Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública ANA ZILDA TAVARES A MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO Maringá 2011 1 Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública ANA ZILDA TAVARES A MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO Trabalho de Conclusão de Cur so do Programa Nacional de Formação em Administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profª.Fabiane Cortez Verdu, Drª. Maringá 2011 2 Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública ANA ZILDA TAVARES A MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em Administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá. Orientadora:Profª. Fabiane Cortez Verdu, Drª. Aprovado em ____/_____/_______. Professora .................................... ........................., Dra. (orientadora) Assinatura Professor ........................................................., Dr. Assinatura Professora .........................................................,Dra. Assinatura 3 RESUMO Este estudo foi desenvolvido na área de recursos humanos, tendo como tema a motivação de funcionários públicos, que atuam em uma institu ição de ensino médio de Maringá-PR. O objetivo geral do estudo é descrever como ocorre a motivação dos funcionários de uma instituição de ensino médio da rede pública da cidade de Maringá-PR. Os objetivos específicos delineados foram: identificar os fatores de motivação, verificar quais os fatores de motivação específicos na administração pública e verificar qual o significado do trabalho para esses funcionários. A metodologia utilizada constou da aplicação do Inventário da Motivação e do Significado do Trabalho (IMST), desenvolvido por Borges, Alves Filho e Tamayo (2008) que tomaram como referência a Teoria das Expectativas, elaborada por Vroom. Os resultados apontaram divergências entre o que os funcionários esperam do trabalho e o que têm no trabalho concreto. Também revelou que as expectativas dos funcionários é ter no trabalho auto -expressão, desgaste, independência econômica e segurança, mas essa amostra tem a percepção de que essas expectativas para serem obtidas dependem de suas próprias atitudes. Palavras chaves: Trabalho. Motivação. Instituição pública. 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................... 7 2 DESENVOLVIMENTO ........................................................... 8 2.1 REVISÃO DA LITERATURA .................................................. 8 2.1.1 Gestão de recursos humanos ............................................. 8 2.1.2 Motivação ............................................................................ 8 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................ 13 4 RESULTADOS ..................................................................... 14 5 CONCLUSÃO ....................................................................... 21 REFERÊNCIAS ................................................................................. 22 5 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Médias obtidas para os fatores dos atributos valorativos ..................................................................... Gráfico 2 15 Médias obtidas para os fatores dos atributos descritivos ..................................................................... 17 Gráfico 3 Médias obtidas para os fatores da expectativa ................ 18 Gráfico 4 Médias obtidas para os fatores da instrumentalidade ...... 20 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Atributos valorativos ...................................................... 14 Tabela 2 Atributos descritivos ......................................... ............. 16 Tabela 3 Expectativa .................................................................... 17 Tabela 4 Instrumentalidade .......................................................... 19 7 1. INTRODUÇÃO Toda organização tem por objetivo alcançar bons resultados, superando suas metas. Para isso, é preciso que os colaboradores estejam comprometidos com a empresa. Diante dessa necessidade, as organizações voltam-se para a gestão de pessoas, pois são obrigadas, em seu próprio benefício, deixarem o modelo focado em habilidades pouco criativas. As características pessoais são importantes para o desempenho no trabalho e podem afetar a capacidade de realizá -lo. Habilidade, conhecimento técnico, ambiente propício, apoio na realização de tarefas, influenciam a motivação do funcionário para trabalhar com determinação. Na medida em que suas habilidades resultam em recompensas correspondentes, sua motivação para o bom desempenho aumenta. A motivação na equipe de trabalho é um fator decisivo na qualidade deste. Os fatores que trazem motivação à força de trabalho devem ser aplicados para o benefício da própria organização. Diversas teorias acerca da motivação foram desenvolvidas, c ada uma com abordagem própria, dando maior importância a determinados fatores, contribuindo para se achar o caminho mais adequado para motivar e conseguir levar o colaborador a desempenhar suas tarefas e aceitar os desafios propostos pela organização. Sabe-se hoje que a motivação é um dos assuntos mais discutidos no campo do trabalho. Muitas vezes, a falta de perspectivas de futuro, a rotina do trabalho, a falta de conhecimento do empregado e a falta de conhecimento dos mecanismos de funcionamento da empresa podem levar ao declínio da mesma. O objetivo geral do estudo é descrever como ocorre a motivação dos funcionários de uma instituição de ensino médio da rede pública da cidade de Maringá-PR. Os objetivos específicos delineados foram: identificar os fatores de motivação, verificar quais os fatores de motivação específicos na administração pública e verificar qual o significado do trabalho para esses funcionários. 8 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 REVISÃO DA LITERATURA 2.1.1 Gestão de recursos humanos Segundo Bateman e Snell (1998) a administração de recurs os humanos historicamente conhecida como administração de pessoal, trata da administração de pessoas dentro das organizações. As atividades de recursos humanos devem adaptar-se às necessidades da organização. Tais necessidades variam, dependendo das circunstâncias da organização. De acordo com Marras (2005) a Administração de Recursos Humanos foi implementada originalmente com o objetivo principal de prestar serviços à empresa para suprir suas necessidades operacionais e para atender às exigências legais. Nesses moldes, a área de Recursos Humanos é apenas geradora de despesas. Entretanto, o cenário atual requer que a Administração de Recursos Humanos ultrapasse os limites da gestão operacional, vinculando-se ao pensar e ao fazer estratégico da organização. Marras (2000, p. 271) enfatiza que a gestão estratégica de recursos humanos é responsável pela elaboração de planejamento e de políticas que objetivem “provocar mudanças favoráveis nos resultados da empresa, utilizando como diferencial os recursos humano s disponíveis”. Segundo Marras (2005, p. 140) atualmente as organizações esperam da área de Recursos Humanos o resultado qualitativo que a mesma consegue obter dos trabalhadores. Assim, de um lado, “a gestão de recursos humanos é responsável pelas políticas de bem-estar dos trabalhadores” e, de outro, pelos resultados quantitativos e qualitativos, uma vez que estes justificam a sua existência. 2.1.2 Motivação A palavra motivação (derivada do latim motivus, movere, que significa mover) indica o processo pelo qual um conjunto de razões ou motivos explica, induz, incentiva, estimula ou provoca algum tipo de ação ou 9 comportamento humano. O comportamento humano sempre é motivado. Em áreas especializadas, a palavra motivação ad quire significados específicos. A motivação é um tema polêmico que nos dias atuais permeia as organizações com objetivo de fazer com que as pessoas que as compõem sejam receptores dos fatores intrínsecos e extrínsecos, fatores estes que podem contribuir para o aumento da produtividade nos serviços e, ao mesmo tempo, tornar os seus realizadores, pessoas felizes e satisfeitas (MAXIMIANO, 2000, p. 347). Para Fonseca (2005) há um consenso sobre o fato de motivação ser um fator interno, visto que o desejo de realizar algo surge de motivos ou necessidades do ser humano. As pessoas agem de forma a satisfazer suas necessidades. Esta é uma forma de dizer que as pessoas têm motivos para fazer o que fazer, ou seja, motivação é um motivo que leva à ação. Atualmente, as empresas têm procurado fazer com que os funcionários mais talentosos contribuam o máximo para obter os melhores resultados organizacionais. A motivação da equipe não é fácil de ser obtida. Robbins e Decenzo (2004) definem motivação como a vontade de exercer altos níveis de esforços para alcançar os objetivos organizacionais, condicionado pela capacidade de esforços de satisfazer alguma necessidade individual. Enquanto a motivação em geral se refere ao esforço no sentido de qualquer objetivo, aqui ela diz respeito aos objetivos organizacionais. Os três elementos chave dessa definição são: esforços, objetivos organizacionais e necessidades. As teorias da motivação no trabalho normalmente se preocupam com as razões do que com as habilidades que levam certos indivíduos a realizar suas tarefas melhor do que outros. Para Spector e Moreira (2006, p. 199), "Dependendo da situação, essas teorias podem prever as escolhas do comportamento para a tarefa, o esforço ou a persistência dessas pess oas". Presume-se que os indivíduos tenham as habilidades necessárias e que os limitadores do desempenho sejam relativamente baixos, altos graus de motivação devem levar a bons desempenhos no trabalho. Essas teorias vêem a motivação dos funcionários a partir de perspectivas muito diferentes. 10 Na teoria do reforço o comportamento resulta de recompensas ou reforços. A motivação é descrita como resultado de influências ambientais, tendo como princípio mais importante a Lei do Efeito. A probabilidade da ocorrência de um determinado comportamento aumenta se for seguida por uma recompensa; inversamente, a probabilidade de um comportamento diminui se ele for seguido de punição (SPECTOR; MOREIRA, 2006). Para a teoria da auto-eficácia, segundo Marras (2002, p. 201), a motivação e desempenho são “em parte determinados pela crença das pessoas sobre o quanto elas podem ser eficientes ”. Em outras palavras, pessoas com grande auto-eficácia acreditam ser capazes de realizar tarefas e serão motivadas a aplicar o esforço necessário para isto. A teoria da equidade afirma que as pessoas são motivadas a alcançar uma condição de igualdade ou justiça nas relações com outras pessoas e com as organizações. Os funcionários que se encontrarem em situação de desigualdade experimentam uma insatisfação e tensão emocional que eles procurarão reduzir (SPECTOR; MOREIRA, 2006). Segundo Spector e Moreira (2006, p. 212) a teoria da fixação de metas afirma que “as pessoas empenharão esforços na consecução de seus objetivos e que o desempenho no trabalho é uma função dos objetivos definidos”. Para a organização, a fixação de metas pode ser uma forma eficiente de manter ou aumentar o desempenho no trabalho, e várias empresas têm utilizado a fixação de metas justamente para isso. A teoria da necessidade foi desenvolvida por Maslow, que segundo Maximiano (2000) “desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão em dois grandes grupos”, ou seja, as necessidades humanas dividem -se em cinco grupos: a) necessidades fisiológicas ou básicas: necessidade de alimento, abrigo (proteção contra a natureza), repouso, exercícios, sexo e outras necessidades orgânicas; b) necessidades de segurança: necessidades de proteção contra ameaças, como as de perda do emprego e riscos à integridade física e à sobrevivência; c) necessidades sociais: necessidades de amizade, afeto, interação e aceitação dentro do grupo e da sociedade; d) necessidade de estima: necessidades de auto-estima e estima por parte de outros; e) necessidade de auto-realização: necessidade de 11 utilizar o potencial de aptidões e habilidades, auto desenvolvimento e realização pessoal. De acordo com Maximiano (2000, p. 225), para Maslow, são válidas as seguintes premissas: a) primeiramente se manifestam as necessidades básicas, as quais as pessoas procuram satisfazer antes de pensarem em outras de nível mais alto; b) só se manifesta uma necessidade de determinada categoria quando a necessidade anterior foi satisfeita; c) quando se satisfaz uma necessidade a mesma deixa de ser motivadora, passando a pessoa a ser motivada pela necessidade da ordem seguinte; na medida em que se eleva o nível das necessidades, a pessoa se torna mais saudável; d) a privação das necessidades sociais e de estima está associada ao comportamento irresponsável, enquanto o comportamento negativo é consequente à má administração; e) existem técnicas de administração que permitem a satisfação das necessidades fisiológicas, de segurança e sociais, podendo os gerentes auxiliar para que as outras sejam satisfeitas. Essa visão a respeito de motivação é bastante positiva. De acordo com a teoria das necessidades, as pessoas estão em processo de desenvolvimento contínuo. As pessoas tendem a progredir, ao longo das necessidades, buscando atender uma após a outra, e orie ntando-se para a auto-realização (MAXIMIANO, 2000, p. 276). Ao propor o esquema sequencial Maslow estava principalmente inclinado a afirmar que cada um emprega sua sinergia pessoal em busca daquilo que chama de individualização que consiste num processo dinâmico e ativo durante a vida inteira, no qual a pessoa quer atingir o “Ser” em vez do “Vir a Ser” (MAXIMIANO, 2000, p. 276). Segundo Spector e Moreira (2006), Maslow reconheceu que pode haver exceções para a hierarquia das necessidades que propôs e que certos indivíduos podem considerar algumas necessidades mais altas como mais importantes que as de nível mais baixo. Além disso, vários indivíduos nas sociedades ocidentais têm os quatro primeiros níveis de necessidades satisfeitos e talvez jamais venham a experimentar a priva ção de um ou mais delas, especialmente as de alimentação. Dessa forma, as necessidades básicas não são motivadoras. 12 Sampaio (2009) enfatiza que Maslow não desenvolveu uma teoria mecanicista da hierarquia das necessidades, mas uma teoria da preponderância hierárquica das necessidades, em que a influência de uma necessidade estaria associada à gratificação relativa de outra considerada inferior. Casado (2002) afirma que, apesar da teoria de Maslow ser uma das mais conhecidas, são poucas as pesquisas sobre suas predições do comportamento humano. Dentre os estudos existentes, os resultados alcançados mostram que trabalhadores de níveis mais baixos tendem a preocupar-se mais com as necessidades de baixa ordem (auto -estima e auto-realização). A teoria da expectativa, desenvolvida por Vroom, procura explicar como as recompensas levam a certos comportamentos, focalizando estados cognitivos interiores que provocam a motivação. O seu princípio básico diz que as pessoas serão motivadas quando acreditarem que seu comportamento resultará em recompensas ou resultados que elas desejem; caso contrário, não se sentirão motivadas a adotar esse comportamento (SPECTOR; MOREIRA, 2006). Dessa forma, constituem fatores motivacionais as recompensas, a satisfação das necessidades, a percepção da auto-eficácia, a fixação de metas. 13 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste estudo foi realizada uma pesquisa quantitativa, que segundo Roesch (2006), é um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Para Samara e Barros (1997), esse tipo de pesquisa busca uma análise quantitativa das relações. As pesquisas quantitativas, normalmente, implicam a construção de inquéritos por questionário, nos quais são contactadas muitas pessoas. Segundo Mattar (2000) o questionário é a apresentação das perguntas exatamente com as mesmas palavras, sempre na mesma ordem e com a mesma opção de resposta a todos os respondentes. Para a coleta de dados foi utilizado parcialmente o instrumento denominado Inventário da Motivação e do Significado do Trabalho (IMST), desenvolvido por Borges, Alves Filho e Tamayo (2008) que tomaram como referência a Teoria das Expectativas, elaborada por Vroom. Observa-se que o IMST é um instrumento composto por três partes. Na primeira parte são avaliados os atributos valorativos (61 itens), na segunda os atributos descritivos e expectativas (62 itens) e, na terceira parte a instrumentalidade (48 itens). A instituição de ensino na qual foi realizado essa pesquisa possui cerca de 210 pessoas entre funcionários e professores. Os questionários foram entregues para a totalidade, mas concordaram em participa r da pesquisa apenas 37 pessoas. Aplicados os questionários procedeu-se a tabulação das respostas. Para estimar os escores individuais nos fatores, foram calculadas as médias ponderadas dos pontos atribuídos pelos indivíduos aos itens que compõem cada fator. Os resultados obtidos foram analisados com base na revisão de literatura. 14 4. RESULTADOS A pesquisa foi realizada com 37 funcionários, dos quai s 31 (83,78%) são do gênero feminino e 6 (16,2%) do masculino, com idade entre 25 e 57 anos, cuja média é 42,7 ± 8,2 anos. A maioria dos participantes (81,08%) têm Ensino Superior completo, enquanto 2,7% têm Ensino Superior incompleto e 16,22% têm Ensino Médio completo. A seguir são apresentados os resultados obtidos com a aplicação do Inventário da Motivação e do Significado do Trabalho (IMST). Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os resultados obtidos para os fatores que compõem os atributos valorativos e descritivos, que estão relacionados ao significado do trabalho para os respondentes. Tabela 1. Atributos valorativos Fatores Justiça no trabalho Auto-expressão e realização pessoal Sobrevivência pessoal e familiar Desgaste e desumanização 0a1 n. % - 1a2 n. % 6 16,2 2a3 n. % 22 59,5 3a4 n. % 9 24,3 - - 1 2,7 17 45,9 19 51,4 - - - - 14 37,8 23 62,2 - - 6 16,2 26 70,3 5 13,5 Fonte: Dados da pesquisa (2011). O fator justiça no trabalho define, segundo Borges, Alves Filho e Tamayo (2008), que o ambiente de trabalho deveria garantir as condições materiais, de assistência, de higiene e de equipamentos adequados às características das atividades e à adoção das medidas de segurança, bem como garantir o retorno econômico compatível, o equilíbrio de esforços e direitos entre profissionais, o cumprimentos das obrigações pela organização. Assim, a pesquisa mostrou que 24,3% dos entrevistados valorizam esse fator, constituindo o mesmo um fator motivacional para eles. De acordo com Borges, Alves Filho e Tamayo (2008), o fator autoexpressão e realização pessoal definem que o trabalho deveria oportunizar a expressão da criatividade, da aprendizagem contínua, da capacidade de tomar decisões, do sentimento de produtividade, das habilidades 15 interpessoais e do prazer pela realização das tarefas. Esse fator é valorizado por 51,4% dos entrevistados. Para Borges, Alves Filho e Tamayo (2008), o fator sobrevivência pessoal e familiar definem que o trabalho deve garantir as condições econômicas de sobrevivência, de sustento pessoal e de assistência à família, à existência humana, o salário e o progresso social. Esse fator foi valorizado por 62,2% dos entrevistados. Segundo Borges, Alves Filho e Tamayo (2008), o fator desgaste e desumanização definem que o trabalho, na percepção do trabalhador, deveria implicar desgaste, pressa, atarefamento, esforço físico, dedicação e percepção de si mesmo como discriminado. Esse foi o fator menos valorizado pelos entrevistados, pois apenas as respostas de 13,5% atingiram escore máximo. Na Figura 1 são apresentadas as médias dos quatro fatores que compõem os atributos valorativos. 3,06 3,06 2,62 Médias 2,43 Justiça Auto-expressão Sobrevivência Desgaste Figura 1. Médias obtidas para os fatores dos atributos valorativos Fonte: Dados da pesquisa (2011). Os fatores mais valorizados pelos funcionários da instituição escolar na qual foi realizado esse estudo são a auto -expressão e a sobrevivência pessoal e familiar. É importante esclarecer que os atributos valorativos têm um caráter prescritivo, pois estabelecem metas ao trabalho . Esses atributos traduzem o modelo de trabalho e trazem implícitas as 16 noções do que é certo e do que é errado para o respondente (BORGES; ALVES FILHO; TAMAYAO, 2008). Dessa forma, os resultados obtidos para os atributos valorativos indicam que o grupo estudado trabalha pelo sustento econômico (sobrevivência pessoal e da família) e pelo contato com outras pessoas (auto-expressão), que tiveram média de escores 3,06. Tabela 2. Atributos descritivos Fatores Auto-expressão Desgaste e desumanização Independência e recompensa econômica Responsabilidade Condições de trabalho 0a1 n. % - 1a2 n. % - 2a3 n. % 26 70,3 12 32,4 3a4 n. % 11 29,7 25 67,6 - - 2 5,4 32 86,5 3 8,1 - - 1 2,7 18 9 48,6 24,3 19 27 51,4 73,0 Fonte: Dados da pesquisa (2011). Os atributos descritivos descrevem a situação vivenciada pelos respondentes, diferentemente dos atributos valorativos, que indicam aquilo que o respondente quer ou gostaria de ter. Portanto, espera -se obter resultados conflitantes entre o que os respondentes querem e o que têm concretamente no trabalho. Para a auto-expressão apenas 29,7% atribuíram nota entre 3 e 4 (máximo), atribuindo a maioria (70,3%) nota entre 2 e 3. Esse resultado diverge em relação à auto-expressão dos atributos valorativos, em que 51,4% assinalaram a nota máxima. Portanto, esse resultado revela que a maioria não tem no seu trabalho a auto-expressão que desejaria ter. Para o fator desgaste e desumanização foi encontrado um percentual de 67,6% que atribuíram nota entre 3 e 4. Esse percentual é bem mais elevado do que aquele encontrado para o mesmo aspecto nos atributos valorativos (13,5%). Assim, no trabalho concreto, a maioria dos entrevistados sente que realizam um esforço maior do que desejariam realizar. Por outro lado, que pode-se considerar complementar ao desgaste e desumanização, encontram-se os fatores responsabilidade, que 51,4% consideraram como elevada (nota entre 3 e 4) e condições de trabalho , em que 73,0% atribuíram nota também entre 3 e 4, revelando qu e consideram 17 que a organização pública provê assistência ao trabalhador, equipamentos necessários, segurança, higiene e conforto ambiental. Entretanto, o fator independência e recompensa econômica encontrou maior percentual para a nota entre 2 e 3 (86,5%), indicando que esse fator não é o esperado. Na Figura 2 são apresentadas as médias dos cinco fatores que compõem os atributos descritivos. 3,17 2,79 3,15 3,09 Médias 2,50 Figura 2. Médias obtidas para os fatores dos atributos descritivos Fonte: Dados da pesquisa (2011). A Figura 2 mostra pelas médias apresentadas que os participantes do estudo consideram o seu trabalho desgastante (média 3,17), que exige muita responsabilidade (média 3,09), mas que também oferece boas condições de trabalho (média 3,15). Entretanto, não têm oportunidade de auto-expressão nem independência e recompensa econômica como gostariam. Nas Tabelas 3 e 4 encontram-se os atributos expectativa e instrumentalidade que mensuram os componentes da motivação. Tabela 3. Expectativa Fatores Auto-expressão Desgaste e desumanização Responsabilidade Independência econômica Segurança e dignidade Fonte: Dados da pesquisa (2011). 0a1 n. % - 1a2 n. % - 2a3 n. % 7 18,9 12 32,4 27 73,0 16 43,2 15 40,5 3a4 n. % 30 81,1 25 67,6 10 27,0 21 56,8 22 59,5 18 A Tabela 3 mostra que a maioria dos participantes da pesquisa espera encontrar no trabalho oportunidades para se expressar, ser reconhecido (auto-expressão – 81,1% notas entre 3 e 4); mas também espera que o trabalho venha resultar em esgotamento, desproporção entre esforços e recompensas (desgaste e desumanização – 67,6% notas entre 3 e 4); espera que o trabalho proveja o sustento e a independência econômica, estabilidade no emprego e a própria sobrevivên cia (independência econômica – 56,8% média entre 3 e 4); e segurança e dignidade (59,5% média entre 3 e 4). Entretanto, apenas 27,0% têm expectativas relativas ao cumprimento das tarefas e das obrigações, responsabilidade pelas próprias ações. Na Figura 3 são apresentadas as médias dos cinco fatores que compõem a expectativa. 3,10 2,79 3,08 3,17 Médias 3,20 Figura 3. Médias obtidas para os fatores da expectativa Fonte: Dados da pesquisa (2011). A Figura 3 mostra forte expectativa dos respondentes para auto expressão, desgaste, independência e segurança, cujas médias ultrapassam a nota 3. Apenas a responsabilidade obteve média inferior a 3, não significando grande expectativa para os participantes do estudo. 19 Tabela 4. Instrumentalidade Fatores 0a1 n. % 1a2 n. % 2a3 n. % 3a4 n. % - - - - 30 81,1 7 18,9 - - - - 11 29,7 26 70,3 - - - - 9 24,3 28 75,7 - - - - 4 10,8 33 89,2 - - - - 13 35,1 24 64,9 Envolvimento e reconhecimento Condições materiais de trabalho Desgaste e desumanização Recompensa e independência econômica Responsabilidade Fonte: Dados da pesquisa (2011). Constatou-se que apenas 18,9% percebem o próprio desempenho como necessário para que se sintam reconhecidos, influentes, identificados às tarefas, incluídos no grupo. Verificou-se que 70,3% dos entrevistados percebem o próprio desempenho como influente para conseguir ter um ambiente higiênico e seguro, equipamentos adequados, conforto no ambiente de trabalho. Um percentual de 75,7% dos participantes do estudo percebem o próprio desempenho como responsável por provocar esgotamento, atarefamento e esforço físico. Constatou-se que 89,2% percebem o próprio desempenho como útil para obter seu auto-sustento, independência, estabilidade e assistência. Verificou-se ainda que 64,9% percebem o próprio desempenho como um instrumento capaz de lhe proporcionar sentimento de dignidade associada ao cumprimento das tarefas. Na Figura 4 são apresentadas as médias dos cinco fatores que compõem da instrumentalidade. 20 3,18 3,32 3,32 Médias 2,78 3,15 Figura 4. Médias obtidas para os fatores da instrumentalidade Fonte: Dados da pesquisa (2011). A instrumentalidade indica o quanto o indivíduo percebe a importância da sua atuação para que suas expectativas quanto ao trabalho se concretizem. As médias apresentadas na Figura 4 indicam que exceto para o envolvimento e reconhecimento, os entrevistados percebem a importância de sua própria atuação para obter o que esperam do trabalho que realizam. 21 5. CONCLUSÃO Considerando-se as diversas teorias da motivação, pode-se afirmar que, na realidade, ninguém motiva ninguém. As pessoas devem buscar em si mesmas o motivo para se atingir seus objetivos. Para alguns este motivo pode ser expresso através da remuneração que recebem por seu trabalho, para outros o motivo está na realização profissional expressa por meio da valorização de seu trabalho pela chefia, enquanto que outros considerem ainda o fator de ter garantia e estabilidade no emprego. É certo que não existe uma fórmula mágica para conquistar ou reconquistar a boa vontade dos empregados, mas sabe -se, e as próprias teorias motivacionais reafirmam isso, que se pode combinar uma série de atitudes, sendo administração. que tal responsabilidade é de competência da 22 REFERÊNCIAS BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. CASADO, Tânia. O indivíduo e o grupo: a chave do desenvolvimento. In: LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina et al. As pessoas na organização. 10. ed. São Paulo: Gente, 2002. p. 247-258. FONSECA, Kátia. O que é motivação? 2005. Disponível em: <http://www.rh .com.br/Portal/Motivacao/Artigo/4285/o-que-e-motivacao.html>. Acesso em: 5 fev. 2011. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos operacional ao estratégico. 3. ed. São Paulo: Futura, 2002. humanos: do _____. Gestão de pessoas em empresas inovadoras. São Paulo: Futura, 2005. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução a administração. 5. ed. 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