Humanização no processo de cuidados ao paciente hospitalizado na Unidade de Tratamento Intensivo – UTI: concepção da equipe de enfermagem Humanization of care of patients hospitalized in the Intensive Care Unit Case - UTI: designing nursing team Luciene Oliveira da Silva Oliveira1 RESUMO A internação na Unidade de Terapia Intensiva e a situação vivida pelo paciente estende o sofrimento deste momento à família, tanto pelos possíveis riscos presentes, como pelo distanciamento do seu familiar. O objetivo desse estudo é mostrar como a humanização na assistência de enfermagem com pacientes e familiares no contexto de internação em Unidade de Terapia Intensiva podem contribuir para uma melhor recuperação do paciente e ser fonte de apoio para seus entes, contemplando o reconhecimento da individualidade do paciente e de sua família, bem como, a humanização dos próprios trabalhadores, bem como compreender a humanização das ações de enfermagem na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo o significado de humanização na prática. A análise foi feita após múltiplas leituras e interpretada de acordo com a análise de conteúdo, da qual surgiram duas temáticas: humanização - tratar bem, cuidar e respeitar; e vivenciando a humanização. Conclui-se que a equipe de enfermagem, embora tenha explicitado o conceito de humanização, apresentou noção acerca do significado e demonstrou a importância de cuidar além da doença, respeitando o paciente bem como seus familiares. Palavras-chaves: Serviço hospitalar de enfermagem. Unidades de terapia intensiva. Humanização da assistência. Equipe de enfermagem. ABSTRACT The admission to the Intensive Care Unit and the situation experienced by the patient extends the suffering of this moment to the family , both the possible present risks , as the distance from their family . The aim of this study is to show how the humanization of nursing care to patients and families in the context of stay in the ICU can contribute to better patient recovery and be a source of support for their loved contemplating the recognition of the individuality of the patient and his family , as well as the humanization of the workers themselves , as well as understanding the humanization of nursing actions in the design of the nursing team , learning the meaning of humanization in practice. The analysis was performed after multiple readings and construed in accordance with the content analysis , of which two themes emerged: humanization - treat it well , take care and respect , and experiencing humanization . It is concluded that the nursing staff , although it explained the concept of humanization , presented the concept of the meaning and demonstrated the importance of looking beyond the 1 Bacharel em enfermagem pela Faculdade Guanambi – FG, Pós-Graduada como Enfermeira do trabalho e Especialista em Saúde Pública pelo CEPEX – Centro de Pesquisa e Extensão em parceria com a Faculdade de Educação de Bom Despacho em Guanambi – Bahia e Pós-Graduanda do Mestrada em UTI pela SOBRATI – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva em Brasília – DF. Keywords: Hospital nursing service. Intensive care units. Humanization of assistance. Nursing team. 1 – INTRODUÇÃO De acordo com Gomes et al. (2011) a humanização do cuidado é uma temática que ao longo dos tempos vem ganhando espaço pelos corredores da saúde, porém na sua forma concreta, em nosso perceber, ainda precisa avançar muito para que seja uma prática rotineira nos serviços de saúde. Humanizar é tornar humano; dar condição humana a; humanar. Tornar benévolo, afável, tratável. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar. Assim, compreende-se que o verbo tornar pressupõe construção em processo, o que significa que o ser humano, apesar da natureza humana, necessita construir e aperfeiçoar esta mesma natureza para poder relacionar-se com o outro de forma afável, tratável etc. A internação de um familiar em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) tanto pode provocar sentimentos e moções de esperança, alívio, conforto, como de insegurança, dentre outros. Desta forma, o objetivo desse estudo é mostrar como a humanização na assistência de enfermagem com pacientes e familiares no contexto de internação em Unidade de Terapia Intensiva podem contribuir para uma melhor recuperação do paciente e ser fonte de apoio para seus entes, contemplando o reconhecimento da individualidade do paciente e de sua família, bem como, a humanização dos próprios trabalhadores, bem como compreender a humanização das ações de enfermagem na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo o significado de humanização na prática. (SILVEIRA, et al. , 2005) Assim como outros autores, a necessidade de humanização do cuidado prestado nos fez buscar um respaldo teórico interacionista para subsidiar o modo de nos relacionarmos com o paciente e sua família, considerando os seguintes pressupostos: a interação entre a equipe de enfermagem, paciente e família é fundamental para um cuidado efetivo; a equipe precisa considerar as necessidades da família diante de situações estressantes; o estabelecimento do plano de cuidados à família deve ser construído juntamente com esse grupo, continuamente validado, avaliado e reavaliado; a interação da equipe de enfermagem com os familiares e o paciente precisa ser estabelecida através do diálogo e da busca dos significados que as experiências de doença geram em cada pessoa; a afetividade proporcionada entre familiares e paciente é fundamental para a sua recuperação e é mais eficaz do que qualquer relação profissional; a comunicação sob suas diferentes formas é o principal meio para favorecer a interação entre a equipe de enfermagem, familiares e pacientes. (Silveira, et al. , 2005, pag. 03) As relações estabelecidas entre profissionais de saúde e usuários estão entre os temas desafiadores para a reorganização dos serviços de saúde, portanto, para implementações no Sistema Único de Saúde (SUS). Para o atendimento ser integral, o encontro com o usuário deve ser guiado pela capacidade do profissional de compreender o sofrimento que se manifesta e o significado mais imediato de suas ações e palavras; no contexto desse encontro concreto, "deixar de vigiar e controlar, para dar lugar à emancipação, à maior autonomia por parte dos sujeitos que sofrem ou que podem vir a sofrer" (...). Portanto, está-se falando de singularidade no atendimento a cada caso. O usuário, ao se sentir singularizado, desfragmentado (...), apresenta melhora do quadro clínico, ao mesmo tempo que se observa o aumento de satisfação, tanto do usuário quanto do profissional. (Schimith, et al. , 2011, pag. 03) A ideia de humanização, geralmente, é intendida e empregada para a forma de assistência que valorize a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e referências culturais. Implica ainda a valorização do profissional e do diálogo intra e Inter equipes. Em face desse processo de humanização, em maio de 2000 o Ministério da Saúde regulamentou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) e, em 2004, substituiu o PNHAH pela Política Nacional de Humanização (PNH). A PNH é transversal, atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS), e nesta política, humanização é entendida como valorização dos diversos sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Esses valores são norteados pela autonomia e pelo protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão (...). (Gomes, et al. , 2011, pag. 02) Segundo Gomes et al. (2011) não se pode negar a preocupação do governo quanto à humanização do cuidado nas unidades de saúde, porém há muito a ser procedido. No entanto, cogita-se na humanização no conjunto de relações que se estabelecem nas instituições: profissional-paciente, recepção-paciente, profissional-equipe, profissional-instituição e outras. Humanização também significa, ou precisa significar, melhoria das condições de trabalho do cuidador. É uma necessidade do hospital cuidar do cuidador, ou seja, cuidar para que o profissional de saúde possa desempenhar suas funções de maneira harmoniosa, sadia, sem que o estresse o afete de maneira que prejudique seu desempenho técnico, afetivo e sua saúde física e mental. Os fatores estressantes são também fatores que dificultam o atendimento, o acolhimento, vínculo que se desenvolve entre o profissional de saúde e o paciente/família - além da sobrecarga, que leva o profissional a se sentir culpado por não satisfazer as necessidades do paciente ou então se mostrar incapaz de fazê-lo, já que não dispõe de material ou pessoal suficiente para isso. (GOMES, et al. 2011) Desse modo, esta pesquisa objetivou compreender a humanização das ações de enfermagem na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo o significado de humanização na prática. 2 – DESENVOLVIMENTO TEÓRICO 2.1 - Humanização: tratar bem, cuidar e respeitar. Segundo Gomes et al. (2011) humanização do cuidado para muitos autores brasileiros, aparece como sendo sinônimo de cuidado integral. Dizem que o cuidado integral dentro do hospital é o cumulativo de um grande número de pequenos cuidados parcial que vão se complementando numa rede. O cuidado integral transversaliza todo o sistema, é obtido em rede, é multidisciplinar, onde todos os profissionais tem sua parcela de responsabilidade e comprometimento. De modo geral, abordar o cuidado de saúde ou cuidado em saúde atribui ao termo um sentido já consagrado no senso comum, o de um conjunto de procedimentos tecnicamente orientados para o bom êxito de um determinado tratamento. Porém, cuidado, do latim cura, em uma forma mais antiga, coera, era usado nas relações de amor e amizade, expressando atitude de desvelo e preocupação. O cuidado como uma ação integral para o ser humano e do ser humano que vive na busca contínua do cuidado, diante da fragilidade social existente no mundo capitalista, conforme Luz (2004), não é um procedimento técnico simplificado, mas o tratar, o respeitar, o acolher, o atender o ser humano em seu sofrimento (Gomes, et al. , 2011, pag. 03) Amiúde, no tratamento de crianças, os profissionais não conseguem analisar quão profundamente estas se sentem e como as suas defesas falham se os resultados são desastrosos. De acordo o autor, as defesas da criança pequena são capazes de lidar com quase tudo que a vida oferece desde que exista um ambiente amoroso nessa vida e que o fator tempo seja reconhecido. De modo geral, a falta de preparo do profissional de saúde em cuidar da criança, muitas vezes direcionado somente para a parte técnica do cuidado, inserido no modelo biomédico, não consegue observar a criança como ser humano completo nem perceber o que acontece com as emoções destes pacientes (GOMES et al. , 2011). 2.2 - Sentimentos e sentidos na prática do cuidado A enfermagem se faz na era contemporânea como a profissão que mais pesquisa e é pesquisada, em diversos cenários do cuidado, como unidades de terapia intensiva (UTI) adultas e pediátricas, outras unidades hospitalares, ESF e domicílio, por exemplo. Nesse núcleo de sentido também foi possível identificar algumas concepções de humanização, das quais se podem citar as percebidas por enfermeiros como cuidar do outro como gostaria de ser cuidado e ter a visão integral dos usuários. O atendimento humanizado no hospital está relacionado com a capacidade de abordar o paciente de forma holística e igualitária. No ambiente hospitalar, a humanização ainda mantém-se centrada na figura pessoa-cliente, evidenciando a pouca atenção ao cuidado e à humanização do sujeito trabalhador (Schimith, et al. , 2011, pag. 02). Devido a isso, a equipe de saúde precisa ser sensível no sentido de ver que a criança é mais que uma pessoa doente ou uma doença; ela é alguém integrante de um enredo familiar, possui necessidades e desejos. Também, os profissionais de saúde precisam considerar os aspectos subjetivos da doença na infância, porque o hospital pode se tornar um lugar iatrogênico e promover mais doença do que saúde, tanto nos pacientes quanto nos profissionais. (GOMES et al. , 2011). 2.3 - Vivenciando a humanização A preocupação do profissional não está apenas em atender o público infantil no sentido de realizar procedimentos técnicos, mas em seu bem-estar e na sua rápida recuperação, no seu conforto e no de sua família. A PNH entende humanização, entre outros fatores, como o compromisso com a ambiência e a melhoria das condições de trabalho e de atendimentos. A carência de material e insumos, por exemplo, é por um lado um dos fatores que contribuem para o cuidado humanizado e, por outro, desrespeito ao direito do doente em ter um atendimento resolutivo, com qualidade, preceituado no segundo princípio da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde de 2006 e em documentos como a resolução n.º 41/95, art. 13, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), art. 11. (Gomes, et al. , 2011, pag. 02) Os estudos de Silveira, et al.(2005) mostra que a relação terapêutica é parte de uma meta a ser atingida como resultado de interações planejadas entre dois seres humanos: a enfermeira e a pessoa que requer ajuda, as quais, neste processo, desenvolvem uma capacidade crescente para estabelecer uma relação interpessoal. Uma relação neste contexto é mais que somente falar com uma pessoa, por um período determinado, a cada dia, ou apresentar uma série de interações com ela. Uma das características de uma relação terapêutica é que, ambas, a enfermeira e a pessoa que requer ajuda transformam ou modificam seu comportamento e aprendem como resultado deste processo interativo, isto é, necessita de preparo humano e pedagógico. Em uma relação terapêutica, pacientes e familiares devem ser respeitados em sua individualidade, direitos e valores. O paciente precisa ser reconhecido como integrante de uma família; por isso, algumas considerações e cuidados devem ser centrados na família, propiciando um clima acolhedor e de proximidade. Essa interação necessita envolver a equipe de enfermagem, o paciente e a família, considerando os aspectos físicos, emocionais, éticos, espirituais e sociais do cuidar. Neste processo de compreensão do que pode interferir no cuidado dos pacientes ou até mesmo no desempenho profissional da equipe de enfermagem, destacamos a presença do familiar que, em determinados momentos, até pode ser considerada negativa, principalmente, quando este se encontra bastante angustiado, amedrontado, comunicando seus temores para o paciente. Essas atitudes tornam-se claras ao observamos, por exemplo, familiares descobrindo o paciente, manifestando curiosidade, surpresa ou pânico frente ao quadro que encontram. Tal postura, no entanto, ocorre, com frequência, quando não conseguimos interagir com os familiares, previamente à sua visita. (Silveira et al. , 2005, pag. 04) Silveira, et al.(2005) fala que é necessário priorizar a presença da família no cuidado ao enfermo, principalmente quando ela vivencia a internação de um familiar na UTI. Mesmo a família encontrando-se em um estado de fragilidade emocional ou de crise, continua ocupando um papel de destaque para o paciente, contribuindo para que se sinta protegido, mais seguro, amado e significativo para o seu grupo familiar; tais sentimentos, na maioria das vezes, o estimulam a lutar pela vida. Daí, nossa percepção da importância da presença da família na UTI, seja para conversar com o paciente, tocá-lo ou simplesmente observá-lo, mesmo quando este se encontra inconsciente. 2.4 - Importância da comunicação nas práticas de cuidado Diversos estudos apontam que a comunicação é um componente integrante do processo de humanização da assistência, destacando que para uma prática humanizada torna-se necessária a valorização da comunicação por parte dos profissionais com os sujeitos e seus familiares. Ainda no viés da humanização, a comunicação é abordada no sentido de possibilitar a integralidade da atenção à saúde, pois, numa comunicação em que os sujeitos sejam escutados de maneira qualificada e satisfatória, podem interagir e compartilhar suas vivências. Ela possibilita ainda que as condutas sejam pautadas e programadas de acordo com o conhecimento dos aspectos socioeconômicos e culturais. Uma boa comunicação auxilia também na organização dos serviços de saúde. Pesquisas revelam que se a população recebesse informações adequadas acerca da situação em que procurar os serviços de urgência e emergência, menor seria o tempo de espera nos serviços, e com isso os casos que realmente necessitam do atendimento teriam uma disponibilidade melhor da equipe de saúde. . (.Schimith, et al. , 2011, pag. 05) Como vimos a comunicação com os familiares e acompanhantes foi diversas vezes mencionada entre os trabalhos aqui pesquisados. É preciso que haja uma interação pacientesprofissionais-familiares, em que sejam fornecidas informações referentes aos cuidados específicos e gerais, pois assim será possível fortalecer os cuidadores para a alta hospitalar. Além disso, os familiares devem ser informados quanto às transferências que acontecem dentro do hospital. Dessa forma, é possível diminuir a angústia, a ansiedade e as preocupações entre os familiares. (SCHIMITH, et al. , 2011) 3 - METODOLOGIAS APLICADAS NA PESQUISA A partir de experiência profissional com a equipe de enfermagem, familiares e pacientes internados em situação crítica na UTI , utilizamos as etapas propostas pela Teoria da Relação Interpessoal, para facilitar o relacionamento entre a equipe de enfermagem e a família, auxiliando seu enfrentamento e a compreensão desta vivência. Entendemos como fundamental, em um processo de interação, o compromisso emocional dos profissionais com aqueles que requerem ajuda, reconhecendo e considerando relevantes suas manifestações de sofrimento, medo, angústia, desespero, entre outros sentimentos. Este estudo foi construído através do levantamento de dados encontrados na literatura já existente. Foram realizadas pesquisas bibliográficas por meio de artigos dispostos nas bases de dados da Scielo, onde foram consultados artigos originais e de revisão sobre o tema publicado na Internet. Trata-se de um estudo do tipo descritivo e bibliográfico. As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial à descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Serão inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas estão na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistêmica. (GIL, 2010). A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. (GIL, 2011). 4 – REFLEXÕES, ANÁLISE E DISCURSÃO. De acordo Silveira, et al.(2005) é difícil proporcionar uma assistência humanizada ao paciente crítico e seus familiares, enquanto não valorizarmos a comunicação e o relacionamento terapêuticos como a essência deste tipo de cuidado. Reconhecer que somos seres humanos com sentimentos, capazes de amar e entristecer é o caminho para o entendimento do processo de viver, adoecer e morrer. Observou-se que a atuação do enfermeiro é de fundamental importância no sucesso dos resultados nos cuidados voltados para o paciente e sua família. Está associada à criação e manutenção de vínculo, à adesão ao plano de cuidados, à satisfação dos usuários. (SCHIMITH, et al. , 2011) Nos estudos de Silveira, et al.(2005) aborda que a comunicação é tida como necessidade da equipe cuidadora, possibilitam a aproximação entre os envolvidos na relação, a qual é manifestada através do afeto e de palavras que se constituem em estímulos verbais. No entanto esta interação não ocorre ao acaso, para isso é necessário ser conscientemente planejada pela equipe de enfermagem, a partir das observações realizadas, dentro das necessidades que sejam significativas pelo paciente e seus familiares a sua nova situação de vida. A gratificação vem da satisfação de sermos úteis e sabermos que temos a chance de amenizar o sofrimento das pessoas/pacientes, a partir do reconhecimento das particularidades da sua experiência no momento de internação na UTI. Ter consciência das particularidades e singularidade do paciente e dos seus familiares, nesse momento particular da sua vida, requer respeitarmos profundamente sua condição humana, incluindo seus sentimentos diante do desconhecido. Desta forma é preciso um preparo profissional e, até mesmo, deixar emergir nossa sensibilidade, estabelecendo a empatia, procurando enxergar sua visão do mundo. Quando adotamos esse modo de agir, ampliamos nossa receptividade e disponibilidade para escutar, tocar, dialogar e, até mesmo, se necessário, abraçar. (SILVEIRA, et al.2005) Silveira, et al.(2005) destaca a importância da presença da equipe de enfermagem junto ao paciente e de seus familiares, da empatia, da interação, da cooperação da equipe multidisciplinar e do uso da tecnologia como um instrumento que pode proporcionar um cuidado mais humanizado. Silveira, et al.(2005) a família pode ajudar muito para a recuperação do paciente, mas para que isso venha a ocorrer, ela precisa ser colocada a par das rotinas da UTI e sobre o que está acontecendo com o seu familiar, necessitando sentir-se acolhida, respeitada e, também, cuidada. Devido a isso, é importante permitir sua presença, assegurar-lhe de que estamos ali para lhe ajudar a enfrentar esse momento difícil. Neste caso, consideramos necessário e fundamental a priorização do tempo, de modo a estabelecermos uma relação terapêutica com os pacientes e seus familiares. Deste modo, consideramos como indispensável que a equipe de enfermagem designe um espaço para refletir sobre a importância da família como participante ativa no cuidado dispensado aos pacientes e como potencializadora na recuperação da sua saúde. Essa experiência vem mostrando que a equipe de enfermagem, em especial a enfermeira, precisa ser observadora de si mesma, ter pensamento intuitivo, permitindo-se aprender a ser receptiva e atenta aos estímulos transmitidos pelas pessoas que estão a sua volta, de modo a satisfazer muitas das necessidades físicas, emocionais, espirituais e sociais do paciente e de seus familiares (SILVEIRA, et al.2005). 5 - CONSIDERAÇÕES GERAIS Este estudo possibilitou a sistematização da produção e aquisição do conhecimento, ajudando a identificar potencialidades e fragilidades nesse campo do saber, e poderá estimular a construção de novos estudos e pesquisas. As potencialidades identificadas apontam para a dimensão transformadora das práticas em saúde quando se considera o usuário como protagonista do processo de cuidar de sua saúde. Já as fragilidades revelam a permanência da visão biologista e fragmentada nos serviços de assistência á saúde. Gomes et al. , (2011) frisa que a Política Nacional de Humanização tem o comprometimento com melhorias das condições de trabalho e de assistência, a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Da mesma forma, na Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, lançada em 2006 pelo Governo Federal, conforme o segundo princípio, reza que todo cidadão tem direito ao atendimento adequado e efetivo. Esse atendimento adequado inclui tecnologia apropriada e condições de trabalho adequadas para os profissionais de saúde. Sobre a presença dos familiares na UTI Silveira, et al. 2005, pag. 05 declara: A emersão da sensibilidade na relação que estabelecemos entre a equipe, com a família e o paciente significa a possibilidade de efetivar um cuidado com dignidade, solidariedade, procurando compreender os medos dos pacientes, dos familiares e, com isso, diminuir sua ansiedade, seu sofrimento, sua dor e angústia. Assim, consideramos como importante, como já referido, favorecer a presença do familiar na UTI, sempre que possível, quando constituir-se em um desejo do paciente, em horários pré-estabelecidos para visita ou não. O processo prático de humanização do cuidado ao paciente/cliente advém da sensibilidade e conscientização do profissional de saúde sobre seu trabalho, sobre os direitos do doente e sobre a importância do trabalho em equipe multidisciplinar, entre outros fatores. (GOMES et al. , 2011). Consideramos importante esse trabalho, pois possibilitou aprender a valorizar alguns elementos internos e inerentes a qualquer pessoa, dentre eles, a sensibilidade, a afetividade, a capacidade de empatia e envolvimento emocional, como instrumentos a serem utilizados nas relações sociais. Descobrimos, também, que somos capazes de fornecer segurança ao outro, pela simples presença junto ao paciente e/ou ao seu familiar. Dessa forma, conseguimos demonstrar nosso interesse por sua situação de vida e o nosso envolvimento no processo de cuidar. 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Gil, Antonio Carlos; Didática do ensino superior / Antonio Carlos Gil. – 1. ed. – 5. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2010. Gil, Antonio Carlos; Metodologia do ensino superior / Antonio Carlos Gil. – 4. ed. – 6. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2011. GOMES, Ilvana Lima Verde et al.Humanização na produção do cuidado à criança hospitalizada: concepção da equipe de enfermagem. Trab. educ. saúde (Online) [online]. 2011, vol.9, n.1, pp. 125-135. ISSN 1981-7746. http://dx.doi.org/10.1590/S198177462011000100009. SCHIMITH, Maria Denise; SIMON, Bruna Sodré; BRETAS, Ana Cristina Passarella e BUDO, Maria de Lourdes Denardin.Relações entre profissionais de saúde e usuários durante as práticas em saúde. Trab. educ. saúde (Online) [online]. 2011, vol.9, n.3, pp. 479503. ISSN 1981-7746. http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462011000300008. SILVEIRA, Rosemary Silva da; LUNARDI, Valéria Lerch; LUNARDI FILHO, Wilson Danilo e OLIVEIRA, Adriane M. Netto de.Uma tentativa de humanizar a relação da equipe de enfermagem com a família de pacientes internados na uti. Texto contexto enferm. [online]. 2005, vol.14, n.spe, pp. 125-130. ISSN 0104-0707. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072005000500016.