1 - A origem do Carnaval O CARNAVAL São várias as versões sobre a origem da palavra CARNAVAL. No dialeto milanês CARNEVALE quer dizer: "o tempo em que se tira o uso da carne", pois o CARNAVAL é propriamente a noite anterior à quarta-feira de cinzas. OS CARNAVAIS FAMOSOS Os realizados em Veneza, Nice, o de Florença, Nápoles, Alemanha, Rio de Janeiro, Olinda e principalmente o de Salvador. O SIGNIFICADO DO CARNAVAL É A MAIOR MANIFESTAÇÃO DE CULTURA POPULAR DO BRASIL, ao lado do futebol. Misto de folguedo, festa e espetáculo teatral, que envolve arte e folclore. Na sua origem, o CARNAVAL surge como uma festa de rua. Porém, na maioria das grandes capitais, acabou sendo concentrado em recintos fechados, como os sambódromos e os clubes. Para muitos, a festa é apenas um show de televisão. ACONTECEU NO IMPÉRIO ROMANO A origem do CARNAVAL vem de uma manifestação popular anterior a era cristã, tendo se iniciado na Itália com o nome de SATURNÁLIAS, festa em homenagem a Saturno. As divindades da mitologia greco-romana, BACO e MOMO, dividiam as honras nos festejos, que aconteciam nos meses de novembro e dezembro. Durante as comemorações, em Roma, acontecia uma aparente quebra de hierarquia da sociedade, já que escravos, filósofos e tribunos se misturavam em praça pública. Com Júlio César, na expansão do Império Romano, as festas tornaram-se mais animadas e freqüentes, principalmente quando o imperador retornou do Egito. Na época ocorriam verdadeiros bacanais. NA ERA CRISTÃ No início da era cristã começaram a surgir os primeiros sinais de censura aos festejos mundanos na medida em que a Igreja Católica se solidificava. Querendo impor uma política de austeridade, a Igreja determinava que esses festejos só deveriam ser realizados antes da QUARESMA. NA ITÁLIA Os italianos então adotaram a palavra CARNEVALE "abstenção da carne", sugerindo que se poderia fazer CARNAVAL, ou o que passasse pelas suas cabeças, antes da QUARESMA, numa espécie de abuso da carne, do carnal. 2 - O entrudo EM PORTUGAL 1 A festa chegou a Portugal nos séculos XV e XVI recebendo o nome de ENTRUDO, isto é, introdução à QUARESMA, através de uma brincadeira agressiva e pesada. O ENTRUDO O evento tinha uma característica essencialmente gastronômica e era marcado por um divertimento, entremeado com alguma violência. Fazia-se esferas de cera bem finas com o interior cheio de água-de-cheiro e depois atirava-se nas pessoas. Os mais ousados, no entanto, começaram a injetar no interior das "laranjinhas" ou "limões-decheiro" substâncias mau cheirosas e impróprias e a festa foi perdendo sua alegria. Foi exatamente esse ENTRUDO violento que aportou no Brasil. A GUERRA DO ENTRUDO Na segunda metade do século XIX, o jornal Diário da Bahia e a Igreja Católica criticavam e pediam providências às autoridades policiais contra o ENTRUDO. Quando aproximava-se o domingo anterior à QUARESMA, todo mundo ENTRUDAVA. Apareciam pelas ruas em forma de bandos os "CARETAS" envoltos em cobertas, esteiras de catolé, folhas de árvores e abadá - uma espécie de camisa de manga curta que os negros usavam sendo bastante folgada atingindo a curva dos joelhos. O pano de saco de farinha de trigo era o preferido para a confecção do abadá. No ENTRUDO molhavase quantos andassem pelas ruas, invadia-se casas para jogar água em alguém, não importava que fosse gente doente ou idosa. 3 - Do Entrudo ao Carnaval EM 1853 O ENTRUDO passou a ser reprimido, mas apesar das ordens policiais, as "laranjinhas" e gamelas com água continuavam existindo, principalmente no bairro da Sé. Foi exatamente neste período que o CARNAVAL começou a se originar de forma diferente, dividindo em duas classes: o CARNAVAL DE SALÃO e o CARNAVAL DE RUA. CARNAVAL DE SALÃO tinha a participação de brancos e de mulatos de classe média. E o CARNAVAL DE RUA contava com os negros e os mulatos pobres. EM 1860 O Teatro São João, que ficava na Praça Castro Alves, realiza na NOITE DE SÁBADO um arrojado baile de mascarados de CARNAVAL, iniciando com músicas baseadas em trechos da ópera italiana "LA TRAVIATA", seguida por valsas, polcas e quadrilhas. O evento contava com a participação das pessoas de bom nível social, que trocavam os bailes realizados em suas casas, pelo do Teatro São João. O PERIGO Na época havia o "perigo" do homem formado e do negociante serem vistos mascarados e em razão disso, as casas de fantasias e cabeleireiros como os famosos "PINELLI" e "BALALAIA" mantinham especialistas em disfarces, com maquiagem e máscaras. O CARNAVAL NOS BAIRROS 2 Como os bailes carnavalescos não estavam ao alcance de todos, nem de acordo com a moral de muitos, era necessário estimular a sua ida para a rua. Várias comissões passaram a ser nomeadas pelo chefe de polícia e a comissão central juntamente com diversas outras comissões paroquianas, que distribuíam máscaras, facilitavam a aquisição de outros adereços, bem como a providência de banda de música para quem quisesse brincar o CARNAVAL. Os comerciantes logo aderiram à idéia de olho no melhor faturamento, e começaram a adotar o CARNAVAL em substituição ao ENTRUDO. EM 1870 Os mascarados avulsos, estimulados pela polícia e os bailes públicos começaram a ganhar terreno, embora as manifestações do ENTRUDO ainda se mantivessem vivas. O ambiente para a realização do CARNAVAL passou a ficar melhor com o surgimento do BANDO ANUNCIADOR, que saía às ruas convidando todos para os festejos. ORGANIZAÇÃO E COMPETIÇÃO Nos clubes e teatros, foram surgindo competições entre os grupos e famílias que ostentavam roupas e jóias para mostrar quais associações e entidades eram mais elegantes e grã-finas. O pioneiro Teatro São João passou a organizar seus bailes com UM ANO DE ANTECEDÊNCIA. EM 1878 Neste ano o grupo de CARNAVAL DE RUA, "OS CAVALEIROS DA NOITE", aparecia pela primeira vez num salão em grande forma, no Teatro São João, causando um verdadeiro "ti, ti, ti", e a aparição acabou se transformando num costume. EM 1880 Esse ano chegou com mais bailes na cidade. Salvador tinha aproximadamente 120 mil habitantes, a população mais densa do Brasil, e concentrava bons recursos financeiros e grande poder político. Havia, portanto, dinheiro, poder e fartura, e todo esse esplendor passou então a ser retratado nos salões e bailes de CARNAVAL. Vale lembrar que as roupas, adereços, enfeites, chapéus, bebidas, jóias, sapatos e meias usadas nas festas eram importadas das melhores casas de PARIS e LONDRES. O CAMPO GRANDE - A PASSARELA OFICIAL Ao mesmo tempo, palanques e bandas de música proliferavam por toda a cidade. Surgiam também vários clubes uniformizados, como os "ZÉ PEREIRA", "OS COMILÕES" e "OS ENGENHEIROS", fantasiados com "CABEÇORRAS" e outras máscaras. Como as comemorações cresciam, convencionou-se que o Campo Grande, ainda um terreno baldio, seria o lugar para os MASCARADOS se reunirem nos dias de CARNAVAL e, de lá, saírem em bandos. EM 1882 3 Foi neste ano que o COMÉRCIO iniciou o costume de fechar as portas na TERÇAFEIRA DE CARNAVAL, a partir das 13 horas. O CARNAVAL DE MÁSCARAS e o DESFILE DOS CLUBES, ficavam então, mais animados depois das 14 horas. 4 - O 1º Carnaval DO ENTRUDO AO CARNAVAL Cinco anos antes da Proclamação da República a Cidade do Salvador, habitada por cerca de 170 mil pessoas, organizou o seu primeiro grande CARNAVAL DE RUA. Era uma festa com grande influência européia, como quase tudo o que existia no Brasil naquela época, com muito luxo, requinte e comentários elogiosos. Fortemente influenciado pelo requintado CARNAVAL DE VENEZA, na Itália, e mesclando a presença de tipos do popular CARNAVAL DE NICE, na França, o CARNAVAL DE SALVADOR deu o primeiro passo rumo à popularização com a participação de muita gente nas ruas. COMO ERA A CIDADE - 1884 Esse ano é considerado como o 1º ANO DO CARNAVAL, do modo como ele é comemorado hoje. O CARNAVAL de 1884 pegou Salvador num período de crescimento rápido, provocado pelo progresso da agricultura em outras regiões e pelas exigências de um melhor ordenamento do espaço urbano. Respirava-se progresso por todo canto e os comerciantes já utilizavam a PUBLICIDADE nos jornais durante a festa. Tanto as pessoas que se fantasiavam, como as que esperavam o cortejo, vestiam-se a rigor, algumas em ternos de linho, polainas e chapéus. SURGE O CLUBE CARNAVALESCO CRUZ VERMELHA Fundado em 1º de março de 1833, o CLUBE CRUZ VERMELHA só veio a participar do CARNAVAL em 1884. O clube organizou um cortejo com rapazes e moças ricamente trajados e a novidade foi apresença de um CARRO ALEGÓRICO, com o tema "CRÍTICA AO JOGO DE LOTERIA", ricamente decorado com peças importadas da EUROPA. O cortejo saiu de uma das ruas do Comércio, subiu a Montanha, passou em frente à Barroquinha, rua Direita do Palácio (rua Chile), Direita da Misericórdia, Direita do Colégio e retornou rumo ao Politeama de Baixo (Instituto Feminino). A iniciativa foi um verdadeiro SUCESSO e ganhou milhares de aplausos e pétalas de flores dos populares que se encontravam nas ruas. O CRUZ VERMELHA mudou basicamente o CARNAVAL. SURGE O CLUBE CARNAVALESCO FANTOCHES DA EUTERPE Fundado em 9 de março de 1884, por um grupo de jovens da antiga Sociedade Euterpe esse clube carnavalesco foi apelidado de "FANTOCHES". O grupo era encabeçado por quatro figuras da alta sociedade: Antônio Carlos Magalhães Costa (bisavô de ACM), João Vaz Agostinho, Francisco Saraiva e Luís Tarqüínio. (seu primeiro presidente) EM 1885 - A DISPUTA MAIOR Começou, então na imprensa a grande disputa entre os FANTOCHES e o CRUZ VERMELHA. O DIÁRIO DE NOTÍCIAS, o jornal mais influente da época publicou, a pedido do CRUZ VERMELHA, um anúncio de UM QUARTO DE PÁGINA descrevendo a 4 sua passeata. O FANTOCHES reagiu publicando no mesmo jornal o seu programa de festas em TRÊS COLUNAS. No CARNAVAL ambos foram às ruas com temas maravilhosos e indumentárias vindas da Europa. O carro-chefe do CRUZ VERMELHA apresentava "A FAMA" e o Fantoches "A EUROPA". Desfilaram também o "SACA ROLHAS", "OS CAVALHEIROS DE MALTA", o "CLUBE DOS CACETES", o "GRUPO DOS NENÊS", o "CAVALHEIROS DE VENEZA", o "CAVALHEIROS DE CUPIDO", o "COMPANHEIROS DO SILÊNCIO", o "CLUBE DAS PETAS", o "CLUBE DAS FITAS", o "CLUBE DA POBREZA", o "CRÍTICOS CARNAVALESCOS", o "DIÁRIO DAS PETAS", e a "COMISSÃO DO PILAR". POVO É QUEM JULGAVA Na época, não havia uma comissão julgadora para estabelecer quem vencia os desfiles e o julgamento era determinado pela imprensa, que media a aprovação da população através dos APLAUSOS. O CRUZ VERMELHA, mais popular sempre vencia, pois o FANTOCHES, mais ligado à aristocracia, tinha uma torcida bem menor. Todas as outras entidades representavam a classe média. EM 1886 Os negociantes resolvem não mais abrir o comércio na TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL. Os presidentes dos grandes clubes reuniram-se na ASSOCIAÇÃO COMERCIAL com o objetivo de estudar um ITINERÁRIO ÚNICO para todos os préstitos. 5 - O grande carnaval da abolição EM 1888 - O ANO DA ABOLIÇÃO O CARNAVAL desse ano foi um dos maiores e mais famosos da história. O CRUZ VERMELHA e o FANTOCHES, irmanados pela vontade de fazer algo definitivo, deram em conjunto um grandioso BAILE NO POLITEAMA. Chegou, enfim, o dia do grande domingo de CARNAVAL. E havia muita gente pelas ruas e nas janelas, e o que mais imperava na cidade, era a ansiedade. O primeiro préstito a surgir foi o CRUZ VERMELHA com tanta coordenação, esplendor e luxo, que a multidão vibrava atirando flores sobre os carros. O segundo a desfilar foi o préstito do FANTOCHES, com a sua magnífica decoração dos carros alegóricos, graça, luxo e gosto artístico, que justificava o delírio de todos. Resultado: FANTOCHES e CRUZ VERMELHA desfilando sobre chuvas de rosas. O CARNAVAL já era uma verdadeira atração, uma realidade conseguida com muita luta e anos de esperança e já se podia, enfim, afirmar que o vencera definitivamente o ENTRUDO. EM 1894 CARNAVAL era eminentemente da elite dos clubes CRUZ VERMELHA, FANTOCHES e outros, que desfilavam pelas ruas e freqüentavam os bailes dos Teatros São João e Politeama. A população pobre continuava a fazer apenas algumas manifestações. EM 1895 - SURGE O PRIMEIRO AFOXÉ Os negros nagôs organizaram o primeiro AFOXÉ, o "EMBAIXADA AFRICANA", que desfilou com roupas e objetos de adorno importados da ÁFRICA. 5 EM 1896 Surge o segundo AFOXÉ, o "PÂNDEGOS DA ÁFRICA", organizado também por negros. Os grupos representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas cantando e recitando seqüências de músicas e letras. Os AFOXÉS exibiam-se na BAIXA DOS SAPATEIROS, TABOÃO, BARROQUINHA e PELOURINHO. Enquanto os GRANDES CLUBES desfilavam em ÁREAS MAIS NOBRES. 6 - O Carnaval do início do século EM 1900 - SURGE O CLUBE CARNAVALESCO INOCENTES EM PROGRESSO É fundado por dissidentes do CRUZ VERMELHA o clube carnavalesco "OS INOCENTES EM PROGRESSO". O nome do clube foi inspirado em um bando de meninos que passava no local cantando e tocando em latas. EM 1905 Neste momento verificava-se na cidade uma divisão espacial muito séria. Um AFOXÉ rompeu este tácito compromisso e subiu a Barroquinha e a Ladeira de São Bento, gerando protestos, em que se lastimou a QUEBRA deste pacto, não escrito, da DIVISÃO ESPACIAL DE CLASSES E DE RITMOS no CARNAVAL. EM 1937 Primeiro ano de realização da "MICARETA" em Feira de Santana. A ornamentação de Salvador não se perdia completamente, era carregada pelos responsáveis do tríduo momesco para o interior. 7 - Surge um novo Afoxé No ano do IV CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO DA CIDADE DO SALVADOR, foi fundado pelos estivadores do Porto de Salvador o afoxé "FILHOS DE GANDHY", como forma de homenagear o grande líder pacifista indiano assassinado em 1948, o Mahatma Ghandy. 8 - O Trio Elétrico EM 1950 - SURGE A DUPLA ELÉTRICA Após observarem o desfile da famosa "VASSOURINHA", entidade carnavalesca de Pernambuco que tocava frevo na Rua Chile, e empolgados com a receptividade do bloco junto ao público, a DUPLA ELÉTRICA resolveu restaurar um velho Ford 1929, guardado numa garagem, e, no CARNAVAL do mesmo ano, saiu às ruas tocando seus "PAUS LÉTRICOS" em cima do carro, com o som ampliado por alto-falantes. A apresentação aconteceu às CINCO HORAS DA TARDE DO DOMINGO DE CARNAVAL, arrastando uma multidão pelas ruas do centro da cidade. EM 1951 - SURGE O TRIO ELÉTRICO 6 O nome "TRIO ELÉTRICO" surge somente nesse ano, quando, pela primeira vez, apresentou-se no CARNAVAL um conjunto de TRÊS INSTRUMENTISTAS. A dupla havia convidado o amigo e músico TEMÍSTOCLES ARAGÃO para integrar o TRIO que neste ano, saiu para tocar nas ruas de Salvador numa "PICK UP CHRYSLER", modelo Fargo, maior que a "FOBICA" do ano anterior, em cujas laterais se liam em duas placas: "O TRIO ELÉTRICO". OS INSTRUMENTISTAS OSMAR tocava a famosa "GUITARRA BAIANA", de som agudo. DODÔ era responsável pelo "VIOLÃO-PAU-ELÉTRICO", de som grave. E ARAGÃO tocava o "TRIOLIM", como era conhecido o violão tenor, de som médio. E assim estava formado o trio musical mais famoso do CARNAVAL DE SALVADOR. EM 1953 O poder público municipal resolve abolir a tradição, ameaçando o comércio do acarajé porque, tomando uma atitude não bem esclarecida, resolveu proibir qualquer tipo de fritura na via pública, invocando preceitos higiênicos. A partir daí o baiano não podia mais comer acarajé cheiroso e quentinho nos dias de CARNAVAL. EM 1958 - A "FAXINA DO GARCIA" Antes o que existia era uma festa local, Neste ano os moradores conseguiram então do e passaram a realizar a "MUDANÇA", que mais se de "MUDANÇA DO GARCIA", saindo às ruas outras autoridades. chamada de a "FAXINA DO GARCIA". prefeito o asfaltamento de toda a área tarde, com a política, veio denominarcom críticas ao prefeito, governador e 9 - O Rei Momo EM 1961 É colocada em prática a idéia do desfile do REI MOMO de rua. O primeiro REI MOMO foi o motorista de táxi e funcionário público FERREIRINHA. EM 1962 Neste ano surge o primeiro grande BLOCO DE CARNAVAL, denominado "OS INTERNACIONAIS", composto apenas por homens. Nesta época, a todo instante "pipocava" um trio elétrico novo, mas os blocos iam para as ruas acompanhados somente de BATERIAS OU GRUPOS DE PERCUSSÃO. Surgiram também as famosas "CORDAS" e as "MORTALHAS" para brincar o CARNAVAL. EM 1965 O "LANÇA PERFUME" surge no Carnaval do Rio de Janeiro em 1906 e em 1927, é lançado numa embalagem metálica. No ano seguinte, o uso do lança perfume passou a ter outros objetivos. Em 1965 seu uso é proibido através de decreto presidencial, que definiu a medida tachando o lança perfume de "IMORAL E RECONHECIDAMENTE PERIGOSO À SAÚDE". 7 A DÉCADA DE 70 Os anos 70 fizeram com que o apogeu do CARNAVAL DE SALVADOR fosse a PRAÇA CASTRO ALVES, onde todas as pessoas se encontravam e se permitiam fazer TUDO. Foi a época da liberação cultural, social e sexual. 10 - A evolução do Trio Elétrico Até os anos 70, os TRIOS ELÉTRICOS eram mais veículos alegóricos, ornamentados quase que exclusivamente com BOCAS SEDAN de alto-falantes. Os amplificadores eram todos com válvulas e, em cima do TRIO, ficavam apenas músicos com a guitarra baiana, o baixo e a guitarra, não existindo ainda a figura do vocalista. Ainda nos anos 70, os "NOVOS BÁRBAROS" ousaram e colocaram algumas caixas de som no TRIO, além de equipamentos transistorizados. BABY CONSUELO surge cantando pela primeira vez com um microfone ligado ao cabo de uma guitarra. EM 1970 A música carnavalesca "COLOMBINA" é reconhecida oficialmente como o Hino do CARNAVAL DE SALVADOR. Colombina de Armando Sá e Miguel Brito Colombina eu te amei Mas você não quis Eu fui para você Um pierrô feliz Os confetes dourados Que alguém de atirou Não fui eu quem jogou Não fui eu quem jogou. EM 1972 A Bahiatursa passa a administrar em parceria com a Prefeitura o CARNAVAL DE SALVADOR. EM 1974 Como se não bastasse tanta mudança, uma mais radical ocorreu no CARNAVAL DE 74, com o surgimento do bloco afro "ILÊ AIYÊ". A entidade que deu início ao processo de reafricanização da festa, contribuiu para a aparição do afoxé "BADAUÊ" e o renascimento do afoxé "FILHOS DE GANDHY". Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de Salvador; que passou a enfatizar os conflitos e a protestar contra o preconceito de cor. EM 1975 8 Desfilam neste ano no "CIRCUITO CENTRO" 59 blocos, 19 cordões, 9 escolas de samba, 5 afoxés e 3 clubes alegóricos. A primeira tentativa de realizar um concurso para a escolha do Rei Momo não obteve sucesso. Surge a W.R. Produções "O TRIO ELÉTRICO DODÔ E OSMAR" comemora o JUBILEU DE PRATA e retorna definitivamente à cena carnavalesca após um período de 14 anos afastado. O trio volta com uma nova formação incluindo o músico ARMANDINHO, filho de OSMAR, e muda o nome para "TRIO ELÉTRICO DE ARMANDINHO, DODÔ E OSMAR". EM 1976 Ano em que deixou de ser usada a "MÁSCARA", introduzida no CARNAVAL DE SALVADOR desde 1834, uma forte influência francesa. Adereço indispensável para complementar as fantasias carnavalescas, a "MÁSCARA", também serviu para esconder dos olhares conhecidos e indiscretos a vergonha de um rosto eufórico. "Você me conhece" ??? Surge o trio elétrico "NOVOS BAIANOS", introduzindo junto com o "TRIO DE ARMANDINHO", o "SWING BAIANO". EM 1977 O APACHES DO TORORÓ, bloco de índio surgido em 1969, já em processo de decadência, é literalmente invadido, em pleno desfile, por um pelotão de policiais, culminando na prisão de centenas de componentes. Neste ano desfilaram pela última vez as ESCOLAS DE SAMBA que participavam do CARNAVAL DE SALVADOR. EM 1978 Apesar dos blocos de trio terem surgidos no início dos anos 70, é neste ano com o bloco "CAMALEÃO", que inicia-se a superação do amadorismo vigente entre os primeiros blocos de trio, representando, assim, um marco na emergência destes novos atores do CARNAVAL DE SALVADOR. EM 1979 Dá-se o encontro entre o AFOXÉ e o TRIO ELÉTRICO, a partir da música, "ASSIM PINTOU MOÇAMBIQUE", de MORAES MOREIRA e ANTÔNIO RISÉRIO. Todo esse processo do "AFOXÉ ELETRIZADO" desembocou na música baiana atual. 11- O Carnaval Moderno NA DÉCADA DE 80 No início dos anos 80, a transformação do CARNAVAL DE SALVADOR se intensificou mais ainda e coube ao pessoal do bloco "TRAZ OS MONTES", introduzir algumas inovações, tais como: EQUIPAMENTOS TRANSISTORIZADOS. EQUIPAMENTOS NUMA TEMPERATURA SUPORTÁVEL. -FALANTES. 9 LATERAIS DO TRIO. TROS MÚSICOS EM CIMA DO CAMINHÃO. Todas estas inovações foram inspiradas e aperfeiçoadas no trabalho desenvolvido pelos "NOVOS BÁRBAROS" nos anos 70. EM 1981 O BLOCO EVA, surgido em 1980 e considerado uma das entidades mais irreverentes e inovadoras do CARNAVAL DE SALVADOR, decide radicalizar ainda mais do que o "TRAZ OS MONTES" e contrata profissionais da área de engenharia para assinarem o cálculo estrutural do NOVO TRIO e de todo o sistema de sonorização que importou dos Estados Unidos, como uma nova mesa de som, além de vários periféricos necessários para o perfeito funcionamento do trio e da banda. Com todas estas iniciativas, o EVA fez com que todos os outros blocos fossem obrigados a investir também em seus trios. O público e a crítica passaram a notar claramente a diferença gritante entre os equipamentos usados pelo EVA e pelas demais entidades e a exigência dos cantores e das bandas também aumenta. O trio elétrico "TRAZ OS MONTES", mais potente do que no ano anterior, em lugar dos 3 MIL WATTS que garantiram o título de "campeão" em 80, foi às ruas com 15 MIL WATTS, dando condições à "BANDA SCORPIUS" de mostrar seu potencial. O "TRAZ OS MONTES" promove um desfile no Farol da Barra para o lançamento do novo "TRIO ELÉTRICO SHOW". O governador assina o Decreto n.º 27.811/81, que determina a suspensão do expediente nas repartições públicas estaduais, além da SEGUNDA E TERÇA-FEIRA, também na SEXTA-FEIRA DA SEMANA ANTERIOR. EM 1982 Houve tanta gente nas ruas de Salvador que os tradicionais freqüentadores da Praça Castro Alves (intelectuais, profissionais liberais e travestis) ficaram irritadíssimos com a invasão do tradicional reduto liberal. Início do desaparecimento da mortalha como indumentária carnavalesca com a opção do short, bermuda ou macacão, que inclusive dominou os blocos mais avançados. EM 1983 O CARNAVAL era tratado por áreas ou departamentos isolados, carecendo de integração, quer seja no âmbito de cada órgão, ou no relacionamento entre os mesmos. A partir deste ano, surgiram de 30 a 40 novos ritmos, segundo a W.R. Produções. EM 1984 Através do Decreto n.º 6985/84, o prefeito cria o GRUPO EXECUTIVO DO CARNAVAL - GEC, com a finalidade de adotar medidas necessárias à realização dos festejos carnavalescos. O CARNAVAL começa a ser pensado como um produto de mercado e é o início da profissionalização e comercialização da festa. Criação de novos espaços físicos para o CARNAVAL, tendo como primeira opção o espaço do FAROL DA BARRA. São instaladas no CAMPO GRANDE as primeiras estruturas metálicas para camarotes e arquibancadas. Ano dos "CEM ANOS DE FOLIA" e para melhor fixação e 10 definição do evento em nível de massas, optou-se pela feitura de uma marca que traduzisse o espírito histórico e comemorativo da festa. Utilizando uma mistura de tipologias, típica dos panfletos da época, a marca tem como elemento básico a figura do CORINGA, personagem que engloba diversos caracteres típicos do CARNAVAL DE SALVADOR e resume em si a história e o espírito da festa. EM 1985 A Prefeitura de Salvador estabelece decreto fixando normas para o FLUXO DAS ENTIDADES CARNAVALESCAS. EM 1987 O REI MOMO FERREIRINHA adoece e a comissão responsável pelo evento resolve colocar o seu filho como substituto para desfilar, sendo que o mesmo só desfilou nos anos 88 e 89. EM 1988 Pela primeira vez, um BLOCO AFRO de grande porte, o OLODUM, desfila na BARRA. É fundada a ASSOCIAÇÃO DE BLOCOS DE TRIO - A.B.T. 12 - A folia de hoje NA DÉCADA DE 90 A característica da década de 90 é marcada pela preocupação nas contratações das bandas, a questão da segurança, do conforto interno, da indumentária e do "DESIGN" dos trios. Inúmeros profissionais da área de engenharia e arquitetura passam a criar projetos para os TRIOS ELÉTRICOS. EM 1990 O prefeito de Salvador sanciona a Lei de 4.274/90, que cria o CONSELHO MUNICIPAL DO CARNAVAL, entidade representativa dos seguimentos carnavalescos, órgãos públicos e da sociedade. A RÁDIO EXCELSIOR deixa de realizar o DESFILE DO REI MOMO, e a patente é adquirida pelo HOTEL DA BAHIA e pela FEDERAÇÃO DOS CLUBES CARNAVALESCOS. Surgem os chamados BLOCOS ALTERNATIVOS assumemse como OPÇÃO de diversão aos dias do tradicional desfile de blocos nos principais circuitos, de DOMINGO A TERÇA-FEIRA. EM 1991 No dia 02.01 é instalado na Câmara Municipal o CONSELHO MUNICIPAL DO CARNAVAL - COMCAR. Em 07.01 o COMCAR realiza a sua primeira reunião ordinária na sede da Fundação Gregório de Mattos, da Prefeitura de Salvador. É sancionada a Lei n.º 4.322/91, PROIBINDO a realização de shows de bandas e trios elétricos na área do Farol da Barra e nas ruas adjacentes ANTES DO PERÍODO OFICIAL DO CARNAVAL. A Prefeitura de Salvador não faz a decoração de rua, sob o pretexto de falta de recursos, e o Governo do Estado assume as despesas da festa. 11 EM 1992 Diante da demanda, a COORDENAÇÃO DO CARNAVAL decide incorporar o BAIRRO DE ONDINA como novo espaço destinado ao CARNAVAL. Mais um ano sem a participação da Prefeitura na decoração do CARNAVAL, novamente assumida pelo Governo do Estado. A Câmara Municipal de Salvador promulga e publica a Lei n.º 4.538/92 - regulamentando os Artigos 260 e 261 da Lei Orgânica do Município - que diz respeito a ORGANIZAÇÃO DO CARNAVAL - e revoga as disposições em contrário, especialmente a Lei n.º 4.274/90. EM 1993 O CARNAVAL é impulsionado por uma onda que marcou a sua história e o posicionou em um novo patamar de diferenciação dos festejos carnavalescos de todo o país. Foi potencializado pela explosão nacional da "AXÉ MUSIC" pelos êxitos dos empresários ligados aos BLOCOS DE TRIOS, que alcançaram novos níveis de profissionalização e montaram verdadeiras "MÁQUINAS DE FAZER SUCESSO". A Câmara Municipal de Olinda adota a Lei de Reserva de Mercado do Frevo e proíbe a execução e qualquer acorde musical que lembrasse de longe o "AXÉ MUSIC". Ressurge o "ABADÁ" como nova indumentária carnavalesca. EM 1994 O CARNAVAL passa a ser trabalhado o ano inteiro. O desfile oficial foi regulamentado a partir de debates entre os diversos segmentos e órgãos envolvidos com a festa. Todos os serviços passam a ser contratados mediante LICITAÇÃO PÚBLICA, (algumas de abrangência nacional). É estabelecido o CONCURSO PÚBLICO para seleção das atrações, por currículo e por apresentação. O espaço físico Barra/Ondina, recebe um tratamento diferenciado com a montagem de infra-estrutura necessária ao funcionamento e à consolidação da área. EM 1996 O CARNAVAL DE SALVADOR ganhou o mundo através da "INTERNET", possibilitando às populações de 135 países o acesso às informações básicas da folia momesca. · Nasce o CARNAVAL DO CENTRO HISTÓRICO / PELOURINHO e ruas adjacentes, a partir da necessidade e da preocupação em preservar a história e a cultura dos CARNAVAIS DE ANTIGAMENTE. Pela pesquisa: Marlene A.Martins (poetisa) http://www.indiana.edu/~baiu/[email protected] 12