Aprendizagem do século XXI

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Aprendizagem do século XXI
Edivaldo Boaventura
À aprendizagem do século XX, centrada no docente, contraponho a aprendizagem
do iniciante século XXI, centrada no discente, na mensagem de paraninfo aos pedagogos
de 2000, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. No processo
ensino-aprendizagem, a atenção desloca-se e concentra-se inteiramente no aluno.
Para mim, professor por quatro décadas, a eleição para paraninfo é a melhor das
avaliações. Escolha que confirma as minhas estratégias de ensino, testadas ao longo da
carreira docente, desenvolvida, na Faculdade de Educação, que ajudei a criar e,
conscientemente, colaboro para o seu crescimento. Fico feliz pelo dinamismo realizador
da diretoria Nelson Preto – Mary Arapiraca.
Dentre as minhas tarefas, trabalhar na formação das pedagogas é uma atividade
prazerosa. Consegui transformar cada disciplina em um projeto de investigação do ensino
e, assim, encontro uma motivação maior na mistura de ensinar com aprender. Com o
tempo, fica cada dia mais difícil saber quando sou professor e quando sou aluno dos meus
próprios alunos. Exemplifico com um caso especial de aprendizagem. Aprendi e continuo
a aprender informática com um aluno de graduação, Fernando Passos, que me transmite a
eletrônica na horizontalidade como a absorveu. Presentemente, dedico-me ao “ power
point”, pois, preciso muito do visual datashow. A conclusão que chego na convivência com
filhos, alunos e estagiários deste jornal que são os jovens os detentores absolutos da cultura
instrumental em busca interativa do conteúdo.
Nos encontros com os alunos, tenho procurado me corrigir da tentação secular das
desacreditadas aulas expositivas que não criam novas
atitudes, comportamentos e
habilidades. Prefiro o processo da facilitação da aprendizagem pela participação crescente
na dinâmica de grupo. O aluno não é e nem pode continuar sendo um espectador sentado e
enfileirado nas filhas medievais de carteiras. Quando revejo as formandas sentadas no
semi-círculo do doutoral da reitoria da Ufba , sinto a reprodução da roda de alunas
colaboradoras e participantes na sala de aula. E, na figura geométrica e democrática da
curva
do cadeiral, sinto a imagem da aprendizagem coletiva
complementando e
suplantando a aprendizagem individual.
Nas exigências da aprendizagem do século XXI, quem são os professores? Quem
somos
nós, testemunhas da celebração da formatura? Não nos sentimos mais fontes
proprietárias dos saberes. Qualquer
aparelho de computador possibilita através da
excelentíssima senhora dona internet muito mais conhecimentos do que aquele que
detemos. Pretendemos, sim, ser um guia ético e experiente. Queremos ser segundo o jargão
acadêmico
facilitadores
de aprendizagens, na condição que sejamos os primeiros a
adquirir os saberes para ajudar melhor no misterioso e desafiante processo de aprender.
Desaparece a todo momento a aprendizagem dos conteúdos
estáveis, sólidos,
imutáveis e de uma branca solidez apenas de papel. Todos os conteúdos são dinâmicos,
rápidos, interativos, transdisciplinares e mutáveis. A soberana homogeneidade cedeu pela
diversidade cultural à fenomenologia das misturas humanas.
No processo de aprendizagem, do qual vocês, pedagogas do século XXI, concluem
a etapa significativa da formatura, houve uma resistência à prova, formal e vigiada, como
quem supervisiona presidiários. Avaliação não mais por testes e provas, mas somatória e
processual que se aproxima da aceitação do desempenho do aluno, na medida que o
professor possa acompanhá-lo e dividir com ele a aprendizagem. Tudo pela qualidade do
relacionamento professor e alunos e alunos entre si.
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