LÍNGUA PORTUGUESA Organização MARCOS DOS REIS BATISTA ORIENTAÇÕES AOS DOCENTES DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL Bem-vindo aos TEXTOS DA DÍNAMO EDUCAÇÃO E PROFISSÃO! Este é um material didático que serve de guia para a atuação do docente nas mais variadas disciplinas no âmbito da modalidade de Educação de Jovens e Adultos no ensino médio. Os textos escritos servem de estímulo à produção e compreensão oral e escrita. Assim, o docente de língua portuguesa do Brasil e de literatura em língua portuguesa tem a plena liberdade em elaborar um portfólio para a construção de exercícios que venham aos anseios dos alunos e que os motivem a fazer uso sistematizado da língua corrente em nossa sociedade. Optou-se neste material de se trabalhar com textos autênticos – aqueles que são produzidos correntemente na sociedade – por estarem próximos da realidade do aluno, assim como, de se trabalhar com textos didáticos, nos quais, é preponderante a necessidade de se fazer entender para que o aprendente possa conhecer melhor a temática em questão. A compilação tem como objetivo de servir de guia ao trabalho do docente de língua portuguesa e o oferece a total liberdade de acrescentar outros tantos textos e atividades que venham a enriquecer o trabalho em sala de aula. Assim, as aulas passam a fazer parte de uma dimensão construtiva fazendo com que os docentes e os discentes criem diálogos e produzem ideias acerca do uso e da aprendizagem sistemática da língua. Esperamos com esse simples e dinâmico material servir de uma boa referência ao percurso de aprendizagem de nossos alunos. SUMÁRIO TÓPICO 1 - CONCEITO E ORGANIZAÇÃO: Gêneros textuais TÓPICO 2 - GÊNEROS NARRATIVOS TÓPICO 3 – GÊNEROS JORNALÍSTICOS TÓPICO 4 – INTERTEXTUALIDADE TÓPICO 5 – TIPOS DE DISCURSOS TÓPICO 6 – GÊNEROS ARGUMENTATIVOS TÓPICO 7 – COESÃO E COERÊNCIA TÓPICO 8 – FIGURAS DE LINGUAGEM TÓPICO 9 – TEXTO OPINATIVO TÓPICO 10 – MODOS DE ORGANIZAÇÃO TEXTUAL TÓPICO 11 – PARADOXO E ANTÍTESE TÓPICO 12 – ENTREVISTA E ARTIGO CIENTÍFICO TÓPICO 13 – TEXTOS INJUNTIVOS TÓPICO 14 – NOTÍCIA E REPORTAGEM TÓPICO 15 – DESCRIÇÃO TÓPICO 16 – NORMA-PADRÃO E NORMA COLOQUIAL TÓPICO 17 – VARIANTES LINGUÍSTICAS TÓPICO 18 – ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA TÓPICO 19 – GÍRIA E JARGÃO TÓPICO 20 – CONCORDÂNCIA NOMINAL TÓPICO 21 – CONCORDÂNCIA VERBAL TÓPICO 22 – CONCORDÂNCIA VERBAL – CASOS ESPECIAIS DE ALGUNS VERBOS TÓPICO 23 – FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO TÓPICO 24 – PRONOMES TÓPICO 25 – CONJUNÇÃO TÓPICO 26 – MODO E TEMPO VERBAL TÓPICO 27 – MODOS VERBAIS TÓPICO 28 – HIPERTEXTO TÓPICO 29 – NOVO ACORDO DA LÍNGUA PORTUGUESA PEQUENA HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A língua portuguesa originou-se na região que hoje é entendida como Galiza (Espanha) e no norte de Portugal, derivada do Latim vulgar que foi introduzido no oeste da Península Ibérica há mais ou menos dois mil anos. O português na Península Ibérica pode ser entendido como a mesclagem de línguas nativas daquela região com o latim trazido pelos romanos. Além da influencia de povos como os Galaicos, Celticos e Conios. O romance galaico-português nasce do Latim falado, trazido pelos soldados romanos, colonos e magistrados. Esse contato fez com que, após um período de bilinguismo, as línguas locais desaparecessem, levando ao aparecimento de novos falares regionais. Assume-se que a língua iniciou o seu processo de diferenciação das outras por meio do contato das diferentes línguas nativas locais com o latim citado anteriormente, o que levou ao possível desenvolvimento de diversos traços individuais ainda no período romano. A língua iniciou a segunda fase do seu processo de diferenciação das demais línguas neolatinas (italiano, espanhol, catalão, francês, entre outras) depois da queda de Roma, durante a época das invasões do século V quando surgiram as primeiras mudanças fonéticas documentadas que se refletiram no vocabulário. Começou a ser usada em documentos escritos pelo século IX, e no século XV tornou-se numa língua amadurecida, com uma literatura bastante rica. A partir do ano 409 DC, o Império Romano entrava em colapso e Península Ibérica era invadida por povos de origem germânica, persa e eslava, conhecidos pelos romanos como “bárbaros”. Estes absorveram em grande parte a cultura e alingua da região. Contudo, desde que as escolas e a administração romana fecharam, a Europa entrou na chamada “Idade média” e as comunidades ficaram isoladas. A partir deste período começou a formação de uma arvora linguística lusitana (galegoportuguês). No ano 711 deu-se início a invasão islâmica, sendo assim a língua árabe se tornou o idioma de administração das áreas conquistadas. Contudo, a população continuou a usar as suas falas latinas. A partir deste período foram introduzidos diversos termos árabes nas línguas da região ibérica. Em 1297, com a conclusão da reconquista, o rei D.Dinis I prossegue políticas em matéria de legislação e centralização do poder, adotando o português como lingua de Estado ou oficial de Portugal. O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI quando Portugal estabeleceu um Império colonial e comercial (1415-1999) que se estendeu do Brasil e em alguns países da África e algumas regiões da Ásia. O português é conhecido como "A língua de Camões" (em homenagem ao grande escritor Luís Vaz de Camões, autor do épico Os Lusíadas) e "A última flor do Lácio" (expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac). O grande escritor espanhol Miguel de Cervantes, considerava o idioma "doce e agradável". O Dia da Língua Portuguesa e da Cultura é comemorado em 05 de maio, sendo promovido pela CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e é celebrado em todo o espaço lusófono. O português é a língua da maioria da população de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe a Angola. Apesar de apenas 6,5% da população de Moçambique seja de falantes nativos do português, o idioma é falado por cerca de 39,6% dos moçambicanos de acordo com estimativas de 1997. A língua também é falada por 11,5% da população de Guiné Bissau. Não existem dados disponíveis relativos a Cabo Verde, mas quase toda a população é bilíngue, sendo a população monolíngue falante do crioulo cabo-verdiano. Há também significativas comunidades de imigrantes falantes do português em muitos países como Andorra (15,4%), Austrália, Estados Unidos, Canadá, Japao, França, Venezuela, Paraguai, África do Sul, Suíça, Itália. Em algumas partes do que era a Índia Portuguesa, como Goa (Índia), Damão (Sri Lanka) Macau e Diu (China) a língua ainda é falada. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (sigla CPLP) consiste em oito países independentes que têm o português como língua oficial: Angola, Brasil, Cabo Verde, Timor Leste, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. O português é também uma das línguas oficiais da região administrativa especial chinesa de Macau (ao lado do chinês) e de várias organizações internacionais como o MERCOSUL, a Organização dos Estados Ibero-americanos, a Organização dos Estados Americanos, a União Africana e a União Europeia. TÓPICO 1 - CONCEITO E ORGANIZAÇÃO: Gêneros textuais UM PARA CADA OCASIÃO Os gêneros textuais são praticamente infinitos. Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a situação e a intenção de comunicação. Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de relacionamento Orkut, você está exercendo sua capacidade de compreender e aplicar diferentes formas de expressão textual? Sem perceber, você transita de um gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para nos referir aos textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você diria que se trata de um anúncio, parte de uma campanha publicitária cujo objetivo é estimular os estabelecimentos de saúde a notificarem casos de violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos determinados gêneros textuais, de acordo com a intenção comunicativa, o momento e a situação em que ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-padrão de estruturação do texto. No dia a dia reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O Enem e também diversos vestibulares, avalia com freqüência a capacidade do estudante de reconhecer os gêneros de textos. Dessa forma, vamos listar aqui alguns gêneros presentes em nosso cotidiano. Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um tipo de discurso direto que é apresentado dentro de balõezinhos. Sua principal característica é o uso da linguagem verbal (palavras) e da não verbal (ilustração). Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura) e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma satirizar algum fato em evidencia com uma ou mais personagens envolvidos. Classificado: gênero de texto vinculado ao universo jornalístico, em que indivíduos e empresas oferecem um produto ou um serviço. É escrito de forma breve e concisa, apresentando alguns elementos básicos do produto ou serviço que possam interessar ao leitor. Esses são apenas exemplos de gêneros de texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo, crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais englobam esses e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de texto que circulam por aí. São as situações que definem qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O texto pode ter várias dimensões, como o texto cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou uma ilustração, portanto, são formas de expressão textual, providas de significado. Alguns exemplos de gêneros textuais que encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoa, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de usos, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. (Linguagens e códigos – Português/ Abril Coleções. São Paulo: Abril, 2010. P. 11. adaptado) TÓPICO 2 - GÊNEROS NARRATIVOS1 Uma história para ser contada é composta de vários elementos, pensar no cenário, no tempo, nos personagens e no ritmo do desencadeamento dos fatos são preocupações constantes num escritor. Os jogos de RPG (Role Playing Game), que dependem da interpretação dos jogadores, são baseados em gênero narrativos, por exemplo. Elementos da Narrativa: Narrador: O narrador não é o autor da história, é uma voz fictícia que discorre os fatos contatos. O foco pode estar na 1ª pessoa do verbo, quando o narrador é um dos personagens e relata suas impressões 1 FONTE: http://www.infoescola.com/redacao/genero-narrativo/ http://www.infoescola.com/portugues/ sobre a história, ou na 3ª pessoa, quando o narrador é uma espécie de expectador junto com o leitor. O narrador quando expresso na 3ª pessoa, pode apresentar a capacidade onisciente de enxergar e perceber fatos e pensamentos dos personagens. Enredo: É o conjunto de fatos que se sucedem,todo enredo desencadeia-se em conflitos. A ordem início, meio e fim pode ser alterada para impressionar o leitor. Personagens: Seres ficcionais que vivem enquanto a obra está sendo lida, o personagem pode incorporar na forma humana, animal, vegetal, objetos e coisas abstratas. Espaço: É o lugar onde é dado o acontecimento da história, onde é construído o cenário. Tempo: Momento ou instante em que acontece a história narrada, pode ser cronológico ou psicológico. Clímax: Ponto no desenrolar da história que expressa tensão,suspense e expectativas sobre acontecimentos desencadeados, ponto de decisão da história. A narrativa pode apresentar um conto, novela, romance, epopéia e crônica (literatura com jornalismo). TÓPICO 3 – GÊNEROS JORNALÍSTICOS Os jornais e revistas são de grande importância na era da informação, são meios de comunicação de massa, um produto de consumo. Os objetivos desses veículos são: informar, entreter, apresentar uma interpretação competente sobre determinada informação, etc. Há diversos gêneros jornalísticos, eis alguns: - A notícia O elemento fundamental de um jornal é a notícia. Essa caracteriza-se por ser um relato dos fatos sem comentários nem interpretação. Há uma fórmula para a estrutura da notícia: Q – Q – Q – O – C – PQ (o quê, quem, quando, onde, como, por quê), embora não haja uma ordem predeterminada , pois essa é estabelecida pelas circunstâncias que envolvem cada notícia. Esse gênero trabalha com informações e apresenta a função referencial ou informativa da linguagem. De acordo com o caráter da informação há um tipo especial de seqüências textuais. - seqüência narrativa: informação centrada numa mininarrativa, nessa o narrador tenta passar despercebido. - seqüência descritiva: informação centrada na apresentação do estado do fato. - seqüência explicativa: informação centrada na passagem de um conhecimento específico. Veja: Os oito presos que morreram asfixiados em Rio Piracibaca, no interior de Minas Gerais, foram enterrados na quinta-feira.2 Dois corpos foram sepultados pela manhã; os parentes estavam emocionados. Um incêndio destruiu a cadeia pública de Rio Piracicaba na terça-feira. A Polícia Civil admitiu que havia a necessidade de uma reforma no prédio. A corregedoria da corporação vai investigar se houve negligência do carcereiro, que na hora do incêndio estava na rua com a chave da cadeia. Deputados da CPI do sistema carcerário vão nesta quinta-feira a Rio Piracicaba para apurar a morte dos presos. "Tanto o Ministério Público quanto o poder Judiciário local, já tinham tomado providência, inclusive já tinham interditado aquela delegacia porque havia instalações hidráulicas e elétricas inadequadas e o prédio era velho”, afirmou o relator da CPI, deputado Domingos Dutra (PT-MA). “Essa cadeia existe há bastante tempo, e nós estamos tratando da reestruturação dessa cadeia e também da construção regional. Nós estamos fazendo a nossa parte”, respondeu o chefe da Polícia Civil no estado, Marco Monteiro Castro. - O editorial O editorial é um tipo de texto no qual o autor exprime o parecer do jornal acerca de determinado fato. É um texto dissertativo que tem como finalidade propagar a idéia da empresa. Apresenta idéias que evidenciam o ponto de vista escolhido pelo jornal a respeito da matéria em evidência. 2 Texto extraído do site do Jornal Hoje - http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20080103-313937,00.html Veja: O material que faz a diferença: Janeiro é o mês especialmente dedicado à escola.3 Neste início, múltiplas atividades focalizam a arrumação, manutenção e organização do prédio, o planejamento curricular dos professores e das equipes técnicas, a realização de cursos e de seminários de atualização dos docentes, reuniões com funcionários e todo um elenco de ações que envolvem naturalmente a participação real das famílias dos estudantes. Assim parece ser o cenário escolar das escolas públicas e privadas. E nem poderia ser diferente, num País que precisa se comprometer eticamente com a educação das crianças e dos adolescentes. Mas, dentre as despesas de consumo escolar das famílias, destaque-se o item material escolar, a ser usado pelos estudantes durante o ano letivo. Nessa despesa obrigatória, encontra-se uma considerável lista de livros-textos das diferentes disciplinas, livros de leituras complementares também das disciplinas, cadernos, lápis e canetas, que devem ser adquirida à vista ou a crédito, com ou sem desconto. Nesse processo, o estudante se assume como consumidor de um material que interfere financeiramente na renda familiar. Essa lista já faz uma primeira diferença entre a escola pública e a particular, apesar da distribuição aparentemente gratuita dos livros didáticos inseridos nos programas educacionais do MEC. O ministério, por sinal, estabelece a devolução dos livros para serem reutilizados por alunos das séries subsequentes. A segunda diferença consiste concretamente na utilização desse material pelos professores e pelos estudantes, o que nem sempre acontece. E uma terceira diferença diz respeito à qualidade gráfica do livro, que rapidamente se deteriora por meio de páginas que se soltam ou se perdem nas pesadas mochilas dos estudantes. O problema dessas listas de material escolar tem origem na participação pedagógica do professor, que, individualmente ou em grupos interdisciplinares, orienta a compra do material de acordo com os objetivos e metodologias de sua disciplina, no bojo de um planejamento que não se adapta mais a uma visão unidisciplinar, isto é, de disciplinas isoladas, por não levarem a uma visão de contexto em que a transdisciplinaridade permite que se trabalhe o conhecimento cotidiano dos estudantes sob diversos ângulos de reflexão. Do outro lado do problema das listas, estão os bolsos das famílias que já têm outras despesas escolares, se a escola for particular. Tais despesas repercutem e pesam fortemente no orçamento familiar, mas que é suportado por garantir um possível bom ensino em função de uma preparação intelectual condizente com a modernidade. Entre os objetivos pedagógicos dos professores e da escola e as despesas das famílias, concentram-se reclamações que devem ser vistas por todos. Uma dessas reclamações é relativa ao excesso de material solicitado. Para as famílias, significa o consumo do supérfluo que onera em muito o orçamento doméstico. Pode-se considerar um absurdo comprar um material que servirá apenas de ornamento numa sala de aula, principalmente se for considerado que muitas vezes as ações pedagógicas valorizam os exuberantes meios tecnológicos a serviço da didática e da metodologia e se esquecem ou ignoram as próprias finalidades da educação. Considere-se, porém, o significado cultural da produção capitalista do material escolar usado no País, na relação das editoras com os autores dos livros. É uma relação que movimenta consideráveis somas de dinheiro, de direitos autorais, da escolha nacional dos professores que têm o privilégio de se tornar produtores desse material didático que abrange também o acervo das bibliotecas. É preciso uma leitura questionadora e crítica do professor, objetivando a formação educacional e cultural do estudante. - A crônica 3 Texto extraído do site do Jornal O Liberal - http://www.orm.com.br/oliberal/ A crônica é um relato de acontecimentos, fatos, do tempo de hoje, fatos do cotidiano. É uma seção de jornal ou revista, na qual são abordados acontecimentos do dia-a-dia. Em sua estrutura predomina uma seqüência de narrativas, com marcas subjetivas do produtor do texto. Veja: Quarto de badulaques (LVII) O que é que prefeitos têm a ver com capitães de navios? Parece que nada. Navios estão no mar, cidades estão na terra. Navios viajam, cidades não saem do lugar. Embora não pareça o fato é que as responsabilidades dos prefeitos são absolutamente idênticas às responsabilidades dos capitães de navio e seria sábio que os prefeitos tivessem capitães de navio aposentados como seus conselheiros. A primeira obrigação de um capitão de navio é cuidar do navio... Estar atento às maquinas, ao radar, aos instrumentos de orientação, à cozinha, à limpeza, ao combustível, ao casco. Isso tudo, para navegar. Quem entra no navio quer viajar. O capitão do navio tem o dever de levar seus passageiros ao porto prometido. Caso contrário acontece como aconteceu com o Titanic. A primeira obrigação dos prefeitos, à semelhança dos capitães de navio, é cuidar da cidade. Coleta de lixo, saúde, educação, cultura, finanças, água, construções, calçadas, jardins, energia, estradas, os pobres, os velhos, as crianças. Mas as cidades, embora pareçam fincadas no chão, navegam para um futuro. Cidades que não navegam são como navios encalhados, abandonados, enferrujados. Acabam por afundar. Para qual futuro? Essa questões me levam às perguntas que eu gostaria de fazer àqueles que se candidatam a capitães desse navio chamado Campinas. Apenas três. Três são o suficiente. 1. Qual é o futuro que o senhor sonha para Campinas? Para que porto o senhor levará a cidade, se for eleito? Quero que sua descrição seja tão viva que eu possa vê-la! 2. Quais as medidas imediatas a serem tomadas para se começar a navegar na direção desse futuro? 3. Quais os problemas prioritários do presente – as feridas da cidade - a serem atacados imediatamente? De que forma? Rubem Alves. Texto extraído do site do autor (www.rubemalves.com.br) TÓPICO 4 – INTERTEXTUALIDADE4 Textos "conversam" entre si 4 * Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura. (http://educacao.uol.com.br/portugues/intertextualidade-textos-conversam-entre-si.jhtm) (http://fadadacaixinhademusica.blogspot.com/2009_01_01_archive.html) Para entender o que é o conceito de "intertextualidade", um exemplo divertido. O jogo do "não confunda": Não confunda "bife à milanesa" com "bife ali na mesa", Não confunda "conhaque de alcatrão" com "catraca de canhão", Não confunda "força da opinião pública" com "opinião da força pública". Como se vê, é possível elaborar um texto novo a partir de um texto já existente. É assim que os textos "conversam" entre si. É comum encontrar ecos ou referências de um texto em outro. A essa relação se dá o nome de intertextualidade. Para entender melhor a palavra, pense em sua estrutura. O sufixo inter, de origem latina, se refere à noção de relação (entre). Logo, intertextualidade é a propriedade de textos se relacionarem. Intertexualidade na poesia Veja como Chico Buarque de Holanda, um dos mais importantes compositores brasileiros, utiliza a intertextualidade em uma canção sua. Em "Bom Conselho", ele faz referências a provérbios populares. Provérbios populares “Uma boa noite de sono combate os males” “Quem espera sempre alcança” “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço" “Pense, antes de agir” “Devagar se vai longe” “Quem semeia vento, colhe tempestade” Canção de Chico Buarque Bom Conselho Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio vento na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade (Chico Buarque, 1972) Chico Buarque inverte os provérbios, questionando-os e olhando-os sob outro ângulo, atribuindolhes novos sentidos. Há vários exemplos de intertextualidade na literatura. Veja, a seguir, como Ricardo Azevedo brinca com o famoso poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade. Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. (Carlos Drummond de Andrade) Quadrilha da sujeira João joga um palitinho de sorvete na rua de Teresa que joga uma latinha de refrigerante na rua de Raimundo que joga um saquinho plástico na rua de Joaquim que joga uma garrafinha velha na rua de Lili. Lili joga um pedacinho de isopor na rua de João que joga uma embalagenzinha de não sei o quê na rua de Teresa que joga um lencinho de papel na rua de Raimundo que joga uma tampinha de refrigerante na rua de Joaquim que joga um papelzinho de bala na rua de J.Pinto Fernandes que ainda nem tinha entrado na história. Ricardo Azevedo (”Você Diz Que Sabe Muito, Borboleta Sabe Mais”, Fundação Cargill) Enquanto um texto trata do amor não correspondido, por meio da comparação com uma dança (quadrilha), o outro critica o mau hábito de jogar lixo na rua - e mostra como as pessoas prejudicam as outras. A intertexualidade também é um recurso comumente utilizado pelas crônicas de jornal. Abaixo, veja como José Roberto Torero utiliza uma frase famosa dita por um personagem de Shakespeare. A frase quer dizer, em poucas palavras, que há muita coisa na vida que não compreendemos. Shakespeare Deuses do futebol: Urucubaco Olímpico leitor, divinal leitora, há mais coisas entre o céu dos deuses e a terra do futebol do que sonha a nossa vã crônica esportiva. Determinadas situações do jogo e certas fases pelas quais os times passam não são, como pensam alguns, obra do acaso. Ao contrário, são uma manifestação da vontade de seres superiores, seres “Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a que controlam a nossa vida desde o dia em que o nossa vã filosofia” Caos gerou a Noite. (trecho de crônica de José Roberto Torero, Folha de São Paulo, em 17 de setembro de 2002) Intertextualidade implícita Agora, leia o poema a seguir e veja como ele se parece com um outro tipo de texto... Receita de herói Tome-se um homem feito de nada Como nós em tamanho natural Embeba-se-lhe a carne Lentamente De uma certeza aguda, irracional Intensa como o ódio ou como a fome. Depois perto do fim Agite-se um pendão E toque-se um clarim Serve-se morto. (Reinaldo Ferreira em "Portos de Passagem" - João Wanderley Geraldi, São Paulo: Martins Fontes, 1991) Ao falar do como se faz um herói, o poeta usa elementos de uma receita de cozinha. Analise, por exemplo: os verbos que indicam ordem (imperativo): "Tome-se", "Embeba-se-lhe", "Agite-se", "toque-se", "Serve-se"; o advérbio de modo: "lentamente", ou seja, o "modo de fazer", próprio das receitas culinárias; em geral, a receita de cozinha termina com a expressão: "Serve-se... (gelado ou frio ou quente etc.). O último verso do poema retoma essa forma da receita, mas o faz de uma maneira realista ou crítica, isto é, um herói "Serve-se morto." O poema de Reinaldo Ferreira faz uma referência "implícita" às receitas culinárias - a referência não é clara, direta, a nenhuma receita em específico, mas o modo como o texto é construído lembra as tais receitas. Para terminar, outro exemplo interessante, também de Drummond. Ele fala da "medicalização" do mundo moderno, por meio da criação de palavras que lembram os nomes de diversos remédios... Receituário Sortido Calma. É preciso ter calma no Brasil calmina calmarian calmogen calmovita. Que negócio é esse de ansiedade? Não quero ver ninguém ansioso. O cordão dos ansiosos enfrentemos: aspiran! ansiotex! ansiex ansiax ansiolax ansiopax, amigos! Arte para produzir "arte" !! Os desenhos animados também são direcionados, e em alguns casos, principalmente, aos adultos. Prova disto está na utilização de obras da arte (clássica, surrealista, etc.) como elementos que compõem seus argumentos. A maioria das crianças não faz idéia da existência da "Capela Cistina". (É bem verdade que muitos adultos também estão na mesma situação!). Mas tudo isso para dizer que a intertextualidade só faz sentido e, só é percebida, quando o público e/ou audiência a que destinam-se, tem um conhecimento prévio acerca do assunto. Propaganda: um "show" a parte!! Em um dos anúncios da Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se fosse a “Mona Lisa”, de Da Vinci. O slogan que o acompanha diz: “Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”. Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima ( referindo-se ao quadro de Da Vinci). Vale destacar que, neste caso, a intertextualidade não assume a função apenas de persuadir, como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte. (http://drikamil-adriana.blogspot.com/) TÓPICO 5 – TIPOS DE DISCURSOS Por Araújo, A. Ana Paula de Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática social. A análise de um discurso deve, portanto, considerar o contexto em que se encontra, assim como as personagens e as condições de produção do texto. Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão separados, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem o produziu. Vejamos cada um deles: Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros, servem para que as falas das personagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em uma peça teatral. Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns durante a reprodução das falas. Ex. “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá na língua dele – Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!…” “- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!” Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala, e reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem. Ex. “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de Assis) “Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto) Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem. Ex. “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um momento em que esteve quase… quase!” “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu… que raiva…” (Ana Maria Machado) “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos) FONTE: Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição. http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/ TÓPICO 6 – GÊNEROS ARGUMENTATIVOS Argumentação http://argumentacao-juridica.blogspot.com/ Argumentar é a capacidade de relacionar fatos, teses, estudos, opiniões, problemas e possíveis soluções a fim de embasar determinado pensamento ou idéia. Um texto argumentativo sempre é feito visando um destinatário. O objetivo desse tipo de texto é convencer, persuadir, levar o leitor a seguir uma linha de raciocínio e a concordar com ela. Para que a argumentação seja convincente é necessário levar o leitor a um “beco sem saída”, onde ele seja obrigado a concordar com os argumentos expostos. No caso da redação, por ser um texto pequeno, há uma obrigatoriedade em ser conciso e preciso, para que o leitor possa ser levado direto ao ponto chave. Para isso é necessário que se exponha a questão ou proposta a ser discutida logo no início do texto, e a partir dela se tome uma posição, sempre de forma impessoal. O envolvimento de opiniões pessoais, além de ser terminantemente proibido em textos que serão analisados em concursos, pode comprometer a veracidade dos fatos e o poder de convencimento dos argumentos utilizados. Por exemplo, é muito mais aceitável uma afirmação de um autor renomado ou de um livro conhecido do que o simples posicionamento do redator a respeito de determinado assunto. Uma boa argumentação só é feita a partir de pequenas regras as quais facilmente são encontradas em textos do dia-a-dia, já que durante a nossa vida levamos um longo tempo tentando convencer as outras pessoas de que estamos certos. - Os argumentos devem ter um embasamento, nunca deve-se afirmar algo que não venha de estudos ou informações previamente adquiridas. - Os exemplos dados devem ser coerentes com a realidade, ou seja, podem até ser fictícios, mas não podem ser inverossímeis. - Caso haja citações de pessoas ou trechos de textos os mesmos devem ser razoavelmente confiáveis, não se pode citar qualquer pessoa. - Experiências que comprovem os argumentos devem ser também coerentes com a realidade. - Há de se imaginar sempre os questionamentos, dúvidas e pensamentos contrários dos leitores quanto à sua argumentação, para que a partir deles se possa construir melhores argumentos, fundamentados em mais estudo e pesquisa. Sobre a estrutura do texto: - Deve conter uma lógica de pensamentos. Os raciocínios devem ter uma relação entre si, e um deve continuar o que o outro afirmava. - No início do texto deve-se apresentar o assunto e a problemática que o envolve, sempre tomando cuidado para não se contradizer. - Ao decorrer do texto vão sendo apresentados os argumentos propriamente ditos, junto com exemplificações e citações (se existirem). - No final do texto as idéias devem ser arrematadas com uma tese (a conclusão). Essa conclusão deve vir sendo prevista pelo leitor durante todo o texto, a medida que ele vai lendo e se direcionando para concordar com ela. A argumentação não trabalha com fatos claros e evidentes, mas sim investiga fatos que geram opiniões diversas, sempre em busca de encontrar fundamentos para localizar a opinião mais coerente. Não se pode, em uma argumentação, afirmar a verdade ou negar a verdade afirmada por outra pessoa. O objetivo é fazer com que o leitor concorde e não com que ele feche os olhos para possíveis contraargumentos. Caso seja necessário se pode também fazer uma comparação entre vários ângulos de visão a respeito do assunto, isso poderá ajudar no processo de convencimento do leitor, pois não dará margens para contraargumentos. Porém deve-se tomar muito cuidado para não se contradizer e para ser claro. Para isso é necessário um bom domínio do assunto. http://www.infoescola.com/redacao/argumentacao/ COMO ESTRUTURAR UM TEXTO ARGUMENTATIVO 1. O texto argumentativo COMUNICAR não significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de uma forma melhor, podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas para transmitir idéias, informações. São muito freqüentes as vezes em que tomamos a palavra para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos expressando (e não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito ou proposto. Comunicar não é, pois, apenas um fazer saber, mas também um fazer crer, um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é apenas um instrumento de comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a mudar de opinião, a levar a uma determinada ação. Assim sendo, talvez não se caracterizaria em exagero afirmarmos que falar e escrever é argumentar. TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas. TESE, ou proposição, é a idéia que defendemos, necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião. A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argênteo", "argúcia", "arguto". Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese). Porque ... (argumentos). As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses, como se disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende uma tese tal PORQUE ... - e aí vêm os argumentos). ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc. Os exemplos a seguir poderão dar melhor idéia acerca do que estamos falando. A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia argumentativa na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá entender, e entendo, poderá concordar com o que está sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai procurar por todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da ESTRATÉGIA da clareza. A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia) imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos. O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo muito es-tra-té-gi-co em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a língua! Eu sou culto!") e com isso reforçamos, damos maior credibilidade ao nosso texto. Imagine, estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não sabe nem escrever! Seus conhecimentos jurídicos também devem ser precários!"). Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM FORMAL e até mesmo POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente atingir o ouvinte/leitor de classes menos favorecidas. O TÍTULO ou o INÍCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como estratégias ... como estratégia para captar a atenção do ouvinte/leitor imediatamente. De nada valem nossos argumentos se não são ouvidos/lidos. A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros exemplos de estratégias. 2. A estrutura de um texto argumentativo 2.1 A argumentação formal A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa Moderna". O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal: Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argumento. Análise da proposição ou tese: definição do sentido da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos, etc. Conclusão. Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos do plano-padrão da argumentação formal. Gramática e desempenho Lingüístico Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional da gramática não traz benefícios significativos para o desempenho lingüístico dos utentes de uma língua. Por "estudo intencional da gramática" entende-se o estudo de definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas. O "desempenho lingüístico", por outro lado, é expressão técnica definida como sendo o processo de atualização da competência na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de comunicação. A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida como "arte", "arte de escrever", percebe-se que subjaz à definição a idéia da sua importância para a prática da língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc.II ª C.: "Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estúpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos". Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e lingüistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo intencional da gramática e a melhora do desempenho lingüístico do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra "Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas: "Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer ensinar a língua por definições, classificações, análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício". (p. 99) Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima referida suponha-se que se deva recuperar lingüisticamente um jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes problemas de concordância, regência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares ... e estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, regências ... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanismos que presidem à construção do texto. Poder-se-á objetar que o ilustração de há pouco é apenas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom. Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembrando que são os gramáticos, os lingüistas - como especialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos lingüísticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os lingüistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que se vem defendendo. Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse significativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!). Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como recuperar lingüisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho lingüístico mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro. Gilberto Scarton Eis o esquema do texto em seus quatro estágios: Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a tese a ser defendida. Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões "estudo intencional da gramática" e "desempenho lingüístico", citadas na tese. Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos. Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação. Quarto parágrafo: argumento de autoridade. Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipotética. Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos. Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos. Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão. 2.2 A argumentação informal A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referida. A argumentação informal apresenta os seguintes estágios: Citação da tese adversária Argumentos da tese adversária Introdução da tese a ser defendida Argumentos da tese a ser defendida Conclusão Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor de Justiça. Considerações sobre justiça e eqüidade Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a idéia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e eqüidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da generalização desse entendimento. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer idéia de democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso". Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de legislador. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional. A própria independência do parlamento sucumbiaria integralmente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como proceder. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça social". Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo. Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação. Luís Alberto Thompson Flores Lenz Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária. Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da tese adversária "... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional". Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser defendida. Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os argumentos. Quinto estágio:os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da argumentação. http://www.pucrs.br/gpt/argumentativo.php DISCURSO POLÍTICO O discurso político é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos sociais da resolução das necessidades elementares dos outros. Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a persuasão do outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afetos e sentimentos. O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia antiga, o político era o cidadão da "pólis" (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios públicos, decidia tudo em diálogo na "agora" (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante palavras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para convencer o povo. O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias, os seus valores e projetos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução, através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito. http://www.infopedia.pt/$discurso-politico ANTES DA POSSE: O discurso é esse.... Nosso partido cumpre o que promete. Só os tolos podem crer que não lutaremos contra a corrupção.. Porque, se há algo certo para nós, é que a honestidade e a transparência são fundamentais para alcançar nossos ideais Mostraremos que é grande estupidez crer que as máfias continuarão no governo, como sempre. Asseguramos sem dúvida que a justiça social será o alvo de nossa ação. Apesar disso, há idiotas que imaginam que se possa governar com as manchas da velha política. Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que se termine com os marajás e as negociatas. Não permitiremos de nenhum modo que nossas crianças morram de fome. Cumpriremos nossos propósitos mesmo que os recursos econômicos do país se esgotem Exerceremos o poder até que Compreendam que Somos a nova política. APÓS A POSSE: LEIA DO FIM PARA O COMEÇO. http://www.vestibular1.com.br/recreio/discurso.htm TÓPICO 7 – COESÃO E COERÊNCIA Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes. Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos longas. A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos. Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz. Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem torce para o outro time - são anafóricos. A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos: Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos. Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a expressão o professor - são catafóricos. De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê. Modelo de questão: coesão e coerência (AFRF-2003) As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base. Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto sóciopolítico e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das sociedades. Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana. Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos na América Latina. Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais. As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos, tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e ideológica. (Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao Direito, com adaptações) 01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e gramaticalmente correta para o texto a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena? b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização social da liberdade. c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da realidade latinoamericana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem ao substituí-lo pela questão da tecnologia. d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais. e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência. DICAS: esse tipo de questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua interligação com o parágrafo subseqüente; nesse caso, a opção que será marcada. O texto trata dos direitos humanos - a realidade no contexto sócio- político e histórico estrutural processo de criação das sociedades; "as relações econômicas internacionais entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais". O gabarito assinala a altern. C. Justificativa: o comando da questão pede "a opção que não estabelece uma continuidade..." , a alternativa C inicia, estabelecendo relação de conclusão ( "Assim, pois,a opressão...") utilizando-se de elementos que não são citados no texto: opressão - liberdade - tecnologia, caracterizando incoerência textual.Nas demais alternativas há expressões que fazem menção às idéias do texto. Serão grifadas as palavras ou expressões relacionadas ao texto: *na altern.a)"... nessa parte do mundo..." (países periféricos), * na altern.b)"... a questão dos Direitos tem significado político..." (parte inicial do texto), *na altern. d) "Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano..." * na altern.e)"... o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência." (tanto a letra d) quanto a e) fazem referência às informações básicas do texto. 02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma a idéia da segunda expressão que sucede a barra. a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3) b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4) c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "idéias expressas no primeiro parágrafo. d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina. e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais. GABARITO: A DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é "a expressão que antecede a barra não retoma a idéia da segunda expressão. Se se observar com atenção, a palavra "realidade" da altern. a) vem citada antes, no texto, que a expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada. (http://www.algosobre.com.br/redacao/coesao-e-coerencia.html) RECURSOS COESIVOS É um tipo de articulação gramatical entre os elementos de um texto - o texto, compreendido como 'tecido' , 'trama'. A esse mecanismo que permite estabelecer boas relações entre os elementos do texto para facilitar o entendimento e torná-lo mais encorpado, agradável, mais atraente, é que se chama coesão textual ou recursos coesivos. A construção de um texto se faz em torno de um assunto pontuado - um tema. Esse tema, de uma certa forma, tem que ser referenciado até o fim do texto, mas será misturado a outros subtemas, que farão parte das argumentações discursivas e que vão gravitando em volta do tema central. Dessa forma vai-se mantendo o assunto no fio do discurso e compondo o texto, a tessitura. Tudo gira em torno de um jogo: um tema, um comentário - quando comenta-se o comentário, ele vira tema e nesse jogo de tema/comentário vaise formando o texto. Num texto, os termos estão muito correlacionados, pois se o assunto deve-se manter no fio do discurso, ele vai sendo referenciado muitas vezes e de diversas maneiras. Essas referenciações necessárias na elaboração do texto são feitas por recursos coesivos - a isso é que denomina-se 'coesão textual'. São tantos os recursos coesivos que podem ser utilizados para manter-se a coesão do texto, que para estudo, costuma-se dividi-los em tipos: recursos gramaticais e recursos lexicais. Os livros da linguista Ingedore Villaça Koch são ótimos para compreender esse assunto. Dentro da classificação dos recursos gramaticais há o emprego dos pronomes pessoais, demonstrativos, possessivos, indefinidos, relativos, advérbios, as desinências, etc. Como recursos lexicais compreende-se as rotulações, as nominalizações, a hiponímia, sinonímia, etc. http://www.lpeu.com.br/a/Coes%C3%A3o-textual-conceito-geral.html TÓPICO 8 – FIGURAS DE LINGUAGEM (http://marlenesapucaia.blogspot.com/2010/06/figuras-de-linguagem.html) Figuras sonoras Aliteração Repetição de sons consonantais (consoantes). Cruz e Souza é o melhor exemplo deste recurso. Uma das características marcantes do Simbolismo, assim como a sinestesia. Ex: "(...) Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." (fragmento de Violões que choram. Cruz e Souza) Assonância Repetição dos mesmos sons vocálicos. Ex: (A, O) - "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral." (Caetano Veloso) (E, O) - "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa) Paranomásia É o emprego de palavras parônimas (sons parecidos). Ex: "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre Antonio Vieira) Onomatopéia Criação de uma palavra para imitar um som Ex: A língua do nhem "Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhemnhem..." (Cecília Meireles) Figuras de criação ou ( figuras de sintaxe ) A gramática normativa, partindo de aspectos lógicos e gerais observados na língua culta, aponta princípios que presidem às relações de dependência ou interdependência e de ordem das palavras na frase. Ensina-nos, entretanto, que aqueles aspectos lógicos e gerais não são exclusivos; ocasionalmente, outros fatores podem influir e, em função deles, a concordância, a regência ou a colocação (planos em que se faz o estudo da estrutura da frase) apresentam-se, às vezes, alteradas. Tais alterações denominam-se figuras de construção também chamadas de figuras sintáticas Também é considerada como figura de construção a "Inversão", aonde ocorre a mudança da ordem direta dos termos na frase (sujeito + predicado + complementos). Exs.:"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante" (Hino Nacional Brasileiro) (ordem direta: As margens do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.) Elipse Omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida. Casos mais comuns: a) pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou implícito: iremos depois, compraríeis a casa? b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar de o estádio Maracanã c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas. d) conjunção - espero você me entenda, no lugar de: espero que você me entenda. e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse: Zeugma Omissão (elipse) de um termo que já apareceu antes. Se for verbo, pode necessitar adaptações de número e pessoa verbais. Utilizada, sobretudo, nas orações comparativas. Ex: Alguns estudam, outros não, por: alguns estudam, outros não estudam. "O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano." (Chico Buarque) - omissão de era Hipérbato Alteração ou inversão da ordem direta dos termos na oração, ou das orações no período. São determinadas por ênfase e podem até gerar anacolutos. Ex: Morreu o presidente, por: O presidente morreu. Obs1.: Também denominada de antecipação. Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente, alguns autores denominam-na sínquise Obs3.: Alguns autores considera anástrofe um tipo de hipérbato Anástrofe Anteposição, em expressões nominais, do termo regido de preposição ao termo regente. Ex: "Da morte o manto lutuoso vos cobre a todos.", por: O manto lutuoso da morte vos cobre a todos. Obs.: alguns autores consideram um tipo de hipérbato Pleonasmo Repetição de um termo já expresso, com objetivo de enfatizar a idéia. Ex: Vi com meus próprios olhos. "E rir meu riso e derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu contentamento." (Vinicius de Moraes), Ao pobre não lhe devo (OI pleonástico) Obs.: pleonasmo vicioso ou grosseiro - decorre da ignorância, perdendo o caráter enfático (hemorragia de sangue, descer para baixo) Assíndeto Ausência de conectivos de ligação, assim atribui maior rapidez ao texto. Ocorre muito nas orações coordenadas. Ex: "Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios." Polissíndeto repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do período. Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata. "E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos / e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (...)" (Carlos Drummond de Andrade) Anacoluto Termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica. Normalmente, inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por outra. Ex: Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, tudo não passa de alguns anos sem importância (sujeito sem predicado) / Quem ama o feio, bonito lhe parece (alteraram-se as relações entre termos da oração) Anáfora Repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. Ex: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por favor." (Chico Buarque) Obs.: repetição em final de versos ou frases é epístrofe; repetição no início e no fim será símploce. Classificações propostas por Rocha Lima. Silepse É a concordância com a idéia, e não com a palavra escrita. Existem três tipos: a) de gênero (masc x fem): São Paulo continua poluída (= a cidade de São Paulo). V. Sª é lisonjeiro b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados. c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess - os brasileiros, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal) Antecipação Antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático. Pode gerar anacoluto. Ex.: Joana creio que veio aqui hoje. O tempo parece que vai piorar Obs.: Celso Cunha denomina-a prolepse. Figuras de palavras ou tropos ou Alterações Semânticas Metáfora Emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo de comparação implícita, sem termo comparativo. Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo. Encontrei a chave do problema. / "Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta." (Luís Gonzaga Junior) Obs1.: Alguns autores define como modalidades de metáfora: personificação (animismo), hipérbole, símbolo e sinestesia. ? Personificação - atribuição de ações, qualidades e sentimentos humanos a seres inanimados. (A lua sorri aos enamorados) ? Símbolo - nome de um ser ou coisa concreta assumindo valor convencional, abstrato. (balança = justiça, D. Quixote = idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo universal das cores) Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas Catacrese Uso impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou na ausência de termo específico. Ex.: Espalhar dinheiro (espalhar = separar palha) / "Distrai-se um deles a enterrar o dedo no tornozelo inchado." - O verbo enterrar era usado primitivamente para significar apenas colocar na terra. Obs1.: Modernamente, casos como pé de meia e boca de forno são considerados metáforas viciadas. Perderam valor estilístico e se formaram graças à semelhança de forma existente entre seres. Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora Metonímia Substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles associação de significado. Ex: Ler Jorge Amado (autor pela obra - livro) / Ir ao barbeiro (o possuidor pelo possuído, ou vice-versa barbearia) / Bebi dois copos de leite (continente pelo conteúdo - leite) / Ser o Cristo da turma. (indivíduo pala classe - culpado) / Completou dez primaveras (parte pelo todo - anos) / O brasileiro é malandro (sing. pelo plural - brasileiros) / Brilham os cristais (matéria pela obra - copos). Antonomásia, perífrase substituição de um nome de pessoa ou lugar por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique. Fusão entre nome e seu aposto. Ex: O mestre = Jesus Cristo, A cidade luz = Paris, O rei das selvas = o leão, Escritor Maldito = Lima Barreto Obs.: Também considera como uma variação da metonímia Sinestesia Interpenetração sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato). Ex.: "Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da tua voz deliciava ... / Na dolência velada das sonatas / Como um perfume a tudo perfumava. / Era um som feito luz, eram volatas / Em lânguida espiral que iluminava / Brancas sonoridades de cascatas ... / Tanta harmonia melancolizava." (Cruz e Souza) Obs.: Para alguns autores, representa uma modalidade de metáfora Anadiplose É a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase no começo de outro membro de frase. Ex: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados." Figuras de pensamento Antítese Aproximação de termos ou frases que se opõem pelo sentido. Ex: "Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios" (Vinicius de Moraes) Obs.: Paradoxo - idéias contraditórias num só pensamento, proposição de Rocha Lima ("dor que desatina sem doer" Camões) Eufemismo Consiste em "suavizar" alguma idéia desagradável Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos exames. (foi reprovado) Obs.: a autora Rocha Lima propõe uma variação chamada litote - afirma-se algo pela negação do contrário. (Ele não vê, em lugar de Ele é cego; Não sou moço, em vez de Sou velho). Para Bechara, alteração semântica. Hipérbole Exagero de uma idéia com finalidade expressiva Ex: Estou morrendo de sede (com muita sede), Ela é louca pelos filhos (gosta muito dos filhos) Obs.: Para alguns, é uma das modalidades de metáfora. Ironia Utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim, valor irônico. Obs.: Para alguns designado como antífrase Ex: O ministro foi sutil como uma jamanta. Gradação Apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax) Ex: "Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu não veja, que eu não conheça perfeitamente." Prosopopéia, personificação, animismo É a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados. Ex: "A lua, (...) Pedia a cada estrela fria / Um brilho de aluguel ..." (Jõao Bosco / Aldir Blanc) Obs.: Para alguns, é uma modalidade de metáfora Bibliografia BECHARA, E., 2000, Moderna Gramática Portuguesa, 37 ed., Editora Lucerna, Rio de Janeiro, RJ ROCHA LIMA, C. H., 1999, Gramática Normativa da Língua Portuguesa, 37 ed., José Olympio Editora, Rio de Janeiro, RJ TUFANO, D., 1979, Estudos de Língua e Literatura, Vol. 2, 1 ed., Editora Moderna, São Paulo, SP http://www.algosobre.com.br/gramatica/figuras-de-linguagem.html TÓPICO 9 – TEXTO OPINATIVO Texto opinativo ou de opinião é um texto breve e claro na interpretação dos fatos. É opinativo porque o sujeito que escreve emite opinião, ou seja, expõe o que pensa sobre o assunto em pauta, mas é um texto devidamente fundamentado, não fere a ética e o rigor da escrita. A opinião volta-se para o juízo que cada um ou o grupo (opinião pública) tem sobre algo. A opinião apresenta os fatos como a informação, enquadrando-os em um respectivo contexto, relacionandoos , através de uma interpretação. Elabora-se um juízo de valor sobre eles. Na opinião, o autor escolhe o ângulo de abordagem dos acontecimentos e das situações. Exemplo de textos opinativos: editorial de revistas, comentários de jornal, etc... Revendo: O texto opinativo tem por finalidade informar e influenciar, nomeadamente a nível político ou ideológico. Os "opinion makers" utilizam os dados da realidade para, a partir deles, convencer. Notaopinion makers - quem escreve textos opinativos. Fique ligado! Numa dissertação é indispensável haver argumentos que sustentem as ideias centrais, além de uma reflexão sobre o problema proposto. http://helenaconectada.blogspot.com/2009/12/texto-opinativo.html TÓPICO 10 – MODOS DE ORGANIZAÇÃO TEXTUAL Benedita Azevedo - Setembro de 2007 Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação (ou composição). Existem três tipos de redação descrição, narração e dissertação. É importante que você consiga perceber a diferença entre elas. Leia com atenção as seguintes definições: Descrição: é o tipo de redação na qual se apresentam as características que compõem um determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Narração: é a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorrem em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Dissertação: é o tipo de composição na qual expomos idéias gerais, seguidas da apresentação de argumentos que as comprovem. Observe esses exemplos das modalidades acima: Descrição Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhos negros e amendoados a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura. Narração Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal-iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa. Dissertação Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro. Argumentam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informações dos mais diferentes tipos e relacioná-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreensão dos problemas sócio-econômicos, e que, despertasse no aluno, a curiosidade científica seria desejável. Tipos de narrador Conforme definimos anteriormente, narrar é contar um ou mais fatos que ocorrem com determinados personagens, em local e tempo definidos. Em outras palavras, é contar uma história, que pode ser real ou imaginária. Quando você vai redigir uma história, a primeira decisão que deve tomar é se você vai ou não fazer parte da narrativa. Tanto é possível contar uma história que ocorreu com outras pessoas, quanto narrar fatos acontecidos com você. Essa decisão determinará o tipo de narrador a ser utilizado em sua composição. Este pode ser, basicamente, de dois tipos: 1º - Narrador em 1ª pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na narrativa. Tratase do narrador personagem. Veja o exemplo a seguir. Estava andando pela rua quando de repente tropecei em um pacote embrulhado em jornais. Peguei-o vagarosamente, abri e vi, surpreso, que lá havia uma grande quantidade em dinheiro. Em textos que apresentam o narrador em 1ª pessoa, ele não precisa ser, necessariamente, o personagem principal; pode ser somente alguém que, estando no local dos acontecimentos, presenciou-os. Veja: Estava parado no ponto de ônibus, quando vi, a meu lado, um rapaz que caminhava lentamente pela rua. Ele tropeçou em um pacote embrulhado em jornais. Observei que ele o pegou com todo o cuidado, abriu e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro. 2º - Narrador em terceira pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador observador. Veja o exemplo abaixo. João estava andando pela rua quando de repente tropeçou em um pacote embrulhado em jornais. Pegou-o vagarosamente, abriu e viu surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro. GRANATIC. Branca, Técnica Básica de Redação, 2ª edição, São Paulo, Scipione, 1995. CRÔNICA, CONTO, ROMANCE, NOVELA... Todos nós, autores novos e não tão novos, vez por outra, sentimos imensas dúvidas para enquadrar em um desses gêneros e sub-gêneros, nossa criação literária. É bom não esquecer o interminável debate que remonta à República de Platão e que deságua hoje num certo consenso sobre a existência de dois gêneros, poesia e prosa, seguido de subdivisões, como poesia lírica, épica por um lado, e conto, novela e romance por outro. Os especialistas no assunto, e é bom esclarecer que não sou um deles, tentam explicar tudo isso. A gente lê, relê e acaba ficando com as mesmas interrogações. Nesse artigo posso perturbar o academicismo dos especialistas, mas pretendo dar minha visão como escritor, de forma objetiva, prática e principalmente didática, arriscando sofrer a crítica que me mostrará as imensas teses, tratados, ensaios sobre cada um desses gêneros. Provavelmente dirão: "Que pretensioso esse escritorzinho, hein?". Assim mesmo, revolvi correr o risco e me antecipar à crítica. Meu endereço está disponível e prometo responder educadamente a todos. Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim: Crônica, vem do Grego, krónos, que significa "tempo" e do Latim, annum, ano, ou ânua, significando, "anais". Poesia também do Grego, poíesis, que quer dizer, "ação de criar alguma coisa". Conto, do Latim computum, ou seja, "cálculo, conta", ou do Grego kóntos, "extremidade da lança", ou commentum, "invenção, ficção". Romance, do Latim romanice, que quer dizer, "em língua românica". Poema, do Grego, poiema, significando "o que se faz". Novela, do Latim, novellam, ou seja:, "nova É... por aí, não vamos poder ter grandes esclarecimentos... Vamos aglutinar alguns termos para simplificar a variedade em três: 1. Poesia, poema 2. Crônica 3. Conto, novela, romance, poesia, poema Poesia, poema Se consultarmos Octavio Paz, El Arco y la Lira, 1956 p.14, encontramos sobre Poema: a afirmação, "um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia" Massaud Moises em seu fabuloso Dicionário de Termos Literários, afirma: "Assumida ortodoxalmente, a conexão entre poema e poesia implicaria um juízo de valor, ainda que de primeiro grau: todo poema encerraria poesia, e vice-versa." E mais adiante: "...existem poemas sem poesia, e a poesia pode surgir no âmbito de um romance ou de um conto". Acho mais esclarecedor o que Jean Cohen em sua Structure du language poétique, 1966, p.207, afirma: "...precisamente uma técnica linguística de produção dum tipo de consciência que o espetáculo do mundo não produz ordinariamente". Claro que essas citações ajudam muito pouco. Vamos tentar mais praticidade e ser menos acadêmicos. Em primeiro lugar devemos compreender que a questão formal não caracteriza a poesia. Fazer versos não é fazer poesia. Aristóteles já alertava que o uso do verso não torna ninguém um poeta. Em segundo lugar, poemas e poesias serão reconhecidos pelos seguintes fatores: 1. Um poema ou poesia é carente de lógica, pois seu conteúdo tem que ser intrinsecamente, as emoções do "eu" 2. Não existe relação passado, presente, futuro. Existe unicamente um presente eterno. Daí ser possível reconhecer um poema, poesia pelo turbilhão de metáforas. Metáforas intercaladas num círculo vicioso, onde a palavra do final volta para a palavra inicial. 3. Não existe narração num poema ou poesia. Numa poesia não há fatos, e sim estados. Não há enredo. Deve conter as situações que povoam o "eu" do poeta, um ser solitário e conflituoso. Resumindo: vamos reconhecer uma poesia, ou um poema, não pela presença de versificação mas sim se: 1. Não obedecer à lógica formal 2. Contiver as emoções do "eu" do autor 3. Não for cronológico 4. Não contiver narrativa Crônica A crônica se destina a publicação em jornal ou revista. Por isso mesmo, já se pode deduzir que deve estar relacionada com acontecimentos diários. Se diferencia evidentemente da notícia, pois não é feita por um jornalista e sim por um escritor, mas se aproxima de sua forma. É o acontecimento diário sob a visão criativa do escritor. Seus personagens podem ser reais ou imaginários. Não é mera transcrição da realidade, mas sim uma visão recriada dessa realidade por parte da capacidade lírica e ficcional do autor. Normalmente, por se basear em fatos do cotidiano, ela tende a se desatualizar com o passar do tempo. Nem por isso deixa de perder seu sabor literário quando agrupamos um conjunto delas em um livro. O cronista é essencialmente um observador, um espectador que narra literariamente a visão da sociedade em que vive, através dos fatos do dia-a-dia. Conto, novela, romance Acho que a primeira coisa que devemos tirar da cabeça é aquela história de que a diferença entre esses três gêneros é a quantidade, ou seja, o conto é curto, a novela, mais ou menos, e o romance é longo. Nada disso é verdadeiro. Existem novelas maiores que romances e contos maiores que novelas. Onde está a diferença? Gosto muito do conceito de unidade dramática, ensinado pelo eminente doutor em literatura, Professor Vicente Ataíde, que denominamos de "Célula Dramática" e que passo a utilizar para uma boa compreensão do assunto. O Conto contém apenas um único drama, um só conflito. Esse drama único pode ser chamado de "célula dramática". Uma célula dramática contém uma só ação, uma só história. Um conto é um relâmpago na vida dos personagens. Não importa muito seu passado, nem seu futuro, pois isso é irrelevante para o contexto do drama, objeto do conto. O espaço da ação é restrito. A ação não muda de lugar e quando eventualmente muda, perde dramaticidade. O objetivo do conto é proporcionar uma impressão única no leitor. Podemos, pois, resumir em quatro os ingredientes que caracterizam o conto: Uma ação Um lugar Um tempo Um tom. Em outras palavras, um conto contém uma única Célula Dramática. Cabe aqui ressaltar alguns tipos específicos de contos como a fábula, o apólogo e a parábola. Fábula - Protagonizada geralmente por animais, pretende encerrar em sua estrutura dramática alguma "moral" implícita ou explícita. Apólogo - Protagonizado geralmente por objetos que falam, também como a fábula, pretende conter uma "moral", implícita ou explícita. Parábola - Narrativa curta, pretendendo conter alguma lição ética, moral, implícita ou explícita, diferenciando-se da fábula e do apólogo, por ser protagonizada por pessoas. Voltando, contudo, ao Conto em geral, e entendido esse conceito de Célula Dramática, podemos mais facilmente compreender o que é uma novela. Uma novela nada mais é que uma sucessão de Células Dramáticas, como se fossem arrumadas em uma linha reta infinita. Face a essa estrutura é sempre possível, acrescentar mais uma Célula Dramática, mesmo depois de terminada a novela. Com esse conceito de "arrumação", podemos compreender a diferença entre uma novela e um romance. Essa diferença está na forma como as células estão dispostas. Num romance, elas estão concatenadas, formando um círculo. Uma estrutura fechada. Uma sucessão lógica com um encerramento definitivo. Seria impossível acrescentar mais uma Célula Dramática, depois de terminado um romance. Consolidando as idéias: Um Conto é uma narrativa ficcional contendo uma única Célula Dramática. Uma Novela é uma narrativa ficcional contendo uma sucessão linear de Células Dramáticas. Um Romance é uma narrativa ficcional contendo uma sucessão circular fechada de Células Dramáticas. http://www.protexto.com.br/texto.php?cod_texto=7 TÓPICO 11 – PARADOXO E ANTÍTESE Paradoxo (figura de estilo) Relacionado com a antítese, o paradoxo é uma figura de pensamento que consiste quando a conotação extrapola o senso comum e a lógica. As expressões assim formuladas tornam-se proposições falsas, à luz do senso comum, mas que podem encerrar verdades do ponto de vista psicológico/poético. Simplificando, é uma afirmação ou opinião que à primeira vista parece ser contraditória, mas na realidade expressa uma verdade possível. Fernando Pessoa escreveu: "Se você tentou falhar e conseguiu, você descobriu o que é paradoxo." Em língua portuguesa, os paradoxos mais citados estão no célebre soneto de Luís de Camões: "Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?" A diferença existencial entre antítese e paradoxo, é que antítese toma nota de comparação por contraste ou justaposição de contrários, já o paradoxo reconhece-se como relação interna de contrários: Antítese: "Eu sou velho, você é moço." Paradoxo: "Eu sou um velho moço." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_%28figura_de_estilo%29) Antítese Antítese é uma figura de linguagem (figuras de estilo) que consiste na exposição de ideias opostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Esse recurso foi especialmente utilizado pelos autores do período Barroco. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. É uma figura relacionada e muitas vezes confundida com o paradoxo. Várias antíteses podem ser feitas através de Amor e Ódio, Sol e Chuva, Paraíso e Inferno, Deus e Diabo. A antítese é a figura mais utilizada no Barroco, estilo de época conhecido como arte do conflito, em que também há presença de paradoxos, por apresentar oposições nas idéias expressas. Podemos entender como uma "tese contrária", embora não se trate do mesmo "paradoxo" científico. Aqui trata-se de asseverar algo por palavras contrárias, quando a linguagem corrente não tem força de expressão devido à previsibilidade de palavras que se tornaram corriqueiras. A antítese é também um dos três elementos da dialética hegeliana: tese, antítese e síntese. Exemplos Nasce o Sol, e não dura mais que um dia; Depois da Luz se segue à noite escura; Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas e alegrias. — Inconstância das coisas do mundo! – Gregório de Mattos Sendo antítese, as palavras “luz e noite escura” e “tristezas e alegrias”. Viverei para sempre ou morrerei tentando (Spider Robinson) Onde queres prazer sou o que dói (...) E onde queres tortura, mansidão (...) E onde queres bandido sou herói. (Caetano Veloso) Residem juntamente no teu peito/um demônio que ruge e um deus que chora (Olavo Bilac) Meus olhos andam cegos de te ver (Florbela Espanca) "Já estou cheio de me sentir vazio, meu corpo é quente e estou sentindo frio." (Renato Russo) "Uma menina me ensinou, quase tudo que eu sei, era quase escravidão, mas ela me tratava como um rei" (Renato Russo) "Eu vi a cara da morte, e ela estava viva". (Cazuza) "Será que eu sou Medieval? Baby, eu me acho um cara tão atual, Na moda da nova idade média." (Cazuza) "Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada" (Humberto Gessinger) "Fácil falar, fazer previsões, depois que aconteceu" (Humberto Gessinger) "Mas que seja infinito enquanto dure (Vinicius de Moraes) Do riso se fez o pranto. (Vinícius de Moraes) Ele a amava, ela o odiava. Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito. Você é meu doce e sal. Você é o mel que amarga minha vida http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADtese TÓPICO 12 – ENTREVISTA E ARTIGO CIENTÍFICO Entrevista (http://televisaoeisso.blogspot.com/2009/11/entrevista_3910.html) Entrevista é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado) em que perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas fontes para obter destas declarações que validem as informações apuradas ou que relatem situações vividas por personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Munido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou manipula dados nas suas respostas, facto que costuma acontecer principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública sobre um problema que está a afectar o fornecimento de serviços à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a resposta para o que considera positivo na instituição. É importante que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou perdendo a objetividade. As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O título da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do leitor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos casos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítulo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fotografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de "olho". Métodos de entrevista Os métodos de entrevista são uma aplicação dos processos fundamentais de comunicação que quando são corretamente utilizados permitem ao investigador retirar das suas entrevistas elementos de reflexão muito ricos. Nos métodos de entrevista, contrariamente ao inquérito por questionário, há um contato direto entre o investigador e os seus interlocutores. Esta troca permite o interlocutor do investigador exprimir as suas idéias, enquanto que o investigador, através das suas perguntas, facilita essa expressão e não deixa-la fugir dos objetivos de investigação, cabendo também ao investigador trazer elementos de análise tão fecundos quanto possível. No âmbito da análise de histórias de vida, o método de entrevista é extremamente aprofundado e detalhado com muitos poucos interlocutores, o que leva a que as entrevistas sejam divididas em várias sessões. O método de entrevista é especialmente adequado na análise que os autores dão às suas práticas, na análise de problemas específicos e na reconstituição de um processo de ação, de experiências ou acontecimentos do passado. Tem como principais vantagens o grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos, a flexibilidade e a fraca diretividade do dispositivo que permite recolher testemunhos dos interlocutores. Quanto a desvantagens, a questão de flexibilidade também pode vir ao de cima. Isto porque o entrevistador tem que saber jogar com este fator, de forma a estar à vontade, mas também de forma a não intimidar o interlocutor, o que poderia ocorrer caso por exemplo a linguagem ou a postura do entrevistador fossem de tal forma flexíveis. Outra desvantagem comparativamente ao método de inquérito por questionário é o facto de os elementos recolhidos não se apresentarem imediatamente sob uma forma de análise particular. O método das entrevistas está sempre relacionado com um método de análise de conteúdo. Quantos mais elementos de informação conseguirmos aproveitar da entrevista, mais credível será a nossa reflexão. Entrevista não-dirigida Uma entrevista para a televisão. A entrevista semi-diretiva é a mais utilizada em investigação social. É semi-diretiva pois é encaminhada por uma série de perguntas guias, relativamente abertas e não muito precisas, que não obedecem necessariamente à ordem que está anotada no guião. O entrevistador desta forma, “deixará andar” dentro do possível o entrevistado, esforçando-se apenas para reencaminhar a entrevista para os seus objetivos quando esta se perder um pouco, colocando perguntas às quais o entrevistado não chega por si próprio, de forma natural e no tempo certo. Entrevista dirigida: Já a entrevista dirigida, ou focused interview, tem como objectivo analisar uma experiência que o entrevistado tenha vivido ou assistido. O entrevistador não dispõe de nenhum guião com perguntas preestabelecidas, mas sim de uma lista de tópicos relativos ao tema estudado que serão necessariamente abordados ao longo da entrevista com o desenrolar da conversa. Artigo científico é o trabalho acadêmico que apresenta resultados sucintos de uma pesquisa realizada de acordo com o método científico aceito por uma comunidade de pesquisadores. Por esse motivo, considera-se científico o artigo que foi submetido a exame por outros cientistas, que verificam as informações, os métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou resultados obtidos. Em geral, é produção de 40 páginas ou menos. Pode ser resultado de sínteses de trabalhos maiores ou elaborados em número de três ou quatro, em substituição às teses e dissertações; são desenvolvidos, nesses casos, sob a assistência de um orientador acadêmico. São submetidos às comissões e conselhos editoriais dos periódicos, que avaliam sua qualidade e decidem sobre sua qualidade relevância e adequação ao veículo. Origem Nas correspondências trocadas entre as várias cortes européias (Mecanismo de comunicação). As ideias circulavam através de cartas já que eram para grupos restritos[carece de fontes]. As cartas tornaram-se um método de expressão crítica que ficou conhecido como Republique des Lettres. Correspondência entre Paris e Londres. Tiveram problemas com este método de troca de informações, pois cada dia aumentava o fluxo de correspondências e a solução veio com a forma impressa.A imprensa se destacou com a publicação de seus métodos científicos dentre os intelectuais e propriamente " endinheirados" da época, o que repercute os dias atuais tendo nas pessoas da alta sociedade os mais cultos na maioria das vezes. Podem ser originais, de revisão, teóricos, de análise e classificatório. Apresentação É apresentado segundo a linguagem e método próprios de uma área da ciência e, de modo geral, com uma estrutura lógica de argumentação, apresentando inicialmente o problema ou objetivo da investigação, o conjunto de hipóteses, as possíveis soluções do problema ou modos de se atingir o objetivo, uma descrição dos métodos e técnicas utilizados, uma análise dos resultados obtidos, uma conclusão que aponta qual hipótese foi verificada experimentalmente. Como há diversidade no que seja o método em cada área da ciência, a forma do artigo científico pode variar em sua apresentação, não existindo uma estrutura única que assegure, por si mesma, a cientificidade de um artigo ou texto que se pretenda científico. Diante dessa impossibilidade de uma construção textual objetivamente científica, há a necessidade do exame do artigo pela comunidade científica, pois a ciência é uma forma de conhecimento de caráter público, cuja validade só se estabelece após o debate em torno dos resultados apresentados e do caminho percorrido - o método - que conduziu a sua construção. Deste modo, o artigo científico, ao tornar público e aberto ao debate o conhecimento elaborado em pesquisa, é um meio fundamental para a divulgação e desenvolvimento da ciência. Após o período de globalização, tem contribuido para a organização das informações nas diversas áreas do conhecimento de modo a tornar oficial a busca mais profunda de um determinado conhecimento. Facilita o direcionamento das pesquisas e as escolhas de onde se deve investir mais no conhecimento científico. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Artigo_cient%C3%ADfico) Verbete Verbete é o nome que se dá a cada um dos textos, também chamados entradas, de um dicionário, de uma enciclopédia ou de outro livro ou obra de referência que organiza informações dessa maneira. Uma lista telefônica tem entradas, mas não tem verbetes. Um índice remissivo tem entradas, mas não tem verbetes. Verbetes de dicionário Os verbetes de dicionário são entradas, definições de palavras e explicações e notas sobre algo. O verbete de dicionário não serve somente para dar o significado de uma palavra como serve também para dar explicações gramaticais. Lendo um verbete Existe uma maneira de ler um verbete de dicionário. Existem abreviaturas, siglas e explicações gramaticais que ajudam a saber mais sobre a palavra. Lendo a classe gramatical Existe um sigla para cada definição, por exemplo: S. Significa que é um substantivo P. Significa que é um plural S.M. significa que é um substantivo masculino. S.F. significa que é um substantivo feminino. S.P. tem como significado que é um substantivo e pode ter o uso como plural 1. é a primeira definição da palavra, às vezes a principal Outras siglas adj. - Adjetivo art. - Artigo num. - Numeral adv. - Advérbio v. - Verbo prep. - Preposição subst. - substantivo Acent. Gráf.- Acentuação gráfica (http://pt.wikipedia.org/wiki/Verbete) Saiba como um termo vira verbete de dicionário EDUARDO SIMÕES da Folha de São Paulo Não bastasse o Novo Acordo Ortográfico, que entra em vigor a partir de 1º de janeiro, editores e lexicógrafos, profissionais responsáveis pela inclusão ou não de uma palavra num dicionário, têm de analisar expressões que pipocam, por exemplo, aqui, nas páginas de um jornal, ou acolá, na fala do povo. Caso de duas contribuições recentes do governo Lula: "pré-sal", que designa a camada abaixo do leito do mar, em que foi achado petróleo. E a expressão "sífu", usada pelo presidente no início de dezembro, em discurso sobre a crise mundial. Os três principais dicionários do Brasil -"Aurélio", "Houaiss" e "Caldas Aulete"_ já cogitam incluir "pré-sal": "Certamente vai entrar no processo editorial se o governo passar a usar de forma institucional", afirma Emerson Santos, diretor-geral da divisão de livros e periódicos da editora Positivo, que edita o "Aurélio". Já "sífu" -com acento agudo no "i", já que é paroxítona terminada em "u", como já ressaltou o professor Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha_ deve ficar de fora das atualizações. "Não é novidade, salvo na boca de um presidente. E dificilmente se encontra o registro exceto na fala", diz Paulo Geiger, editor da Lexicon, que publica o "Caldas Aulete". "Ainda estamos em dúvida, mas, sinceramente, acho difícil entrar." Palavras cruzadas Tanto "pré-sal" quanto "sífu" foram garimpadas em uma das principais fontes dos dicionaristas: a imprensa. Mas há outros nascedouros de verbetes. "Num dicionário com mais de 230 mil entradas como o 'Houaiss', tudo importa: jornais, revistas, teses, bulas de remédios, literatura, de termino logia, obras científicas, internet etc.", diz Mauro Villar, diretor do Instituto Antonio Houaiss. Já Paulo Geiger ressalta que o "Caldas Aulete" é muito "sen sível à imprensa como criadora de neologismos", e que as novidades surgem de vários setores, como a culinária, a área de gestão, a economia, a tecnologia etc. Geiger cita o esporte como fonte de verbetes recentes como "cadeirante", que surgiu na segunda metade do século 20 com os Jogos Paraolímpicos. E até mesmo um estrangeirismo usado no tênis e no vôlei, o "ace", do inglês, que significa "saque sem defesa", em que o adversário não alcança a bola e é convertido em ponto. "Vale ressaltar que não incluímos palavras estrangeiras quando existem correspondentes no português culto. Então não incorporamos 'delivery' porque temos 'entrega', nem 'sale', porque temos 'liqüidação'", diz Geiger, lembrando outra palavra do inglês já incorporada, o "software". "Os franceses têm 'logiciel', mas nós não temos um equivalente." Atento a outra importante fonte de neologismos, os autores renomados, o editor do "Caldas Aulete" conta que tem em sua "geladeira", no momento, uma expressão popular muito usada pelo escritor baiano João Ubaldo Ribeiro: "culhuda", que significa mentira, e o adjetivo dela derivado, "culhudeiro", que é mentiroso. "Quarentena" Há um tempo médio de "quarentena" até que novas palavras entrem nos dicionários. Para Villar, do "Houaiss", os dicionários devem ter novas edições -"e não reimpressões, mas edições de verdade" num período entre cinco ou dez anos, para não se desatualizarem. Para Emerson Santos, o ideal são edições trienais. "A editora tem um canal de abastecimento de palavras. A equipe de lexicógrafos recebe e elas ficam na 'geladeira' de três a cinco anos, em média, tempo em que se consolida ou não no uso", diz Santos, que prevê para 2010 uma edição atualizada do "Aurélio", com novos verbetes. Em todos os casos, a "quarentena" tem a função de evitar que palavras que estão apenas "na moda" sejam incorporadas. "As palavras e acepções da língua informal levam um tempo um pouco maior para serem dicionarizadas, para sabermos se se trata de um caso de aparição evanescente ou de ocorrência que a língua realmente adotou e incluiu de modo duradouro", diz Mauro Villar. Paulo Geiger, por exemplo, já se viu às voltas com modismos como "malufar" ou "collorir", referências ao ex-prefeito Paulo Maluf e o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Não sendo mero modismo, o último passo é a redação. Segundo Villar, a nova palavra então "ganha a linguagem e gramática de exposição utilizada pelo dicionário". E "pré-sal", diz ele, entra sim. TÓPICO 13 – TEXTOS INJUNTIVOS Os textos injuntivos, por sua vez, são aqueles que indicam procedimentos a serem realizados. Nesses textos, as frases, geralmente, são no modo imperativo. Bons exemplos desse tipo de texto são as receitas e os manuais de instrução. É muito importante não confundir tipo textual com gênero textual. Os tipos, como foi dito, aparecem em número limitado. Já os gêneros textuais são praticamente infinitos, visto que são textos orais e escritos produzidos por falantes de uma língua em um determinado momento histórico. O gêneros textuais, portanto, são diretamente ligados às práticas sociais. Alguns exemplos de gêneros textuais são carta, bilhete, aula, conferência, e-mail, artigos, entrevistas, discurso etc. Assim, um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por diante. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tipos_textuais) Redação/Produção Textual - Funções da Linguagem - Texto Injuntivo. Texto injuntivo é aquele no qual predomina a função conativa/apelativa, e tenta convencer o receptor (quem ouve) a tender a vontade do emissor(quem fala). "texto injuntivo" usa a função da linguagem chamada contativa ou apelativa. Visa convencer o ouvinte a obedecer a uma vontade do emissor (quem fala), a fazer ou a não fazer algo, seja ordenando ou pedindo gentilmente. Os verbos imperativos são amplamente utilizados no texto injuntivo. Essa modalidade textual é recorrente em publicidade. Veja alguns exemplos de texto injuntivo: - Coooompre batom! Cooooompre batom! Seu filho merece batom! ( quem não lembra desse comercial?) - Está muito frio hoje, leve o agasalho quando sair. - Não pise a grama! - Te amarei por toda a vida, case-se comigo! - Filhinho, vem almoçar, vem?! Complementando com a colaboração deixada no comentário pelo Misteoliver. Texto Injuntivo, também chamado prescritivo, não é só um ordem. Pode ser também uma sugestão, conselho, alerta, pedido, convite, instrução, súplica, dependendo do contexto e do tom, mas sempre objetivará que o receptor/leitor/ouvinte, realize ou não o que o emissor/falante está "prescrevendo", indicando. Veja alguns exemplos: - Cuidado com o cão! Afaste-se! - Se preferir, acrescente coco ralado à mistura. - Dobre a primeira à direita e depois siga em frente até o final da rua. - Venha para a minha festa de aniversário. Estou aguardando. - Pode esfriar à noite. Leve mais este casaco. - Certifique-se de que a peça foi colocada -dictionnaire de linguistique - de Jean Dubois e outros (Librairie Larousse): 1. Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal acção. As formas verbais específicas destas frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das formas do injuntivo. 2. Emprega-se a expressão função injuntiva para designar a função da linguagem chamada "conativa" ou "imperativa": o locutor impele o destinatário a agir de determinada maneira.» O que falam Maria de Termos Linguísticos»: Francisca Xavier e Maria Helena Mateus no «Dicionário - Diz-se que uma frase é injuntiva se exprimir uma ordem de execução ou não execução de uma determinada acção. Por vezes, emprega-se a expressão «função injuntiva» para designar a função apelativa de linguagem, por meio da qual o locutor conduz o alocutário a reagir de um determinado modo. (http://simplesmenteportugues.blogspot.com/2009/05/redacaoproducao-textual-funcoes-da.html) TÓPICO 14 – NOTÍCIA E REPORTAGEM Notícia Por Araújo, A. Ana Paula de É um dos principais tipos de textos jornalísticos existentes, e por isso tem uma estrutura semelhante a outros textos jornalísticos como a matéria, a reportagem, etc. A estrutura da notícia é chamada de pirâmide invertida. Esse nome se dá por causa do caráter comunicativo da notícia, que é caracterizado por trazer, logo no primeiro parágrafo, o ápice da notícia, a principal e mais relevante informação. Ou seja, uma notícia inicia-se logo com o desfecho, esse primeiro parágrafo é chamado pela linguagem jornalística de lead. Nele são expostas as informações que mais chamam a atenção do leitor para prosseguir com a leitura do texto, em busca de mais informações sobre aquele fato. Esta estratégia de construção textual é muito utilizada em jornais por causa do seu caráter informativo, e também por causa do objetivo de trazer ao leitor informações rápidas, claras e precisas. Sendo assim, o leitor tem a opção de aprofundar a leitura ou não, de acordo com os seus interesses. Seguindo com a estrutura da pirâmide, o texto traz no primeiro parágrafo as informações mais importantes, e nos parágrafos seguintes traz as outras informações sempre em ordem decrescente de relevância. Algumas informações são necessárias para o entendimento dos fatos, e por isso elas são priorizadas. São elas as personagens do fato, o espaço e o tempo. Outras informações que são responsáveis por detalhes mais importantes são colocadas logo em seguida, como a causa do acontecimento, o desenrolar dos fatos e detalhes sobre as conseqüências do mesmo. Lembrando sempre que essas informações já são trazidas para o leitor no lead, porém por serem faladas de maneira superficial elas voltam a ser faladas em busca de serem detalhadas. É necessário que haja uma ética por parte do autor da notícia, no sentido de não trazer ao leitor informações mentirosas ou incertas. A notícia é o acesso que o leitor tem aos acontecimentos do mundo ao seu redor, por isso é preciso que o texto seja o mais impessoal possível, com informações concretas, preferencialmente comprovadas através de entrevistas com testemunhas do fato, fotos ou filmagens (em caso de telejornais). Esses detalhes dão à notícia um caráter mais documental e menos literal, pois asseguram ao leitor a veracidade dos fatos, além de trazer certa confiança ao autor da mesma, que será respeitado e ouvido nas próximas vezes que noticiar algo. É isso que faz do jornal um meio de comunicação respeitado e lido por todas as camadas da sociedade. Devido ao fato acima citado, de o jornal ser acessível a diversos tipos de indivíduos, é preciso que a linguagem utilizada não seja de difícil compreensão, seja clara e objetiva, não faça arrodeios desnecessários nem grandes descrições que podem dar ao leitor a sensação que o texto é parado ou sem novidades. Dessa maneira, independente de quem leia o texto ele será sempre aproveitado e útil. Em caso de a notícia ser escrita em um concurso público como o vestibular é necessário que se obedeça às regras da proposta apresentada. Os fatos podem ser fictícios, mas deve haver certa diligência em não misturar fatos fictícios com fatos reais e em não envolver situações que se distanciem da realidade a ponto de serem duvidosas. Apesar de ser um texto de ficção, deve obedecer a toda a estrutura de uma notícia de jornal. (http://www.infoescola.com/redacao/noticia/) Reportagem Por Paula Perin dos Santos Texto jornalístico amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa, a reportagem informa, de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo acontecimento. A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmente costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal, ampliada e composta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resumos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico. O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e contribuindo para formar sua opinião. A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão lingüístico divulgado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina. Embora seja impessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação. Para se produzir uma boa reportagem, é fundamental que o repórter ouça todas as versões de um fato, a fim de que a verdade apurada seja realmente a verdade que possa ser comprovada, não aquela que se imagina que é a verdade. Fonte: CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação. São Paulo, Atual Editora, 2000, p.158-68. (http://www.infoescola.com/jornalismo/reportagem/) BIOGRAFIA A biografia é um gênero literário no qual podemos acompanhar a vida de uma determinada pessoa ou até de várias pessoas. Grande parte das biografias contam a vida de uma pessoa que já faleceu, porém, há diversas biografias de pessoas que ainda estão vivas. O que pode acontecer também com muita frequência é a biografia incluir trechos das obras mais importantes dos biografados. Pode ser que essa biografia inclua também aspectos críticos sobre a obra da pessoa em questão. Atualmente, virou moda publicar biografias não autorizadas dos artistas, isso dá aquele toque de proibido e de nas paginas desse livro você vai encontrar detalhes sórdidos e sombrios a respeito da pessoa em questão. Nestes casos acontece que o biografado não autorizou a publicação de sua história. Há também um outro tipo de biografia, a autobiografia, ou seja, aqueles casos em que o biografado escreve suas própria história. Claro que nestes casos passagens negativas da vida da pessoa possam ser simplesmente postas de lado. Mas, é sempre válido ver alguém tentando contar a sua própria história. (http://www.o-que-e.com/o-que-e-biografia/) TÓPICO 15 – DESCRIÇÃO O que é descrição? É a ação que você toma de descrever sobre algo ou alguém. Então, o que é descrever? Vejamos: de acordo com o dicionário, é o ato de narrar, contar minuciosamente. Então, sempre que você expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Essa última é como se fosse um retrato distinto e pessoal de algo que se vê ou se viu! Assim, para se fazer uma boa descrição, não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não será para outro. Portanto, a vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. Os pormenores são essenciais para se distinguir um determinado momento de qualquer outro, desse modo, a presença de adjetivos e locuções adjetivas é traço distinto de um texto descritivo. Quando for descrever verbalmente, tenha sutileza ao transmitir e leve em consideração, de acordo com o fato, objeto ou pessoa analisada: a) as cores; b) altura; c) comprimento; d) dimensões; e) características físicas; f) características psicológicas; g) sensação térmica; h) tempo e clima; i) vegetação; j) perspectiva espacial; l) peso; m) textura; n) utilidade; o) localização; e assim por diante. Claro, tudo vai depender do que está sendo descrito. Em uma paisagem, por exemplo, a descrição poderá considerar: a posição geográfica (norte, sul, leste, oeste); o clima (úmido, seco); tipo (rural, urbana); a sensação térmica (calor, frio) e se existem casas, árvores, rios, etc. Veja no exemplo: “Da janela de seu quarto podia ver o mar. Estava calmo e, por isso, parecia até mais azul. A maresia inundava seu cantinho de descanso e arrepiava seu corpo...estava muito frio, ela sentia, mas não queria fechar a entrada daquela sensação boa. Ao norte, a ilha que mais gostava de ir, era só um pedacinho de terra iluminado pelos últimos raios solares do final daquela tarde; estava longe...longe! Não sabia como agradecer a Deus, morava em um paraíso!” A sensação que o leitor ou ouvinte tem que ter em uma descrição é a de que foi transportado para o local da narração descritiva. Da mesma forma, quando um objeto é descrito, o interlocutor dever ter a sensação de que está vendo aquele sofá ou aquela xícara. Por fim, vejamos a seguir os dois tipos de descrição existentes: • Descrição objetiva: acontece quando o que é descrito apresenta-se de forma direta, simples, concreta, como realmente é: a) O objeto tem 3 metros de diâmetro, é cinza claro, pesa 1 tonelada e será utilizado na fabricação de fraldas descartáveis. b) Ana tem 1,80, pele morena, olhos castanhos claros, cabelos castanhos escuros e lisos e pesa 65 kg. É modelo desde os 15 anos. Descrição subjetiva: ocorre quando há emoção por parte de quem descreve: a) Era doce, calma e respeitava muito aos pais. Porém, comigo, não tinha pudores: era arisca e maliciosa, mas isso não me incomodava. Portanto, na descrição subjetiva há interferência emocional por parte do interlocutor a respeito do que observa, analisa. Como você vai saber se fez uma excelente narração descritiva? Quando reler o seu texto e perceber se de fato outros leitores visualizarão como reais o que está sendo descrito! Por Sabrina Vilarinho (http://www.brasilescola.com/redacao/descricao.htm) TÓPICO 16 – NORMA-PADRÃO E NORMA COLOQUIAL NORMA PADRÃO - Olá, chefe, você me chamou? - Chamei, sim, Edu. Eu tenho um trabalho para você fazer. - Qual seria o trabalho, chefe? - Eu vou pedir para você refazer o trabalho do Almir. - Chefe, sem querer ofender, mas o trabalho dele está ótimo! - Eu sei, é só para você fazer alguma tarefa... VARIEDADE INFORMAL - E aí, maluco, pediu pra eu colá aqui? - Pedi sim, truta, tenho um trampo aí pro meu chegado. - Que trampo seria, meu querido? - Eu vou falar pra você fazer de novo o trabalho do truta ali. - Mano, você me chamô aqui só pra fazê um trabalho que já tá feito? - Eu sei, é só para o meu querido trabalhar... (http://auladaroberta.blogspot.com/2008/02/norma-padro-e-norma-coloquial.html) Norma culta Norma culta ou linguagem culta é uma expressão empregada pelos linguistas brasileiros para designar o conjunto de variedades linguísticas efetivamente faladas, na vida quotidiana, pelos falantes cultos, sendo assim classificados os cidadãos nascidos e criados em zona urbana e com grau de instrução superior completo. O Instituto Camões entende que a ''noção de correcção está [...] baseada no valor social atribuído às [...] formas [linguísticas]. Ainda assim, informa que a norma-padrão do português europeu é o dialecto da região que abrange Lisboa e Coimbra; refere também que se aceita no Brasil como norma-padrão a fala do Rio e de S. Paulo. Aquisição da linguagem Iniciamos o aprendizado da língua em casa, no contato com a família, que é o primeiro círculo social para uma criança, imitando o que se ouve e aprendendo, aos poucos, o vocabulário e as leis combinatórias da língua. Um jovem falante também vai exercitando o aparelho fonador, ou seja, a língua, os lábios, os dentes, os maxilares, as cordas vocais para produzir sons que se transformam, mais tarde, em palavras, frases e textos. Quando um falante entra em contato com outra pessoa, na rua, na escola ou em qualquer outro local, percebe que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades lingüísticas. Variedades linguísticas Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que cumpram com eficiência o papel fundamental de uma língua – o de permitir a interação verbal entre as pessoas, isto é, a comunicação. Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou norma padrão, tem maior prestígio social. É a variedade lingüística ensinada na escola, contida na maior parte dos livros e revistas e também em textos científicos e didáticos, em alguns programas de televisão, etc. As demais variedades, como a regional, a gíria ou calão, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas), são chamadas genericamente de dialeto popular ou linguagem popular. Propósito da língua A língua que utilizamos não transmite apenas nossas idéias, transmite também um conjunto de informações sobre nós mesmos. Certas palavras e construções que empregamos acabam denunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies, como skate, rock, surfe, etc. O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capacidade de nos adaptarmos e situações novas, nossa insegurança, etc. A língua é um poderoso instrumento de ação social. Ela pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento com as pessoas e com a sociedade em geral. Língua culta na escola O ensino da língua culta, na escola, não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua culta, somado ao domínio de outras variedades lingüísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos. Saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que participamos. Graus de formalismo São muitos os tipos de registro quanto ao formalismo, tais como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o coloquial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso de ortografia simplificada, construções simples e usado entre membros de uma mesma família ou entre amigos. As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente na situação de comunicação; com o modo de expressão, isto é, se se trata de um registro formal ou escrito; com a sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário específico de algum campo científico, por exemplo). (http://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_culta) TÓPICO 17 – VARIANTES LINGUÍSTICAS Variantes Linguísticas Por Marcos Duarte Uma língua nunca é falada da mesma forma, sendo que ela estará sempre sujeita a variações, como: diferença de épocas (o português falado hoje é diferente do português de 50 anos atrás), regionalidade (diferentes lugares, diferentes falas), grupo social (uso de “etiqueta”, assim como gírias por determinadas “tribos”) e ainda as diferentes situações (fala forma e informal). Além das variações já citadas, há ainda outras variações, como, modo de falar de diferentes profissionais (linguagem técnica da área), as gírias das diferentes faixas etárias, a língua escrita e oral. Diante de tantas variantes lingüísticas, é comum perguntar-se qual a forma mais correta. Porém não existe forma mais correta, existe sim a forma mais adequada de se expressar de acordo com a situação. Dessa forma, a pessoa que fala bem é aquela que consegue estabelecer a forma mais adequada de se expressar de acordo com a situação, conseguindo o máximo de eficiência da língua. Usar o português rígido e sério (linguagem formal escrita) em uma comunicação informal, descontraída é falar de forma inadequada. Soa como pretensioso, artificial. Da mesma forma, é inadequado utilizar gírias, termos chulos e desrespeitosos em uma situação formal. Ao se falar de variantes é preciso não perder de vista que a língua é um código de comunicação e também um fato com repercussões sociais. Existem muitas formas de comunicar que não perturbam a comunicação, mas afetam a imagem social do comunicador. Uma frase como “O povo exageram” tem o mesmo sentido que “O povo exagera”. Como sabemos o coletivo como conteúdo é sempre plural. Porém hoje a concordância é com a forma. Nesse particular, há uma aproximação máxima entre língua e etiqueta social. Atualmente falar “O povo exageram” deprecia a imagem do falante. Para resolver essas chamadas questões de correções de frase é aconselhável tomar os seguintes cuidados: - checar problemas de acentuação, crase e grafias problemáticos; - observar o verbo (conjugação, concordância, regência); - observar os pronomes (colocação, função sintática); - observar se as palavras estão sendo utilizadas em sua forma e sentido correto. Exemplo. “Convidamos aos professores para que dê início as discursões dos assuntos em palta” Forma correta “Convidamos os professores para que dêem início às discussões dos assuntos em pauta” (http://www.infoescola.com/redacao/variantes-linguisticas/) TÓPICO 18 – ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA Estrangeirismo é o processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na língua portuguesa. De acordo com o idioma de origem, as palavras recebem nomes específicos, tais como anglicismo (do inglês), galicismo (do francês), etc. O estrangeirismo possui duas categorias: 1) Com aportuguesamento: a grafia e a pronúncia da palavra são adaptadas para o português. Exemplo: abajur (do francês "abat-jour") 2) Sem aportuguesamento: conserva-se a forma original da palavra. Exemplo: mouse (do inglês "mouse") A maioria das palavras da língua portuguesa tem origem latina, grega, árabe, espanhola, italiana, francesa ou inglesa. Essas palavras são introduzidas em nossa língua por diversos motivos, sejam eles fatores históricos, socioculturais e políticos, modismos ou avanços tecnológicos. As palavras estrangeiras geralmente passam por um processo de aportuguesamento fonológico e gráfico. A Academia Brasileira de Letras, órgão responsável pelo Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, tem função importante no aportuguesamento dessas palavras. As pessoas, em geral, estão tão acostumadas com a presença dos estrangeirismos na língua que, muitas vezes, desconhecem que uma série de palavras têm sua origem em outros idiomas. Veja a seguir uma lista com exemplos de palavras que passaram pelo processo de aportuguesamento, bem como a origem e definição de cada uma delas: Palavra Origem Definição Abajur Do francês abat-jour Luminária de mesa Ateliê Do francês atelier Oficina de artesãos Baguete Do francês baguette Pão francês fino e longo Do inglês bungalow Casa residencial com arquitetura de bangalô indiano Basquetebol Do inglês basket ball Esporte cujo objetivo é fazer com que uma bola de couro entre numa cesta. Batom Do francês bâton Bastão usado para pintar os lábios. Bangalô (http://www.soportugues.com.br/secoes/estrangeirismos/) TÓPICO 19 – GÍRIA E JARGÃO A língua muda conforme situação Alfredina Nery* A língua varia no tempo e no espaço. Há ainda as variações linguísticas dos grupos sociais (jovens, grupos de profissionais, etc) e até mesmo, há variação quando um único indivíduo, em situações diferentes, usa diferentemente a língua, de forma a se adequar ao contexto de comunicação. Uma dessas variações é a "gíria", que são as palavras que entram e saem da moda, de tempos em tempos. Você conhece o "Dicionário dos Mano"? Aqui vão alguns exemplos: Mano não briga: arranja treta. Mano não cai: capota. Mano não entende: se liga. Mano não passeia: dá um rolê. Mano não come: ranga. Mano não fala: troca ideia Mano não ouve música: curte um som. A gíria teve sua origem na maneira de falar de grupos marginalizados que não queriam ser entendidos por quem não pertencesse ao grupo. Hoje, entende-se a gíria como uma linguagem específica de grupos específicos, como os jovens. Grupos sociais distintos têm seus "modos de falar", como é o caso dos mais escolarizados e, até mesmo, os grupos profissionais que se expressam por meio das linguagens técnicas de suas profissões. Jargão Jargão é o modo de falar específico de um grupo, geralmente ligado à profissão. Existe, por exemplo, o jargão dos médicos, o jargão dos especialistas em informática, etc. Imagine que você foi a um hospital e ouviu um médico conversando com outro. A certa altura, um deles disse: "Em relação à dona Fabiana, o prognóstico é favorável no caso de pronta-suspensão do remédio." É provável que você tenha levado algum tempo até entender o que o médico falou. Isso porque ele utilizou, com seu colega de trabalho, termos com os quais os dois estão acostumados. Com a paciente, o médico deveria falar de uma maneira mais simples. Assim: "Bem, dona Fabiana, a senhora pode parar de tomar o remédio, sem problemas" Diferentes situações de comunicação Uma mesma pessoa pode escolher uma forma de linguagem mais conservadora numa situação formal ou um linguajar mais informal, em situação mais descontraída. Quantas vezes, isso não acontece conosco, no cotidiano? Na família e com amigos, falamos de uma forma, mas numa entrevista para procurar emprego é muito diferente. Essas diferenças linguísticas dependem de: familiaridade ou distância dos que participam do ato de linguagem; grau de formalidade da ocasião; tipo de texto usado: conferência, texto escrito, conversa, artigo etc. Portanto, para saber se adequar a diferentes situações de comunicação, com variações linguísticas próprias de cada ocasião, você precisa ser um "poliglota na própria língua"... * Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua, linguagem e leitura. http://educacao.uol.com.br/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-muda-conforme-situacao.jhtm TÓPICO 20 – CONCORDÂNCIA NOMINAL Por Araújo, A. Ana Paula de Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal. REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo. - A pequena criança é uma gracinha. - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima. a) Um adjetivo após vários substantivos 1 – Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo. - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. 2 – Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo. - Ela tem pai e mãe louros. - Ela tem pai e mãe loura. 3 – Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural. - O homem e o menino estavam perdidos. - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos 1 – Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo. Comi delicioso almoço e sobremesa. Provei deliciosa fruta e suco. 2 – Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Estavam feridos o pai e os filhos. Estava ferido o pai e os filhos. c) Um substantivo e mais de um adjetivo 1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. 2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. d) Pronomes de tratamento 1 – sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa santidade esteve no Brasil. e) Anexo, incluso, próprio, obrigado 1 – Concordam com o substantivo a que se referem. As cartas estão anexas. A bebida está inclusa. Precisamos de nomes próprios. Obrigado, disse o rapaz. f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) 1 – Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural. Renato advogou um e outro caso fáceis. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. g) É bom, é necessário, é proibido 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante. Canja é bom. / A canja é boa. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida. h) Muito, pouco, caro 1- Como adjetivos: seguem a regra geral. Comi muitas frutas durante a viagem. Pouco arroz é suficiente para mim. Os sapatos estavam caros. 2- Como advérbios: são invariáveis. Comi muito durante a viagem. Pouco lutei, por isso perdi a batalha. Comprei caro os sapatos. i) Mesmo, bastante 1- Como advérbios: invariáveis Preciso mesmo da sua ajuda. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. 2- Como pronomes: seguem a regra geral. Seus argumentos foram bastantes para me convencer. Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. j) Menos, alerta 1- Em todas as ocasiões são invariáveis. Preciso de menos comida para perder peso. Estamos alerta para com suas chamadas. k) Tal Qual 1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente. As garotas são vaidosas tais qual a tia. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. l) Possível 1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. A mais possível das alternativas é a que você expôs. Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade. m) Meio 1- Como advérbio: invariável. Estou meio insegura. 2- Como numeral: segue a regra geral. Comi meia laranja pela manhã. n) Só 1- apenas, somente (advérbio): invariável. Só consegui comprar uma passagem. 2- sozinho (adjetivo): variável. Estiveram sós durante horas. http://www.infoescola.com/portugues/concordancia-nominal/ TÓPICO 21 – CONCORDÂNCIA VERBAL Por Cristiana Gomes SUJEITO CONSTITUÍDO PELOS PRONOMES QUE & QUEM QUE: se o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome relativo. - Fui eu que falei. (eu falei) - Fomos nós que falamos. (nós falamos) QUEM: se o sujeito for o pronome relativo quem, o verbo ficará na terceira pessoa do singular ou concordará com o antecedente do pronome (pouco usado). - Fui eu quem falou. (ele (3ª pessoa) falou) Obs: nas expressões “um dos que”, “uma das que”, o verbo deve ir para o plural. Porém, alguns estudiosos e escritores aceitam ou usam a concordância no singular. - João foi um dos que saíram. PRONOME DE TRATAMENTO O verbo fica sempre na 3ª pessoa (ele – eles). - Vossa Alteza deve viajar. - Vossas Altezas devem viajar. DAR – BATER – SOAR (indicando horas) Quando houver sujeito (relógio, sino) os verbos concordam normalmente com ele. - O relógio deu onze horas. - O Relógio: sujeito Deu: concorda com o sujeito. Quando não houver sujeito, o verbo concorda com as horas que passam a ser o sujeito da oração. - Deram onze horas. - Deram três horas no meu relógio. SUJEITO COLETIVO (SUJEITO SIMPLES) - O cardume escapou da rede. - Os cardumes escaparam da rede. Nesses dois exemplos o verbo concordou com o coletivo (sujeito simples). Quando o sujeito é formado de um coletivo singular seguido de complemento no plural, admitem-se duas concordâncias: 1ª) verbo no singular. - O bando de passarinhos cantava no jardim. - Um grupo de professores acompanhou os estudantes. 2ª) o verbo pode ficar no plural, nesse caso o verbo no plural dará ênfase ao complemento. - O bando de passarinhos cantavam no jardim. - Um grupo de professores acompanharam os estudantes SE Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos + – se: Se o termo que recebe a ação estiver no plural, o verbo deve ir para o plural, se estiver no singular, o verbo deve ir para o singular. - Alugam-se cavalos. “Alugar” é verbo transitivo direto. “Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o verbo vai para o plural. Aqui o “se” é chamado de partícula apassivadora (Cavalos são alugados). Outros exemplos: - Vendem-se casas. - Alugam-se apartamentos. - Exigem-se referências. - Consertam-se pianos. - Plastificam-se documentos. - Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo direto e indireto) OBS: Somente os verbos transitivos diretos têm voz passiva. Qualquer outro tipo de verbo (transitivo indireto ou intransitivo) fica no singular. - Precisa-se de professores. (Precisar é verbo transitivo indireto) - Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo intransitivo) Nesse caso, o “se” é chamado de índice de indeterminação do sujeito ou partícula indeterminadora do sujeito. HAVER – FAZER “Haver” no sentido de “existir”, indicando “tempo” ou no sentido de “ocorrer” ficará na terceira pessoa do singular. É impessoal, ou seja, não admite sujeito. “Fazer” quando indica “tempo” ou “fenômenos da natureza”, também é impessoal e deverá ficar na terceira pessoa do singular. - Nesta sala há bons e maus alunos. (= existe) - Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer) - Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido) SUJEITO COMPOSTO RESUMIDO POR UM INDEFINIDO O verbo concordará com o indefinido. - Tudo, jornais, revistas, TV, só trazia boas noticias. - Ninguém, amigos, primos, irmãos veio visitá-lo. - Amigos, irmãos, primos, todos foram viajar. PESSOAS DIFERENTES O verbo flexiona-se no plural na pessoa que prevalece (a 1ª sobre a 2ª e a 2ª sobre a 3ª). Eu e tu: nós Eu e você: nós Ela e eu: nós Tu e ele: vós - Eu, tu e ele resolvemos o mistério. (1ª pessoa prevalece) - O diretor, tu e eu saímos apressados. (1ª pessoa prevalece) - O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa prevalece) - Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa prevalece) Obs: como a 2ª pessoa do plural (vós) é muito pouco usado na língua contemporânea , é preferível usar a 3ª pessoa quando ocorre a 2ª com a 3ª. - Tu e ele riam à beça. - Em que língua tu e ele falavam? Podemos também substituir o “tu” por “você”. - Você e ele: vocês NOMES PRÓPRIOS NO PLURAL Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o verbo deverá concordar no plural. - Os Andes ficam na América do Sul. Se não houver artigo no plural, o verbo deverá concordar no singular. - Santos fica em São Paulo. - “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou Machado de Assis. Obs 1: Com nome de obras artísticas, admite-se a concordância ideológica com a palavra “obra”, que está implícita na frase. - “Os Lusíadas” imortalizou Camões. Obs 2: Com o verbo “ser” e o predicativo no singular, o verbo fica no singular. “Os Lusíadas” é a maior obra da Literatura Portuguesa. - Os EUA já foi o primeiro mercado consumidor. SER O verbo “ser” concordará com o predicativo quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”. - Quem são os eleitos? - Que seriam aqueles ruídos estranhos? - Que são dois meses? - Que são células? - Quem foram os responsáveis? Quando o verbo “ser” indicar tempo, data, dias ou distância, deve concordar com a palavra seguinte. - É uma hora. - São duas horas. - São nove e quinze da noite. - É um minuto para as três. - Já são dez para uma. - Da praia até a nossa casa, são cinco minutos. - Hoje é ou são 14 de julho? Em relação às datas, quando a palavra “dia” não está expressa, a concordância é facultativa. Se um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal, o verbo concordará com ele. - Eu sou o chefe. - Nós somos os responsáveis. - Eu sou a diretora. Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso, aquilo, o, tudo, o verbo “ser” concordará com o predicativo. - Tudo são flores. - Isso são lembranças de viagens. Pode ocorrer também o verbo no singular concordando com o pronome (raro). - Tudo é flores. Quando o verbo “ser” aparece nas expressões “é muito”, “é bastante”, “é pouco”, “é suficiente” denotando quantidade, distância, peso, etc ele ficará no singular. - Oitocentos reais é muito. - Cinco quilos é suficiente. (http://www.infoescola.com/portugues/concordancia-verbal/) TÓPICO 22 – CONCORDÂNCIA VERBAL – CASOS ESPECIAIS DE ALGUNS VERBOS Há alguns casos de verbos em que a concordância causa dúvidas. Vejamos aqui os casos especiais, separadamente: O verbo ser a) Quando o sujeito é um dos pronomes: o, isto, isso, aquilo, tudo, o verbo ser concorda com o predicativo: Exemplo: Tudo era felicidade quando morava na casa do vovô. b) Quando o predicativo for um pronome pessoal. Exemplo: O presente que comprei hoje é para você. c) Quando o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo ser concordará com o sujeito. Exemplo: Paola é a aluna mais aplicada da sala. d) Quando o sujeito for uma expressão numérica que dá ideia de conjunto, o verbo ficará no singular. Exemplo: Quatro horas é pouco tempo para fazer as provas de vestibular. e) Quando a oração se iniciar com os pronomes interrogativos (Que, Quem), o verbo concorda com o sujeito. Exemplos: Quem é a pessoa que consegue fazer justiça com as próprias mãos? f) Quando a oração indicar o dia do mês, o verbo concorda no singular ou no plural, dependerá da intenção. Exemplos: Hoje é (dia) 11 de setembro. (dia específico) Hoje são 11 de setembro. (dias decorridos até a data) Os verbos bater, soar e dar Quando fazem referência às horas do dia, os verbos acima concordam com o número de horas. Exemplo: O relógio soou há muito tempo. Acabou de dar uma hora, está na hora de irmos. Os verbos impessoais haver e fazer Os verbos impessoais são aqueles que não admitem sujeito e, portanto, são flexionados na 3ª pessoa do singular. No sentido de existir ou na idéia de tempo decorrido, o verbo haver é impessoal. Logo, o verbo ficará no singular. Exemplo: Há uma cadeira vaga no refeitório. (sentido de existir) Há dez dias não faço exercícios físicos. (tempo decorrido) Da mesma forma, o verbo fazer no sentido temporal, de tempo decorrido ou de fenômenos atmosféricos é impessoal. Exemplo: Faz dez dias que não faço exercícios físicos. (tempo decorrido) Nesta época do ano, faz muito frio. Quando da locução verbal, tanto o verbo haver quanto o verbo fazer exigem que o auxiliar fique na terceira pessoa do singular. Exemplos: Deve haver uma forma de amenizarmos esse problema. Vai fazer dez dias que não faço exercícios físicos. O verbo existir Geralmente, o verbo existir concorda com seu sujeito. Exemplo: Existem muitas pessoas que não gostam de frutos do mar. Quando o verbo existir fizer parte de uma locução verbal, o auxiliar concordará com o sujeito e não com o verbo principal. Exemplo: Devem existir muitas pessoas que não gostam de frutos do mar. O verbo parecer Quando o verbo parecer vier seguido de infinitivo, poderá ser flexionado ou no singular ou no plural: Exemplos: As pesquisas parecem traduzir o que a empresa necessita. As pesquisas parece traduzirem o que a empresa necessita. A expressão “haja vista” O verbo haver na expressão “haja vista” pode ser empregado ou no singular ou no plural (desde que não seja precedido por preposição), contudo, a palavra “vista” permanece invariável. Exemplos: Haja vista os dados das pesquisas Haja vista aos avanços observados pelos pesquisadores. Hajam vista os dados que observamos. Por Sabrina Vilarinho (http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbalcasos-especiais-alguns-verbos.htm) TÓPICO 23 – FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO5 Frase é todo enunciado capaz de transmitir uma ideia, uma informação, um contexto. A frase pode ser uma palavra ou conjunto de palavras que constitui um enunciado de sentido completo. A frase não vem necessariamente acompanhada por um sujeito, verbo ou predicado. Por exemplo: «Calma!» é uma frase, pois transmite uma ideia - a ideia de manter-se calmo - mas não há sujeito ou predicado. Apenas um verbo que se mostra na sua forma imperativo, ou seja, indicando uma ordem. A frase se define pelo propósito de comunicação, e não pela sua extensão. O conceito de frase, portanto, abrange desde estruturas muito simples até enunciados bastante complexos. A oração já é todo conjunto discursivo que se estrutura em torno de um verbo, apresentando, sujeito e predicado. Ex.: O menino sujou sua roupa. O que caracteriza a oração é o verbo, não importando que a oração tenha sentido ou não sem ele. O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser: Simples: Quando constituído de uma só oração, ou seja, somente uma formação com a presença de verbo, sujeito e predicado. Ex.: João ofereceu um livro a Joana. Composto: Quando é constituído de duas ou mais orações. Ex.: eu preciso leio este livro, porque amanha terei prova de português. Os períodos compostos são formados por coordenação, por subordinação ou por ambas as formas (coordenação-subordinação). As frases possui diferentes classificações, eis uma forma de classificá-las: 5 Dos tópicos 18 ao 27 todos são adaptados de www.wikipedia.org/lingua_portuguesa Frases exclamativas: as que possuem exclamação; Frases imperativas: as que expressam ordens, proibições ou conselhos; e Frases interrogativas: as que transmitem perguntas. E ainda há mais dois grupos secundários: Frases optativas: o emissor expressa um desejo (Ex.: Quero comer picolé.); Frases imprecativas: o emissor expressa uma súplica através de maldição. (Ex.: Que um raio caia sobre minha cabeça.). Outros tipos de frases Frase simples (frase não-idiomática): do ponto de vista de uma tradução, é a que pode ser traduzida literalmente para uma língua (nota: em alguns casos, frases simples têm uma diferença mínima em outra língua, geralmente de ordem gramatical.) Frase Clichê: são frases que podem reproduzir formas de discriminação social e expressar um modo de pensar as relações sociais,utilizando às vezes fragmentos de provérbios. Exemplos:Lugar de Mulher é na Cozinha, Homem não presta, Ele é um Preto de Alma Branca. Frase idiomática ou expressão idiomática: É a que não é traduzida literalmente para outro idioma. No caso, em cada língua a idéia da frase é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo portuguesa-inglês: Ele está na pior. = He’s down and out. (Literalmente: Ele está abaixo e fora). Frase feita: É a que, a fim de expressar determinada ideia, é dita sempre de forma invariável. Exemplo: Ele foi pego com a boca na botija. Note-se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo, uma expressão idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é dita em inglês como He was caught red-handed., ou, literalmente: ele foi pego com as mãos vermelhas. Frase formal (não-coloquial, não-popular) : É a dita segundo as normas da linguagem padrão ou formal. Esta é usada formalmente por escrito, e em circunstâncias formais também oralmente, em textos não raro mais longos (em relação a textos sinônimos coloquiais), às vezes com palavras difíceis (que não são do conhecimento da população em geral). Frase coloquial (coloquialismo) : É a dita de forma coloquial, ou seja, usando-se uma linguagem simples, em geral oralmente, com textos resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros gramaticais (uma ou mais palavras não estão na linguagem padrão), mas costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o seu nível social. Exemplos: Formal: Está certo (concordo). Coloquial: Tá certo. Oração coordenada é a que se coloca do lado de outra, sem desempenhar função sintática; são sintaticamente independentes. A São ligadas por conectivos ou justapostas, ou seja, separadas por vírgula. Veja: atriz falou aos jornalistas e despediu-se em 1ª oração 2ª oração seguida. Observe que a 2ª oração não está encaixada na 1ª, não funciona como termo da oração anterior, não se relaciona sintaticamente com nenhuma palavra da 1ª oração. As orações coordenadas são classificadas em: sindéticas e assindéticas. - Sindéticas: são orações coordenadas introduzidas por conjunção. Exemplo: Deve ter chovido à noite, pois o chão está molhado. - Assindéticas: são as orações coordenadas que não são introduzidas por conjunção. Exemplo: Tudo passa, tudo corre: é a lei. Orações coordenadas sindéticas As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com a conjunção coordenativa que as introduz. Podem ser: - Aditivas: estabelecem idéia de adição, soma. Exemplo: Não venderemos a casa, nem (venderemos) o carro. São conjunções aditivas: e, nem, mas, também. - Adversativas: estabelecem oposição, adversidade. Exemplo: Gostaria de ter viajado, mas não tive férias. São conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. - Alternativas: estabelecem alternância. Exemplo: Siga o mapa ou peça informações. São conjunções alternativas: ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, siga...siga. - Conclusivas: estabelecem conclusão. Exemplo: São todos cegos portanto não podem ver. São conjunções conclusivas: portanto, logo, por isso, pois, assim. - Explicativas: estabelecem explicação. Exemplo: Senti frio, porque estava sem agasalho. São conjunções explicativas: que, porque, pois, porquanto. Oração subordinada A Oração subordinada, em gramática, é aquela que exerce uma função sintática em relação a uma outra oração, chamada oração principal e que pede complemento. Exemplo: "Aguardo que você chegue" Nessa frase há duas orações: "Aguardo" e "que você chegue". A oração "que você chegue" está completando o sentido do verbo transitivo direto "aguardo", portanto, esta oração exerce função sintática do objeto direto, sendo assim uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Dependendo da função sintática que exercem, as orações subordinadas podem ser classificadas em: substantivas, adjetivas ou adverbiais. Orçações subordinadas substantivas São aquelas que exercem sentido dentro dos substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indireto, aposto, complemento nominal e predicativo), iniciam por conjunções integrantes (que e se). Uma oração subordinada substantiva pode ser: Subjetiva (O.S.S.S.): exercem função de sujeito do verbo da oração principal. Exemplo: "É provável que ele chegue ainda hoje" Pode ser também quando a oração principal começa com verbo de ligação; (o que é provável?) Objetiva Direta (O.S.S.O.D.): exercem função de objeto direto (não possui preposição). Exemplo: "Desejo que todos venham" (quem deseja, deseja algo, alguma coisa); Objetiva Indireta (O.S.S.O.I.): exercem função de objeto indireto (possui preposição obrigatória, que vem depois de um verbo). Exemplo: "Necessitamos de que todos nos ajudem" (quem necessita, necessita de algo, de alguma coisa ou de alguém); Predicativa (O.S.S.P.): exercem função de predicativo. Exemplo: Meu desejo era [verbo de ligação] que me dessem uma camisa. Pode ser também quando a oração principal termina com verbo de ligação; Completiva Nominal (O.S.S.C.N.): exercem função de complemento nominal de um nome da oração principal. Exemplo: "Tenho esperança de que ela ainda volte"; Apositiva (O.S.S.A.): exercem função de aposto. Exemplo: "Desejo-te uma coisa: que sejas muito feliz" Não precisa ter necessariamente dois pontos (:) ou ponto e vírgula (;). Dessa maneira, todas as orações subordinadas substantivas podem ser trocadas por isso, disso ou nisso. Veja os exemplos: Precisamos de que venha para a aula. = Precisamos disso. (disso: completiva nominal ou objetiva indireta) Quero que venha para a guerra. = Quero isso. (isso: subjetiva, objetiva direta, predicativa) Fiquei pensando que valia a pena. = Fiquei pensando nisso. (nisso: completiva nominal ou objetiva indireta). Outros tipos de oração subordinada Oração subordinada adjetiva é aquela que se encaixa na oração principal, funcionando como adjunto adnominal. As orações subordinadas adjetivas classificam-se em: explicativas e restritivas. Explicativas: acrescentam uma qualidade acessória ao antecedente e são separadas da oração principal por vírgulas. Ex.: Os jogadores de futebol, que são iniciantes, não recebem salários. Restritivas: restringem o significado do antecedente e não são separadas da oração principal por vírgulas. Ex.: Os artistas que declararam seu voto foram criticados. Orações subordinadas adjetivas reduzidas As orações subordinadas adjetivas reduzidas podem ter o verbo no infinitivo, no gerúndio ou no particípio. Vi a menina a chorar. (Vi a menina que chorava.) O artista, fumando nervosamente, ficou calado. (O artista, que fumava nervosamente, ficou calado.) Li quatro livros censurados pelo governo brasileiro. (Li quatro livros que foram censurados pelo governo brasileiro.) Orações Subordinadas Literais ou Adverbiais São introduzidas por conjunção subordinativa (exceto a conjunção integrante) e funcionam como adjunto adverbial da oração principal. Dividem-se em: Causais: exprimem a causa do facto que ocorreu na oração principal. Iniciadas, principalmente. Ex.: Já que está chovendo vamos dormir. Segundo ex.: A menina chorou porque apanhou da mãe Principais conjunções: porque, visto que, já que, uma vez que, como que, como. Comparativas: representam o segundo termo de uma comparação. Ex.: Essa mulher fala como um papagaio.. Obs.: Essa conjunção comparativa como é muito usada num recurso linguístico /ü/, de estilística, uma figura de linguagem chamada comparação ou símile, tais construções diferem-se duma "figura-mãe" a metáfora, mas essa figura é desprovida da conjunção como. Principais conjunções: que, do que, como, assim como, (tanto) quanto. Concessivas: indica uma concessão ou permissão entre as orações. Ex.: Embora chova, vou à praia. Principais conjunções:embora, a menos que, ainda que, posto que, conquanto, mesmo que, se bem que, por mais que, apesar de que. Condicionais: expressa uma condição. Ex.: Se chover, não irei à praia. Principais conjunções: se, salvo se, desde que, exceto, caso, desde, contando que, sem que, a menos que. Conformativas: exprimem acordo, concordância de um fato com o outro. Ex.: Cada um colhe conforme semeia. Principais conjunções:como, consoante, segundo, conforme. Consecutivas: traduzem a consequência ou o efeito do que se declara na oração principal. Ex.: Falei tanto, que fiquei rouco. Principais conjunções: que (precedida de tal, tão, tanto, tamanho), de sorte que, de modo que. Finais: exprimem finalidade. Ex.: Todos estudam para que possam vencer. Principais conjunções: para que, a fim de que, que. Temporais: indicam circunstância de tempo Ex.: Logo que chegou, sentou-se no sofá. Principais conjunções: quando, antes que, assim que, logo que, até que, depois que, mal, apenas, enquanto. Proporcionais: expressa proporção entre as orações. Ex.: O trânsito piorava à medida que a chuva aumentava. Principais conjunções: à medida que, quanto mais....mais, à proporção que, ao passo que, quanto mais. Orações Subordinadas Reduzidas As orações subordinadas podem aparecer sob a forma de orações reduzidas, que apresentam as seguintes características: Verbo em uma das formas nominais (Gerúndio, Particípio ou Infinitivo); Não são introduzidas por conectivos (Conjunções Subordinativas ou Pronomes Relativos). São classificadas em: Reduzida de Infinitivo: Meu desejo era viajar para a Grécia. Obs.: Embora haja alguns gramáticos que a aceitem, é errada, segundo a gramática normativa, a construção de Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: "Deixe eu passar", porque nesse caso (ou em casos similares) não deve ser utilizado o pronome pessoal do caso reto "eu", porque ele não pode ser usado como objeto direto de uma oração, assim sendo, a corre(c)ta construção oracional é "Deixe-me passar". (Ricardoszm) Reduzida de Gerúndio: Encontrei as crianças brincando no jardim. Reduzida de Particípio: Apresentado o resultado, todos discordarão. DICA: esse tipo de oração pode ser substituído pelos pronomes demonstrativos. GERÚNDIO: -NDO PARTICÍPIO: -ADO, -EDO, -IDO INFINITIVO - AR, ER, IR E OR no caso da palavra PÔR Atenção O sujeito das orações reduzidas de Infinitivo – Obs.: Isto ocorre no Infinitivo Flexionado ou Pessoal, porque as orações reduzidas de Infinitivo Impessoal com os pronomes oblíquos átonos exercendo a função de sujeito ex.: Mandei-o sair suj. do verbo no Infinitivo o convém reescrevê-la na oração desenvolvida 'Mandei que ele saísse' – não deve ser contraído com a Preposição de. - A maneira de ele trabalhar não é satisfatória. (não: A maneira dele trabalhar não é satisfatória.) Os pronomes pessoais oblíquos mim e ti não devem ser usados como sujeito das orações reduzidas de infinitivo flexionado ou pessoal. No lugar deles, devem ser usados os pronomes pessoais retos eu e tu. - Foi difícil para eu fazer isto. (não: Foi difícil para mim fazer isto.) Usos da palavra “que” Estudamos agora todas as possibilidades de ocorrência da palavra “que”. Depois desta aula, não restará dúvida quanto à classificação desse complicado vocábulo que tantas dificuldades traz aos vestibulandos e estudantes em geral. Vamos à teoria. A palavra “que” pode ser o seguinte: Substantivo: Quando o “que” for substantivo, terá o sentido de qualquer coisa ou alguma coisa, será modificado geralmente pelo artigo indefinido um e será sempre acentuado. Ex. Esta menina tem um quê de mistério. = Esta menina tem alguma coisa de mistério. Advérbio: Quando o “que” for advérbio, intensificará adjetivos e advérbios e poderá ser substituído por quão ou muito. Em geral, é usado em frases exclamativas. Ex. Que linda é essa garota! = Quão linda é essa garota! Que doido fui eu não aceitando aquela proposta! = Quão doido fui... Que longe fica sua casa! = Quão longe fica sua casa. Preposição: Quando o “que” funcionar como preposição, equivalerá à preposição de, sendo usado em locuções verbais que têm, como auxiliares, ter ou haver. Ex. Tenho que trazer meus documentos até amanhã. = Tenho de trazer meus documentos até amanhã. Interjeição: Quando o “que” for interjeição, exprimirá emoção, estado de espírito e será sempre exclamativo e acentuado. Poderá ser substituído por outra interjeição. Ex. Quê! Jusperino suicidou-se? = Meu Deus! Jusperino suicidou-se? Quê! Você por aqui também? = Uai! Você por aqui também? Partícula Expletiva ou de Realce: Quando o “que” for partícula expletiva, será empregado para realçar ou enfatizar. Sua retirada não alterará o sentido da frase. Poderá também ser usado na locução expletiva é que. Ex. Por pouco que a gente não brigou com ele. = Por pouco a gente não brigou com ele. Nós é que trouxemos o material. = Nós trouxemos o material. “Oh! Que saudades que tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais!” = Oh! Que saudades eu tenho... TÓPICO 24 – PRONOMES Pronome Pronome Interrogativo Quando o “que” for pronome interrogativo, substituirá, nas frases interrogativas, o elemento sobre o qual se desejar resposta. Ex. Que você disse? = Você disse algo. Gostaria de saber que homem me procurou. = O homem procurou alguém. * Nota: É inadequado o uso da palavra "o", antes do pronome interrogativo que, ou seja, a língua culta não admite perguntas como “O que você disse?”, apesar de ser expressão corrente em nosso país. Pronome Indefinido Quando o “que” for pronome indefinido, aparecerá antes de substantivos em frases geralmente exclamativas e poderá ser substituído por quanto, quanta, quantos e quantas. Ex. Que sujeira havia naquele quarto. = Quanta sujeira havia naquele quarto. Que miséria há no Brasil! = Quanta miséria há no Brasil! Pronome Adjetivo Quando o “que” for pronome adjetivo, aparecerá antes de substantivo, apenas modificando-o. Não o confunda com o pronome indefinido. Ex. Que mulher linda aquela! (Perceba que não há a possibilidade de substituí-lo por quanto, quanta, quantos ou quantas; ele apenas modifica o substantivo, a fim de tornar a frase exclamativa. Por isso mesmo, é também denominado de pronome exclamativo.) Pronome Relativo Quando o “que” for pronome relativo, aparecerá após o substantivo substituído por ele e poderá ser substituído por o qual, a qual, os quais, as quais. Ex. Achei muito bela a garota que você me apresentou. = Achei muito bela a garota a qual você me apresentou. TÓPICO 25 – CONJUNÇÃO Conjunção Coordenativa Conjunção Coordenativa Aditiva Quando o “que” for conjunção coordenativa aditiva, iniciará oração coordenada sindética aditiva, aparecerá sempre entre duas formas verbais iguais e terá valor bastante próximo da conjunção e. Ex. Falava que falava, mas não convencia ninguém. Bebia que bebia, ignorando o risco que corria. Conjunção Coordenativa Explicativa Quando o “que” for conjunção coordenativa explicativa, iniciará oração coordenada sindética explicativa e poderá ser substituída por pois ou porque, que também são conjunções coordenativas explicativas. Ex. Venha até aqui, que preciso falar-lhe. = Venha até aqui, pois preciso falar-lhe. Conjunção Coordenativa Adversativa Quando o “que” for conjunção coordenativa adversativa, iniciará oração coordenada sindética adversativa, indicará oposição, ressalva e apresentará valor equivalente a mas. Ex. Outra pessoa, que não eu, deveria cumprir essa tarefa. = Outra pessoa, mas não eu... Conjunção Subordinativa Conjunção Subordinativa Integrante. Quanto o “que” for conjunção subordinativa integrante, iniciará oração que exerce função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito e aposto não iniciado por pronome relativo. A oração iniciada pela conjunção integrante será chamada de oração subordinada substantiva. Ex. Acho que você está equivocado. (A oração “que você está equivocado” funciona como objeto direto do verbo achar, denominada oração subordinada substantiva objetiva direta) Ela só pensa em uma coisa: que seu filho seja aprovado. (A oração “que seu filho seja aprovado” funciona como aposto, denominada oração subordinada substantiva apositiva) Conjunção Subordinativa Consecutiva Quando o “que” for conjunção subordinativa consecutiva, iniciará oração subordinada adverbial consecutiva e aparecerá, em geral, nas expressões tão... que, tanto... que, tamanho... que e tal... que. Ex. Ele gritou tanto que ficou rouco. = A conseqüência de ele ter gritado muito foi ter ficado rouco. Conjunção subordinativa Comparativa Quando o “que” fora conjunção subordinativa comparativa, iniciará oração subordinada adverbial comparativa e aparecerá nas expressões mais... que, menos... que. Ex. Ele é mais inteligente que o irmão. Pronto. Tudo sobre a palavra "que". Na semana que vem, estudaremos as orações subordinadas substantivas. TÓPICO 26 – MODO E TEMPO VERBAL Modo verbal é uma classificação dada a um verbo, que apresenta diferenças e diversas formas de um mesmo verbo. Verbos possuem por classificação: modo, tempo, pessoa e número. Tempo O tempo é usado para indicar quando ocorreu a ação a qual o verbo se refere. Presente - Indica o facto no momento em que se fala (ele conjuga). Pretérito imperfeito - Indica um acontecimento que se prolongou ao longo do tempo com inicio e fim no passado (eu estudava). Pretérito perfeito - Indica um acontecimento que se iniciou e terminou no passado durante pouco tempo (eu caí é quase imediato). Pretérito mais-que-perfeito - Indica um facto passado em relação a outro (ele conjugara). Futuro do presente - Indica um facto que irá acontecer no futuro (eu conjugarei). Futuro do pretérito - Indica um futuro que ocorre no passado (ele conjugaria)-uma coisa que poderia ter acontecido. Pessoa Pessoa é a quem se refere o verbo. Eu e nós pertencem à primeira, tu e vós/vocês à segunda e ele/ela, eles/elas à terceira. Eu - (eu consigo) Tu - (tu consegues) Ele/Ela - (ele consegue) Nós - (nós conseguimos) Vós - (vós conseguis) / Vocês - (vocês conseguem) Eles/Elas - (eles conseguem) Número Indica a quantidade de pessoas. Se são uma ou mais de uma. Singular- Indica uma pessoa (eu estou). Plural- Indica duas ou mais pessoas (eles estão) TÓPICO 27 – MODOS VERBAIS As flexões de Modo determinam as diversas atitudes da pessoa que fala com relação ao fato enunciado. Assim: uma atitude que expressa certeza com relação ao fato que aconteceu, que acontece ou que acontecerá, é característica do Modo Indicativo. Exemplos: o Ele trabalhou ontem.. o Ela está em casa. o Nós iremos amanhã. uma atitude que revela uma incerteza, uma dúvida ou uma hipótese é característica do Modo Subjuntivo (ou Conjuntivo). Exemplos: o Se eu trabalhasse,… o Quando eu partir,… uma atitude que expressa uma ordem, um pedido, um conselho, uma vontade ou um desejo é característica do Modo Imperativo. Exemplo: o Faça isto, agora! Com relação ao Tempo, podemos expressar um facto basicamente de três maneiras diferentes: 1. No presente: significa que o fato está acontecendo relativamente ao momento em que se fala; 2. No pretérito: significa que o fato já aconteceu relativamente ao momento em que se fala; 3. No futuro: significa que o fato ainda irá acontecer relativamente ao momento em que se fala. Entretanto, as possibilidades de se localizar um processo no tempo podem ser ampliadas de acordo com as necessidades da pessoa que fala ou que relata um evento. Neste contexto, a Língua Portuguesa oferece-nos as seguintes possibilidades para combinarmos Modos e Tempos: Modo Indicativo Expressa certeza absolutamente apresentando o fato de uma maneira real, certa, positiva. Presente do Indicativo Expressa o fato no momento em que se fala. O aluno lê um poema. Posso afirmar que meus valores mudaram. Um aluno dorme. Pretérito Imperfeito Expressa o passado inacabado, um processo anterior ao momento em que se fala, mas que durou um tempo no passado, ou ainda, um fato habitual,diário. Por tanto ele não indica a certeza de um fato acontecido, sendo assim chamado este tempo verbal de pretérito imperfeito, pois não se refere a um conceito situado perfeitamente num contexto de passado. Emprega-se o pretérito imperfeito do Indicativo para assinalar: um fato passado contínuo, permanente ou habitual, ou casual. Eles 'vendiam' sempre fiado. "Uma noite, eu me lembro… ela 'dormia'" Numa rede encostada molemente (Castro Alves, Adormecida). Ela 'vendia' flores "Glória 'usava' no peito um broche com um medalhão de duas faces." (Raquel de Queirós, As Três Marias). um fato passado, mas de incerta localização no tempo: 'Era' uma vez,… um fato simultâneo em relação a outro no passado, indicando a simultaneidade de ambos os fatos: Eu 'lia' quando ela chegou. "Nessa mesma noite, leu-lhe o artigo em que 'advertia' o partido da conveniência de não ceder às perfídias do poder." (poema de Quincas Borba). Pretérito Perfeito Indica um fato que se perfez. Já ocorrido e concluído. Daí o nome: Pretérito Perfeito; referindo-se a um facto que se situa completo no passado. Emprega-se o Pretérito Perfeito do Indicativo para assinalar: um facto já ocorrido ou concluído: 'Trocaram beijos ao luar tranqüilo." (Augusto Gil, Luar de Janeiro) "'Andei' longe terras, 'Lidei' cruas guerras, 'Vaguei' pelas serras, Dos vis Aimorés." (Gonçalves Dias, I-Juca-Pirama). Posso afirmar que meus valores 'mudaram'. "'Apanhou' o rifle, 'saiu' ao meio da trilha e 'detonou'."(Coelho Neto, Banzo). Na forma composta, é usado para indicar uma ação que se prolonga até ao momento presente; através da locução verbal, na qual se usa o particípio. 'Tenho estudado' todas as noites. "Eu, que 'tenho sofrido' a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu 'verifico' que não tenho par nisto tudo neste mundo." (Fernando Pessoa, Poema em Linha Reta caiu) Pretérito mais-que-perfeito Emprega-se o pretérito mais-que-perfeito para assinalar um fato passado em relação a outro também no passado (o passado do passado, algo que aconteceu antes de outro fato também passado). O pretérito mais-que-perfeito aparece nas formas 'simples' e 'composta', sendo que a primeira costuma aparecer em discursos mais formais e a segunda, na fala coloquial. Exemplos de usos do pretérito mais-que-perfeito simples: o Ele comprou o apartamento com o dinheiro do carro que vendera. o "Levava comigo um retrato de Maria Cora; alcançara-o dela mesma… com uma pequena dedicatória cerimoniosa." (Machado de Assis, Relíquias de Casa) o Morava.. no arraial de São Gonçalo da Ponte, cuja ponte o rio levara, deixando dela somente os pilares de alvenaria." (Gustavo Barroso, O Sertão e o Mundo) o Te dou meu coração, quisera dar o mundo Exemplos de usos do pretérito mais-que-perfeito composto: o Quando eu cheguei, ela já tinha saído. o Tinha chovido muito naquela noite. Futuro do presente composto Assinala um fato posterior ao tempo atual, mas anterior a outro fato futuro. Exemplo: "Até meus bisnetos nascerem, eu terei me aposentado". "Quando ele chegar, já terei saído. Futuro do Indicativo Emprega-se o futuro do Indicativo para assinalar uma ação que ocorrerá no futuro relativamente ao momento em que se fala. Quando eleito, lutarei pelos menores carentes. "… era Vadinho, herói indiscutível, jamais outro virá tão íntimo das estrelas,… " (Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos) "A qual escolherei, se, neste estado, Eu não sei distinguir esta daquela?" (Alvarenga Peixoto, Jôninha e Nice). Exemplos de futuro composto: Ele vai fazer (fará) compras e vai voltar (voltará) em breve. Futuro do Pretérito / Condicional Emprega-se o futuro do pretérito para assinalar: Um facto futuro em relação a outro no passado o "Se eu morresse amanhã, viria ao menos o Fechar meus olhos minha triste irmã; o Minha mãe de saudades morreria. (Álvares Azevedo, Se Eu Morresse Amanhã). Uma ironia ou um pedido de cortesia: o Daria para fazer silêncio! o Poderia fazer o favor de sair!? Modo Subjuntivo Revela um fato duvidoso, incerto. Presente Emprega-se o presente do subjuntivo para assinalar: um fato presente, mas duvidoso ou incerto, um desejo ou um sentimento. o Talvez eles façam tudo aquilo que nós pedimos. o Talvez ele saiba sobre o que está falando. um fato futuro, mas duvidoso ou incerto o Talvez eles venham amanhã. um desejo ou uma vontade o Espero que eles façam o serviço corretamente. o Espero que me tragam o dinheiro Pretérito Imperfeito Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para assinalar: uma hipótese ou uma condição numa ação passada, mas posterior e dependente de outra ação passada. o "Talvez a lágrima subisse do coração à pupila…" (Coelho Neto, Sertão) o "Como fizesse bom tempo, as senhoras combinaram em tomar o café na chácara." (Aluísio Azevedo, Casa de Pensão) o "Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje vencido, como se estivesse para morrer." (Fernando Pessoa, Tabacaria - Álvaro de Campos) uma condição contrafactual, ou seja, que não se verifica na realidade, que teria uma certa consequência; pode se referir ao passado, ao presente ou ao futuro. o Se ele estivesse aqui ontem, poderia ter ajudado. o Se ele estivesse aqui agora, poderia ajudar. o Se ele viesse amanhã, poderia ajudar. Futuro Emprega-se o futuro do subjuntivo para assinalar uma possibilidade a ser concluída em relação a um fato no futuro, uma ação vindoura, mas condicional a outra ação também futura. Quando eu voltar, saberei o que fazer. Quando os sinos badalarem nove horas, voltarei para casa. Também pode indicar uma condição incerta, presente ou futura. Se ele estiver lá amanhã, certamente ela também estará. É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Por exemplo: Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. Pretérito Perfeito Emprega o passado com relação a um futuro certo. Caso eu tenha sido escolhido, ficarei muito feliz. Pretérito mais-que-perfeito composto Formado pelo imperfeito do subjuntivo do verbo auxiliar (ter, haver) mais o particípio do verbo principal Tem valor semelhante ao Imperfeito do subjuntivo Ex: Eu teria caminhado todos os dias desse ano, se não tivesse trabalhado tanto. Eu teria viajado se não tivesse chovido Obs: Perceba que todas as frases remetem a ação para o passado. A frase:Se eu estudasse, aprenderia;é diferente de Se eu tivesse estudado, teria aprendido. Imperativo Exprime uma atitude de solicitação, mando. É formado por afirmativo e negativo. Este modo verbal não possui a primeira pessoa do singular (eu), pois não podemos mandar em nós mesmos. Uma atitude que expressa uma ordem, um pedido, um conselho, uma vontade ou um desejo é característica do Modo Imperativo. Exemplo: Faça isto, agora! Com relação ao Tempo, podemos expressar um fato basicamente de três maneiras diferentes: No presente: significa que o fato está acontecendo relativamente ao momento em que se fala; No pretérito: significa que o fato já aconteceu relativamente ao momento em que se fala; No futuro: significa que o fato ainda irá acontecer relativamente ao momento em que se fala. Entretanto, as possibilidades de se localizar um processo no tempo podem ser ampliadas de acordo com as necessidades da pessoa que fala ou que relata um evento. Neste contexto, a língua portuguesa oferece-nos as seguintes possibilidades para combinarmos modos e tempo Exemplo Parcele sua compra! Faça sua tarefa! Lave a louça! Escove os dentes! Compre aqui e ganhe um brinde! Gerúndio Uma ação que está em curso no momento da fala. No português, é terminado por "ando", "endo" e "indo" (no caso do verbo pôr e seus derivados, terminado em "ondo"). Exemplos: "Eu estou falando contigo…"; "Nós estamos correndo em círculos!"; "Eles estão indo para a escola."; "Estou pondo novas informações neste artigo". "Estou Dirigindo o carro". TÓPICO 28 – HIPERTEXTO Quantas vezes, ao ler uma notícia na internet, você clicou em uma palavra sublinhada que deu acesso a outra página e daí clicou em mais uma palavra, depois em outra, direcionando sua busca de informação de acordo com seu próprio interesse? Várias vezes, não? Ao navegar na internet, encontramos endereços de sites, ícones piscando, e muitos outros atrativos que nos levam a clicar com o mouse e abrir diversas janelas ou acessar novas páginas. Esse é chamado efeito hipertextual no ciberespaço. Chamamos de hipertexto todo texto que possibilita uma leitura não linear e uma maior interatividade e atuação explorativa do leitor. Ele permite que o leitor possa desviar o fluxo da leitura para os assuntos referidos no texto com o intuito de aprofundar a compreensão do texto inicial. Não raro, o leitor opta por outros caminhos na leitura e não retorna ao texto inicial. O hipertexto é muito apropriado para a representação de informações no computador por dois motivos: permite subdividir um texto em trechos coerentes e relativamente curtos, facilitando a sua organização e compreensão; permite também fácil referência a outras partes do texto ou a outros textos, totalmente independentes, muitas vezes armazenados em locais distantes. Isso cria uma característica própria de leitura da informação que, após um curto processo de adaptação, passa a ser intuitivo para o usuário, que se refere a essa leitura como “navegação”. Vamos falar aqui de dois tipos básicos de hipertexto: os hipertextos “exploratórios” e os “construtivos”. A internet pode ser considerada exemplo de hipertexto exploratório. Esse tipo de hipertexto pode ser uma forma de apresentação da informação, semelhante a uma rede formada por nós, independentes e relacionados, que permite aos leitores navegar de forma não linear entre eles. No hipertexto construtivo, cada usuário participa ativamente da construção do “texto”, do conjunto das informações dispostas. Pode ou não existir uma hierarquia para a participação de cada usuário, bem como regras de participação. Bons exemplos de hipertextos construtivos são os Muds, jogos virtuais onde cada jogador participa da construção dos personagens e do ambiente da aventura. (disponível em http://www.infoescola.com/informatica/hipertexto) TÓPICO 29 – NOVO ACORDO DA LÍNGUA PORTUGUESA6 O novo acordo ortográfico da lingua portuguesa, aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 54, de 18 de abril de 1995 e, em vigor desde primeiro de janeiro de 2009, introduziu algumas alterações na ortografia de nossa língua. Eis um resumo das alterações: Alfabeto • Nova Regra: O alfabeto agora é formado por 26 letras • Regra Antiga: O ‘k’, ‘w’ e ‘y’ não eram consideradas letras do nosso alfabeto. • Como Será: Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano Trema • Nova Regra: Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano • Regra Antiga: agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, frqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça • Como Será: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça. Acentuação • Nova Regra: Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas • Regra Antiga: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico • Como Será: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico Observações: • nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis. • o acento no ditongo aberto ‘eu’ continua: chapéu, véu, céu, ilhéu. • Nova Regra: O hiato ‘oo’ não é mais acentuado • Regra Antiga: enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo • Como Será: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo • Nova Regra: O hiato ‘ee’ não é mais acentuado • Regra Antiga: crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem • Como Será: creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem 6 Fonte: http://alfaleninha.wordpress.com/2009/01/04/resumo-do-novo-acordo-ortografico-da-lingua-portuguesa/ • Nova Regra: Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas • Regra Antiga: pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra (substantivo), pólo (substantivo) • Como Será: para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo) Observação: • o acento diferencial ainda permanece no verbo ‘poder’ (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo – ‘pôde’) e no verbo ‘pôr’ para diferenciar da preposição ‘por’ • Nova Regra: Não se acentua mais a letra ‘u’ nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de ‘g’ ou ‘q’ e antes de ‘e’ ou ‘i’ (gue, que, gui, qui) • Regra Antiga: argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagúemos, obliqúe • Como Será: argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique • Nova Regra: Não se acentua mais ‘i’ e ‘u’ tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo • Regra Antiga: baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, feiúra, feiúme • Como Será: baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume Hífen • Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por ‘r’ ou ‘s’, sendo que essas devem ser dobradas • Regra Antiga: ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, arqui-rivalidae, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, extra-sístole, extra-seco, infra-som, ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal, supra-sensível • Como Será: antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, suprarrenal, suprassensível Observação: • em prefixos terminados por ‘r’, permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente etc. • Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal • Regra Antiga: auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semiembriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado • Como Será: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado. Observações: • esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc. • esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por ‘h’: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc. • Nova Regra: Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal. • Regra Antiga: antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico • Como Será: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arquiirmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico Observações: • esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen • uma exceção é o prefixo ‘co’. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal ‘o’, NÃO utliza-se hífen. • Nova Regra: Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição • Regra Antiga: manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento • Como Será: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque, paravento Observação: • o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenentecoronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc. O uso do hífen permanece • Em palavras formadas por prefixos ‘ex’, ‘vice’, ‘soto’: ex-marido, vice-presidente, soto-mestre • Em palavras formadas por prefixos ‘circum’ e ‘pan’ + palavras iniciadas em vogal, M ou N: panamericano, circum-navegação • Em palavras formadas com prefixos ‘pré’, ‘pró’ e ‘pós’ + palavras que tem significado próprio: pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação • Em palavras formadas pelas palavras ‘além’, ‘aquém’, ‘recém’, ‘sem’: além-mar, além-fronteiras, aquémoceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto Não existe mais hífen • Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc. • Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa. Consoantes não pronunciadas Fora do Brasil foram eliminadas as consoantes não pronunciadas: • ação, didático, ótimo, batismo em vez de acção, didáctico, óptimo, baptismo Grafia Dupla De forma a contemplar as diferenças fonéticas existentes, aceitam-se duplas grafias em algumas palavras: • António/Antônio, facto/fato, secção/seção.