 0,121275
0,117062 0,101053 0,140151 0,218325 0,187661
0,067041 0,093787 0,148384 0,180229 0,171785
0,023578 0,031876 0,046381 0,055568 0,052827
0,12041 0,22294 0,202141 0,249381 0,270358
0,005492 0,019789 0,071176 0,080267 0,075945
0,039356 0,055576 0,088123 0,063929 0,059157
0,191541 0,356261 0,220635 0,399742 0,405878
*Para este Estado incluir o setor mineral metálicos em Produtos diversos no teste de comércio.
Fonte: Elaboração própria a partir da SECEX e SEADE.
1998
1999
0,016238
0
0,090723
0,203213
0,980984
0,330885
0,162897
0,137526
0,154811
0,171341
0,078749
0,206668
0,045824
0,075122
0,315853
0,030972
0
0,09702
0,193785
1,360315
0,461139
0,137246
0,0774
0,200682
0,222361
0,072014
0,282117
0
0,047913
0,342043
21
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