CHINA Aspectos gerais 1- O território da Republica Popular da China, com 9.597.000Km2, ocupa o terceiro lugar entre os maiores do mundo. Mas esse país se destaca realmente pela sua gigantesca população, a maior do globo, com 1,3 bilhão de habitantes, o que equivale a cerca de 20% da população mundial e quer dizer que, em cada 5 habitantes do nosso planeta, um é chinês. No entanto, o crescimento demográfico chinês vem declinando nas últimas décadas. Atualmente, é de apenas 0,9% ao ano; portanto, menor que o da vizinha Índia (1,8%) e bem inferior ao dos campeões mundiais de crescimento populacional, como a Nigéria (2,4%) 1.1- Sob o aspecto fisiográfico, o território chinês possui uma grande diversidade de paisagens. Em termos gerais, os pontos mais altos da China encontram-se no oeste, onde se acham algumas das cadeias montanhosas mais elevadas do mundo, especialmente o Himalaia, ao longo da fronteira com a Índia. Nessa região, encontram-se as nascentes dos rios Indo, Ganges, Brahmaputra, Mekong e Hoang-Ho, ou Amarelo. Também a oeste e ao norte, existem o grande deserto de Takla Makan e os montes Tian Shana. A leste e ao sul, há extensas planícies fluviais e litorâneas. 1.2- O maior rio da China é o Yang-Tsé-Kiang, que é também o mais longo da Ásia e o terceiro do mundo. Apenas o Amazonas e o Nilo o ultrapassam em extensão. Chamado também de rio Azul, percorre 6.300km de oeste para leste, cortando a China em duas partes. Sua bacia cobre uma superfície equivalente a um quinto da China e reúne um terço da população chinesa. O Amur (Heilong Jiang) é o rio mais importante da Manchúria, continuando na Sibéria, enquanto o principal rio do norte é o Hoang-Ho (Amarelo). Os trechos retos inferiores do Sikiang são o sistema fluvial mais importante do país. 1.3- Prevalece o clima temperado na China, mas também há regiões desérticas e semi-áridas no interior ocidental e uma pequena área de clima tropical no sudeste. Por conta de sua altitude, a meseta tibetana possui clima de montanha. A monção exerce o controle primário sobre o clima. População e cidades 2- A questão populacional, um dos mais sérios problemas chineses, parece estar sendo bem resolvida. O crescimento demográfico do país já foi acelerado. Com a redução das taxas de mortalidade de 20 por mil na década de 1940 para 6,5 por mil da década de 1980, a população da China dobrou em 35 anos. Mas um rigoroso controle de natalidade, implantado desde os anos 1970, parece ter surtido efeito. De acordo com esse controle, as famílias devem ter no máximo dois filhos, sendo o ideal um, e são aplicadas penalidades rígidas, como o aborto obrigatório para mulher grávida do terceiro filho. 2.1- O fenômeno da fome e da subnutrição sempre esteve presente na longa história chinesa, uma das civilizações mais antigas da humanidade. A luta contra um meio hostil, com baixos índices de chuva na maior parte do território, levou os antigos chineses a construir a maior rede de canais de irrigações da história. A China possui um sistema de diques e canais que irriga enormes áreas 2.2- Com a revolução socialista de1949, o governo chinês enfrentou esses problemas implantando profundas mudanças sociais, como a reforma agrária e a melhor distribuição de renda. Passou a desenvolver também programas de controle de natalidade. Com isso, hoje, não há grandes desperdícios de alimento na China e quase ninguém passa fome ou é subnutrido. 2.3- A população chinesa é predominantemente rural. Apenas um terço do total vive nas cidades. Contudo, como é muito grande a população do país, esse terço que vive nas áreas urbanas provoca o surgimento de grandes cidades. Existem na China treze centros urbanos com mais de 2,5 milhões de pessoas e cerca de 25 cidades com mais de 1 milhão de habitantes 2.4- Os maiores aglomerados urbanos são Xangai e Pequim. Xangai, com 15 milhões de habitantes na área metropolitana, é a cidade mais importante do país, por causa de suas atividades comerciais e financeiras. Pequim, a capital do país, tem cerca de 13 milhões de moradores em sua área metropolitana. Essas enormes cidades, porém, são menores que São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, apesar de a China ter uma população quase oito vezes maior que a do Brasil. Isso se explica basicamente pela maior concentração rural da população chinesa. 2.5- A distribuição da população pelo território, como não podia deixar de ser, está muito ligada às atividades econômicas. A parte leste, banhada pelo oceano e mais industrializada, concentra a maior parte da população, havendo aí a ocorrência de elevadas densidades demográficas; a parte oeste, desértica, possui baixas densidades demográficas. Esse fato está se acentuando nos últimos anos com o maior desenvolvimento econômico do leste da China, das faixas litorâneas que se industrializaram e atraem grande quantidade de mão-de-obra do interior. Economia 3- A economia chinesa ainda é predominantemente agrícola, apesar de nas ultimas décadas ter ocorrido um enorme avanço no setor industrial. O setor primário ocupa ainda muito mais mão-de-obra do que os setores secundário e terciário. Os principais produtos cultivados são: arroz, milho, trigo, algodão, batata, soja, sorgo e cana-de-açúcar. 3.1- A pecuária e a mineração ainda são muito importantes para a economia chinesa. A China ocupa o primeiro lugar do mundo na criação de gado suíno e eqüino e na avicultura e está entre os cinco maiores produtores mundiais de gado bovino e caprino. Além de ser um dos maiores produtores mundiais de petróleo e, principalmente, carvão mineral, a China possui grandes reservas de mercúrio, ferro, tungstênio, manganês, urânio e zinco. 3.2- A insuficiência dos meios de transporte dificultou – e continua dificultando – a difusão da atividade industrial pelo território chinês. Além de terem sidas ampliadas mais de 20 mil quilômetros de vias em 1950 para mais de 50 mil em 1990, as ferrovias ainda são insuficientes para as necessidades de transporte de carga do país. A navegação fluvial também é importante para a China, apesar dos problemas periódicos causados pelo congelamento de alguns rios em determinadas épocas do ano e pelas catastróficas enchentes em outras. Até hoje, os carros puxados por juntas de bois são muito usados como meio de transporte de cargas na China. Nas cidades, é mito grande o numero de bicicletas, que ainda constituem o principal meio de transporte urbano. 3.3- Apesar disso tudo e da baixa renda per capita do país, decorrente principalmente de sua grande população, a China hoje é a sétima maior economia do mundo e vem conhecendo um enorme crescimento desde o final dos anos 1980. Por sinal a China foi o país que mais cresceu no mundo nos anos de 1990 e vem enfrentando alguns problemas: intelectuais (principalmente cientistas) abandonando o país, falta de manutenção nos armamentos modernos, desestruturação das forças armadas, etc. Mas ainda predominam indicadores socioeconômicos típicos de subdesenvolvimento na China: renda per capita de US$ 780 dólares, mortalidade infantil de 38 ‰, taxa de anafalbetismo de 8,3% para os homens e 23,7% para as mulheres, etc. Etnias 4- A China enfrenta problemas de diferenças étnicas até hoje. Em suas províncias vivem povos que há milênios são adversários. Na principal região do país – as planícies orientais –, vive o povo chinês (ou han), que abrange cerca de 92% da população total. Esse povo possui uma língua comum, mas apresenta diferenças regionais de fala, apesar de a escrita ter sido unificada. A etnia han é a única que se considera verdadeiramente chinesa (nem existe a palavra ‘chinês’ no seu idioma principal, o mandarim, mas apenas a palavra ‘han’). As demais são vistas por ela como nãochinesas e às vezes até mesmo como empecilhos do nacionalismo han. 4.1- Nas demais províncias vive a imensa maioria dos outros povos, que perfazem no total cerca de 55 grupos étnicos. Os principais são: mongóis, tibetanos, populações de língua turca, muçulmanos, tais e coreanos. Essas minorias étnicas falam idiomas diferentes do chinês. Temos de lembrar que, por causa da enorme população total do país, quando se fala em minoria na China, pode estar-se referindo a um grupo expressivo, com milhões de pessoas. Os muçulmanos, por exemplo, que vem se expandindo na parte noroeste do país, já perfazem cerca de 26 milhões de pessoas. Principais regiões 5- Existem atualmente cinco grandes regiões na China. A principal delas é a China propriamente dita, formada pelas planícies orientais, onde se localiza a grande maioria da população chinesa. As outras quatro são províncias ou regiões autônomas: Manchúria → A nordeste do país, onde predomina a etnia manchú, muitas vezes classificada no grupo han e que, no entanto, faz questão de se diferenciar desse grupo majoritário de chineses, com o qual possui rivalidades milenares. Existe um movimento manchú por autonomia em relação à China. Mongólia Interior → ao norte do país, onde há uma grande presença de povos mongóis, embora o governo chinês nas últimas décadas incentivado o povoamento dessa área por chineses e forçado a transferência de muitos mongóis para outras áreas. Sin-kiang (ou Xinjiang) → A noroeste, habitada por povos muçulmanos e por populações de língua turca. Os choques entre tropas chineses e os islâmicos, que possuem um movimento separatista e ate grupos guerrilheiros, vem se multiplicando nessa região nos últimos anos. Tibete → A oeste, habitado por povos tibetanos. O Tibete, na realidade, foi invadido e anexado pela China em 1950. Os tibetanos constituem um povo ou nação bem diferentes do chinês. Aí vem ocorrendo nos últimos anos importantes manifestações populares apoiadas por monges budistas (o budismo tibetano, diferente dos demais, é a principal base da nação). Os manifestantes querem a separação dessa região, tornando-a independente da China, o que as tropas militares chinesas vem reprimindo com violência. Também no Tibete o governo chinês vem adotando a mesma política de forçar a saída de povos locais e incentivar o povoamento com chineses (hans) como tentativa de esvaziar a reivindicação separatista. 5.1- Existem ainda na China outras regiões consideradas autônomas do ponto de vista político-administrativo, como a área ao redor de Pequim, Guangxi (ao sul) e Ningxia (no centro, ao sul da Mongólia Interior). Reviravoltas da política chinesa 5.2- Desde 1949, várias reformas econômicas e sociais foram realizadas na China, como a reforma agrária, com ampla redistribuição de terras rurais; democratização das forças armadas: oficiais e soldados passaram a ganhar o mesmo salário; o castigo corporal foi abolido; etc.; estatização dos bancos e dos meios de produção (fábricas, fazendas, etc.) e planificação da economia e o estabelecimento de um salário máximo e de um mínimo (o maior salário não podia ultrapassar dez vezes o menor); todos os trabalhadores passaram a ser assalariados, na medida em que foram abolidas outras formas de rendimentos, principalmente os lucros. 5.3- Até por volta de 1960, o governo da China seguiu uma linha baseada no modelo da União Soviética, recebendo os seus técnicos e ando prioridade a indústria pesada. Em seguida, houve um afastamento entre esses dois países, em virtude de discordâncias político-econômicas e de conflitos por áreas de fronteiras. 5.4- De 1960 até por volta de 1975, a China se fechou, restringindo ao máximo o comercio com outros países, a ponto de proibir até o turismo em seu território, procurando um modelo de desenvolvimento próprio. Foi um período de ênfase na indústria leve, muitas vezes localizadas no meio rural, e de grandes incentivos à agricultura. 5.5- O afastamento entre a China e a URSS foi motivado pelo desejo chinês de se transformar numa superpotência econômica e militar, o que ameaçava a hegemonia soviética sobre o antigo mundo socialista. A China investiu muito em armamentos e chegou até a fabricar bombas atômicas e de hidrogênio. Investiu também em mísseis, aviões militares, satélites espaciais e na tecnologia nuclear. 5.6- Do ponto de vista econômico, a China conseguiu eliminar a pobreza crônica que vivia em sua população, mas ainda na apresenta um nível tecnológico e industrial que possa ser comparado ao das grandes potencias econômicas, como os EUA, Japão e Alemanha. 5.7- Após a morte do líder Mao Tse-tung, o novo governo chinês resolveu abrir o governo ao capitalismo e dar um maior impulso à economia. Foi à abertura da China que ampliou muito o comércio com o restante do mundo (principalmente com os países capitalistas desenvolvidos), incentivou o turismo e abriu as portas ao capital estrangeiro. 5.8- Assim, filiais de empresas multinacionais foram novamente admitidas no país. A Bolsa de Valores de Xangai, que havia sido fechada em 1949, foi reaberta em 1984, o que significa que a propriedade privada dos meios de produção voltou a ser consentida. Além disso, o governo resolveu ampliar o leque salarial, ou seja, aumentar as diferenças entre os maiores e os menores salários, com o objetivo de motivar os trabalhadores a produzir mais. 5.9- Não é demasiado lembrar que o crescimento industrial do pais prossegue e apresenta taxas elevadas:de 1978 a 2002, esse crescimento foi sempre um dos maiores, senão o maior, de todo o mundo. Mas a maior parte da população chinesa praticamente não se beneficia desse acelerado desenvolvimento industrial, pois a maioria das empresas são firmas estrangeiras que usam o litoral da China como “plataforma de exportação”, ou seja, produzem mercadorias diversas para exportar para o mercado consumidor do resto do mundo e, especialmente, dos EUA. 5.10- As exportações da China, que totalizavam apenas 2 bilhões de dólares por ano em 1970, subiram para 27 milhões em 1987 e saltaram para mais de 200 bilhões em 2002. Mas o chinês de classe baixa ou média ainda não consome esses produtos. As lojas que os vendem nas grandes cidades do país estão voltadas essencialmente para turistas. O morador típico, com freqüência, é maltratado e até expulso quando entra nelas por engano ou curiosidade. 5.11- A abertura econômica da China não foi acompanhada por uma abertura no setor político. A China passou a ter uma economia cada vez mais capitalista, baseada no mercado e nos investimentos estrangeiros, e ao mesmo tempo uma vida política autoritária comandada por um partido único, o Partido Comunista, que não admite críticas ou oposições. Um movimento que reivindicava reformas no país e que chegou a contar com o apoio de milhões de pessoas, foi duramente esmagado em 1989, com um número considerável de mortos. Foi o chamado Massacre da Praça da Paz Celestial, no qual milhares de pessoas foram presas, torturadas e até assassinadas. Aumento das disparidades regionais 6- O intenso crescimento econômico chinês nas últimas décadas não tem sido generalizado por todo o território. Ele se concentra na parte leste do país, a porção litorânea. É aí que existem as Zonas de Proteção às Exportações (ZPEs), áreas com economias de mercado ou capitalistas e que efetivamente vem crescendo por meio de grandes investimentos de capitais estrangeiros (japoneses e, principalmente, norte-americanos) e incentivos as exportações. São regiões onde os salários são maiores e as condições de vida melhores que no restante do país, apesar de baixíssimos em termos internacionais. 6.1- Os salários para a imensa maiorias da população chinesa giram ao redor de US$ 30 por mês, mas nas zonas industriais chegam a oitenta ou noventa, o que é ridículo para um trabalhador alemão ou norte-americano, que ganha cerca de US$ 1200 mensais, mas é atrativo para os chineses. As regiões na parte central e oeste da China pertencem semi-estaganadas, com economias socialistas e agrícolas, sem grandes aberturas para o mercado. A disparidade entre as duas chinas, a pobre a oeste e centro, e a rica a leste, aumenta a cada ano. 6.2- As migrações do interior da China para as zonas litorâneas mais ricas tem sido, em parte, controladas pelo governo autoritário do país, que procura evitar as imensas aglomerações urbanas e seus problemas (inclusive associações populares e sindicatos, que poderiam questionar o regime). Têm sido comum a presença de soldados vigiando as estradas que levam às regiões litorâneas da China, e os camponeses que levam produtos agrícolas para as cidades são seguidos por guardas para evitar que fiquem nos centros urbanos. 6.3- O governo socialista chinês experimenta uma abertura econômica para o capitalismo, mas procura limitar esse processo a uma parte do país, procurando realizar uma transição controlada e sem conflitos. Mas o problema é até quando isso será possível, pois as disparidades sociais (entre pessoas e regionais estão se agravando na China. ATIVIDADES Como é o meio fisiográfico da China? II- Quais são as divisões e os problemas étnicos da China? III- A recente expansão econômica chinesa tem beneficiado todas as regiões do país e toda a população? Justifique a sua resposta. I-