ELIMINANDO CAMINHO IMPOSIÇÕES E ABRINDO PARA O CRESCIMENTO George Stalk Jr., David K. Pecaut e Benjamin Burnett escreveram este artigo para a Harvard Business Review abordando um tema de vital importância para muitas empresas: como escapar dos limites de um mercado estagnado e continuar crescendo significativamente em qualquer circunstância. Os autores são executivos e consultores do Boston Consulting Group. George e David dirigem a unidade do Canadá do BCG. Benjamin é VP no escritório de Chicago. Quando uma atividade de crescimento lento não é uma atividade estagnada? Como empresas de crescimento rápido destacam-se em mercados estagnados e até mortos? O segmento de caminhonetes do mercado automobilístico americano estava morrendo quando, em 1984, a Chrysler lançou o minifurgão. Durante os 10 anos seguintes, as vendas do minifurgão cresceram oito vezes mais do que a indústria toda. Nos últimos 15 anos, o ramo de faça-você-mesmo em materiais de construção como um todo cresceu apenas 5% anualmente, enquanto a Home Depot obteve um crescimento de 20%. Excesso de capacidade e demanda estagnada afligem a indústria aeroviária, mas isso não impediu que a Southwest Airlines crescesse sete vezes mais do que a média do setor durante a última década. O que os altos executivos da Chrysler, Home Depot e Southwest têm em comum é a sabedoria, curiosidade e perseverança para eliminar as imposições (1) que suas indústrias estavam obrigando os consumidores a suportar. E cada um agiu baseado no discernimento de que eliminar essas imposições liberaria um enorme valor reprimido - o suficiente para estimular mais vendas e mais lucros. Na realidade, o conceito de eliminar imposições é um dos princípios organizacionais mais poderosos que temos visto para as empresas que desejam atingir crescimento acima do comum. Imposições não são objeto de trocas (2). Trocas são escolhas legítimas --------------------------------------------------------------------------------1) N.T.: Optamos por traduzir "compromises" por "imposições", na ausência de termo em português que tivesse todo o significado da palavra em inglês. (2) N.T.: Da mesma forma, acreditamos que a melhor tradução para "trade-off" era "troca”. 1 que os consumidores fazem entre diferentes ofertas de produtos e serviços. As trocas tipicamente resultam de diferenças fundamentais nas estruturas de custo que normalmente refletem-se nos preços. Com os produtos, as trocas muitas vezes resultam das diferenças no design ou no custo dos materiais. Com os produtos têxteis, por exemplo, há uma troca entre o preço e a qualidade, porque os melhores tecidos tendem a ter uma densidade mais alta de fios e melhor acabamento. Na área de prestação de serviços, as trocas são comuns porque fornecer conveniência ou customização maiores freqüentemente envolve custos mais altos. Assim, o serviço de táxi custa mais do que o de ônibus e uma refeição servida no quarto custa mais do que a mesma refeição servida no restaurante do hotel. A imposição, em contraste, é uma concessão exigida aos consumidores por todos ou a maioria dos fornecedores de produtos ou serviços. Enquanto que as trocas permitem aos consumidores escolher sua preferência entre alternativas, as imposições não oferecem nenhuma escolha. As trocas possibilitam ofertas diferentes para atrair segmentos diferentes; as imposições não beneficiam nenhum segmento em particular. As trocas são bem visíveis; a maioria das imposições são disfarçadas. Ao escolher um quarto de hotel, por exemplo, o cliente poderá permutar luxo por economia ao escolher entre um Ritz-Carlton e um Best Western. Porém, a indústria hoteleira obriga os clientes a aceitarem sua imposição de não permitir o check-in antes do meio-dia (no mínimo). De forma semelhante, até recentemente a maioria dos distribuidores automobilísticos determinava uma imposição aos consumidores, não oferecendo serviços de manutenção e reparos no final de semana. Não há nenhuma lei da natureza que diga que os carros não possam ser consertados nos finais de semana ou que os quartos de hotel não possam ficar prontos antes da tarde. As imposições ocorrem quando um setor impõe suas próprias práticas operacionais ou restrições aos consumidores, não lhes deixando escolha. É pegar ou largar o jeito da indústria. E, freqüentemente, os consumidores aceitam as imposições como a maneira natural dos negócios serem feitos. O famoso carro de qualquer cor de Henry Ford - contanto que fosse preto – é um tipo de imposição. Tal imposição nega aos consumidores a escolha que desejam. Ou são obrigados a esperar. O comprador de hoje em dia pode ter virtualmente qualquer cor de carro. Mas, se os produtos à disposição no distribuidor forem inadequados, a indústria fará com que os consumidores esperem de seis a oito semanas para entregar o 2 modelo correto. Em outras situações, os consumidores poderão ser obrigados a usar um serviço de custo elevado ou pagar um ágio para conseguir a qualidade que desejam. Como a máquina de lavar roupas doméstica não pode lavar com segurança todos os tecidos, os consumidores têm que gastar tempo e dinheiro extra com lavagem a seco fora de casa. A imposição freqüentemente torna-se visível quando os consumidores precisam modificar seu comportamento para usar o produto ou o serviço de uma empresa. Até recentemente, as lava-louças faziam um trabalho satisfatório de lavar a louça, porém faziam barulho suficiente para despertar um morto. Seus proprietários tinham que arrumar um tempo quando estivessem fora do alcance do barulho da máquina para lavar a louça. As imposições ocorrem quando um setor impõe suas próprias práticas operacionais ou restrições aos consumidores. As imposições entram furtivamente nos negócios de várias maneiras. Algumas, como os horários de check-in dos hotéis, são impostas por práticas operacionais padrão que ninguém questiona. Outras, originamse de decisões conscientes que podem fazer sentido econômico marginal - contanto que os consumidores ajustem seu comportamento. Por exemplo, pode fazer sentido um fornecedor entregar seus produtos apenas uma vez por semana; mas, ao fazer isso, ele obriga os consumidores a manterem estoques suficientes entre as entregas. As imposições mais importantes, contudo, são lançadas sobre os consumidores simplesmente porque as empresas perderam o contato com as necessidades desses consumidores. Encontrar e eliminar essas imposições poderá desencadear uma nova demanda e abrir caminho para o crescimento. A GRANDE IMPOSIÇÃO DAS MASSAS A Contadina, uma unidade operacional da Nestlé, criou um negócio de alto crescimento ao eliminar as imposições sobre os consumidores de massas. As massas frescas da Contadina são vendidas em supermercados, cozinham em alguns minutos em água fervente e vêm em vários tipos, incluindo ravióli e tortellini. Antes da novidade da Contadina, os consumidores enfrentavam uma só troca e muitas imposições em sua busca para comer massas. A troca estava entre comer massa em casa - onde alguém tinha que prepará-la - ou comer fora em um restaurante. Massa feita em casa é menos dispendiosa. O restaurante possui uma maior variedade e significa menos trabalho, porém custa mais. 3 A grande imposição das massas começava após a decisão de ficar em casa e prepará-la por conta própria. A massa feita em casa é barata e fresca. Porém, prepará-la é difícil e demorado. O primeiro produto a tentar eliminar essa imposição foi a massa seca. Essa massa custa mais do que aquela feita em casa e não é tão fresca, mas é muito mais fácil e mais rápido de preparar. O próximo ataque à grande imposição das massas foi às massas congeladas. Estas, que freqüentemente vêm em um recipiente para microondas, são ainda mais rápidas e fáceis de cozinhar do que a massa seca e requerem pouca limpeza depois de preparadas. No entanto, custam mais do que a massa feita em casa ou a massa seca e são freqüentemente menos saborosas. Em meados da década de 80, a Contadina atacou a grande imposição das massas com a introdução de uma massa fresca. Hoje, as massas frescas da Contadina custam o dobro do preço das massas secas e vêm em embalagens menores, que não servem muitas pessoas. São cinco vezes mais caras por porção de comida do que as massas secas. Por que, então, as pessoas compram Contadina? Pesquisas junto aos consumidores fornecem algumas indicações interessantes. Naturalmente, os consumidores gostam de seu frescor e facilidade de cozimento. O mais surpreendente é que os consumidores estão escolhendo Contadina a uma refeição no restaurante. Antes das massas frescas da Contadina, muitas pessoas disseram que nunca comeriam tortellini ou ravióli em casa porque seria muito trabalhoso prepará-las. Eliminar a grande imposição das massas não apenas tornou fácil o preparo de massas saborosas em casa como também derrubou a velha troca entre comer em casa ou ir a um restaurante. Nesse contexto, a Contadina faz muito sentido. Os consumidores obtêm o sabor, a variedade e o frescor encontrados em restaurantes, porém em um produto que podem cozinhar e comer em casa por menos dinheiro. Freqüentemente, quando são eliminadas as grandes imposições de segmentos de negócios sobre os consumidores, evitam-se as trocas tradicionais e ocorrem mudanças fundamentais na definição do setor. Isso geralmente significa uma mudança impressionante no grupo de concorrentes relevantes. Como aqueles que eliminam imposições freqüentemente encontram-se competindo contra empresas que têm preços e custos mais elevados, são muitas vezes capazes de crescer rápida e lucrativamente ao ganhar participação de seu novo grupo de concorrentes. A Contadina cresceu a uma taxa de 10% ou mais ao ano, 4 tornando-se líder em molhos e massas frescas em 1990, com centenas de milhões de dólares em vendas. UMA REVOLUÇÃO PARA OS COMPRADORES DE CARROS Eliminar imposições de um setor inteiro para os seus consumidores pode resultar em um tremendo valor. A Circuit City, um dos grandes varejistas americanos de aparelhos eletrônicos, é uma empresa muito bem-sucedida, com vendas crescendo 26% ao ano e lucros aumentando na faixa de 30%. Seu único grande problema é que está prestes a ficar sem locações. Depois de abrir lojas em virtualmente todos os principais mercados nos Estados Unidos, a Circuit City precisa descobrir locações alternativas para encontrar oportunidades de crescimento rápido. O varejista encontrou o que acredita ser uma oportunidade promissora em um lugar improvável - o ramo de venda de carros usados. Em outubro de 1993, a Circuit City lançou a CarMax, uma empresa cuja estratégia é revolucionar a forma como os carros usados são vendidos nos Estados Unidos. Vender carros usados é uma atividade com um estigma. No passado, a maioria das pessoas que comprava carros usados não podia comprar carros novos. Os fabricantes de automóveis que, naturalmente, queriam vender carros novos, reforçavam o estigma. Quando a Chrysler lançou seu bem-sucedido K-car no início da década de 80, Roger Smith, então presidente da General Motors, foi indagado de como a GM responderia à ameaça. Smith menosprezou o K-car dizendo que "a resposta da General Motors ao K-car da Chrysler é um Oldsmobile de dois anos". Esta atitude com relação aos carros usados não mudou muito. No verão de 1995, um jornalista da Business Week submeteu o gerente de produto do novo Ford Taurus a um intenso interrogatório sobre o preço do carro. Frustrantemente, o gerente respondeu que o Taurus 1996 foi cotado para vender 400.000 unidades por ano: "Se uma pessoa não tem condições de comprar um carro zero... deixe-o comprar um carro usado". O ramo de venda de carros usados pode não ter respeito, mas deveria. As vendas anuais de carros usados na América do Norte superam os US$ 200 bilhões, fazendo desta atividade a terceira maior categoria de consumo depois da alimentação e vestuário. Na verdade, as vendas de carros usados e caminhões leves é bem maior do que a de novos; e a demanda por carros usados está crescendo rapidamente. Além disso, a 5 qualidade dos carros usados aumentou na mesma proporção que a qualidade de carros novos. Não obstante os aperfeiçoamentos na qualidade do produto, a atividade de vender carros usados encontra-se virtualmente inalterada. Um cliente que opte por um carro usado enfrenta muitas imposições. Primeiro, o comprador tem que localizar o carro, habitualmente lendo os anúncios classificados no jornal local. A variedade do produto é limitada. Em Toronto, por exemplo, entre 20 e 30 Taurus usados são anunciados nos jornais em qualquer ocasião - vindos de indivíduos, de distribuidores especializados em carros usados e de distribuidores de carros novos que também vendem carros usados. No caso das vendas de particulares, o comprador deve ligar, marcar um encontro e acreditar que o vendedor estará realmente lá na hora marcada. O comprador deve deslocar-se para ver o carro - sendo improvável que venha a ser o carro que ele queria; ou esteja em boas condições; ou com preço razoável; ou que até mesmo esteja lá, pois já poderá ter sido vendido. Quando o comprador encontra um carro atrativo, ele ou ela não pode esperar encontrar nenhum registro de manutenção. Alguns distribuidores certificam seus carros, mas em Ontário, por exemplo, a certificação significa apenas que o vidro não está quebrado, que as luzes e os freios funcionam, que não está saindo fumaça pelo escapamento e que os gomos dos pneus estão com boa espessura. Em outras palavras, a certificação garante apenas as meras necessidades para que o veículo seja dirigido. Os compradores de carros usados então correm o risco de terminar comprando um carro com problemas mecânicos. Além disso, devem suportar um processo de compra demorado e verdadeiramente terrível mais precisamente, até quatro processos: encontrar e comprar o carro, financiá-lo, segurá-lo e vender o carro antigo. Os compradores estão em desvantagem porque o seu conhecimento sobre o produto é assimétrico: o vendedor sabe mais do que o comprador. Freqüentemente o comprador está sujeito à táticas de vendas sob pressão e é obrigado a negociar com vendedores que ele ou ela desconfia que sejam desonestos. E, se ocorrerem problemas, não há nenhum recurso claro para o comprador. Os executivos da Circuit City observaram o tamanho e crescimento das vendas de carros usados e viram que muitas das capacidades peculiares de seu próprio negócio de aparelhos eletrônicos de consumo poderiam eliminar as imposições lançadas sobre os compradores de carros usados. 6 A Circuit City, varejista de aparelhos eletrônicos, encontrou uma oportunidade em um lugar improvável: a venda de carros usados. A Circuit City é conhecida por seu alto sortimento de mercadorias. A CarMax adota a mesma abordagem. Um grande distribuidor típico de carros usados tem apenas aproximadamente 30 veículos em estoque. Um grande distribuidor de carros novos que venda carros usados possivelmente terá 130 veículos. A primeira CarMax, em Richmond, Virgínia, tinha 500 carros. As duas lojas abertas em Atlanta, em agosto de 1995, tinham 1.500 carros cada uma. A CarMax além disso aumenta as opções dos clientes ao aproveitar a grande capacidade dos sistemas informatizados da Circuit City. Os consumidores têm acesso à informação computadorizada através de um quiosque que lhes possibilita escolher através da relação de carros disponíveis não apenas naquele local, mas em todas as lojas da região. Quando a CarMax veicula anúncios em qualquer um dos jornais de Richmond ou Atlanta, publica o estoque de ambas locações. Ao contrário da Circuit City, a CarMax não mantém seu estoque dentro das lojas. Há apenas um único veículo em exposição no showroom, com setas indicando os 110 locais que passaram por testes de segurança e desempenho. Os quiosques computadorizados do showroom fornecem informação sobre os veículos em estoque, incluindo sua localização no pátio. Se o cliente estiver comprando em companhia da família e quiser ver e dirigir um veículo em particular, a rede oferece um parquinho para deixar as crianças com segurança. A CarMax utiliza representantes de vendas profissionais uniformizados, cuja primeira tarefa é explicar como usar o quiosque e, depois, ajudar os clientes a encontrar o carro que desejam. Também prefere não contratar pessoas com experiência em vendas de carros novos ou usados. Ao invés disso, contrata pessoas com boa aparência que possa treinar por duas semanas (compare isso com o treinamento mínimo ou inexistente que os funcionários recebem nos distribuidores de carros novos e usados) e pagar uma comissão fixa por veículo, independente de seu preço de venda. Esta é a mudança interessante da prática da Circuit City de pagar uma comissão por porcentagem de vendas, que estimula "vendas de maior valor" de forma agressiva. A CarMax não queria essa pressão sobre seus clientes, assim esquematizou um 7 sistema de incentivo que representantes de vendas. elimina a pressão sobre seus A CarMax fixa os preços abaixo do valor médio do Livro Azul (tabela americana de referência de preço de carros usados), mas não aceita pechinchas e dá garantia sem controvérsias. Todo veiculo da rede vem com um teste de segurança de 110 pontos e uma garantia de 30 dias. Para alguns carros, existe garantia de até quatro anos. Além disso, os clientes da CarMax têm uma garantia de devolução de cinco dias: o carro poderá ser devolvido sem nenhuma pergunta, contanto que não tenha sido dirigido por mais de 250 milhas. O financiamento é disponibilizado pelo NationsBank ou pela divisão de crédito da Circuit City. O financiamento da Circuit City tende a ser por um prazo mais longo e comumente requer depósito (entrada) mais baixo. A Progressive Insurance pode fazer o seguro de veículo e motorista no local. As pessoas que compram carros da CarMax também podem vender seus carros antigos. A venda do carro usado é uma transação separada da compra de um carro. A rede comprará qualquer carro usado - embora a 8 um preço que nem todos aceitarão. Ainda não se pode mensurar com precisão o sucesso da CarMax. O certo é que surgiram muitos imitadores. A Circuit City não divulga o desempenho de sua unidade CarMax, mas foram abertas quatro lojas em 1995 e estão projetadas mais 90 até o ano 2000. A competição está em ação. É provável que tanto os distribuidores de carro novos como usados estejam digladiando-se. Historicamente, os distribuidores de carros novos vendem aproximadamente 80% dos carros usados com menos de quatro anos de uso - que é o núcleo da oferta da CarMax. E estas vendas têm sido responsáveis por 35 a 65% da lucratividade total dos distribuidores. Além disso, as vendas de carros novos estão correndo perigo. Um ditado popular na indústria automobilística diz que quando você compra um carro zero e o retira da loja, o que você possui é um carro usado muito caro. Em média, o valor de um carro novo cai rapidamente em 28% na primeira semana após sua venda. Na CarMax, é comum encontrar veículos no modelo do ano atual com baixa milhagem a preços substancialmente mais baixos do que aqueles dos veículos novos. Ao eliminar tantas das imposições lançadas sobre os compradores de carros usados, a CarMax poderá acabar com a velha troca entre comprar um carro usado ou comprar um novo. A rede não é a primeira a tentar eliminar as imposições lançadas sobre os compradores de carros usados. Em New Jersey, há um revendedor de carros usados que enfrentou a imposição da variedade ao colocar 600 carros em sua loja e dar aos clientes mais escolhas. Porém, esse revendedor deixou tudo o mais igual ao tradicional. Os consumidores ainda têm que negociar o preço, obter o financiamento, fazer o seguro em algum outro lugar e desfazer-se de seu antigo carro. Outros revendedores estão adotando a política de preços justos, sem pechinchas. O que distingue a CarMax é que ela colocou tudo junto, pois vende variedade, valor, conveniência, promete que você poderá sair em 90 minutos com um carro e proporciona uma experiência satisfatória. Muitos dos revendedores de carros próximos às lojas da CarMax estão igualando-se a ela no preço e pensam, erroneamente, que o trabalho está feito. Não está. As pessoas querem uma experiência de compras diferente e estão obtendo isso na CarMax. ENCONTRANDO OPORTUNIDADES EM QUALQUER RAMO. As estratégias de crescimento desenvolvidas em torno da idéia de eliminar imposições não são novas e nem limitadas a alguns setores em 9 particular. Porém, para visualizar tal estratégia é necessário que os executivos da empresa livrem-se do pensamento convencional que permeia suas indústrias. Um bom exemplo é o da Charles Schwab Corporation, que cresceu regularmente durante duas décadas ao eliminar uma imposição da indústria após outra. A Schwab começou como uma corretora de valores "com desconto" em 1975, quando o mercado de ações dos EUA foi desregulamentado e foi introduzida a concorrência de preço nas comissões do comércio de ações. Os corretores "com desconto" acabaram com uma imposição importante para os investidores individuais, que tinham até então sido obrigados a conformar-se com preços altos se quisessem comprar e vender títulos de crédito. Mas a Schwab, contudo, viu que o segmento de corretagem de valores estava infligindo novas imposições. Os clientes que optavam por um preço baixo ficavam preocupados com a credibilidade do serviço. A Schwab enfrentou o problema de frente, primeiro investindo pesadamente em tecnologia de informática que permitiu a confirmação quase imediata das ordens dadas por telefone. Na ocasião, até mesmo a Merrill Lynch, uma das gigantes do ramo, não conseguia fazer isso. A Schwab também investiu na marca da empresa e em lojas de atendimento, que inspiravam confiança nos consumidores. Durante o processo, a empresa eliminou a imposição entre o preço e o serviço confiável e cresceu dramaticamente no início da década de 80. No entanto, a Schwab viu que restavam outras imposições para serem eliminadas. Em troca de preços baixos, os consumidores transigiam com a conveniência, flexibilidade e facilidade de transferir fundos. No início da década de 80, a Schwab foi pioneira no serviço de 24 horas, sete dias por semana. Ela introduziu a conta de controle de caixa Schwab One junto com o cartão Visa e privilégios de crédito e saques de dinheiro, copiando um produto da Merrill Lynch, porém eliminando a necessidade de tratar com o corretor de comissão total. A Schwab também foi pioneira da transação comercial automatizada via telefone e, posteriormente, na transação comercial eletrônica diretamente do computador pessoal do cliente. Com o decorrer do tempo, a administração da Schwab percebeu que a empresa não era mais um simples corretor com desconto, mas era na realidade um amplo fornecedor de dinheiro, ações, títulos, bônus e fundos de investimento. As imposições que tinha rompido geraram um índice de crescimento anual de 20 a 25% e fizeram da Schwab a maior corretora sem comissão total dos Estados Unidos. Mas a Schwab estava 10 pronta para eliminar ainda outra imposição para abastecer seu próximo estágio de crescimento. Até 1992, a maioria dos consumidores que desejava comprar fundos de investimento era obrigada a escolher entre diferentes corretoras, cada uma das quais prestava serviços à suas próprias contas. Uma vez que a diversificação e o alto desempenho não eram facilmente realizados dentro de uma única família de fundos, muitos clientes aplicavam dinheiro com várias empresas de administração de fundos. A maioria dos investidores estava decepcionada com a complexidade de lidar com extratos, normas e representantes de vendas diferentes. Em 1992, a Schwab mudou o cenário ao introduzir o OneSource, um único ponto-de-venda para mais de 350 fundos de investimento que não cobram emissão em 50 famílias de fundos diferentes. O OneSource fornece aos clientes uma única conta com um extrato mensal que mostra a posição de todos os seus investimentos. Não há taxas de transação sobre as contas do OneSource, assim os clientes podem transferir seu dinheiro entre diferentes famílias de fundos sem qualquer encargo. A Schwab consegue fazer isso porque é paga diretamente pelos fundos como sua representante de vendas e sub-processadora de contas. A OneSource cresceu para abranger 500 fundos de investimentos, impelindo o ativo de fundos de investimentos da Schwab de US$ 6 bilhões em 1991 para mais de US$ 60 bilhões em 1996 e fazendo dela a terceira maior distribuidora de fundos de investimentos dos Estados Unidos. Não mais obrigados a transigir com a variedade, preço e conveniência, os clientes estão afluindo para o OneSource a fim de administrar melhor seus investimentos. A experiência da Schwab ilustra que a eliminação de imposições pode ser uma fonte de crescimento contínuo. Na realidade, há pelo menos sete maneiras pelas quais as empresas podem encontrar e explorar as oportunidades de quebra de imposições em qualquer setor. 1) COMPRAR DA MANEIRA QUE O CONSUMIDOR COMPRA Na Schwab, a fonte mais importante de insight contínuo são os funcionários que usam os produtos e serviços da empresa da mesma maneira que seus clientes. Por exemplo, a certeza de que os clientes valorizariam a conveniência do atendimento 24 horas, sete dias por semana, foi fortemente apoiada pelos próprios funcionários da Schwab que desejavam esse tipo de flexibilidade ao administrar seus próprios 11 investimentos. Infelizmente, em muitos setores, os executivos nunca sabem como os consumidores compram. Na indústria automobilística, os executivos dos três maiores produtores de automóveis não compram carros. Suas secretárias fazem isso para eles por telefone. Os carros são entregues a esses executivos limpos, com o tanque cheio e prontos para rodar. Para a maioria desses executivos, comprar um carro da maneira como os consumidores comuns fazem seria uma experiência fora do comum. 2) PRESTE MUITA ATENÇÃO À MANEIRA COMO O CLIENTE REALMENTE USA O PRODUTO OU SERVIÇO Em todos os setores, as pessoas apresentam comportamentos compensatórios. Elas desenvolvem suas próprias maneiras de usar o produto ou serviço para compensar o fato de que se fizessem somente o que a empresa fornecedora quer que eles façam, não vão realmente conseguir o que desejam. Em cada categoria de produto, os consumidores podem assumir vários comportamentos compensatórios e cada um pode ter um importante potencial de eliminação de imposições. No ramo da corretagem, era prática comum os clientes freqüentemente ligarem duas ou até mesmo três vezes para confirmar se haviam investido o que solicitaram. A Schwab prestou muita atenção ao comportamento real dos clientes e percebeu que a capacidade de fornecer confirmação imediata no momento em que o pedido fosse feito eliminaria essa segunda ou terceira ligação - poupando os clientes de vários problemas e dando à Schwab uma importante vantagem sobre as outras corretoras. 3) EXPLORE AS INSATISFAÇÕES LATENTES DOS CONSUMIDORES A maioria das empresas pede a seus clientes que descrevam suas insatisfações com os produtos e serviços existentes. Tais pesquisas freqüentemente levam à melhorias úteis, porém os avanços verdadeiramente significativos são geralmente o resultado de se interceptar as insatisfações ainda mais profundas. Elas podem ser chamadas de insatisfações latentes porque os consumidores são incapazes de expressar seu desgosto com a categoria do produto ou serviço. O desenvolvimento do minifurgão da Chrysler, por exemplo, utilizou a insatisfação latente com peruas e furgões de tamanho regular. As peruas não podiam transportar o suficiente e eram difíceis de carregar e descarregar. Os furgões de tamanho regular eram mais úteis, mas não tão agradáveis de dirigir. Os minifurgões eliminaram a 12 imposição ao "tirar a forma cúbica" do design das peruas. A Ford e a GM tinham pesquisado o que os consumidores pensavam a respeito das peruas e descobriram que elas poderiam satisfazer necessidades óbvias com características tais como portas em dois sentidos, retrovisores elétricos e um terceiro assento. Mas não exploraram o "espaço em branco" entre as peruas (instaladas em plataformas de carros) e furgões (instalados em plataformas de caminhões). O minifurgão - um furgão instalado em uma plataforma de carro - ficou oculto neste espaço em branco definido pelas insatisfações latentes do consumidor. 4) PROCURE DENOMINADORES INCOMUNS Com o passar do tempo, as empresas tendem a ser levadas a fornecer produtos ou serviços que, na média, satisfaçam as necessidades de um grande número de consumidores. Mas as imposições freqüentemente ocultam-se nesta abordagem de denominador comum. A Schwab, por exemplo, separou o canal de serviço do segmento de alto volume daquele do investidor comum, cujas necessidades são mais simples. Cada um recebe serviços diferentes e paga comissões diferentes. Algumas empresas são relutantes em abandonar a abordagem de determinar a média indiscriminada à todos os clientes, porque acreditam que abandonar isso irá reduzir a lucratividade de suas contas de alto volume. Mas a história recente indica que se os executivos não distinguirem o que deveriam ser transações comerciais distintas, um novo adversário ou outro existente fará isso por eles. O reconhecimento desse fato provoca uma busca implacável para a eliminação de imposições. 5) PRESTE MUITA ATENÇÃO ÀS ANOMALIAS As anomalias freqüentemente são uma rica fonte para eliminar imposições. O único escritório regional de vendas que significativamente supera em desempenho todos os outros e para o qual não há explicação óbvia; a fábrica que parece ter uma desvantagem de escala, mas ainda tem um custo de produção mais baixo; o fornecedor que tem um custo mais baixo e qualidade mais alta a despeito de ter um design de produto mais antigo. Estas anomalias são todas dignas de serem exploradas como oportunidades de rompimento de imposição em potencial. No caso da Schwab, a idéia de criar escritórios de atendimento regionais originou-se de uma anomalia. O tio de Charles Schwab estava procurando um negócio para administrar e ele decidiu abrir um escritório em Sacramento, Califórnia, para dar ao tio algo para fazer. Na 13 ocasião, os escritórios regionais eram vistos como despesas gerais dispendiosas e desnecessárias para as corretoras. Posteriormente, a Schwab notou que o escritório em Sacramento estava superando em desempenho outras cidades que não tinham escritórios. Não havia nenhuma explicação óbvia. Ao analisar essa anomalia cuidadosamente, Schwab descobriu que os escritórios de atendimento tinham muitas vantagens importantes mesmo para uma empresa que tipicamente lidava com consumidores por telefone. Os escritórios regionais forneciam uma rica perspectiva de vendas através do tráfego de consumidores e tranqüilizavam esses novos clientes que tinham receio de confiar em uma corretora da qual tinham ouvido falar somente pela televisão. Os escritórios deram um senso de solidez e um lugar onde os clientes podiam ir para fazer negócios. A Schwab descobriu que, mesmo em uma era de alta tecnologia, os clientes gostam de saber que há um escritório perto de casa ou, pelo menos, na cidade. Investigar integralmente essa anomalia levou a Schwab a desenvolver uma ampla rede de varejo. 6) PROCURE AS DESECONOMIAS NA CADEIA DE VALOR DO SETOR Hoje, em setor após setor, as empresas estão inovando a administração de sua cadeia de valor de maneiras mais recompensadoras para os consumidores. Quando a Schwab entrou para o negócio de fundos de investimentos, sua primeira intenção foi criar sua própria família de fundos. Uma análise cuidadosa da cadeia de valor da indústria, contudo, revelou uma oportunidade maior. Apenas um pequeno número das maiores empresas tinha economia de escala suficiente para distribuir seus fundos eficazmente - e mesmo essas empresas haviam perdido a capacidade de falar direta e individualmente com seus consumidores. A solução da Schwab foi tornar-se um intermediário entre sua própria base de consumidores e um amplo número de companhias de fundos de investimentos sem grande escala. Através da OneSource, a empresa satisfez as necessidades das empresas de fundos de investimento e, ao mesmo tempo, encontrou uma posição entre os fundos de investimento e os consumidores. O domínio do relacionamento direto com os clientes da Schwab pode, agora, prover uma plataforma para crescimento em outros serviços financeiros, tais como seguros. 7) PROCURE POR SOLUÇÕES ANÁLOGAS PARA AS IMPOSIÇÕES DO SETOR 14 Algumas das melhores idéias de rompimento de imposições ainda estão provavelmente lá fora - em outro setor. A CarMax da Circuit City adota muitas práticas de outros setores varejistas. Por exemplo, sua idéia de oferecer garantias ampliadas sobre carros usados foi emprestada do varejo de aparelhos eletrônicos. Para manter o estoque em movimento e uma seleção diferente, a CarMax copiou uma prática usada comumente no varejo de artigos têxteis - atualizando automaticamente o estoque à medida em que ele fica velho. A prática da CarMax de oferecer comissões de vendas fixas e sua tática de venda de baixa pressão pode ser observada em vários setores. A Best Buy, uma das concorrentes da Circuit City no varejo de eletrônica, usa esta abordagem para criar o sistema de baixa pressão e auto-serviço que a CarMax estava procurando. UM PRINCÍPIO DE ORGANIZAÇÃO PARA O CRESCIMENTO Muitas empresas hoje estão procurando crescimento. Mas como e onde devem procurar? Os executivos muitas vezes se voltarão primeiramente para as extensões de linha, expansão geográfica ou aquisições. Nas circunstâncias certas, cada uma dessas alternativas faz sentido. Porém, acreditamos que as inovações que eliminam imposições fundamentais nos negócios são mais poderosas. Eliminar imposições pode, na realidade, fornecer um princípio organizacional para a busca de crescimento. O superintendente de uma grande empresa de serviços financeiros pediu à sua equipe administrativa, inicialmente cética, para especificar e avaliar todas as imposições feitas sobre seus clientes. O exercício foi surpreendente. Para fazer com que seus funcionários concentrem suas energias na eliminação de imposições, a empresa deve começar pedindo-lhes para imergirem na experiência do consumidor. É de importância vital desenvolverem um sentimento forte, quase visceral para com as imposições experimentadas pelos consumidores. A Whirlpool, fabricante de utensílios domésticos de US$ 8 bilhões, identificou um indivíduo específico que personificou as imposições sofridas por todos seus consumidores. A pesquisa de mercado da Whirlpool mostrou que as consumidoras estavam geralmente satisfeitas com os utensílios domésticos que possuíam. Porém, ao inquirir mais profundamente, a Whirlpool descobriu um reservatório de insatisfação latente com todas as atividades para as quais os utensílios eram usados - lavar roupas, 15 preparar refeições, fazer a limpeza dos pratos e talheres após as refeições. Embora as consumidoras não esperassem muito de suas máquinas de lavar roupas, fogões e lava-louças, elas estavam, não obstante, muito insatisfeitas com os afazeres domésticos. Essas insatisfações tornaram-se a base para a estratégia de marca da Whirlpool. Em 1992, após décadas concorrendo principalmente com base no preço com companhias tais como a General Electric, a Whirlpool queria criar uma estratégia nova e mais lucrativa em volta de uma marca mais nitidamente diferenciada. A administração sabia que precisava articular a estratégia e mobilizar todos os funcionários através de uma visão. Alguém da Whirlpool assistiu à uma entrevista em um noticiário de TV nacional com uma mulher sobrecarregada de trabalho chamada Gail e o gravou, reconhecendo Gail como a personificação da consumidora-alvo da Whirlpool. Gail era uma mulher de 40 anos que cuidava de várias crianças em casa enquanto mantinha um emprego de tempo integral. Gail preparava todas as refeições, lavava a roupa e fazia todo o serviço doméstico. A função de seu marido era aparentemente restrita a brincar com as crianças e ajudá-las com o trabalho escolar. A imagem era compatível com a pesquisa da Whirlpool, que mostrava que as mulheres nos Estados Unidos que trabalham as mesmas quantidades de horas que seus maridos fora de casa continuavam a fazer a maior parte dos afazeres domésticos também. Gail personificou a mulher trabalhadora pressionada pelo horário limitado. No final do programa, o entrevistador vira-se para ela e pergunta: "Você cuida de todos em sua família. Quem cuida de você?" Antes que ela pudesse retrucar, seu marido respondeu por ela: "Eu cuido da Gail". Ela lhe lançou um olhar que poderia matá-lo. O único jeito de um executivo entender as imposições às quais seus consumidores estão submetidos é entrar na pele deles. O vídeo da entrevista, que tornou-se um ponto de união para a nova estratégia da Whirlpool, desafiou todos os funcionários a pensar como a Whirlpool poderia ser a empresa que cuidasse de Gail. Por que, por exemplo, Gail levava tanto tempo para arrumar a cozinha após as refeições? A parte superior do fogão tradicional foi obviamente planejada por alguém que não tinha a responsabilidade diária de mantêla limpa. A parte superior do fogão Clean Top da Whirlpool é completamente lisa, eliminando todos os sifões engordurados do modelo antigo. As lava-louças eram ensurdecedoras, mas agora Gail pode 16 trabalhar em seu computador na cozinha enquanto a lava-louça Quiet Partner da Whirlpool está funcionando. Mais imposições esperam para ser eliminadas. Por que lavar a roupa dá tanto trabalho? A máquina de lavar roupas de Gail leva menos tempo do que sua secadora para completar seu ciclo. Gail compensa isso começando com as roupas mais leves e mais rápidas de secar. Porém, no final o processo enrola-se e Gail encontra-se perdendo tempo e energia porque ninguém fabrica uma lavadora e secadora sincronizadas. Eliminar imposições pode ser um princípio organizacional poderoso para obter o apoio da organização inteira para pensar no crescimento. A lição que observamos de todos aqueles que rompem imposições e conquistam alto crescimento é esta: a oportunidade para identificar e explorar as imposições e gerar crescimento mais rápido e lucratividade adicional está aí para quem quiser. Porém, os executivos devem ir até os consumidores e verificar por si mesmos. Esta não é uma tarefa que possa ser delegada ao departamento de pesquisa de mercado. Os executivos devem indagar-se porque os clientes comportam-se da maneira como o fazem. Um distribuidor de veículos usados nos contou o quanto estava orgulhoso de seus pátios extensos, bem iluminados e sem muros. "Meus clientes gostam de vir depois do expediente para olhar os carros e caminhões", proclamou. Ele aparentemente nunca perguntou-se porque faziam algo tão estranho. E nunca lhe ocorreu que eles possivelmente estivessem olhando os carros depois do expediente justamente porque não queriam sofrer a pressão de negociar com ele ou seus vendedores. Para encontrar os tipos de oportunidades de crescimento que empresas como CarMax, Schwab, Contadina e Whirlpool estão buscando, os executivos têm que entrar na pele dos consumidores e perguntar: "Quais as imposições que estou suportando? O que há de errado neste quadro? Onde está o minifurgão desta empresa?" ---------------------------------------------------------------------------Este artigo da Harvard Business Review foi originalmente publicado sob o título "Breaking Compromises, Breakway Growth" na edição setembrooutubro de 1996. Copyright 1996 by President and Fellows of Harvard College. Copyright 1996 da tradução, feita por Sônia Acioli Amador, pelo Presidente e Fellows do Harvard College. 17