Humanização no processo de cuidados ao paciente hospitalizado

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Humanização no processo de cuidados ao paciente hospitalizado na Unidade de
Tratamento Intensivo – UTI: concepção da equipe de enfermagem
Humanization of care of patients hospitalized in the Intensive Care Unit Case - UTI:
designing nursing team
Luciene Oliveira da Silva Oliveira1
RESUMO
A internação na Unidade de Terapia Intensiva e a situação vivida pelo paciente estende o
sofrimento deste momento à família, tanto pelos possíveis riscos presentes, como pelo
distanciamento do seu familiar. O objetivo desse estudo é mostrar como a humanização na
assistência de enfermagem com pacientes e familiares no contexto de internação em Unidade
de Terapia Intensiva podem contribuir para uma melhor recuperação do paciente e ser fonte
de apoio para seus entes, contemplando o reconhecimento da individualidade do paciente e de
sua família, bem como, a humanização dos próprios trabalhadores, bem como compreender a
humanização das ações de enfermagem na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo
o significado de humanização na prática. A análise foi feita após múltiplas leituras e
interpretada de acordo com a análise de conteúdo, da qual surgiram duas temáticas:
humanização - tratar bem, cuidar e respeitar; e vivenciando a humanização. Conclui-se que a
equipe de enfermagem, embora tenha explicitado o conceito de humanização, apresentou
noção acerca do significado e demonstrou a importância de cuidar além da doença,
respeitando o paciente bem como seus familiares.
Palavras-chaves: Serviço hospitalar de enfermagem. Unidades de terapia intensiva.
Humanização da assistência. Equipe de enfermagem.
ABSTRACT
The admission to the Intensive Care Unit and the situation experienced by the patient extends
the suffering of this moment to the family , both the possible present risks , as the distance
from their family . The aim of this study is to show how the humanization of nursing care to
patients and families in the context of stay in the ICU can contribute to better patient recovery
and be a source of support for their loved contemplating the recognition of the individuality of
the patient and his family , as well as the humanization of the workers themselves , as well as
understanding the humanization of nursing actions in the design of the nursing team , learning
the meaning of humanization in practice. The analysis was performed after multiple readings
and construed in accordance with the content analysis , of which two themes emerged:
humanization - treat it well , take care and respect , and experiencing humanization . It is
concluded that the nursing staff , although it explained the concept of humanization ,
presented the concept of the meaning and demonstrated the importance of looking beyond the
1
Bacharel em enfermagem pela Faculdade Guanambi – FG, Pós-Graduada como Enfermeira do trabalho e
Especialista em Saúde Pública pelo CEPEX – Centro de Pesquisa e Extensão em parceria com a Faculdade de
Educação de Bom Despacho em Guanambi – Bahia e Pós-Graduanda do Mestrada em UTI pela SOBRATI –
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva em Brasília – DF.
Keywords: Hospital nursing service. Intensive care units. Humanization of assistance.
Nursing team.
1 – INTRODUÇÃO
De acordo com Gomes et al. (2011) a humanização do cuidado é uma temática que ao longo
dos tempos vem ganhando espaço pelos corredores da saúde, porém na sua forma concreta,
em nosso perceber, ainda precisa avançar muito para que seja uma prática rotineira nos
serviços de saúde. Humanizar é tornar humano; dar condição humana a; humanar. Tornar
benévolo, afável, tratável. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar. Assim,
compreende-se que o verbo tornar pressupõe construção em processo, o que significa que o
ser humano, apesar da natureza humana, necessita construir e aperfeiçoar esta mesma
natureza para poder relacionar-se com o outro de forma afável, tratável etc.
A internação de um familiar em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) tanto pode
provocar sentimentos e moções de esperança, alívio, conforto, como de insegurança, dentre
outros. Desta forma, o objetivo desse estudo é mostrar como a humanização na assistência de
enfermagem com pacientes e familiares no contexto de internação em Unidade de Terapia
Intensiva podem contribuir para uma melhor recuperação do paciente e ser fonte de apoio
para seus entes, contemplando o reconhecimento da individualidade do paciente e de sua
família, bem como, a humanização dos próprios trabalhadores, bem como compreender a
humanização das ações de enfermagem na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo
o significado de humanização na prática. (SILVEIRA, et al. , 2005)
Assim como outros autores, a necessidade de humanização do cuidado prestado nos
fez buscar um respaldo teórico interacionista para subsidiar o modo de nos
relacionarmos com o paciente e sua família, considerando os seguintes pressupostos:
a interação entre a equipe de enfermagem, paciente e família é fundamental para um
cuidado efetivo; a equipe precisa considerar as necessidades da família diante de
situações estressantes; o estabelecimento do plano de cuidados à família deve ser
construído juntamente com esse grupo, continuamente validado, avaliado e
reavaliado; a interação da equipe de enfermagem com os familiares e o paciente
precisa ser estabelecida através do diálogo e da busca dos significados que as
experiências de doença geram em cada pessoa; a afetividade proporcionada entre
familiares e paciente é fundamental para a sua recuperação e é mais eficaz do que
qualquer relação profissional; a comunicação sob suas diferentes formas é o
principal meio para favorecer a interação entre a equipe de enfermagem, familiares e
pacientes. (Silveira, et al. , 2005, pag. 03)
As relações estabelecidas entre profissionais de saúde e usuários estão entre os temas
desafiadores para a reorganização dos serviços de saúde, portanto, para implementações no
Sistema Único de Saúde (SUS).
Para o atendimento ser integral, o encontro com o usuário deve ser guiado pela
capacidade do profissional de compreender o sofrimento que se manifesta e o
significado mais imediato de suas ações e palavras; no contexto desse encontro
concreto, "deixar de vigiar e controlar, para dar lugar à emancipação, à maior
autonomia por parte dos sujeitos que sofrem ou que podem vir a sofrer" (...).
Portanto, está-se falando de singularidade no atendimento a cada caso. O usuário, ao
se sentir singularizado, desfragmentado (...), apresenta melhora do quadro clínico, ao
mesmo tempo que se observa o aumento de satisfação, tanto do usuário quanto do
profissional. (Schimith, et al. , 2011, pag. 03)
A ideia de humanização, geralmente, é intendida e empregada para a forma de assistência que
valorize a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos
direitos do paciente, de sua subjetividade e referências culturais. Implica ainda a valorização
do profissional e do diálogo intra e Inter equipes.
Em face desse processo de humanização, em maio de 2000 o Ministério da Saúde
regulamentou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
(PNHAH) e, em 2004, substituiu o PNHAH pela Política Nacional de Humanização
(PNH). A PNH é transversal, atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do
Sistema Único de Saúde (SUS), e nesta política, humanização é entendida como
valorização dos diversos sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde:
usuários, trabalhadores e gestores. Esses valores são norteados pela autonomia e
pelo protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento
de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão (...). (Gomes,
et al. , 2011, pag. 02)
Segundo Gomes et al. (2011) não se pode negar a preocupação do governo quanto à
humanização do cuidado nas unidades de saúde, porém há muito a ser procedido. No entanto,
cogita-se na humanização no conjunto de relações que se estabelecem nas instituições:
profissional-paciente, recepção-paciente, profissional-equipe, profissional-instituição e outras.
Humanização também significa, ou precisa significar, melhoria das condições de trabalho do
cuidador. É uma necessidade do hospital cuidar do cuidador, ou seja, cuidar para que o
profissional de saúde possa desempenhar suas funções de maneira harmoniosa, sadia, sem que
o estresse o afete de maneira que prejudique seu desempenho técnico, afetivo e sua saúde
física e mental.
Os fatores estressantes são também fatores que dificultam o atendimento, o acolhimento,
vínculo que se desenvolve entre o profissional de saúde e o paciente/família - além da
sobrecarga, que leva o profissional a se sentir culpado por não satisfazer as necessidades do
paciente ou então se mostrar incapaz de fazê-lo, já que não dispõe de material ou pessoal
suficiente para isso. (GOMES, et al. 2011)
Desse modo, esta pesquisa objetivou compreender a humanização das ações de enfermagem
na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo o significado de humanização na
prática.
2 – DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
2.1 - Humanização: tratar bem, cuidar e respeitar.
Segundo Gomes et al. (2011) humanização do cuidado para muitos autores brasileiros,
aparece como sendo sinônimo de cuidado integral. Dizem que o cuidado integral dentro do
hospital é o cumulativo de um grande número de pequenos cuidados parcial que vão se
complementando numa rede. O cuidado integral transversaliza todo o sistema, é obtido em
rede, é multidisciplinar, onde todos os profissionais tem sua parcela de responsabilidade e
comprometimento.
De modo geral, abordar o cuidado de saúde ou cuidado em saúde atribui ao termo
um sentido já consagrado no senso comum, o de um conjunto de procedimentos
tecnicamente orientados para o bom êxito de um determinado tratamento. Porém,
cuidado, do latim cura, em uma forma mais antiga, coera, era usado nas relações de
amor e amizade, expressando atitude de desvelo e preocupação. O cuidado como
uma ação integral para o ser humano e do ser humano que vive na busca contínua do
cuidado, diante da fragilidade social existente no mundo capitalista, conforme Luz
(2004), não é um procedimento técnico simplificado, mas o tratar, o respeitar, o
acolher, o atender o ser humano em seu sofrimento (Gomes, et al. , 2011, pag. 03)
Amiúde, no tratamento de crianças, os profissionais não conseguem analisar quão
profundamente estas se sentem e como as suas defesas falham se os resultados são
desastrosos. De acordo o autor, as defesas da criança pequena são capazes de lidar com quase
tudo que a vida oferece desde que exista um ambiente amoroso nessa vida e que o fator tempo
seja reconhecido. De modo geral, a falta de preparo do profissional de saúde em cuidar da
criança, muitas vezes direcionado somente para a parte técnica do cuidado, inserido no
modelo biomédico, não consegue observar a criança como ser humano completo nem
perceber o que acontece com as emoções destes pacientes (GOMES et al. , 2011).
2.2 - Sentimentos e sentidos na prática do cuidado
A enfermagem se faz na era contemporânea como a profissão que mais pesquisa e é
pesquisada, em diversos cenários do cuidado, como unidades de terapia intensiva (UTI)
adultas e pediátricas, outras unidades hospitalares, ESF e domicílio, por exemplo.
Nesse núcleo de sentido também foi possível identificar algumas concepções de
humanização, das quais se podem citar as percebidas por enfermeiros como cuidar
do outro como gostaria de ser cuidado e ter a visão integral dos usuários. O
atendimento humanizado no hospital está relacionado com a capacidade de abordar
o paciente de forma holística e igualitária. No ambiente hospitalar, a humanização
ainda mantém-se centrada na figura pessoa-cliente, evidenciando a pouca atenção ao
cuidado e à humanização do sujeito trabalhador (Schimith, et al. , 2011, pag. 02).
Devido a isso, a equipe de saúde precisa ser sensível no sentido de ver que a criança é mais
que uma pessoa doente ou uma doença; ela é alguém integrante de um enredo familiar, possui
necessidades e desejos. Também, os profissionais de saúde precisam considerar os aspectos
subjetivos da doença na infância, porque o hospital pode se tornar um lugar iatrogênico e
promover mais doença do que saúde, tanto nos pacientes quanto nos profissionais. (GOMES
et al. , 2011).
2.3 - Vivenciando a humanização
A preocupação do profissional não está apenas em atender o público infantil no sentido de
realizar procedimentos técnicos, mas em seu bem-estar e na sua rápida recuperação, no seu
conforto e no de sua família.
A PNH entende humanização, entre outros fatores, como o compromisso com a
ambiência e a melhoria das condições de trabalho e de atendimentos. A carência de
material e insumos, por exemplo, é por um lado um dos fatores que contribuem para
o cuidado humanizado e, por outro, desrespeito ao direito do doente em ter um
atendimento resolutivo, com qualidade, preceituado no segundo princípio da Carta
dos Direitos dos Usuários da Saúde de 2006 e em documentos como a resolução n.º
41/95, art. 13, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), art. 11. (Gomes, et
al. , 2011, pag. 02)
Os estudos de Silveira, et al.(2005) mostra que a relação terapêutica é parte de uma meta a
ser atingida como resultado de interações planejadas entre dois seres humanos: a enfermeira e
a pessoa que requer ajuda, as quais, neste processo, desenvolvem uma capacidade crescente
para estabelecer uma relação interpessoal. Uma relação neste contexto é mais que somente
falar com uma pessoa, por um período determinado, a cada dia, ou apresentar uma série de
interações com ela. Uma das características de uma relação terapêutica é que, ambas, a
enfermeira e a pessoa que requer ajuda transformam ou modificam seu comportamento e
aprendem como resultado deste processo interativo, isto é, necessita de preparo humano e
pedagógico.
Em uma relação terapêutica, pacientes e familiares devem ser respeitados em sua
individualidade, direitos e valores. O paciente precisa ser reconhecido como
integrante de uma família; por isso, algumas considerações e cuidados devem ser
centrados na família, propiciando um clima acolhedor e de proximidade. Essa
interação necessita envolver a equipe de enfermagem, o paciente e a família,
considerando os aspectos físicos, emocionais, éticos, espirituais e sociais do cuidar.
Neste processo de compreensão do que pode interferir no cuidado dos pacientes ou
até mesmo no desempenho profissional da equipe de enfermagem, destacamos a
presença do familiar que, em determinados momentos, até pode ser considerada
negativa, principalmente, quando este se encontra bastante angustiado, amedrontado,
comunicando seus temores para o paciente. Essas atitudes tornam-se claras ao
observamos, por exemplo, familiares descobrindo o paciente, manifestando
curiosidade, surpresa ou pânico frente ao quadro que encontram. Tal postura, no
entanto, ocorre, com frequência, quando não conseguimos interagir com os
familiares, previamente à sua visita. (Silveira et al. , 2005, pag. 04)
Silveira, et al.(2005) fala que é necessário priorizar a presença da família no cuidado ao
enfermo, principalmente quando ela vivencia a internação de um familiar na UTI. Mesmo a
família encontrando-se em um estado de fragilidade emocional ou de crise, continua
ocupando um papel de destaque para o paciente, contribuindo para que se sinta protegido,
mais seguro, amado e significativo para o seu grupo familiar; tais sentimentos, na maioria das
vezes, o estimulam a lutar pela vida. Daí, nossa percepção da importância da presença da
família na UTI, seja para conversar com o paciente, tocá-lo ou simplesmente observá-lo,
mesmo quando este se encontra inconsciente.
2.4 - Importância da comunicação nas práticas de cuidado
Diversos estudos apontam que a comunicação é um componente integrante do processo de
humanização da assistência, destacando que para uma prática humanizada torna-se necessária
a valorização da comunicação por parte dos profissionais com os sujeitos e seus familiares.
Ainda no viés da humanização, a comunicação é abordada no sentido de possibilitar
a integralidade da atenção à saúde, pois, numa comunicação em que os sujeitos
sejam escutados de maneira qualificada e satisfatória, podem interagir e
compartilhar suas vivências. Ela possibilita ainda que as condutas sejam pautadas e
programadas de acordo com o conhecimento dos aspectos socioeconômicos e
culturais. Uma boa comunicação auxilia também na organização dos serviços de
saúde. Pesquisas revelam que se a população recebesse informações adequadas
acerca da situação em que procurar os serviços de urgência e emergência, menor
seria o tempo de espera nos serviços, e com isso os casos que realmente necessitam
do atendimento teriam uma disponibilidade melhor da equipe de saúde. . (.Schimith,
et al. , 2011, pag. 05)
Como vimos a comunicação com os familiares e acompanhantes foi diversas vezes
mencionada entre os trabalhos aqui pesquisados. É preciso que haja uma interação pacientesprofissionais-familiares, em que sejam fornecidas informações referentes aos cuidados
específicos e gerais, pois assim será possível fortalecer os cuidadores para a alta hospitalar.
Além disso, os familiares devem ser informados quanto às transferências que acontecem
dentro do hospital. Dessa forma, é possível diminuir a angústia, a ansiedade e as preocupações
entre os familiares. (SCHIMITH, et al. , 2011)
3 - METODOLOGIAS APLICADAS NA PESQUISA
A partir de experiência profissional com a equipe de enfermagem, familiares e pacientes
internados em situação crítica na UTI , utilizamos as etapas propostas pela Teoria da Relação
Interpessoal, para facilitar o relacionamento entre a equipe de enfermagem e a família,
auxiliando seu enfrentamento e a compreensão desta vivência. Entendemos como
fundamental, em um processo de interação, o compromisso emocional dos profissionais com
aqueles que requerem ajuda, reconhecendo e considerando relevantes suas manifestações de
sofrimento, medo, angústia, desespero, entre outros sentimentos.
Este estudo foi construído através do levantamento de dados encontrados na literatura já
existente. Foram realizadas pesquisas bibliográficas por meio de artigos dispostos nas bases
de dados da Scielo, onde foram consultados artigos originais e de revisão sobre o tema
publicado na Internet.
Trata-se de um estudo do tipo descritivo e bibliográfico. As pesquisas descritivas têm como
objetivo primordial à descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Serão inúmeros os estudos que podem
ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas estão na
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistêmica. (GIL, 2010).
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido
algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de
fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas
bibliográficas. (GIL, 2011).
4 – REFLEXÕES, ANÁLISE E DISCURSÃO.
De acordo Silveira, et al.(2005) é difícil proporcionar uma assistência humanizada ao
paciente crítico e seus familiares, enquanto não valorizarmos a comunicação e o
relacionamento terapêuticos como a essência deste tipo de cuidado. Reconhecer que somos
seres humanos com sentimentos, capazes de amar e entristecer é o caminho para o
entendimento do processo de viver, adoecer e morrer.
Observou-se que a atuação do enfermeiro é de fundamental importância no sucesso dos
resultados nos cuidados voltados para o paciente e sua família. Está associada à criação e
manutenção de vínculo, à adesão ao plano de cuidados, à satisfação dos usuários.
(SCHIMITH, et al. , 2011)
Nos estudos de Silveira, et al.(2005) aborda que a comunicação é tida como necessidade da
equipe cuidadora, possibilitam a aproximação entre os envolvidos na relação, a qual é
manifestada através do afeto e de palavras que se constituem em estímulos verbais. No
entanto esta interação não ocorre ao acaso, para isso é necessário ser conscientemente
planejada pela equipe de enfermagem, a partir das observações realizadas, dentro das
necessidades que sejam significativas pelo paciente e seus familiares a sua nova situação de
vida.
A gratificação vem da satisfação de sermos úteis e sabermos que temos a chance de amenizar
o sofrimento das pessoas/pacientes, a partir do reconhecimento das particularidades da sua
experiência no momento de internação na UTI. Ter consciência das particularidades e
singularidade do paciente e dos seus familiares, nesse momento particular da sua vida, requer
respeitarmos profundamente sua condição humana, incluindo seus sentimentos diante do
desconhecido. Desta forma é preciso um preparo profissional e, até mesmo, deixar emergir
nossa sensibilidade, estabelecendo a empatia, procurando enxergar sua visão do mundo.
Quando adotamos esse modo de agir, ampliamos nossa receptividade e disponibilidade para
escutar, tocar, dialogar e, até mesmo, se necessário, abraçar. (SILVEIRA, et al.2005)
Silveira, et al.(2005) destaca a importância da presença da equipe de enfermagem junto ao
paciente e de seus familiares, da empatia, da interação, da cooperação da equipe
multidisciplinar e do uso da tecnologia como um instrumento que pode proporcionar um
cuidado mais humanizado.
Silveira, et al.(2005) a família pode ajudar muito para a recuperação do paciente, mas para
que isso venha a ocorrer, ela precisa ser colocada a par das rotinas da UTI e sobre o que está
acontecendo com o seu familiar, necessitando sentir-se acolhida, respeitada e, também,
cuidada. Devido a isso, é importante permitir sua presença, assegurar-lhe de que estamos ali
para lhe ajudar a enfrentar esse momento difícil. Neste caso, consideramos necessário e
fundamental a priorização do tempo, de modo a estabelecermos uma relação terapêutica com
os pacientes e seus familiares.
Deste modo, consideramos como indispensável que a equipe de enfermagem designe um
espaço para refletir sobre a importância da família como participante ativa no cuidado
dispensado aos pacientes e como potencializadora na recuperação da sua saúde. Essa
experiência vem mostrando que a equipe de enfermagem, em especial a enfermeira, precisa
ser observadora de si mesma, ter pensamento intuitivo, permitindo-se aprender a ser receptiva
e atenta aos estímulos transmitidos pelas pessoas que estão a sua volta, de modo a satisfazer
muitas das necessidades físicas, emocionais, espirituais e sociais do paciente e de seus
familiares (SILVEIRA, et al.2005).
5 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
Este estudo possibilitou a sistematização da produção e aquisição do conhecimento, ajudando
a identificar potencialidades e fragilidades nesse campo do saber, e poderá estimular a
construção de novos estudos e pesquisas. As potencialidades identificadas apontam para a
dimensão transformadora das práticas em saúde quando se considera o usuário como
protagonista do processo de cuidar de sua saúde. Já as fragilidades revelam a permanência da
visão biologista e fragmentada nos serviços de assistência á saúde.
Gomes et al. , (2011) frisa que a Política Nacional de Humanização tem o comprometimento
com melhorias das condições de trabalho e de assistência, a valorização dos diferentes
sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Da
mesma forma, na Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, lançada em 2006 pelo Governo
Federal, conforme o segundo princípio, reza que todo cidadão tem direito ao atendimento
adequado e efetivo. Esse atendimento adequado inclui tecnologia apropriada e condições de
trabalho adequadas para os profissionais de saúde.
Sobre a presença dos familiares na UTI Silveira, et al. 2005, pag. 05 declara:
A emersão da sensibilidade na relação que estabelecemos entre a equipe, com a
família e o paciente significa a possibilidade de efetivar um cuidado com dignidade,
solidariedade, procurando compreender os medos dos pacientes, dos familiares e,
com isso, diminuir sua ansiedade, seu sofrimento, sua dor e angústia. Assim,
consideramos como importante, como já referido, favorecer a presença do familiar
na UTI, sempre que possível, quando constituir-se em um desejo do paciente, em
horários pré-estabelecidos para visita ou não.
O processo prático de humanização do cuidado ao paciente/cliente advém da sensibilidade e
conscientização do profissional de saúde sobre seu trabalho, sobre os direitos do doente e
sobre a importância do trabalho em equipe multidisciplinar, entre outros fatores. (GOMES et
al. , 2011).
Consideramos importante esse trabalho, pois possibilitou aprender a valorizar alguns
elementos internos e inerentes a qualquer pessoa, dentre eles, a sensibilidade, a afetividade, a
capacidade de empatia e envolvimento emocional, como instrumentos a serem utilizados nas
relações sociais. Descobrimos, também, que somos capazes de fornecer segurança ao outro,
pela simples presença junto ao paciente e/ou ao seu familiar. Dessa forma, conseguimos
demonstrar nosso interesse por sua situação de vida e o nosso envolvimento no processo de
cuidar.
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Atlas, 2010.
Gil, Antonio Carlos; Metodologia do ensino superior / Antonio Carlos Gil. – 4. ed. – 6.
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GOMES, Ilvana Lima Verde et al.Humanização na produção do cuidado à criança
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SCHIMITH, Maria Denise; SIMON, Bruna Sodré; BRETAS, Ana Cristina Passarella e
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SILVEIRA, Rosemary Silva da; LUNARDI, Valéria Lerch; LUNARDI FILHO, Wilson
Danilo e OLIVEIRA, Adriane M. Netto de.Uma tentativa de humanizar a relação da
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