sheila de melo silva

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SOBRATI – SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
SHEILA DE MELO SILVA
SONILDA SANTANA DE MELLO
A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
VOLTADA AO TRINÔMIO PACIENTE,EQUIPE E FAMÍLIA.
ORIENTADOR: Prof. Ms. Carlos Vitório de Oliveira
BRASÍLIA-DF
2011
SOBRATI – SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
SHEILA DE MELO SILVA
SONILDA SANTANA DE MELLO
A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
VOLTADA AO TRINÔMIO PACIENTE,EQUIPE E FAMÍLIA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à SOBRATI Sociedade Brasileira de Terapia
Intensiva, sob orientação do Prof. Ms. Carlos
Vitório de Oliveira como requisito parcial
para a conclusão do Curso de Mestrado
Profissionalizante em terapia Intensiva.
BRASÍLIA-DF
2011
RESUMO
A humanização em saúde visa proporcionar um tratamento global do indivíduo. Sendo
esta definida como resgate do respeito à vida humana, considerando as circunstâncias
sociais, éticas, educacionais, psíquicas e emocionais, presentes em todo o
relacionamento. Este artigo busca refletir a importância da humanização da assistência
de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva, tendo por objetivos principais
favorecer uma reflexão sobre a importância da humanização da assistência de
Enfermagem em UTI, especificamente pautada na análise crítica quanto à importância
desta assistência humanizada, conduzindo a ações e estratégias que promovam a
humanização otimizada desse ambiente. Discute ainda a relevância da interação entre o
trinômio equipe/paciente/família, visando à qualidade da assistência e recuperação mais
rápida do paciente. Para tanto optamos pela metodologia da pesquisa bibliográfica tendo
como critério de seleção produção científica do período de junho de 1979 a dezembro
de 2006. Sendo assim, utilizou-se como ferramentas artigos científicos, dissertações e
livros para a fundamentação teórica e discussão do tema. Os achados foram agrupados
em duas áreas: “Humanização da Assistência de Enfermagem na UTI” e “Relações
Interpessoais Paciente-Família-Equipe”. Concluímos que a humanização da assistência
de Enfermagem em UTI é um processo complexo envolvendo dificuldades e mudanças
de posturas, gerando sentimentos diversos por quem os realiza. Entretanto, um
investimento na formação humana dos profissionais, bem como o reconhecimento de
suas limitações, propiciará uma assistência integral e mais humanizada, resultando em
uma ação comprometida com o indivíduo e familiares com mais qualidade, viabilizando
uma retroalimentação nos cuidados à saúde nas UTIs.
PALAVRAS-CHAVE: Humanização, Unidade de Terapia Intensiva, Equipe de
saúde/paciente/família.
ABSTRACT
The humanization in health seeks to provide a global treatment of an individual. This
would be defined as rescue of respect to a human’s life, considering the social
circumstances, ethnical, educational, psychical and emotional, present in the whole
relationship. This article searches to reflect the importance of the humanization of the
Nursing’s attendance in the Intensive Therapy Unit, specifically ruled in the critical
analysis as to the importance of this humanized attendance, leading to actions and
strategies that promote the optimized humanization of that … It still discusses the
relevance of the interaction among the trinomial /patient/family, seeking the quality of
the attendance and the patient's fastest recovery. Therefore, we opted for the
methodology of the bibliographical research, having selected as the criterion the
scientific production from June of 1979 to December of 2006. In this manner it was
used as tools in scientific articles, dissertations and books for the theoretical foundation
and theme’s discussion. The discoveries were contained in two areas: “Humanization of
the Attendance of Nursing in ITU”, “Patient-Family-Support Team Interpersonal
relationships”. We concluded that the humanization of the attendance of Nursing in ITU
is a complex process, involving difficulties and changes of postures generating several
feelings for whoever accomplishes them. However, an investment in the professional’s
human formation, as well as the recognition of their limitations will propitiate an
integral and more humanized care resulting in a committed action with the individual
family for more quality care, making it possible for feedback in the care toward better
health in the ITU.
KEY-WORD: Humanization, Intensive Care Unit (ICU) Health Team/Patient/Family.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ..................................................................................................
06
2 OBJETIVOS..........................................................
08
3
08
MATERIAL E
MÉTODO................................................................................................
4
DESCRIÇÃO........................................................................................................
5
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA......................................................................................
6
RELAÇÕES INTERPESSOAIS PACIENTE,EQUIPE E FAMÍLIA...................
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................
REFERÊNCIAS...............................................................................................
09
09
11
14
15
1. INTRODUÇÃO
A Humanização consiste num processo reflexivo acerca de valores e princípios
que norteiam a prática profissional de Enfermagem, pressupondo um tratamento e
cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos profissionais de saúde, ao seu
principal objeto de trabalho - o doente.
Perceber o outro requer uma atitude profundamente humana. Reconhecer e
promover a humanização, à luz de anseios éticos, demanda um esforço para rever,
principalmente, atitudes e comportamentos dos profissionais envolvidos direta ou
indiretamente na assistência ao paciente.
Em virtude do acelerado processo técnico e científico no contexto da saúde, a
dignidade da pessoa humana com freqüência, parece ser relegada a um segundo plano.
A doença, muitas vezes, passou a ser o objeto do saber reconhecido cientificamente,
desarticulada do ser que a abriga e na qual ela se desenvolve. Os profissionais da área
de saúde parecem, gradativamente, desumanizar-se, favorecendo a desumanização da
sua prática.
A humanização encontra respaldo, na atual Constituição Federal, sobretudo, no
artigo 1, inciso III que assinala sobre “a dignidade da pessoa humana” sendo um dos
fundamentos do Estado Democrático do Direito. (Constituição da República Federativa
do Brasil, 1988).
Vale ressaltar, que o exercício profissional da Enfermagem baseia-se, sobretudo,
pelo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, estes evidenciados pela
caracterização de sistemas de valores, explicitação da moralidade de um grupo. Quanto
aos valores da profissão de Enfermagem, o CEPE, no artigo 3, norteia a prática
profissional para o respeito à vida, à dignidade, e aos direitos da pessoa humana, sem
qualquer discriminação, estabelecendo assim a responsabilização pela promoção do ser
humano nas múltiplas dimensões. (GELAIN, 1988).
Nos últimos anos, precisamente entre as décadas de 50 a 80, a humanização é
enfocada de modo circunscrito às relações interpessoais estabelecidas com o paciente,
mostrando-se desarticulada das dimensões político-sociais do sistema de saúde.
O modelo assistencial de saúde no país, até a década de 80, era centrado no
atendimento curativo, individual e especializado, tendo como principal espaço para as
ações de saúde – o hospital – que não se constituía como direito de todos,
caracterizando uma prática meramente mecanicista, focada apenas na doença e não no
ser/indivíduo biopsicossocial
Diante deste contexto e, devido à importância do processo de humanização nos
serviços hospitalares do país, á partir dos anos 80, precisamente a partir do movimento
de Reforma Sanitária, começa a ser instaurado um novo projeto de saúde. Esse passa a
valorizar a saúde como direito a todo cidadão a ser garantido pelo Estado, envolvendo
os princípios que regem e permeiam o SUS – equidade, integralidade e participação
social, visto que o Ministério da Saúde implanta e desenvolve o Programa Nacional de
Humanização Assistência Hospitalar – PNHAH. Tal Programa caracteriza-se pelo
conjunto de ações integradas com o intuito de modificar o padrão da assistência
prestada ao usuário seja nas instituições hospitalares públicas ou filantrópicas
(conveniadas ao SUS) do país, objetivando com isso à melhoria da qualidade e eficácia
dos serviços prestados por tais instituições. Além disso, visa implementar o
aprimoramento das relações entre profissionais de saúde e usuário, dos profissionais
entre si e do hospital com a comunidade.
Partindo do conceito de humanizar como busca incessante de se alcançar o
equilíbrio físico, psíquico e espiritual do doente, é que se começa a desenvolver a
temática desse estudo. Esse que visa uma retrospectiva do processo de humanização nas
Unidades de Terapia Intensiva, ambiente considerado mórbido, frio e altamente
tecnicista, em virtude dos adventos tecnológicos e estímulos emocionais nocivos,
sobretudo, pelas questões relativas à morte, à dor, ao estresse, aos riscos de
contaminação, infecção hospitalar, levando ao limiar entre viver e morrer evidenciado
pelas intercorrências inesperadas, labilidade do estado clínico do paciente, podendo
desencadear por parte da equipe, sentimentos diversos, levando desde a baixa autoestima profissional (falta de confiança em si próprio), bem como a insatisfação com o
trabalho.
Diante do exposto, tem-se como proposição principal neste estudo, favorecer uma
reflexão sobre a importância da humanização na assistência de enfermagem em Unidade
de Terapia Intensiva voltadas para o trinômio paciente/equipe de enfermagem/família.
Especificamente, a pretensão é de uma análise pautada na criticidade quanto à
importância da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva,
conduzindo a ações e estratégias que promovam a humanização desse ambiente, de
forma otimizada, além de discutir a relevância da interação entre o trinômio
equipe/paciente/família com vista à qualidade da assistência e recuperação do paciente.
Neste sentido, esta pesquisa buscará realizar uma retrospectiva do processo
de humanização na Unidade de Terapia Intensiva, enfatizando os acontecimentos que
marcaram as mudanças ocorridas no processo de valorização da humanização das
práticas de saúde.
2- Objetivos

Refletir sobre a importância da humanização na assistência de Enfermagem
em Unidade de Terapia Intensiva;

Discutir a relevância da interação entre o trinômio equipe/paciente/família
com vistas à qualidade da assistência e recuperação do paciente.
3- Material e Método
Estudo descritivo realizado através de revisão bibliográfica analítica e baseado em
obras secundárias aborda o tema em questão publicado entre o período de 1979 a 2006
os quais funcionaram como alicerce conceitual. A coleta do material para pesquisa foi
realizada em ambiente virtual, através da Biblioteca Virtual de Saúde ( BVS ), onde
dissertações e artigos foram incluídos, nos resultados de busca, com os seguintes
descritores: “ Humanização da assistência de Enfermagem em Unidades de terapia
Intensiva, cuidado humanizado em Enfermagem em UTI”.
Após a realização das fases da sistematização, percebeu-se que apenas as
referências bibliográficas encontradas em literatura tradicional não eram o suficiente
para nortearem o aspecto conceitual básico, visto que retrataram em nível de noções
básicas quanto ao tratamento humanizado em Terapia Intensiva. Deste ponto em diante,
buscou-se outras fontes (artigos científicos, dossiês, resenhas) em ambiente virtual com
ênfase no objeto do estudo.
4-Descrição
Humanizar é garantir condições dignas ao homem em meio a sua essência,
respeitando, de forma integral e igualitária. A toda humanidade fornecendo uma série de
benefícios, estes considerados essenciais à condição humana (Collet, 2003).
5 - Humanização da Assistência de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva
Desde os primórdios, o que diferencia o ser humano dos demais animais é
seu corpo biológico e a forma como este é evolutivo por todas as relações sociais que o
cercam.
A linguagem torna possível a construção do saber, isto é, o homem passa a
reconhecer/descobrir que tem capacidade de conviver com seus semelhantes, o que
constitui sua identidade cultural, favorecendo seu potencial de transformar o meio, no
qual está inserido, seja de forma benéfica ou destrutiva, como, por exemplo, transforma
a doença em saúde ou vice-versa.
Dessa maneira, o homem descobre seu potencial e acredita que toda a sabedoria
pode ser transformada em conhecimento e que este pode responder a todas as questões
envolvendo o campo humano e das relações interpessoais.
Para Collet (2003, p. 190):
humanizar é, ainda, garantir a palavra a sua dignidade ética, ou seja, o
sofrimento humano, as percepções de dor ou de prazer no corpo para serem
humanizados, é preciso ainda que esse sujeito ouça do outro palavras do seu
reconhecimento. É pela linguagem que fazemos as descobertas de meios
pessoais de comunicação com o outro.
Nesse contexto, percebe-se do profissional de enfermagem que visa, sobretudo,
tornar a assistência ao indivíduo criticamente doente, humanizada considerando-o como
um ser biopsicosocioespiritual.
O aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos mais
difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da
unidade de terapia intensiva (UTI) faz com que os membros da equipe de enfermagem,
na maioria das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está a sua
frente.
Apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar realizando no sentido
de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa difícil, pois demanda atitudes às
vezes individuais contra todo um sistema tecnológico dominante. A própria dinâmica de
uma UTI não possibilita momentos de reflexão para que seu pessoal possa orientar
melhor (ROSSI, 1988).
Embora seja o local ideal para o atendimento a pacientes agudos graves
superáveis, a UTI parece oferecer um dos ambientes mais agressivos, tensos e
traumatizantes do hospital. Os fatores agressivos não atingem apenas os pacientes, mas
também a equipe multiprofissional, principalmente, a enfermagem que convive
diariamente com cenas de pronto-atendimento, pacientes graves, isolamento, morte,
entre outras (BERK, 1979).
Por força dos efeitos negativos do ambiente sobre o paciente, a família e a
equipe multiprofissional, devem adotar medidas que visem a necessidade de
humanização dos serviços que utilizam alta tecnologia.
O paciente internado na UTI necessita de cuidados de excelência, dirigidos não
apenas para problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais,
ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à doença física. A
essência da enfermagem em cuidados intensivos não está nos ambientes ou nos
equipamentos especiais, mas no processo de tomada de decisões baseado na sólida
compreensão das condições fisiopsicológicas do paciente (CARNEIRO, 1982).
É importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem
na UTI, com a finalidade de provocar uma reflexão da equipe e, em especial, dos
enfermeiros. Além de envolver o cuidado do paciente, a humanização, estende-se a
todos aqueles que estão envolvidos no processo saúde-doença nesse contexto, que são,
além do paciente, a família, a equipe multiprofissional e o ambiente.
A humanização deve fazer parte da filosofia da enfermagem. O ambiente físico,
os recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do
que a essência humana. Esta, sim, irá conduzir os pensamentos e as ações da equipe de
enfermagem, principalmente do enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir
uma realidade mais humana, menos agressiva e hostil para as pessoas que diariamente
vivenciam a UTI.
6 - Relações Interpessoais Paciente-Equipe-Família
O enfermeiro, na sua prática profissional, lida com pessoas em situações
variadas. É um trabalho definido dentro das profissões de ajuda, com o objetivo de
promover o crescimento pessoal, melhor funcionamento e ajustamento social da pessoa
a ser ajudada (BENJAMIN, 1971; MUCHIELLI, 1978; DANIEL, 1983; RODRIGUES,
1986 apud LIMA, 1993).
É importante que o enfermeiro questione como tem percebido este cuidar junto
dos pacientes para que possa, se julgar necessário, repensar e refazer a sua prática na
busca de um atendimento mais adequado e terapêutico.
Carneiro (1982) revela que a comunicação desenvolvida entre enfermeiros e
pacientes tem se caracterizado por mensagem curtas, breves e unilaterais, prevalecendo
a verbal, do tipo oral, e desenvolvida assistematicamente, sendo pouco valorizadas as
habilidades expressivas do enfermeiro como um meio terapêutico na promoção e
recuperação do doente. Observa-se que a comunicação pode retornar uma fonte
potencialmente geradora de tensão tanto para o paciente quanto para os enfermeiros.
Ciosak & Sena (1983) fazem um alerta dos profissionais, que em UTI, de modo
geral, ignoram a solidão e o nível de consciência do paciente, apresentando
comportamentos inadequados e até mesmo brincadeira, por considerarem que
determinados pacientes estão inconscientes, o que nem sempre corresponde à realidade.
Acrescentam, ainda, que a equipe de enfermagem pode não estar preparada para
estabelecer interação com o paciente, limitando-se, portanto, a cumprir as prescrições
médicas.
Os pacientes internados em UTI são na maioria das vezes, dependentes e
sentem-se impotentes com a falta de autonomia e o controle de si mesmo.
A pessoa internada em UTI fica cercada de pessoas ativas e ocupadas, o que
frequentemente pode ser um coadjuvante para a instalação da ansiedade e sentimentos
de isolamento.
A doença grave e o medo de morrer também separam o paciente de sua família.
O paciente na UTI precisa ser respeitado e atendido em suas necessidades e seus direitos
humanos, a exemplo de: controle da dor, privacidade, individualidade, direito à
informação, ser ouvido em suas queixas e angústias, cuidado ao seu pudor, atenção às
suas crenças e espiritualidade e a presença da sua família.
Entende-se como família a unidade social proximamente conectada ao paciente
através do amor, podendo ou não ter laços legais ou de consangüinidade. Acredita-se
que o paciente é um segmento da família e que esta é de vital importância para a
recuperação do paciente, sendo necessário ofertar as reais necessidades dos familiares.
(ALMEIDA, 1986)
O núcleo familiar deve ser compreendido como uma unidade, um sistema que
possui leis internas de funcionamento e organização. Quando um membro da família é
hospitalizado ou fica doente, o equilíbrio e os papéis ocupados por cada um são
afetados. A doença grave precipita a desestruturação familiar, e eclodem antigos
conflitos que permaneciam latentes.
As situações de crise vividas pelos familiares de pacientes internados em UTI
podem ser exemplificadas pela desorganização das relações interpessoais em virtude do
isolamento do paciente, de problemas financeiros e medo da perda da pessoa amada.
Halm E Cls (1993), op.cit: AMIB (2004) demonstram que o nível de estresse na
família é mais alto no momento da admissão, começando a se estabilizar no sexto dia e
decaindo consideravelmente perto de vigésimo oitavo dia, esses achados sugerem que a
interação com os familiares deva ocorrer na fase inicial da internação.
Wallace-Barnhill (1989) op.cit: Amib (2004) revela que o tempo requerido para
o ajustamento familiar após internamento em UTI é influenciado pelas seguintes
características:
1.
Idade e importância do paciente para a família;
2.
Número de membros da família diretamente envolvidos;
3.
Relações individuais dentro da família;
4.
Quantidade de estresse interpessoal no momento da crise;
5.
Estabilidade psicológica geral do sistema familiar.
A família, frequentemente, sente-se desamparada e temerosa a beira do leito de
um paciente gravemente enfermo. Os tubos, curativos, fios e aparelhos com os quais a
equipe está tão acostumada, são amedrontadores para os familiares. Nesse momento, a
equipe tem a oportunidade de oferecer, de forma peculiar, apoio à família e ao paciente,
usando o toque para desenvolver um sentimento de confiança e apoio.
O processo de atuar humanitário é uma excelente forma de reduzir a ansiedade
da família e do paciente e de ajudá-los a sentirem-se mais a vontade em um ambiente
estranho.
É fundamental no processo de humanização entender a equipe de maneira
interdisciplinar, atuando e potencializando as ações entre si, respeitando o potencial de
cada um.
Os profissionais de saúde que trabalham em UTI são confrontados diariamente
com questões relativas à morte, o que pode ser relacionado às causas geradoras de
estresses.
Vários estudos de Chiatonne (1997) Noto (1984), Martins (1991), op.cit: AMIB
(2004), assinalam a violenta gama de estímulos emocionais nocivos aos quais os
profissionais de saúde estão intermitente expostos, entre eles: a atitude de lidar com a
intimidade emocional e corporal do paciente; conviver
com limitações técnicas,
pessoais e materiais em contraponto ao alto grau de expectativas e cobranças lançadas
sobre esse profissional pelos pacientes, familiares, instituição hospitalar e até mesmo
pelo próprio profissional; a solicitação intermitente de decisões rápidas e precisas; a
cruel e desumana tarefa de selecionar quem usa este ou aquele equipamento, pois o
número de urgência é quase superior aos recursos , e conseqüentemente, à morte, diante
do exposto, espera-se que as equipes estejam treinadas e experimentadas para lidar com
essas situações.
Pitta (1990) aponta que o sofrimento psíquico da equipe da UTI pode ser
identificado pelas jornadas prolongadas e pelo ritmo acelerado de trabalho, a quase
inexistência de pausas para descanso ao longo do dia, a intensa responsabilidade por
cada tarefa a ser executada, com a pressão de ter uma vida nas mãos.
As intercorrências inesperadas, como mudanças repentinas no estado clínico de
um paciente que estava bem, aumentam a tensão e a ansiedade, essas situações geram
inquietudes na equipe como um todo, fazendo-a avaliar as capacidades pessoais de
conviver no ambiente da UTI. Esses sentimentos podem levar a frustração, raiva,
depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a satisfação com o trabalho.
É importante que a equipe esteja aberta e colabore para o trabalho interativo,
contribuindo
para
o
saber
interdisciplinar,
facilitando
sempre
o
processo
comunicacional. O trabalho em equipe, como nos fala Campos (2005), além de
acrescentar conhecimentos e dividir ansiedades, favorece o surgimento de soluções.
Vale salientar que, o cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe
de saúde, que precisa estar em condições emocionais de trabalhar com os pacientes e
seus familiares. Ser saudável é uma conquista que deve ser buscada não só para os
pacientes, mas também, para a vida dos profissionais que atuam em UTI.
É indispensável que, os profissionais que atuam em unidade de terapia intensiva,
entendam a importância do processo da humanização, pois através deste estarão
resgatando a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação da
internação.
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A humanização da assistência de Enfermagem é um processo longo, amplo e
contínuo, visto que além de envolver dificuldades requer mudanças de posturas que
quase sempre geram medos, inseguranças, sobretudo, resistências pelo fato de que ao
longo da história da Enfermagem, compreendeu-se que, estes profissionais foram
formados para uso meramente e exclusivo da técnica do cuidar.
Contudo, nos atuais moldes da contemporaneidade, a humanização neste âmbito
requer além de uma profunda reflexão, com base em valores e princípios éticos que
resultem, sobretudo, na utilização dos conhecimentos científicos, uma postura que
extrapole a relação técnica entre o trinômio equipe/paciente/família, exigindo-se dos
profissionais de Enfermagem na assistência prestada em Unidades de Terapia Intensiva
um processo humanizatório que viabilize a utilização da tecnologia, principalmente, a
sensibilidade, o respeito ao outro (paciente), a sinergia entre o enfermeiro e toda a sua
equipe, bem como a família se façam presentes no cuidado ao cliente por todos os
envolvidos direta ou indiretamente.
Todavia é de fundamental relevância, um investimento na formação humana dos
sujeitos que compõem as instituições, além do reconhecimento, das limitações dos
profissionais que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva, haja vista apesar dos
profissionais de Enfermagem reconhecerem a importância de se prestar uma assistência
integral, ainda convivem em seu cotidiano de trabalho com inúmeras dificuldades para
efetivar uma assistência humanizada.
Sendo assim, faz-se mister que em uma UTI os pacientes possam ser entendidos
em suas necessidades e em sua individualidade sob os cuidados humanos melhor
qualificados e materiais necessários, adequados para um atendimento de qualidade.
Ampliando o horizonte de possibilidades do paciente, deixando este, de ser limitado, no
que concerne a priorização dos aspectos biológicos. O paciente deve ser entendido
como um ser holístico, considerando que a humanização nos cuidados prestados
sobreponha à técnica, assim favorecendo a uma mudança do modelo assistencial
centrado apenas nos sintomas.
Por fim, uma formação mais humana possibilitará uma assistência de
Enfermagem em que o compromisso com o indivíduo e seus familiares se processe de
maneira global com mais qualidade, sobretudo, que venha a proporcionar uma
reorientação e transformação nos cuidados à saúde, exacerbadamente, mais humanizada
nas Unidades de Terapia Intensiva.
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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