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Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
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ANOTAÇÃO DE AULA – Prof. Dr.Ralph Panzutti
SUMÁRIO
I – FUNCIONAMENTO DA ECONOMIA CAPITALISTA
II - POLÍTICA MONETÁRIA E FISCAL
III FUNÇÕES DA MOEDA
III - INFLAÇÃO
IV - TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS
VI - BALANÇO DE PAGAMENTOS E TAXA DE CÂMBIO
VII - AINDA SOBRE BALANÇO DE PAGAMENTOS
VIII - CONCEITOS DE DÉFICIT
I – FUNCIONAMENTO DA ECONOMIA CAPITALISTA .(1)
1. Objetivo da Economia
O objeto de estudo da Teoria Macroeconômica é o nível da atividade econômica das
sociedades capitalistas. Trata-se de saber os determinantes da riqueza produzido por essas
sociedades.
Nas economias capitalistas a produção é uma atividade privada, a riqueza é uma
mercadoria e a instituição por meio da qual se obtém a coordenação é o mercado.
No capitalismo há o predomínio da propriedade privada dos meios de produção.
Cabe ao proprietário decidir o que, quanto e como produzir, dando-lhe autonomia. No
entanto isto não garante que se tornem auto-suficiente, pois existe uma divisão do trabalho
característica do capitalismo. Daí o caráter paradoxal de autonomia e dependência.
Outro ponto a esclarecer é que a economia capitalista é constituída de unidades
produtivas e especializadas que produzem mercadorias,(firmas ou empresas) para a venda.
(1 ) O texto aqui apresentado é de circulação restrita aos alunos do curso de Administração UNINOVE.
Este texto foi elaborado tendo como base de apoio a bibliografia citada no final, onde foram extraídos
as idéias aqui expostas. Para melhor fluidez na leitura suprimimos as citações e notas de rodapé.
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Cada produtor irá transformar este produto em riqueza por meio da troca por uma certa
quantidade de dinheiro.
Por outro lado a autonomia do produtor tem como contrapartida a incerteza quanto a
aceitação de seus produtos, pois depende de decisões de compras que são outros agentes
econômicos. Enfim o produtor ao tomar a decisão de produzir ignora a sua receita, e
também ignora se seu produto é uma riqueza, ou seja, pode ser que não há utilidade para os
outros.
Outro aspecto que merece esclarecimento é que no capitalismo inexiste regra para
distribuição da riqueza. Cada proprietário busca se apropriar da maior quantidade possível
de dinheiro, e por conseqüência maior parcela da riqueza social. O que determina a
distribuição, neste tipo de sociedade é a concorrência e este processo se dá no mercado.
Cada mercado é constituído pelo conjunto de ofertantes e demandantes. Os
ofertantes são proprietários da coisa para a venda, os demandantes são os proprietários de
dinheiro disponível para o gasto.
Quanto há um acordo entre o ofertante e o demandante quanto aos termos de uma
operação de compra e venda produz-se uma relação mercantil entre eles, e isto ocorre
através de um contrato, que pode ser a vista ou não. Neste último caso o contrato tem por
objetivo tornar relativamente estáveis algumas das relações mercantis, amenizando seu
caráter incerto e temporário. Contrato de trabalho, contrato de condições de fornecimento
de insumos fixando quantidades, preços e prazos de entrega das mercadorias, são alguns
exemplos de contrato..
Somente na sociedade capitalista a maior parte da produção tem por objetivo
converter riqueza nova em dinheiro.
Em resumo no capitalismo tem quatro instituições que se interligam, a saber: a
propriedade privada, o dinheiro, produção de mercadorias e o trabalho assalariado.
Cabe ao empresário que são proprietários dos meios de produção decidir como serão
utilizadas, contratando os serviços de trabalhadores assalariados e transformar a mercadoria
produzida em dinheiro, ou seja, riqueza.
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Para isso definiremos dinheiro como aquela instituição cujas funções são : atuar
como medida de valor, meio de troca, meio de pagamento e reserva de valor, é a mais
líquida reserva de valor.
Para entendermos como essas instituições interagem no mercado, temos que definir
o que é demanda.
2. Princípio da demanda efetiva
A teoria econômica predominante no início do século 20, principalmente ´pe a teoria
neoclássica. Esta teoria tem como suposto a “ley de Say”, segundo a qual “ ... o processo de
produção capitalista é, também, um processo de geração de rendas (lucro, salário,
aluguéis, etc...) e, por isso, a oferta cria sua própria demanda” . Acrescente-se a isto a
ideia de ajustamento automático da economia e teremos uma conclusão importante: o
sistema econômica, considerado como um todo, não pode admitir desemprego involuntário.
Se desemprego houver, ele será temporário, esporádico e parcial. Esta a posição teórica da
principal corrente econômica da época. A realidade dos fatos desmentia a teoria. O
desemprego na Inglaterra continuava grande persistente desde o ínio de 1920. Este
desemprego alastrava-se por vários outros países da Europa. Nos Estados Unidos, após a
quebra da bolsa de New York, a porcentagem de dsempregados assume proporções
alarmante.
Como reagiam os principais teóricos da época diante de um quadro destes? Como
explicavam eles esse descompasso entre a teoria e prática? Ou melhor, porque persistiam
em defender uma teoria que teimava em negar os fatos? A explicação destes autores levava
em conta o lado dos trabalhadores (salários e sindicalismo) e o lado das empresas
(m,onopólio e oligopólio).
Do lado dos trabalhadores, diziam os defensores da teoria tradicional, o salário já
não obedece á lei da oferta e da procura. Um novo fato institucional, o sindicalismo, impede
que os salários desçam, e, com isso, rompe-se artificialmente a lei da oferta e da procura de
trabalho. Os salários estão mais altos do que estariam se funcionasse o livree jogo do
mercado. As empresas deixam de contratar quando os salários se elevam muito e isto gera
desemprego. Portanto, a causa do desemprego são os altos salários.
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Do lado das empresas também havia problemas. Os neoclássicos sempre foram
defensores decididos da concorrência perfeita. |Por concorrência perfeita entenda-se aquela
estrutura de mercado em que prevalece grande número de pequenas empresas, nenhuma
delas com poder sobre o mercado, produto homogênio, mobilidade de fatores, etc. Ora, as
empresas do início deste século estavam afastando-se deste modelo. Surgiram monopólios e
oligopólios destruindo as características da concorrência perfeita e, portanto a possibilidade
de autoajustamento da economia. Portanto a causa da crise eram os monopólios e os
oligopólios.
John Maynard Keynes coloca-se frontalmente contra essa linha de pensamento. O
contexto no qual surge a obra de Keynes é o de uma economia em recessão (e até
depressão) onde o desemprego de mão de obra e de fatores de produtivos é enorme, com
grande queda da renda nacional Keynes aponta duas grandes fraquezas do sistema
capitalista: o desemprego e a distribuição excessivamente desigual e arbitrária da renda e da
riqueza. Mas acha que estas fraquezas podem ser eliminadas.
Sua obra Teoria geral do emprego, do lucro e do dinheiro, publicada em 1936, teve
tanta repercussão que foi denominado revolução keynesiana no âmbito da economia.
Keynes teve como objetivo determinar os principais fatores responsáveis pelo
emprego, numa economia industrial moderna, pois este era um dos principais problemas da
época.
Se a observação empírica indica que o emprego está ligado tanto à produção como à
renda, estudá-lo é o mesmo que estudar o nível de renda e da produção.
Então, que fatores explicam o nível de emprego? O nível de emprego numa
sociedade é determinado pelo nível de produção das fábricas, indústrias, bancos, comércio,
etc.
Mas o que determina o nível de produção? Sua explicação está no mercado ou seja,
na demanda efetiva, aquela que ocorre efetivamente.
No entanto, para Keynes, a resposta adequada a esta questão exige a decomposição
da demanda em seus vários componentes.
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Então, por uma questão meramente didática, supõe-se uma economia sem comércio
exterior e sem governo para simplificar o modelo.
Assim, a demanda compõe-se de
a) bens de consumo (C);
b) bens de investimento (I);
Daí, as questões - quais são os determinantes do Consumo (C) e quais os
determinantes do (I) investimentos.
Para Keynes o Consumo (C) é função da Renda (Y) , e pode ser expressa
simbolicamente como: C = f(Y) de tal modo que nem toda a renda é consumida; há uma
propensão a consumir
O Investimento (I) é função das expectativas dos empresários quanto aos lucros
futuros e da taxa de juros. Simbolicamente, sendo I investimento, E expectativa e i taxa de
juros, tem-se I = f (E, i).
Nesse modelo tem-se que Y (renda) = C (consumo)+ I (Investimento). Enfim a
renda é determinada pelos gastos em consumo e pelos gastos em investimentos. É
justamente isso que é o princípio da demanda efetiva. Ou seja, é o ato de gastar que
determina a renda.
Como a propensão a consumir numa sociedade é relativamente estável o
determinante principal da renda passa a ser o Investimento, e este é a chave para
compreender as oscilações e a instabilidade do sistema capitalista.
Enfim, o que determina o volume da produção e, portanto, o volume do emprego é a
demanda efetiva, que não é apenas a demanda efetivamente realizada, mas também o que se
espera seja gasto em consumo, mais o que se espera seja gasto em investimento. E neste
particular o problema da formação das expectativas dos capitalistas é sumamente
importante.
Na verdade, essas afirmações são diametralmente opostas às apresentadas pelos
clássicos. Para estes, o que determinava a demanda era a oferta – assim explicada pela Lei
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de Say - “o processo de produção capitalista é, também, um processo de geração de
rendas, (lucro, salário, aluguéis ,etc) e, por isso, a oferta cria sua própria demanda”
Na verdade, o princípio da demanda efetiva é simples, mas causa espanto por ter
permanecido oculto por mais de um século. No entanto suas conseqüências são enormes no
plano da política econômica. Ele contrapõe a concepção do laissez – faire e do liberalismo
econômico.
Temos que ter clareza que nem toda a venda é uma compra, e que o produtor não
pode decidir que a mercadoria será comprada, e em que condição – não pode decidir
quanto, quando e em que condição irá receber.
No capitalismo, a confirmação de que um produto é riqueza – e não o resultado de
dispêndio inútil de recursos – só ocorre no momento em que o produto é vendido. Se a
venda depende da decisão de comprar, o estudo da última fornece uma chave importante
para o estudo da Macroeconomia.
Neste aspecto devido a incerteza do mercado, cabe discutir a questão da expectativa
dos empresários, quando decidem investir.
3. Eficiência marginal do capital
O investimento é fundamental para o aumento do nível de produção e portanto de
emprego. Nesse sentido, como o futuro é incerto, os investimentos dependerão das
expectativas dos empresários. Daí, a instabilidade dos investimentos particulares no interior
do sistema capitalista. As expectativas de lucros dos empresários recebem de Keynes o
nome de eficiência marginal do capital.
Alguns manuais de economia ou mesmo de administração financeira é denominado
de Taxa Interna de Retorno (TIR), que depois de calculada é comparada com a taxa dos
juros de mercado. Se a TIR for maior do que esta, significa que o investimento deverá
proporcionar retorno positivo, caso contrário será rejeitado.
Os empresários agem com os olhos nos lucros futuros. Se eles supõem que
determinados projetos dão lucro, levantarão fundos para aplicar nestes projetos.
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Keynes ao introduzir a motivação psicológica na dinâmica econômica que são as
expectativas rompe com o mecanismo de auto ajustamento do mercado.
4. Taxa de juros e investimento.
A teoria clássica o investimento dependia da poupança. Investimento é uma
ampliação da estrutura produtiva (compra de máquinas, equipamentos, abertura de estradas,
canais, novas fábricas etc.) e não especulação financeira que nada mais é que compra de
títulos e isto não é investimento.
Para a teoria neoclássica, um aumento da taxa de juros provocava um aumento da
poupança.. Mas a uma taxa de juros alta, os investidores não se arriscariam a financiar seus
projetos de investimento. Lembre-se de que teriam de pagar uma taxa de juros aos bancos
de quem tomariam esse dinheiro emprestado. E essa taxa deveria ser mais alta do que
aquela que os bancos estariam pagando aos poupadores; caso contrário, os bancos nada
ganhariam. Nessas circunstâncias, os investimentos cairiam. Estaríamos na seguinte
situação: haveria dinheiro de sobra nos bancos, mas poucos empresários se disporiam a
recorrer a empréstimos bancários. Como os bancos só ganham se emprestarem, eles
tenderiam a baixar a taxa de juros pela própria pressão do mercado. Numa situação oposta.
em que há muita procura por empréstimos, mas como a taxa está muito baixa porque não
tem dinheiro suficiente para atender a todos, então aumentasse a taxa para que mais
poupadores se interessem em aplicar nos fundos e os bancos poderem assim emprestar o
dinheiro a um juros maiores, pra poderem remunerar melhor os poupadores. Enfim, trata-se
de um mecanismo de autoajustamento. As próprias forças do mercado tendem a elevar ou
baixar a taxa de juros numa posição de equilíbrio.
Para Keynes isso não ocorre. A poupança tem relação direta com o nível da renda da
comunidade. Um aumento da renda aumenta a poupança e uma diminuição da renda
diminui a poupança. Isto quer dizer que não é o aumento da poupança que acarreta o
aumento do investimento, mas o contrário. Ao aumentar o investimento, há um aumento da
renda, e aumentando-se a renda, a poupança, que é um resíduo ( renda não gasta) também
aumenta.. Trata-se de uma inversão com relação ao pensamento neoclássico. Para esses
últimos, era preciso primeiro poupar para depois investir. Para Keynes ocorre o contrário. É
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verdade que isto parece agredir nosso senso comum, porque nós (pessoas individuais)
geralmente pensamos em termos do homem comum.> primeiro ele guarda dinheiro para
depois aplicá-lo. Os empresários agem com os olhos postos nos lucros futuros. Se eles
supõem que determinados projetos dão lucro, levantarão fundos para aplicar nesses
projetos. E para esse levantamento de fundos basta que tenham crédito junto ao sistema
bancário. Não é preciso que tenham dinheiro guardado. Com o crédito, eles antecipam a
criação de renda futura, o aumento da renda provoca o aumento da poupança. Suponha que
uma comunidade tenha um renda de 500 mil unidades monetárias e que esta renda se
reparta da seguinte maneira:
400 mil (80%) com gasto de consumo
100 mil (20%) com poupança.
Se a renda desta comunidade aumentar para 600 mil unidades monetárias e a
proporção entre consumo e não consumo se mantiver a mesma (80% e 20 %,
respectivamente), os gastos em consumo passarão para 480 mil, (400 para 480) e a
poupança para 120 mil, (100 para 120) foi provocada pelo aumento da renda.
As consequências desse resultado é que se as pessoas forem induzidas a não gastar
(mediante propaganda em TV, ) o consumo diminuirá, e acarretará também a diminuição da
renda. A diminuição da renda levará a uma diminuição da poupança. Este fato é conhecido
na literatura econômica como paradoxo da parcimônia. A outra consequência é que para
aumentar a poupança a política econômica deverá procurar um aumento da renda e não uma
diminuição do consumo.
II - POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA
As políticas macroeconômicas tem pôr objetivo atingir algumas metas dentre eles
destacam-se: crescimento do PIB, taxa de inflação baixa e estável, pleno emprego, melhor
distribuição de renda, taxas de juros baixas, investimento em expansão, equilíbrio no
balanço de pagamentos, etc. Vamos supor que o governo deseje diminuir o ritmo de
crescimento da economia.. Para isso terá que aumentar as taxas de juros. Mas suponhamos
que ele deseje ao mesmo tempo aumentar o nível dos investimentos. Para tanto, precisará
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reduzir as taxas de juros. O governo precisa de pelo menos um instrumento para cada um de
seus objetivos. Os objetivos têm de ser compatíveis.
No nível macroeconômico o governo tem apenas dois instrumentos a) política fiscal e b)
política monetária. Alguns economistas adicionam um terceiro instrumento: política de
renda. Cada uma dessas políticas cobre diferentes aspectos.
a). A política fiscal inclui os gastos do governo, os impostos e a diferença entre gastos e
receitas;
b). A política monetária inclui a oferta de moeda e as taxas de juros;
c) Política de renda inclui o controle de preços e salários. Para que uma política econômica
dê certa a combinação da política fiscal, monetária e de renda tem que ser consistente. Se as
políticas forem inconsistentes, elas estarão fadadas ao fracasso.
1. POLÍTICA FISCAL
A ação do governo através da política fiscal abrange três funções básicas. A função
alocativa diz respeito ao fornecimento de bens públicos. A função distributiva, por sua vez,
está associada a ajustes na distribuição de renda que permitem que a distribuição
prevalecente seja aquela considerada justa pela sociedade. A função estabilizadora tem
como objetivo o uso da política econômica visando a um alto nível de emprego, à
estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada de crescimento econômico.
1.1 A função alocativa
Os bens públicos não podem ser fornecidos de forma compatível com as
necessidades da sociedade através do sistema de mercado. O fato de os benefícios gerados
pelos bens públicos estarem disponíveis para todos os consumidores faz com que não haja
pagamentos voluntários aos fornecedores desses bens. Sendo assim, perde-se o vínculo
entre produtores e consumidores, o que leva à necessidade de intervenção do governo para
garantir o fornecimento dos bens públicos.
Assim o governo deve a) determinar o tipo e a quantidade de bens públicos a serem
ofertados e b) calcular o nível de contribuição de cada consumidor. Neste último cabe ao
governo financiar a produção dos bens públicos através da obtenção compulsória de
recursos, cobrando impostos.
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Destaca-se da importância da provisão por parte do setor público dos chamados
semipúblicos ou meritórios. Que constituem um caso intermediário entre os bens privados e
os bens públicos. Apesar de poderem ser submetidos ao princípio da exclusão e, desta
forma, serem explorados pelo setor privado, o fato de gerarem altos benefícios sociais e
externalidades positivas justifica a produção total ou parcial dos bens meritórios pelo setor
público. Os principais exemplos são os serviços de educação e saúde. E neste caso também
os recursos são obtidos compulsoriamente através da tributação.
Em muitos países foram importantes a ação do Estado empresário na promoção do
crescimento econômico. Neste caso, a intervenção direta do setor público na produção de
bens e serviços privados justificou-se, em um determinado momento histórico, pela
insuficiência do setor privado em mobilizar recursos para o desenvolvimento de projetos de
grande porte, principalmente no setores de infra estrutura. Além da necessidade de um
montante considerável de recursos para o seu financiamento, os investimentos nestes
setores também tinham um longo prazo de maturação, o que levava a uma demora na
geração dos lucros e desestimulava desta forma, o investimento privado.
1.2 A função distributiva
A distribuição de renda resultante, em determinado momento, das dotações dos
fatores de produção – capital, trabalho e terra – e da venda dos serviços desses fatores no
mercado pode não ser a desejada pela sociedade. Cabem,. Portanto alguns ajustes
distributivos feitos pelo governo, no sentido de promover uma distribuição considerada
justa pela sociedade. Para isso, o governo se utiliza de alguns instrumentos principais: a ) as
transferências b) os impostos, e c) subsídios. De fato, esses três instrumentos estão
estritamente relacionados, havendo várias formas de promover uma redistribuição de renda.
1.3 A função estabilizadora
A importância da função estabilizadora do Estado passou a defendida
principalmente. A partir da publicação do livro Teoria Geral do Juro, do emprego e da
Moeda em 1936, de autoria de John Maynard Keynes. Até então, acreditava-se que o
mercado tinha uma capacidade de se autoajustar ao nível de pleno emprego da economia. A
flexibilidade de preços e salários garantia este equilíbrio: a existência de desemprego só
seria explicada, por exemplo por um nível de salários reais acima daquele que equilibraria a
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demanda e a oferta de trabalho, o que poderia ocorrer em razão da ação dos sindicatos.
Keynes, ao contrário, apontava que o limite ao emprego era dado pelo nível da demanda: as
firmas só estariam dispostas a empregar determinada quantidade de trabalho conforme as
expectativas de venda de seus produtos. Desta forma, tudo que pudesse ser feito patra
aumentar a quantidade de gastos na economia contribuiria para uma redução da taxa de
desemprego da economia. Neste sentido, Keynes deu ênfase ao papel do Estado mediante as
políticas monetárias e principalmente, fiscais para promover um alto nível de emprego na
economia.
1.4 A política fiscal pode ser expansiva ou restritiva.
Os impostos são comumente divididos em diretos e indiretos.
a) os diretos são os impostos sobre a renda e propriedade e são chamados progressivos e
tem como princípio da capacidade de pagamento, ou seja, cada um deve ser tributado de
acordo com suas possibilidades.
b) os indiretos são os impostos sobre a produção, venda e consumo de mercadorias e são
chamados de regressivos, pois todos os indivíduos pagam a mesma alíquota do imposto.
A política fiscal pode ser expansiva ou restritiva.
Quando a política Fiscal for EXPANSIVA teremos:
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IMPOSTOS
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CONSUMO PRIVADO
'
PRODUÇÃO E
GASTOS PÚBLICOS
DEMANDA AGREGADA
Quando a política fiscal for RESTRITIVA teremos:
IMPOSTOS
CONSUMO PRIVADO
'
PRODUÇÃO E
GASTOS PÚBLICOS
DEMANDA AGREGADA
Política fiscal expansionistas tenderão a criar déficit no orçamento, enquanto as política
restritivas atuarão no sentido contrário.
2. DÉFICITS GOVERNAMENTAIS
A diferença entre as receitas e os gastos do governo se chama déficit fiscal. A redução dos
impostos e o aumento dos despesas levam ao crescimento dos déficits.
3. FINANCIAMENTO DO DÉFICIT
O governo financia seus déficits através de empréstimo. Ele pode TOMAR empréstimos
dos:
1) bancos internacionais, 2) do setor privado; 3) do Banco Central.
Ao tomar emprestado do setor privado, o governo emite títulos. Quando financia o déficit
tomando emprestado do setor privado, o governo cria dívida interna. O setor privado paga
ao Banco Central pelos novos títulos, e os cheques do setor privado são depositados na
conta do governo, que pode usar esses recursos para suas despesas. Neste caso o que recebe
ele gasta deixando o estoque de moeda inalterado mas aumenta a dívida interna junto ao
setor privado.
Aos empréstimos tomados junto ao Banco Central corresponde uma emissão monetária, ou,
no jargão dos economistas, uma expansão da base monetária.
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4. CONSEQÜÊNCIAS DA DÍVIDA DO GOVERNO.
A dívida do governo cresce sempre que são tomados empréstimos sejam externos ou
internos e neste caso aumenta a dívida interna.
O crescimento da dívida interna ocorre da seguinte maneira:
É que os pagamentos de juros podem se tornar muito grandes. Ao contrair uma dívida, o
governo se compromete a pagar juros futuros. Se ele não pode aumentar os impostos para
pagar os juros, terá que emitir mais títulos, sobre os quais terá que pagar juros outra vez.
Assim, os déficits futuros aumentam com o crescimento da dívida, e o governo terá que
tomar cada vez mais emprestado, gerando um círculo vicioso.
DÉFICIT
EMISSÃO DE TÍTULOS
PAGAMENTO DE JUROS
A preocupação com o crescimento da dívida é a seguinte:
as pessoas podem aplicar sua riqueza em ativos financeiros, que são papéis que lhes pagam
rendimentos, como os títulos do governo e as letras de câmbio, ou em ativos reais, como
terrenos e máquinas. Podem também comprar ações, que lhes dão participação nas
empresas e pagam bonificações e dividendos. Quem decide comprar títulos do governo, o
faz em detrimento da compra de ações e bens de capital. Pôr causa disso, é possível que o
crescimento da dívida do governo se faça em detrimento do crescimento de outros ativos.
Quando o governo financia os déficits fiscais tomando empréstimo ao setor privado, é
chamado de "crowding out", ou seja , o governo está deslocando os gastos privados. Este
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efeito deslocamento ocorre segundo a hipótese de que o gasto público, ou déficit
orçamentário ou dívida do Estado reduzem a quantidade de investimento das empresas.
FINACIAMENTO
DO
DÉFICIT FINANCIAMENTO
ATRAVÉS DE EMISSÃO MONETÁRIA
DO
DÉFICIT
ATRAVÉS DE CRIAÇÃO DE DÍVIDA
INTERNA
Mais inflação
Aumenta os déficits futuros, por causa dos
Não afeta os déficits futuros
pagamentos de juros
Diminui as taxas de juros no curto prazo
Eleva as taxas de juros
POLÍTICA MONETÁRIA
As autoridades monetárias, incluem o Banco do Brasil (BB) e Banco Central (BACEN),
procuram determinar a liquidez do sistema financeiro. O BACEN , foi criado em 1964
(antes era a SUMOC-Superintendência da Moeda e do Crédito) como gestor da política
monetária. Ele é o órgão emissor de moeda. e controla as reservas compulsórias dos bancos
comerciais e regula as atividades bancárias e a entrada de capitais estrangeiros. Entre os
instrumentos clássicos da política monetária estão a) controle da base monetária, b)as taxas
de redesconto e c)os depósitos compulsório
1. A BASE MONETÁRIA
A base monetária é a quantidade de reais em poder do público e as reservas dos bancos
comerciais, ou seja, a base é o estoque de dinheiro que existe num dado momento
A base monetária aumenta nas circunstâncias a seguir enumeradas:
1.1.) Quando o balanço de pagamentos é superavitário. O superavit do Balanço de
pagamentos corresponde a um aumento de reservas internacionais que são depositadas no
BACEN. O BACEN troca os dólares por moeda corrente, expandindo a base monetária.
1.2.) Operação de mercado aberto. O BACEN compra títulos no mercado aberto, ele
aumenta a quantidade de moeda em circulação, ou seja, aumenta a liquidez do sistema,
deixando os bancos com mais recursos para fazer empréstimos, induzindo a uma queda das
taxas de juros.
1.3.) Déficit do governo financiado por empréstimo do Banco Central.
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A base monetária diminui nas circunstâncias a seguir enumeradas:
1.1.) Quando o balanço de pagamentos é deficitário. O déficit tem que ser coberto pelas
reservas internacionais;
1.2.) Quando o orçamento do governo for superavitário. Neste caso os impostos excedem os
gastos governamentais;
1.3.) Operação de mercado aberto. O BACEN vende títulos públicos , retirando moeda de
circulação.
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FATORES DE EXPANSÃO E CONTRAÇÃO DA BASE MONETÁRIA
SUPERÁVIT NO BALANÇO DE PAGAMENTOS
AUMENTO
DAS
RESERVAS
INTERNACIONAIS
DÉFICIT DO GOVERNO FINANCIADO POR
EMPRÉSTIMOS DO BACEN
AUMENTO
DA BASE
OPERAÇÃO DE MERCADO ABERTO:
O BACEN COMPRA TÍTULOS PÚBLICOS
EMISSÃO
DE
MOEDA
DÉFICIT
NO
BALANÇO
DE
PAGAMENTOS:
QUEDA
DAS
RESERVAS
INTERNACIONAIS
SUPERÁVITI
ORÇAMENTÁRIO
DO
GOVERNO
OS IMPOSTOS EXCEDEM OS GATOS
GOVERNAMENTAIS
RETIRADA
DE
MOEDA
DE
CIRCULAÇÃO
REDUÇÃO
DA BASE
OPERAÇÃO DE MERCADO ABERTO:
O BACEN VENDE TÍTULOS PÚBLICOS
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2. RESERVAS COMPULSÓRIAS
As reservas compulsórias dos bancos comerciais são depósitos que os bancos devem fazer
no BACEN e que correspondem a uma parcela dos depósitos que recebem. Quanto maior a
parcela dos depósitos que deve ser deixada no BACEN, isto é, quanto maior o compulsório,
tanto menor a quantidade de recursos que os bancos têm para empréstimos, e tanto menor a
liquidez do sistema.
3. TAXAS DE REDESCONTO.
São aquelas cobradas pelo BACEN aos bancos comerciais para lhes fazer empréstimo em
caso de emergência . Se as taxas de redesconto são altas, os bancos vão tomar cuidado em
não correr o risco de ficar sem reservas em caixa e farão, portanto, menos empréstimos.
4. TAXA DE JUROS E POLÍTICA MONETÁRIA
À medida que as taxas de retorno dos títulos do governo aumentam, os bancos são
obrigados a pagar maiores taxas sobre os depósitos a prazo para conseguir os recursos
de que precisam para fazer empréstimos.
Esse mecanismo sugere uma outra maneira de descrever o processo pelo qual a política
monetária afeta as taxas de juros. Se o BACEN vende títulos do governo, diminuindo a
liquidez do sistema, só conseguirá colocar seus títulos aumentando a taxa de retorno. O
aumento das taxas de retorno dos títulos do governo faz com que eles sejam preferidos
em lugar de outros ativos. Para captar recursos, isto é, obter depósitos a prazo, os
bancos terão que aumentar as taxas de juros que estão dispostos a pagar.
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ILUSTRAÇÃO
REDUÇÃO
DA
LIQUIDEZ
REDUÇÃO
DA
BASE
OPERAÇÃO DE MERCADO
ABERTO: O BACEN VENDE
TÍTULOS VENDA
AS TAXAS DE JUROS
DOS
EMPRÉSTIMOS
AUMENTEM
BANCOS AUMENTAM
TAXAS DE CAPTAÇÃO
GOVERNO
TAXAS
PAGA
MAIS
ALTAS
III. FUNÇÕES DA MOEDA
As funções mais significativas da moeda são três:
a) Meio de troca; b) Reserva de valor; c) Unidade de conta
A primeira função da moeda é servir de meio de instrumento de troca. A segunda é garantir
que ao utilizar a moeda no futuro ela terá o mesmo valor, por isso que as autoridade
monetárias se preocupam muito com a inflação. A terceira refere-se a necessidade de
pessoas ou empresas e o governo registrarem suas operações e transações econômicas em
uma medida que seja comum a todos os bens e serviços.
1. DEMANDA E OFERTA DE MOEDA
Para Keynes o dinheiro é um ativo de liquidez plena. Possuí-lo significa possibilidade
imediata de trocá-lo por qualquer outro ativo. A preferência pela liquidez é provocada,
segundo Keynes, por três motivos:
a) Motivo transação: quanto maior o número de transações comerciais e mais
intensa a atividade econômica, maior a necessidade de reter moeda. A
necessidade de liquidez aumenta, com o aumento da atividade econômica.
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b) Motivo precaução : quanto maior a insegurança das pessoas ou da comunicada,
maior a necessidade de reter dinheiro. Essa necessidade pode aumentar ou
diminuir, dependendo de certos hábitos existentes na comunidade. Por exemplo,
se o pagamento dos salários for efetuado semanalmente, a necessidade de o
assalariado
reter
dinheiro
diminui.
Se
este
pagamento
fosse
feito
trimestralmente, a necessidade de retenção de dinheiro líquido seria muito
maior.
c) Motivo especulação: quanto cresce a expectativa de aumento de lucro com a
especulação financeira, reserva-se parte do dinheiro líquido para esses lances
especulativos. O dinheiro é retido em forma líquida graças à expectativa de que ,
no futuro, ao subir a taxa de juros, ele renderá mais.
Podemos fazer a articulação entre taxa de juros, e eficiência marginal do capital e
investimento.
A eficiência marginal do capital, é aquela taxa que iguala o valor presente dos rendimentos
líquidos futuros ao valor do investimento, denominada Taxa Interna de Retorno (TIR). Se a
eficiência marginal do capital for maior que a taxa de juros o investimento é justificável do
ponto de vista econômico. Caso contrário é injustificável.
Se o volume de investimento for insuficiente para levar a economia ao pleno emprego, as
autoridades monetárias poderão baixar a taxa de juros recorrendo ao aumento da oferta
monetária.
2. CRIAÇÃO DO DINHEIRO BANCÁRIO
Dado que os depósitos bancários são conversíveis em dinheiro líquido, os bancos têm de
assegurar-se de que, em todas as circunstâncias, eles poderão enfrentar a demanda de
liquidez de seus depositantes. A prática bancária tem mostrado que o uso generalizado de
cheques significa que, a cada dia, só uma pequena porcentagem dos depósitos bancários
converte-se em moeda corrente (liquidez), e essas retiradas provavelmente compensam-se
pelas entradas líquidas que outras pessoas realizam. Fica claro que se todos os clientes do
banco quiserem retirar seus depósitos, o banco não poderia atender à demanda.
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
20
Suponhamos que o dinheiro líquido no sistema bancário aumentou em 100 mil reais. O
efeito imediato da entrada de liquidez no banco é o aumento na entrada de depósito em 100
mil reais. Porém, o banco não manterá esse 100 mil adicionais de dinheiro líquido, em seu
caixa forte, mas os empregará para conceder crédito e empréstimos a seus clientes, o que
gerará mais depósitos bancários. O Banco poderá reter 10% desse valor como reservas
líquidas, denominada coeficiente de reservas, e emprestará 90 mil reais. O mesmo fará o
outro banco quando houver um depósito, que poderá ser de 90 mil. Então o Banco reterá 10
%, ou seja 9 mil e emprestará 81 mil e assim sucessivamente.
IV - INFLAÇÃO
INTRODUÇÃO
A inflação pode ser definida em dois sentidos:
a) a perda do valor real da moeda ;
b) elevação do nível dos preços.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica a inflação em dois tipos:
a) demanda; b) custos. Tem pôr objetivo diagnosticar a causa básica do aumento contínuo
de preços e aplicar medidas corretiva adequadas. Além dos fatores de natureza econômica,
existem outros de origem psicológica, que exercem uma poderosa influência sobre o nível
dos preços, gerando expectativas inflacionárias, que fogem às técnicas normais de
contenção dos preços.
1. CAUSAS DA INFLAÇÃO DE DEMANDA.
a) o déficit orçamentário da União, coberto com a emissão de papel-moeda;
b) o aumento da oferta de crédito e da moeda em taxas superiores ao da oferta de bens e
serviços;
c) a desvalorização da moeda em termos reais;
d) o acúmulo de reservas internacionais.
2. CAUSAS DA INFLAÇÃO DE CUSTO
Quando o preço de bens e serviços sobem independente da procura.
a) aumento dos fatores de produção (terra, capital, trabalho)
b) escassez da oferta;
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
21
c) pressão dos setores oligopolizados, no sentido de elevar o preço dos bens e serviços
produzidos
3. CONSEQÜÊNCIAS DA INFLAÇÃO
a) reajuste dos preços de bens e serviços, penalizando principalmente os assalariados que
têm seus reajustes menos freqüentes e os que vivem de renda fixa;
b) ganhos ilusórios;
c) desestímulo à aplicação em títulos de renda prefixada e incitamento à agiotagem;
d) desinteresse pelo mercado acionário e investimentos produtivos em geral, dada a
imprevisibilidade de realização de lucros futuros;
e) perda real da receita tributária pela desvalorização da moeda entre a data do fato gerado e
o efeito recolhimento do tributo;
f) retração do mercado exportador, até que a taxa de câmbio se ajuste ao valor real da
moeda nacional.
g) poupança forçada. (Trata-se de transferência de renda de um para outro setor social)
4. FATORES EXPLICATIVOS
Definir uma inflação como sendo exclusivamente de demanda ou de custos é muito difícil,
pois, geralmente, os fatores determinantes interagem. A inflação resultante de pressão
monetária é um fenômeno inerente ao regime capitalista. A rápida expansão da moeda e do
crédito nos países em desenvolvimento é , tolerável à medida que estimula o crescimento da
economia e se expande sob controle, em taxas constantes e compatíveis com o aumento do
produto nacional bruto. A inflação que apresenta índices variáveis, em escala relativamente
grande, agrava, o equilíbrio do planejamento e compromete a expansão das atividades
econômicas.
A) DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO
É tradicionalmente, o fator principal da expansão da moeda. Os recursos fiscais, quando
não atendem às despesas, são complementados pôr emissões de papel moeda.;
B) DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA
Ao desvalorizar a moeda para favorecer a exportação - corrigindo a sobrevalorização da
moeda nacional - encarece as importações de bens e serviços importados, gerando inflação
de custos;
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
22
C) ACÚMULO DE RESERVAS INTERNACIONAIS
Embora essencial para manter a credibilidade do país no mercado financeiro internacional,
exerce pressão inflacionária pelo aumenta da base monetária, uma vez que, para cada
unidade monetária internacional que entra, há uma emissão equivalente em moeda nacional.
Se considerarmos a desvalorização da taxa de câmbio, observa-se que as emissões se
intensificarão ainda mais. Os efeitos da expansão potencial das operações de câmbio são,
em grande parte, esterilizados pelas operações de mercado aberto.(open market).
D) INVESTIMENTOS DE LONGA MATURAÇÃO
Geralmente realizados pelos governo, no sentido de implantar novas fontes de economia e
consolidar as existentes, exercem pressão inflacionária, pelo uso de rendimentos creditados,
até que os objetivos visados se tornem produtivos.
E) RETRAÇÃO DO CRÉDITO
E subsequente aumento das taxas de juros no mercado financeiro tornam o preço do
dinheiro alto, onerando, em decorrência, os custos financeiros da produção, gerando
inflação de custos.. Nos países em desenvolvimento, em que o mercado interno necessita de
maior oferta da moeda para estimular as atividades econômicas, essa política creditícia
provoca um poupança forçada, que favorece principalmente os bancos comerciais e de
investimento.
F) EMISSÃO DE PAPEL MOEDA E TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA
f1) se houver emissão de moeda, como solução para cobrir o déficit orçamentário, aumenta
a pressão altista sobre a inflação de demanda;
f2) se o Governo estimular, com maior rendimento, a colocação de títulos públicos no
mercado financeiro, as taxas reais de juros, tendem a aumentar, arrastando consigo os
custos financeiros da produção e dos serviços e, dependendo do grau de crescimento da
taxa, causando recessão (queda do consumo interno, devido ao aumento do preço, acúmulo
de estoques nas fábricas, ociosidade de máquinas e instalações, aumento da taxa de
desemprego, insolvência de empresas, etc.)
G) SALÁRIOS
O aumento real poderá causar inflação de custos, se os reajustes forem feitos acima dos
limites da taxa de inflação, acrescida da taxa de variação da produtividade. Poderá, ocorrer
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
23
uma pressão inflacionária pôr ocasião do 13 salário e em menor escala, pôr ocasião da
distribuição do PIS/PASEP.
H) ALIMENTOS
A falta de alimentos para atender à demanda crescente interna- à medida que aumenta a
população e se eleva o seu padrão de vida - tem sido uma dos itens que mais pressionam a
taxa de inflação.
I) MONOPÓLIOS
Os setores oligopolizados, exercem forte pressão inflacionária (inflação de custos), que se
irradia em grande parte pôr outros setores da economia. Essas distorções de mercado são
ainda mais severas quando envolvem setores cujos produtos ou serviços são de demanda
inelástica , ou seja, aqueles cuja procura , praticamente não se altera, se o preço se
modifica.
5. POLÍTICA DE COMBATE À INFLAÇÃO
As principais políticas de combate à inflação são: monetária, fiscal, salarial e de preços
administrados, variando em grau, de acordo com a conjuntura e a política global do
Governo.
A) A política monetária visa a conter os meios de pagamento, de modo que a demanda do
crédito e da moeda em poder do público não ultrapasse a oferta de bens e serviços. O Banco
Central do Brasil, como órgão executor da política monetária, regula a quantidade de
recursos de que os bancos comerciais dispõem para empréstimos, através dos seguintes
meios:
a1) recolhimento compulsório sobre as operações à vista e redesconto bancário, elevando
ou baixando a taxa de recolhimento compulsório e a taxa de juros de redesconto, de acordo
com o interesse em desistimular ou não os empréstimos bancários.
a2) operações de mercado aberto - mais conhecida pôr open-market- é o principal
instrumento de política monetária para o Banco Central controlar a oferta de moeda
nacional em circulação e a taxa de juros interna. As operações são lastreadas com títulos do
Governo.
B) A política fiscal é outro instrumento de que o Governo dispõe para conter a inflação.
Através do reajuste de tributos, o produto pode ser encarecido a ponto de desestimular o seu
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
24
consumo; em conseqüência, os preços tendem a baixar pôr diminuição da procura. Os
efeitos causados pelas medidas fiscais são bem mais imediatos do que as medidas
monetárias. O período inicial dos aumentos tributários é altamente inflacionário, até o
ajustamento do consumo às novas condições de mercado. Após a queda dos preços, no
entanto, há uma tendência à retração das atividades dos setores mais atingidos pelo aumento
da carga fiscal.
C) A política salarial é outro instrumentos que, muitas vezes, o Governo utiliza no combate
à inflação, atuando tanto nos custos como na demanda. O controle salarial, geralmente,
causas efeitos indesejáveis à medida em que:
--debilita o poder aquisitivo do assalariado;
--retrai o mercado interno;
--agrava o concentração de renda;
--gera tensões sociais.
6. IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO
Na política de combate `a inflação, um diagnóstico errado pode determinar uma terapêutica
que irá dramatizar ainda mais o índices. Combater a inflação de demanda com instrumentos
de controle de preços pode “aquecer” ainda mais a inflação. Por outro lado, procurar conter
a inflação de custos com instrumentos de política monetária pode causar profundos efeitos
recessivos sobre a economia. Como a própria inflação é desencadeada geralmente pôr uma
série de fatores, que se somam e se realimentam, requer medidas amplas, embora, em
determinadas circunstâncias, algumas possam ganhar maior prioridade que outras.
V - TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS
1.1.Estudo da economia internacional, duas questões:
a) Porque os países comercializam entre si apesar das diferenças de moedas .
b) Porque determinado o país escolhe exportar um determinado produto e importar outros.
(Porque o Brasil exporta produtos agrícolas e manufaturados e importa máquinas e
equipamentos pesados ?)
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
25
David Ricardo no inicio do século XIX respondeu a essas questões., denominando a lei das
Vantagens Comparativas, ou Custos Comparativos. Um país que tem menos custo em um
determinado produto do que outro deverá se especializar naquele que tem menor custo, pois
o país terá mais vantagem comparativa e haverá mais bem estar social.
Raul Prebisch (CEPAL – Comissão Econômica para América Latina) contestou em 1951
afirmando que as vantagens comparativas na produção de produtos agrícolas tende a
diminuir. Isto pode ser verificado pela relação de troca que mede a relação entre o índice
dos preços de exportação e o índice dos preços de importação. Se os preços das exportações
sobem mais rapidamente que os da importações, afirma-se que há um aumento ou melhoria
nas relações de troca se o inverso haverá uma deterioração nas relações de troca. Isto pode
ser medido atribuindo um índice 100 para relação entre exportação e importação de
determina ano base)
É claro que determinados momentos pode ser usado a teoria das vantagens comparativas,
mas no longo prazo cria dependência principalmente países agrícolas em relação aos
industriais.
1.2 - Balanço de pagamentos
Definição: É o registro contábil das transações entre os residentes e não residentes de um
país num determinado período de tempo
Conceitos: Residentes são pessoas com residência fixa no país, inclusive estrangeiros,
filiais de empresas estrangeiras no país.
Divisa: trata-se de qualquer moeda estrangeira
Partidas Dobradas: Em cada lançamento a débito corresponde a um lançamento a crédito
e vice-versa.
Compra de divisas – pagamento de importação/ royalties, patentes, juros etc. – saída de
divisas – DÉBITO
Vendas de divisas – exportação – entrada de divisas - CRÉDITO
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26
É dividido em quatro contas:
1- Balança Comercial (BC) (Conta do Comércio), registra o valor das exportações e os das
importações.
Importações – DÉBITO
Exportações - CRËDITO
2. Balança de Serviços (BS) ( Conta de Serviços) registra despesas e receitas de fretes,
seguros, viagens internacionais, royalties, assistência técnica , os lucros e dividendos, juros.
Efetua pagamentos – compra de divisas – DÉBITO
Recebe pagamento – venda de divisas – CRÉDITO
3. Transferências Unilaterais (TU), registram despesas de manutenção de embaixada e
consulados. Não há contrapartida. São remessas ou recebimentos de divisas
unilateralmente. Brasileiros trabalhando no exterior e estrangeiros trabalhando no Brasil
As contas Balanço Comercial (BC) Balanço de Serviços (BS) e as transações unilaterais
forma o BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (TC)
4. Movimento de Capitais Autônomos ou Conta Capital (KA) , registra operações de
empréstimos e financiamento, investimentos diretos, amortizações, capitais de curto prazo
etc.
( Há uma Conta de Capital Compensatórios que nada mais é do que a contrapartida de
outra transação, como se fosse uma conta caixa.)
Exemplo:
Imaginemos que o Brasil realize as seguintes transações, num determinado ano:
a) exportação de mercadorias no valor de US$ 20 bilhões;
b) importação de mercadorias no valor de US$ 25 bilhões;
c) recebimento de fretes de US$ 3 bilhões pelo transporte, em navios brasileiros, de parte
dessas mercadorias;
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
27
d) pagamento de fretes de US$ 4 bilhões pelo transporte, em navios estrangeiros, do
restante de transacionadas;
e) amortização de US$ 2 bilhões da dívida externa;
f) pagamento de US$ 1 bilhão de juros de dívidas antigas;
g) recebimento de donativos em mercadorias no valor de US$ 1 bilhão.
Alguns lançamentos merecem comentários:
(e) Amortização; (f) juros . A soma dessas duas transações é chamado de Serviço da dívida
externa. São contabilizadas à parte por se tratar do pagamento do principal e dos juros
referente dívida restante.
Como o Balanço em Transações Correntes foi defictário o país precisará deste mesmo valor
para equilibrar o Balanço de Pagamentos.
No nosso exemplo país precisa de 9 bilhões para fechar o seu Balanço de pagamentos.
Poderíamos Ter as seguintes transações :
h. investimentos diretos de US$ 3 bilhões;
i. empréstimos e financiamentos de US$ 4 bilhões;
j. capitais de curto prazo de US$ 2 bilhões.
Todos esses lançamentos serão lançados na conta de Movimentos de Capitais Autônomos
(KA)
1.3. A dinâmica do Balanço Comercial
A evolução da balança comercial entre 1993 a 1997 (Brasil)
QUADRO 1
1993
1994
1995
1996
1997
Exportação
38,5
43,5
46,5
47,7
52,9
Importações
25,2
33,0
49,6
53,2
61,2
Saldo
+13,3
+10,5
-3,1
-5,5
-8,3
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
28
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
Até o lançamento do Plano Real os saldos eram positivos ou superávits na conta de
comércio (Balanço comercial), depois tornaram-se deficitários. Porque? Uma explicação
está taxa de câmbio.
1. O funcionamento da Taxa de Câmbio
Suponhamos com a taxa de câmbio pela qual R$0,85 compram US$ 1 ocorrem os seguintes
efeitos positivos:
a. Os produtos importados ficam mais baratos. Suponhamos que antes a taxa de câmbio
fosse R$0,95 para US$ 1, então, um carro de US$ 30 mil saía pôr (30.000 X 0,95)
R$28.500,00. Agora está saindo por R$ 25.500,00 (30.000 X 0,85)
b. Isso ajuda no combate inflação. Fica mais barata a importação de matérias primas
essenciais, como o petróleo, que tem impacto em toda a economia.
c. Facilita a vida de quem deve em dólar, como é o caso das estatais. Precisam de menos
reais para saldar seus compromissos em moeda norte-americana.
Mas essa mesma taxa de câmbio tem efeitos negativos:
a. Se o dólar fica barato por muito tem prejudica setores da indústria brasileira, cujos
produtos tornam-se mais caros que os importados. A indústria local perde mercado, o
trabalhador perde emprego.
b. O dólar barato também atrapalha as exportações, pois encarece o produto nacional. Para
obter mais reais por dólar exportado o exportador tem que vender mais caro em dólar.
c. Desistimula a entrada de investimentos externo de médio e longo prazo. Uma
multinacional que traga US$ 100 milhões para sua subsidiária brasileira vai ficar com
apenas R$ 85 milhões depois da troca de moeda no Banco Central.
Enfim a taxa de câmbio R$/US$ indica quantos reais são necessários para comprar um
dólar. Parte-se do princípio de que os ingredientes de uma determinada mercadoria,
sanduiche por exemplo, em qualquer país são os mesmos, se ele custar no Brasil R$1,00 e
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
29
nos Estados Unidos US$ 1,00, haveria o equilíbrio da taxa de câmbio e isto é denominado
de “paridade do poder de compra”.
No início do Plano Real a taxa de câmbio era R$0,90 = US$1,00, aliado a redução da
inflação tivemos a seguinte evolução do fluxo de capital (lançado no movimento de
capitais autônomos).
QUADRO 2
Entradas
Líquidas
1993
1994
1995
1996
1997
10,1
14,2
29,8
32,3
26,7
de
Capital
Estrangeiro
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
Os dólares tem que ser convertidos em reais para serem investidos, e neste momento houve
uma superoferta de moeda americana no país.
O resultado é déficits na balança comercial. As importações começaram a superar as
exportações. Os preços de produtos importados estão mais baratos em relação ao nacional.
Voltemos ao Quadro 1
A evolução da balança comercial entre 1993 a 1997 (Brasil)
QUADRO 1
1993
1994
1995
1996
1997
Exportação
38,5
43,5
46,5
47,7
52,9
Importações
25,2
33,0
49,6
53,2
61,2
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
Saldo
+13,3
+10,5
30
-3,1
-5,5
-8,3
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
As importações passaram de 25,2 bilhões para 61,2 bilhões e superaram as exportações.
Daí o Déficit na conta de comércio (Balanço Comercial).
1.4. A dinâmica do balanço de serviços
Da mesma maneira que os produtos importados estão baratos, “os serviços” vendidos
também tornam-se mais acessíveis. Torna-se mais barato ir para fora do país do que ir para
o interior. O que acarretou um déficit da conta de Serviços (Balanços de Serviços).
QUADRO 3
Viagens
1994
1995
1996
1997
-1,2
-2,4
-3,6
-4,4
Internacionais
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
Mas nesta conta também se lança as despesas com o pagamento de juros da dívida externa e
as remessas de lucros e dividendos do capital estrangeiros aqui investido, e isto
correspondem aos “serviços” prestados por esses capitais, conforme quadro abaixo :
QUADRO 4
1994
Pagamento
1995
1996
1997
de 6,3
8,2
9,8
10,3
de 2,5
2,6
2,4
5,6
10,8
12,2
15,9
Juros
Remessa
Lucros
Total
8,8
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
31
1.5. A dinâmica da conta transferência unilateral
Esta conta não tem contrapartida são despesas que um país realiza para a manutenção de
embaixadas e consulados e também de brasileiros trabalhando no exterior, ou em qualquer
país do mundo, que enviam recursos para suas famílias que vivem no Brasil.
QUADRO 5
Transferência
1994
1995
1996
1997
2,6
3,9
2,9
2,2
Unilaterais
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
1.6. A dinâmica do Balanço de Transações Correntes - síntese das três contas
Das três contas anteriores: Balança Comercial; Balança de Serviços e Transferência
Unilateral temos o Balanço de Transações Correntes:
QUADRO 6
1994
199`5
1996
1997
+10,5
- 3,1
-5,5
-8,4
de -14,7
-17,8
-21,7
-27,7
+2,6
+3,9
+2,9
+2,2
-1,6
-17,9
-24,3
-33,4
Balança
Comercial
Balança
Serviços
Transfer6encia
Unilateral
Transações
Correntes
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
Tais déficits necessitam ser cobertos. Como a cobertura desses déficits de recursos, podem
vir sob forma de empréstimos ou financiamentos, ocorre um crescimento adicional da
dívida externa e um maior pagamento de juros. Se um país com déficits elevados em
transações correntes precisa cada vez mais se endividar e os juros daí decorrentes passam a
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
32
ser principal causador do déficit. Se os investidores estrangeiros ficarem meio vacilantes e
reduzirem suas aplicações, as contas podem não fechar e a estabilidade ficar comprometida.
1.7. A dinâmica do movimento de Capitais autônomos.
Um país que já tem dívida deverá pagar o principal denominado de amortização maios os
juros referente. Aquele é lançado na conta movimento de capitais e este último na conta de
serviços.Se por exemplo um país deve US$100 milhões pagável em 10 parcelas de US$10
milhões mais juros de 10% . No primeiro ano amortiza US$ 10 milhões (conta movimento
de capitais ) e pagará US$ 1 milhão de juros ( conta serviços), no segundo amortiza mais
US$10 milhões e juros sobre US$ 90 milhões, ou seja US$ 9 milhões de juros (conta de
serviços), assim sucessivamente.
Parta sabermos o quanto um país deverá tomar emprestado para fechar seu Balanço soma-se
o déficit em transações Correntes e mais amortização. Em 1982 a conta Brasil estava assim:
QUADRO 7
1982
Balança Comercial (a)
+ 07
Balança de Serviços (b)
- 17,1
Transações Unilaterais (c )
-------
Transações Correntes (d)
-16,4
(a + b + c = d )
Amortizações (e)
-6,9
Total (d + e )
-23,3
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
Tais números indicam que havia necessidade de US$ 23,3 bilhões para fechar nossas contas
do Balanço de Pagamentos naquele ano. Como só conseguimos 15 bilhões e tínhamos uma
reserva de aproximadamente 4 bilhões, foram insuficiente para fechamento da diferença por
isso o Brasil “quebrou”.
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
33
Enfim o déficit em transações correntes somada às amortizações pode ser coberto não só
com empréstimos ou financiamentos mas também com investimento diretos.
Depois do Plano Real , os investimentos diretos cresceram muito:
QUADRO 8
Investimentos
1994
1995
1996
1997
2,2
3,2
9,9
17,1
Diretos
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês
S.P. Editora Best Seller2.000).
VI - BALANÇO DE PAGAMENTOS E TAXA DE CÂMBIO
DEFINIÇÃO
Consiste no registro do conjunto de todas as operações de caráter econômico e financeiro de
um país com o resto do mundo
É dividido em quatro contas:
1- conta do comércio ou balança comercial, registra o valor das exportações e os das
importações.
2. conta de serviços ou balança de serviços, registra fretes, seguros, viagens internacionais,
royalties, assistência técnica , os lucros e dividendos, juros.
3- transferências unilaterais, registram despesas de manutenção de embaixada e consulados.
4- movimento de capitais ou conta de capital, registra operações de empréstimos e
financiamento, investimentos diretos, amortizações, capitais de curto prazo etc.
1. Conta do comércio ou balança comercial
Registra o valor das exportações e das importações.
Exportações maiores do que as importações geram superávits, o inverso gera déficits.na
balança comercial.
2. Conta de serviços ou balança de serviços
Esta conta inclui receitas e despesas do tipo: transporte, seguros, viagens internacionias,
assistência técnica, royalties, despesas administrativas, aluguel de equipamentos e projetos,
modelos e desenhos industriais, lucros e dividendos e juros.
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
34
a) TRANSPORTE E SEGUROS
Transporte de uma mercadoria irá exigir o pagamento do transporte e o seguro, ocorre uma
saída de divisas.
b) VIAGENS INTERNACIONAIS
Quando um turista brasileiro, ou homem de negócios, viaja terá que comprar dólares, que
serão gastos no exterior, ocorre uma saída de divisas.Se,. ao contrário, turistas, ou
empresários estrangeiros, vem ao Brasil vêm gastar seus dólares, então ocorre entrada de
divisas.
Quando compramos uma camisa, o preço pode incluir uma fração correspondente ao
pagamento de royalties a alguma empresa do exterior.
Quando se contrata serviços de assistência técnica de um especialista estrangeiro, e mesmo
em caso de aluguel de equipamentos.
Quando uma empresa estrangeira se instala no Brasil envia a sua matriz no exterior parte
dos lucros que obteve no mercado brasileiro.
Quando paga-se juros da dívida externa.
Para cada item acima pode ocorrer também uma entrada de dólares.
3- Conta de transferências unilaterais.
são registradas os envios ou recebimentos de recursos originados em operações sem
contrapartida , como pôr exemplo, remessas de um assalariado trabalhando no exterior,
manutenção de embaixadas e consulados
Reunindo as três contas (Conta de Comércio + Contas de serviços + Transações unilaterais)
irá constituir a CONTA DE TRANSAÇÕES CORRENTE
4. Conta de capital
Nesta conta são registradas
a) investimentos diretos de empresas de brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil;
b) os empréstimos e financiamentos de médio e longo prazos tomados pelo Brasil e
conhecidos pôr ele;
c) amortizações de médio e longo prazos;
d) os movimentos de capitais de curto prazo.
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1.Conta do Comércio
exportações
importações
2. Conta de Serviços
fretes
seguros
viagens internacionais
assistência técnica
aluguéis
lucros
juros
3. Transferências unilaterais
1 +2 +3 = transações correntes
4. Conta Capital
investimentos diretos
amortizações
empréstimos e financiamentos
capitais de curto prazo
5 Taxa de câmbio
a taxa de câmbio R$/US$ indica quantos reais são necessários para comprar um dólar. Pôr
exemplo, no final de janeiro de 1993, um dólar custava l4,040 cruzeiros, e em janeiro de
1992, custava l.190 cruzeiro. Portanto em janeiro de 1993 precisávamos de mais cruzeiros
para comprar um dólar do que em janeiro de 1992., o cruzeiro tinha sido desvalorizado
a) desvalorização cambial
é um aumento do preço das divisas estrangeiros em moeda nacional. Quando a nossa moeda
se deprecia, pagamos maior número de reais pôr dólar. Isto significa que os preços dos
produtos estrangeiros em reais ficam mais caros e que os preços dos nossos produtos em
dólares ficam mais baratos. Pôr exemplo:
um par de sapato era vendido pôr 450 cruzeiros , em janeiro de 1993, e custava , portanto
30 dólares, já que a taxa de câmbio era de 15 cruzeiros pôr dólar. Em fevereiro a taxa de
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câmbio havia subido para 18 cruzeiros pôr dólar, o preço do par de sapatos caíra para 25
dólares. Isto significa que a desvalorização cambial diminui os preços dos nossos sapatos
em dólares Trata-se de um estímulo para as exportações com a desvalorização cambial. Pôr
outro lado, a desvalorização cambial aumenta os preços dos produtos importados,
desistimulando nossas importações, pois esses produtos ficam mais caros.
b) taxas fixas e flexíveis.
b1)flexíveis os bancos centrais deixam que a taxa de câmbio se ajuste no mercado livre. No
entanto os bancos centrais compram e vendem divisas na tentativa de influenciar as taxas de
câmbio.
b2)fixas é quando o banco central se compromete a comprar e vender sua moeda a um
preço fixo em dólares. Neste caso o banco central deve possui reservas de ouro e dólares
para financiar os déficits do balanço de pagamentos.
No Brasil até 1968, o sistema brasileiro de taxas de câmbio eram de taxas fixas. A partir de
então o governo adotou um sistema de minidesvalorização.
b3) política de paridade do poder de compra:. vamos supor que a taxa de inflação nos EUA
durante seis meses em que a inflação no brasil foi igual a 70 pôr cento, tenha sido nula. A
mercadoria brasileira fica mais cara em 70 pôr cento
Uma desvalorização da taxa de câmbio no valor de 70 pôr cento deixa inalterado o preço
das mercadorias brasileiras em dólares.
VII - AINDA SOBRE BALANÇO DE PAGAMENTOS
Todo movimento de entrada e saída de dólares passa pelo Banco Central. Essa
movimentação financeira é dividida em duas grandes contas, uma relativa ao comércio
exterior, outra ao movimento de capitais.
No caso do comércio exterior, trata-se do recebimento de exportação e pagamento de
importações, A operação financeira não precisa coincidir com a operação física (entrada ou
saída de mercadorias.)
1. Exportação
Funciona assim, no caso de exportação:
1. O exportador fecha o negócio com um comprador no exterior, para entregar suco de
laranja daqui a seis meses.
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2. Isso feito, o exportador tem a seguinte alternativa: esperar que o comprador deposite o
pagamento em um banco internacional ou tomar emprestado em um banco o valor em dólar
equivalente ao que receberá pela exportação. Nos dois casos haverá entrada de dólares no
Brasil.
3. No primeiro caso, o comprador faz o pagamento lá fora e o banco envia os dólares para o
Brasil, através do Banco Central brasileiro. Esses dólares ficam no Banco Central, que
entrega ao exportador os reais equivalentes. Ou seja, o Banco Central compra dólares e
paga com reais. O câmbio está
fechado ou contratado.
4. Se quiser receber antecipadamente, o exportador, fechado o negócio, vai a um banco
como operações internacionais e toma um empréstimo em dólares, no valor equivalente ao
que ganhará com exportação futura.
5. O banco traz os dólares, vende ao Banco Central brasileiro e entrega os reais equivalentes
ao exportador. Novamente, o câmbio está fechado. No momento, é negócio é vantajoso para
o exportador porque ele fica devendo em dólares, a juros de 8% ao ano, e aplica em reais, a
mais 25%.
6. No caso das exportações, em geral a entrada de dólares antecede o envio da mercadoria.
Os dólares formam as reservas externas.
2. Importação
No caso da importação, funciona assim:
1. O importador brasileiro fecha negócio para a compra de automóveis japoneses, que serão
entregues ao longo de um ano.
2. Toda vez que tiver de pagar parcelas desse negócio, em dólares, o importador vai a um
banco e deposita os reais equivalentes. Ele fecha o câmbio, à taxa daquele dia.
3. O banco entrega (venda) os reais para o Banco Central brasileiro, recebe dólares e os
envia ao vendedor japonês.
4. De novo, a movimentação financeira não coincide com a chegada dos carros.
5. Em geral, o importador brasileiro paga antecipadamente as importações.
6. Em movimento contrário, os dólares remetidos pelo importador saem das reservas do
Banco Central.
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3. Balança
A diferença entre os dólares que entram e os que saem nas reservas do Banco Central forma
o saldo comercial financeiro. É diferente do saldo físico, medido pela entrada e saída
efetiva de mercadorias. No médio prazo, entretanto, as duas contas se encontram.
Além dessa conta do comércio exterior, há outra referente ao movimento de capitais,
entradas e saídas estritamente financeiras, feitas pôr empresas e bancos.
Saem dólares para: pagamento de amortizações e juros de empréstimos contraídos no
exterior; remessa de dividendos ou lucros obtidos pôr multinacionais; investimentos
brasileiros no exterior; repatriamento de investimentos estrangeiros aqui.
O movimento cambial é de novo através do Banco Central: o remetente entrega reais ao
Banco Central e assim compra os dólares a enviar. Esses dólares saem das reservas.
Entram dólares para : investimentos de curto prazo ( em Bolsa, renda fixa etc.) ou de médio
e longo prazo ( em fábricas, abertura de negócios como supermercados etc.); e novos
empréstimos tomados no exterior.
Os dólares entram no Banco Central, engrossam as reservas, e o investidor ou o tomador de
empréstimo recebe reais equivalentes para operar aqui dentro.
Somando as duas contas, a referente ao comércio externo e a estritamente financeira, tem-se
o chamado balanço em conta corrente.
4. Desvalorizar o real suas consequências
A questão central da economia brasileira hoje é a seguinte: desvalorizar ou não o real.
Decisão difícil porque a desvalorização, se ajuda as exportações e dá proteção à indústria
local, tem duas conseqüências graves: a imediata alta da inflação e uma saída de capitais de
proporção imprevisível.
Toda política econômica tem esse toma lá-dá-cá, ou, como dizem os economistas um
"trade-off". Quer dizer mais ou menos o seguinte: arruma de uma lado, estraga de outro.
Vamos a um exemplo: O Banco Central mantém o dólar comercial numa "banda" de
variação de R$ 0,84 a R$0,86. Valorizar o câmbio neste momento, seria levar a cotação à
paridade US$ 1 igual a R$1. Seria uma desvalorização do real em torno de l7%.
Isso traria um ganho imediato para os exportadores brasileiros. Cada dólar exportado daria
uma adicional de R$0,15. Os exportadores teriam margem para melhorar sua lucratividade
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e ainda poderiam utilizar parte do ganho para reduzir o preço em dólar. Isso tornaria o seu
produto mais competitivo.
Os exportadores, com o dólar barato, estão diante do dilema de receber poucos reais pelo
seu produto, e fazer prejuízo, ou aumentar o preço em dólar, e perde mercado.
Mas se resolve esse dilema, a desvalorização do real encarece imediatamente todas as
importações nos mesmos l7%. E a primeira conseqüência é a redução no volume de
importações.
A razão é simples: mais caros, muitos importados perderão capacidade de competição com
os nacionais.
Esse duplo efeito, mais exportação e menos importação, é justamente o objetivo básico da
proposta de desvalorização do real.
5. Inflação
O problema, entretanto, é saber quanto de inflação adicional haveria com a desvalorização
do real. Tudo indica que seria um custo elevado.
É que não sobem apenas os preços dos produtos importados. Sobe também tudo que tem
componente importado, como o combustível. E sobem os preços dos produtos nacionais
que competem com os importados.
Este é o efeito mais grave.
O preço da comida varia muito. Já os ítens serviços e aluguel sobem sempre acima da
média. Exatamente porque não há aí possibilidade de importação.
A indústria, no entanto, está mais exposta à concorrência dos importados.
Em resumo, a abertura da economia e o dólar barato constituem a parte essencial do Plano
Real neste momento.
Desvalorizar o real seria uma mudança de prioridade no plano. E considerada a cultura
brasileira de indexação, é grande o risco de que se restabeleça a ciranda inflacionária.
PERDAS
É semelhante o problema com a saída de investimentos estrangeiros. É certo que haverá
saída, mas não se sabe quando pára e nem se a desvalorização do real fica no nível inicial.
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Desvalorizando o real, todo investidor estrangeiro tem uma perda imediata. Ele terá
vendido o dólar a R$0,85, para entrar, e terá que pagar R$1,00 para sair. Seria o segundo
prejuízo que um país latino americano aplicaria num curto tempo.
Ocorre ainda que, feita uma pequena desvalorização, ninguém mais acredita que seja a
única.
Os investidores começam então a retirar seu dinheiro, a vender reais e comprar dólares para
remeter de volta a seus países. Isso desvaloriza ainda mais o real e diminui as reservas do
Banco Central, obrigado a vender seus dólares. Como aconteceu no México.
Resumo geral: a desvalorização do real produz resultados previsíveis (inflação, ganho dos
exportadores), mas negativos imprevisíveis.(saída de capitais, diminuição das reservas).
6. Efeito da taxa de câmbio “barato”
Com a taxa de câmbio pela qual R$0,85 compram US$ 1 ocorrem os seguintes efeitos
positivos:
1. Os produtos importados ficam mais baratos. Suponhamos que antes a taxa de câmbio
fosse R$0,95 para US$ 1, então, um carro de US$ 30 mil saía pôr (30.000 X 0,95)
R$28.500,00. Agora está saindo pôr R$ 25.500,00 (30.000 X 0,85)
2. Isso ajuda no combate inflação. Fica mais barata a importação de matérias primas
essenciais, como o petróleo, que tem impacto em toda a economia.
3. Facilita a vida de quem deve em dólar, como é o caso das estatais. Precisam de menos
reais para saldar seus compromissos em moeda norte-americana.
Mas essa mesma taxa de câmbio tem efeitos negativos:
1. Se o dólar fica barato por muito tem prejudica setores da indústria brasileira, cujos
produtos tornam-se mais caros que os importados. A indústria local perde mercado, o
trabalhador perde emprego.
2. O dólar barato também atrapalha as exportações, pois encarece o produto nacional. Para
obter mais reais pôr dólar exportado o exportador tem que vender mais caro em dólar.
3. Desistimula a entrada de investimentos externo de médio e longo prazo. Uma
multinacional que traga US$ 100 milhões para sua subsidiária brasileira vai ficar com
apenas R$ 85 milhões depois da troca de moeda no Banco Central.
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VIII - CONCEITOS DE DÉFICIT
DÉFICIT PÚBLICO: Ocorre quando o governo, incluindo União, Estados , municípios e
estatais, gasta acima de suas receitas. Isso só é possível de duas formas: emitindo moeda
(gerando inflação) ou fazendo dívidas em títulos ( o que tende e elevar os juros)
DÉFICIT NOMINAL: É o critério mais amplo para a medição do déficit público. Leva em
conta todos os gastos públicos, incluindo as despesas com o pagamento das dívidas interna
e externa. É equivalente ao crescimento da dívida pública.
DÉFICIT OPERACIONAL: Critério introduzido no Brasil nos tempos da inflação alta. Não
leva em conta o crescimento da dívida pública que é apenas resultado da correção
monetária. Está sendo abandonado pelo governo.
DÉFICIT PRIMÁRIO: Não leva em conta os gastos com juros da dívida pública, mas
apenas a diferença entre receitas e outras despesas. Quando o setor público tem déficit
primário, como passou a ocorrer no país, precisa fazer dívidas até para cobrir gastos com
pessoal, administração e investimentos.
RELAÇÃO ENTRE DÉFICIT E JUROS: O déficit público tende a provocar alta dos juros,
porque o governo se torna o principal devedor do mercado e é a pagar taxas cada vez mais
altas para conseguir dinheiro emprestado. Um princípio do mercado financeiro diz que,
quanto maior o risco representando pelo devedor mais juros ela paga.
RELAÇÃO ENTRE DÉFICIT E CRESCIMENTO: O déficit público pode estimular o
crescimento econômico, por meio de obras que geram empregos, por exemplo. Quando o
déficit público cresce a ponto de gerar desconfiança no mercado, porém, acontece a alta de
juros e a conseqüente redução de investimentos, comprometendo o crescimento da
economia. No Brasil de hoje, a desconfiança também faz os dólares irem embora do país.
POR QUE O GOVERNO PRECISA AJUSTAR SUAS CONTAS
1. Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa tomar dinheiro emprestado nos
bancos, vendendo títulos. Isso leva a dívida pública (que terá de ser paga no futuro) e tira o
dinheiro da economia, elevando os juros e reduzindo as possibilidades de investimento
privado.
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2. Como o país não poupa o suficiente para financiar, ao mesmo tempo, o déficit público e
os investimentos da economia, precisa atrais poupança externa. Toma-se assim, dependente
de capital externo.
3. A crise financeira internacional tornou mais escasso o capital externo disponível para
países subdesenvolvidos. Além disso, o governo elevou os juros para manter capitais
externos aplicados no país.
4. Como todo governo tem dívidas, é preciso gerar um superávit primário grande o
suficiente para fazer frente às despesas com juros
BIBLIOGRAFIA
ARAUJO, Carlos Roberto Vieira. História do pensamento econômica: uma abordagem
introdutória. – São Paulo: Atlas, 1988.
Eliana A.Cardoso.
Economia brasileira ao alcance de todos. São Paulo, Editora
brasiliense, 1997.
FURTADO, Milton. Síntese da economia brasileira.-Rio de Janeiro: LTD., 1999.
Antônio Carlos Macedo. Macroeconomia sem equilíbrio. RJ : Vozes; Campinas, SP :
FECAMP, 1999 ; Item 2 extraído de ARAUJO, Carlos Roberto Vieira. História do
pensamento econômica: uma abordagem introdutória. – São Paulo: Atlas, 1988.
GIAMBIAGI, Fábio; ALÉM, Ana. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 3º ed. RJ.
Ed. Campus.
SILVA, Fábio Gomes; JORGE, Fauzi Tímaco. Economia aplicada à administração.- São
Paulo: Futura, 1999.
SILVA, César Roberto Leite; LUIZ, Sinclayr. Economia e mercados. São Paulo: Ed.
Saraiva. 2001
TROSTER, Roberto Luiz; MOCHÓN, Francisco. Introdução a economia. São Paulo: Ed.
Makron Books, 2002
VASCONCELOS,M.A & PINHO, Diva Benevides (ORG) Manual de economia.- São
Paulo: Ed. Saraiva, 1998;
ATIVIDADES
1. O que é autonomia e dependência quanto a atuação do empresário
2. Quais as funções da moeda
Anotações de aula - Macroeconomia- Prof. Dr. Ralph Panzutti
3. Quais os motivos da preferência pela liquidez. Explique cada uma delas.
4. Como se dá a criação de moeda através dos bancos
5. Como é classificada a inflação
6. Quais são as causas da inflação de custo.
7. Quais são as causas da inflação de demanda
8. Quais os fatores que provocam a inflação
9. Como se combate a inflação
10. O que é uma política fiscal expansiva e a restritiva
11. Como o governo financia o seu déficit
12. Quais as conseqüências dessa dívida
13. Explique o que significa "crowding out"
14. Explique os fatores de contração e expansão monetária.
15. Explique qual a relação entre política monetária e taxa de juros
43
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