projeto de pesquisa

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A ação da enfermagem aos pacientes internados em UTI, segundo
a invasão de sua privacidade
Natalia dos Santos- Enfermeira graduada em Enfermagem pela Universidade Nove
de Julho. Especialista em Urgência e Emergência pela Universidade Bandeirantes .
Mestranda em Terapia Intensiva pela SOBRATI. Professora de ensino superior pela
Universidade Nove de Julho. Supervisora de Enfermagem do Pronto Socorro do
Hospital Geral de Vila Penteado – SP
Dr. Douglas Ferrari – Doutor em Terapia Intensiva – SOBRATI-CONESUL.
Presidente e fundador da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. Médico
Intensivista.
RESUMO: Trata-se de uma atualização bibliográfica com abordagem qualitativa. Os
objetivos foram descrever as ações da enfermagem aos pacientes internados em Unidade
de Terapia Intensiva e a invasão de sua privacidade e propor ações para minimizar esta
exposição. A metodologia utilizada para a realização deste estudo foi uma revisão da
literatura proposta por artigos científicos, livros, periódicos que ocorreu no período de julho a
dezembro de 2012. A obtenção do material foi através da Biblioteca da Universidade Nove
de Julho – Campus Memorial, tendo como fonte de coleta a rede virtual na base de dados
Medline, Dedalus e Lilacs. O contato físico entre o paciente e o profissional de enfermagem
é inevitável na assistência em UTI e reconhecendo que a equipe de enfermagem é a que
mais toca, manipula e expõe o corpo do cliente, atuando como invasor de sua privacidade
tornou-se urgente repensar e refletir sobre a sua privacidade, o desrespeito à exposição de
seu corpo e pouco zelo pelo pudor. O que e como a equipe de enfermagem faz para
proteger os pacientes? Conhecem os direitos dos pacientes? Apesar dos esforços dos
profissionais no sentido de humanizar o cuidado, é uma tarefa difícil, pois requer ações
individuais e em grupos.Este estudo não apresenta soluções imediatas para as questões
levantadas sobre a invasão de privacidade ao paciente internado na UTI, porém, levantou
aspectos que merecem consideração e reflexão por parte das pessoas que atuam na área
de saúde em geral, dos profissionais docentes de enfermagem e de outras áreas.PalavrasChave: paciente,UTI,privacidade.
ABSTRACT: This is an updated qualitative approach. The objectives were to describe the
actions of nursing to patients admitted to the Intensive Care Unit and the invasion of their
privacy and to propose actions to minimize this exposure. The methodology used for this
study was a literature review proposed by scientific articles, books, periodicals that occurred
in the period from July to December 2012. The material was obtained through the University
Library Nine July - Memorial Campus, with the power to collect virtual network database
Medline, Lilacs and Dedalus. Physical contact between patient and nurse is inevitable in ICU
care and recognizing that the nursing staff is the most touches, manipulates and exposes the
client's body, acting as invading their privacy has become an urgent rethink and reflect about
your privacy, disrespect for the exposure of his body and little zeal for modesty. What and
how does the nursing staff to protect patients? Know patients' rights? Despite the efforts of
professionals to humanize care, is a difficult task because it requires individual actions and
grupos.Este study presents no immediate solutions to the issues raised about the invasion of
privacy to the patient in the ICU, however, raised issues that deserve consideration and
reflection on the part of people who work in healthcare in general, the professional nursing
faculty and other áreas.Keywords: patient, ICU. privacy.
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Introdução
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como o próprio nome sugere, tem
como função assistir pacientes em estado clínico grave, com possibilidade de
recuperação, exigindo permanente assistência médica e de enfermagem, além da
utilização eventual de equipamentos médicos especializados. Podem acolher
pacientes clínicos ou cirúrgicos, estes destinados à recuperação pós operatória. As
ações são rápidas e precisas, exigindo o máximo de eficiência da equipe (SILVA,
2007).
O internamento de um paciente em UTI é precedido de condições críticas,
presentes e potenciais que colocam em risco sua vida. Por isso, o cuidado é voltado
para os aspectos físicos, orgânicos, biológicos, como o controle e manutenção das
funções vitais. O ambiente de UTI envolve diversos componentes éticos e técnicos
que requerem atenção da equipe multidisciplinar no processo de tratamento
(NASCIMENTO e TRENTINI, 2004).
O processo de cuidar envolve preocupação, dedicação, envolvimento,
respeito, solidariedade e responsabilidade de quem cuida para com quem é cuidado.
Nas UTIs, os pacientes podem estar conscientes ou “inconscientes” e tudo o
que ocorre ao seu redor, vivenciam de maneiras diferentes. São capazes de ver os
outros pacientes, de assistir ao fluxo contínuo de profissionais realizando diversas
atividades. A permanência em UTI pode ser amedrontadora e solitária.
Dessa forma, pacientes conscientes internados no ambiente de UTI, além do
sofrimento
pelo
comprometimento
biológico,
demonstram
desconforto
e
constrangimento por estarem despidos e serem, muitas vezes, expostos e invadidos
em sua intimidade. A perda da privacidade é, portanto, condição adicional de
estresse e sofrimento durante a hospitalização (BAGGIO M.A. et al.,2011).
A invasão do território e do espaço pessoal fere a dignidade do indivíduo. A
privacidade é uma necessidade e um direito do ser humano, sendo indispensável
para a manutenção da sua individualidade (PUPULIM e SAWADA, 2002).
No entanto, é importante ressaltar que o Capítulo IV – DOS DEVERES do
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, preconiza que o enfermeiro deve:
“Art. 27 – Respeitar e reconhecer o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa,
seu tratamento e seu bem estar”. Art. 28 – Respeitar o natural pudor, privacidade e a
intimidade do cliente (PUPULIM e SAWADA, 2002).
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Segundo Miranda, em 1994, o enfermeiro “é o profissional da área da saúde
que tem maior autorização social para tocar o corpo do outro”, porém a privacidade
é uma necessidade e um direito do ser humano, sendo indispensável para a
manutenção da dignidade.
Em algumas situações, como por exemplo, o paciente consciente e com
autonomia, a enfermagem invariavelmente invadirá a privacidade e a intimidade do
paciente, como na passagem de cateter vesical, banho no leito, enemas e outros.
Entretanto, o paciente, sujeito do processo de trabalho da enfermagem, é um ser
humano e, como tal, tem personalidade, dignidade, honra, pudor e preconceito
(PUPULIM e SAWADA, 2002).
Partindo do pressuposto que o contato físico entre o paciente e o profissional
de enfermagem é inevitável na assistência em UTI e reconhecendo que a equipe de
enfermagem é a que mais toca , manipula e expõe o corpo do cliente, atuando como
invasor da intimidade(BELLATO R.,2001).
Este estudo tem como objetivo descrever as ações da enfermagem em
pacientes internados em UTI onde ocorre a invasão de sua privacidade e propor
ações que irão minimizar esta exposição.
Observando como a equipe de enfermagem vem cuidando do paciente, tornase urgente repensar e refletir sobre a sua privacidade, o desrespeito à exposição de
seu corpo e pouco zelo pelo pudor.
Embora não seja um problema recente, os profissionais de enfermagem
pouco discutem o tema. O que e como a equipe de enfermagem faz para proteger
os pacientes? Conhecem os direitos dos pacientes?
Diante do exposto, a questão da invasão da privacidade do paciente internado
em UTI, constitui um problema a ser enfrentado não só pela equipe de enfermagem,
mas por toda a equipe multidisciplinar que o assiste.
A enfermagem não pode ignorar que ao cuidar do paciente, toca-lhe o corpo e
o expõe, muitas vezes sem pedir autorização, adotando uma postura de “poder”
sobre o corpo de outrem. O paciente pouco questiona essa invasão porque, na sua
concepção,
ela
é
necessária
para
sua
recuperação,
porém
demonstra
constrangimento, vergonha e embaraço (PUPULIM e SAWADA, 2002).
Apesar do esforço dos profissionais no sentido de humanizar o cuidado, é
uma tarefa difícil, porque requer atitudes individuais e coletivas para que seja
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respeitada a privacidade, a individualidade e a dignidade dos pacientes
(BETTINELLI, L.A. et al,2010).
Humanizar na UTI significa cuidar do paciente como um todo, englobando o
contexto familiar e social. Esta prática deve incorporar os valores, as esperanças, os
aspectos culturais e as preocupações de cada um. Humanizar não é uma técnica,
uma arte e muito menos um artifício; é um processo vivencial que permeia toda a
atividade do local e das pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento
que ele merece como pessoa humana. É uma mudança de comportamento e
atitudes frente ao paciente e seus familiares (SALICIO e GAIVA, 2006).
Metodologia
Trata-se de uma atualização bibliográfica e segundo Gil (1999), é aquela
desenvolvida a partir de algum material já elaborado sobre o assunto. Utilizamos
como fontes bibliográficas livros, periódicos, documentos eletrônicos etc. A obtenção
do material foi através da biblioteca da Universidade Nove de Julho – Campus
Memorial, tendo como fonte de coleta a rede virtual na base de dados Medline,
Dedalus e Lilacs. Os descritores utilizados foram: paciente, UTI, privacidade.
A pesquisa foi desenvolvida no período de Setembro de 2012 a Fevereiro de 2013.
Os critérios de inclusão foram: publicações dos últimos 10 anos; produção nacional.
Os critérios de exclusão foram: publicações de mais de 10 anos; língua estrangeira.
Após a coleta de dados, realizamos a seleção do material mediante leituras
exploratória, seletiva, analítica e interpretativa com posterior fichamento do material
selecionado
Desenvolvimento
As UTIs surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração
de recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado
crítico, mas tidos ainda como recuperáveis e da necessidade de observação
constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os
pacientes em um núcleo especializado (VILA E ROSSI, 2002).
Os pacientes geralmente permanecem juntos, no mesmo espaço físico ou
com divisórias que possibilitam aos internos ver uns aos outros, ouvir e perceber
tudo o que acontece em seu redor. Assim, as pessoas que estão conscientes podem
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ouvir fragmentos de conversas, ver o que está acontecendo com os outros pacientes
e perceber o “clima” da unidade (SEVERO E GIRARDON-PERLINI, 2005).
Por ser um ambiente destinado ao atendimento de pacientes graves, denotar
um duelo entre a vida e a morte, incluir vários procedimentos agressivos e invasivos
e contar com um aparato tecnológico e informatizado, muitas vezes é estigmatizado,
gerando concepções errôneas sobre a assistência e as atitudes da equipe, que
apenas tentam empregar seu conhecimento técnico-científico e a tecnologia
existente para manter a vida dos pacientes (PINA, LAPCHINSK E PUPULIM, 2008).
Na UTI, atuam diversos profissionais e a enfermagem é responsável por
muitas atividades relacionadas ao cuidado intensivo e diante desse contexto, essa
atividade pode se tornar mecanizada e o cuidado humanizado pode ficar ameaçado.
Segundo WALDOW, 2001, as ações do cuidar propiciam a interação entre o
cuidador e o ser cuidado, todavia esta interação vem tornando-se cada vez mais
impessoal, breve e formal, consequência da realização de procedimentos e cuidados
de maneira mecanizada e rotinizada.
A hospitalização pode ser caracterizada como uma situação de crise, em que
o paciente apresenta um estado emocional especial marcado pela insegurança,
perda da independência, perda do poder de decisão, perda da identidade, do
reconhecimento social e da autoestima, além de sentir falta de atividades, recreação
e de relações afetivas (SEVERO E GIRARDON-PERLINI, 2005). A sua rotina é
modificada e geralmente sente dificuldades para adaptar-se ao local. Devemos
proporcionar
orientação
temporal
ao
paciente,
disponibilizando
relógios
e
ou/calendários; oferecer jornais, revistas, livros. Caso o paciente utilize óculos,
aparelhos e ou/próteses dentárias, devolvê-los assim que possível.
Considerando que o adoecer e a hospitalização causam ansiedade e
estresse às pessoas, podemos supor que, se tratando de UTI, esses sentimentos se
exarcebam, pois o nome “terapia intensiva” já provoca por si, sobrecarga emocional
(SEVERO E GIRARDON-PERLINI, 2005). Devemos reconhecer o paciente como
parte integrante de uma família, com funções e necessidades específicas.
A rotina de deixar o paciente despido na UTI tem como objetivo facilitar o
trabalho da equipe, ter acesso fácil ao corpo em situação de emergência e facilidade
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para manusear os aparelhos, porém essa atitude causa sofrimento e vergonha aos
indivíduos que se veem obrigados a permanecer com seus corpos expostos
(SEVERO E GIRARDON-PERLINI, 2005).
A dessexualização com o corpo do paciente, presente nos hospitais, está
ligada à formação que os profissionais de saúde tiveram, pois os mesmos
consideram a nudez do paciente como algo normal (FIGUEIREDO E MACHADO,
2001).
A nudez não é exibida nem encarada com naturalidade em nosso meio.
Observa-se que ter o corpo despido e manipulado por outras pessoas, sobretudo se
desconhecidas, mesmo em situação de doença, causa no paciente à sensação de
desgosto (PINA, LAPCHINSK E PUPULIM, 2008).
Em um estudo realizado por Severo e Perlini em 2005, onde avaliaram a
percepção de pacientes internados em UTI, concluíram que a assistência de
enfermagem é percebida pelos pacientes como satisfatória no que se refere à
relação interpessoal, está representada pela disponibilidade e pronto atendimento ás
solicitações, porém, no que diz respeito ao cuidado propriamente dito, emergem
queixas quanto a não observância da individualidade, da privacidade e a falta de
orientação e explicação quanto a sua situação.
A privacidade é uma necessidade e um direito do ser humano, sendo
indispensável para a manutenção de sua individualidade (SAWADA, 1995).
A privacidade é um conceito abstrato e culturalmente definido, independente
da situação e de acordo com Sawada, 2002, a privacidade é uma necessidade e um
direito do ser humano.
O enfermeiro deve reconhecer que o paciente possui: “o direito a atendimento
humano, atencioso e respeitoso por parte de todos os profissionais de saúde”. Tem
o direito a um local digno e adequado para o seu atendimento, o direito a manter sua
privacidade para satisfazer suas necessidades fisiológicas, inclusive alimentação e
higiene, quer quando atendido no leito, no ambiente onde está internado ou
aguardando atendimento (GAUDERER, 1998).
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O Art. 5, parágrafo X da Constituição da República Federativa do Brasil, de
1988, prevê que: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação” (PUPULIM E SAWADA, 2002).
Se ética é a ciência da moral, implicando juízo de valores, e moral refere-se a
conduta e comportamento do ser humano, não seria a invasão da privacidade do
paciente internado em UTI, uma questão ética a ser encarada com mais seriedade e
importância por esses profissionais?
A privacidade do paciente constitui-se uma obrigação ético-legal que deve ser
respeitada. É dever profissional da equipe de enfermagem defender o paciente em
todas as circunstâncias durante a realização dos cuidados, garantindo sua
privacidade e o resguardo de sua autonomia, conforme preveem o Código de Ética
dos profissionais de enfermagem e a Carta dos Direitos dos Usuários do Sistema
Único de Saúde (BRASIL, 2007).
A preocupação com a privacidade das pessoas tem sido objeto de estudos,
discussões e reflexões ao longo da História. Os relatos apontam Hipócrates, como
um dos pioneiros na formulação de princípios e leis que visavam a defender os
direitos dos doentes, em relação a privacidade e a confidencialidade das
informações dadas aos profissionais de saúde (SOARES E DALL’AGNOL,2011).
Manter a privacidade e a confidencialidade das informações sobre o outro é
uma virtude ética; e a virtude ética não é um dom natural e sim uma predisposição
que temos que exercer em nosso cotidiano. Para que isso ocorra, é necessário
esforço, dedicação, consciência das pessoas envolvidas no processo de cuidar e
principalmente empatia.
O profissional de enfermagem é o trabalhador protagonista da humanização
em UTI. Ele deve resgatar a dignidade humana e cuidar do próximo como gostaria
de ser cuidado. Deve servir e tratar os pacientes de forma afetuosa, com atenção,
cortesia, delicadeza, prontidão e comunicação afetiva (COSTA E FIGUEIREDO,
2009).
Quando o cuidador se projeta para o lugar do ser cuidado, toma consciência
de si mesmo, ou seja, é em razão da sua capacidade de se colocar no lugar do outro
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que os profissionais são capazes de avaliar e escolher que cuidado vai dispensar
(VILA E ROSSI, 2002). A humanização é algo que deve ser colocado em prática em
todos os momentos de atenção ao ser humano e em especial quando se trata de
pessoas que estão completamente dependentes e carentes, onde seu estado
emocional fica abalado e vulnerável.
Dentre as atividades desenvolvidas na UTI, que envolvem a exposição do
corpo do paciente, destaca-se o exame físico pela importância fundamental para a
obtenção de informações e detecção de alterações no estado clínico( PUPULIM E
SAWADA, 2005). Sendo necessário tocar o paciente, o profissional sempre deve
comunicar, informar e explicar o cuidado a ser realizado, como será realizado e por
que; deve descobrir apenas o necessário do corpo, deixando compressas, lençóis ,
camisolas nas partes que não precisam ficar expostas. Deve utilizar também os
biombos ou as cortinas para proporcionar um ambiente reservado.
O banho constitui-se, para a grande parte das pessoas e, principalmente para
as mais recatadas e conservadoras, um momento íntimo, na qual se está realmente
próximo do corpo como um todo. É um momento relaxante e prazeroso, porém se
realizado por uma pessoa estranha, faz com que se torne difícil, embaraçoso,
constrangedor (SEVERO E GIRARDON-PERLINI, 2005). Devemos sempre
estimular a participação do paciente durante o banho e oportunizar a realização da
sua própria higienização íntima.
A equipe multidisciplinar que atua dentro de uma UTI deve comunicar o
paciente e solicitar sua autorização sempre que possível para realização de
qualquer procedimento, do mais simples ao mais complexo.
A invasão de privacidade pode ocorrer em situações muito comuns entre os
profissionais que atuam dentro da UTI, quando realizam comentários sobre qualquer
assunto próximo ao paciente, em elevadores, corredores, cantinas ou refeitórios.
Todo cuidado deve ser tomado para que as informações relativas ao diagnóstico e
ao tratamento do paciente não sejam compartilhadas com outras pessoas que não
necessitam saber. Em um estudo realizado por Soares (2010), os pacientes
relataram que a equipe de enfermagem realiza comentários em voz alta sobre
assuntos que dizem respeito somente ao paciente internado, mencionando
diagnósticos, procedimentos realizados e estado geral e que os diálogos podem ser
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ouvidos por quem circula na unidade, incluindo outros pacientes, visitantes alheios
ao cuidado como: pessoas de outros setores, como limpeza, serviço de radiologia,
laboratório etc. Quando a passagem de plantão é realizada leito a leito, a equipe de
enfermagem deve fazê-la utilizando um tom de voz ameno.
Outro problema que agrava a invasão de privacidade do paciente internado
em UTI é que ele acaba sendo constantemente abordado por muitos profissionais.
Na maioria das vezes, o motivo desse fluxo intenso de profissionais é a falta de
comunicação entre eles. A equipe deve atentar para realizar a busca de informações
no prontuário ou com o questionamento com outros colegas de profissão.
A equipe de enfermagem deve observar reações dos pacientes quando
sentem sua privacidade ameaçada, ou mesmo invadida; percebem-se sentimentos
como constrangimento, vergonha, embaraço e até revolta. Por outro lado,
demonstram satisfação e agradecimento através de expressões corporais, verbais
ou até faciais ao sentirem-se mais seguros quando a porta do banheiro é fechada,
quando colocam biombos durante a sua higiene corporal no leito, ou até mesmo
quando o seu estado clínico não é compartilhado com os demais pacientes da
unidade.
A comunicação entre a equipe e o paciente constitui-se uma importante forma
de mantê-lo informado sobre o que será realizado, o modo como podem participar
dos cuidados e do porque de determinadas normas (SEVERO E GIRARDONPERLINI, 2005).
Os profissionais de enfermagem devem atentar que os pacientes que estão
com o nível de consciência diminuído induzido pela sedação ou não, possuem
condições de percepção. Por isso, o cuidado deve ser o mesmo, tanto para o que
está consciente quanto para o que tem o seu sistema neurológico comprometido.
O fato da UTI ser um campo riquíssimo para o aprendizado de procedimentos
técnicos para os acadêmicos pode-se criar a idéia de uma supervalorização desses
recursos tecnológicos e desvalorização para o cuidado de enfermagem. Há a
necessidade de ensinar desde o seu processo de formação para que os futuros
profissionais busquem sim, o desenvolvimento de habilidades, porém, desenvolvam
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também o comprometimento pela humanização ao paciente internado em UTI. A
humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem.
A preparação do estudante/profissional, embora aconteça de alguma forma,
precisa ser algo assumido no projeto político pedagógico dos cursos de graduação
em enfermagem (SANTOS, et al, 2010).
A finalidade dessa discussão é chamar a atenção dos profissionais de
enfermagem para a importância de se estabelecer um vínculo com o paciente
comunicando-se com ele através de atitudes e comportamento que demonstrem
respeito pela sua privacidade.
Considerações Finais
Este estudo sugere que o paciente na UTI (consciente ou não) está submetido
a contínuos olhares e cuidados em razão de sua complexidade. Essa vigilância é
uma necessidade para manter o controle sobre os parâmetros biológicos durante as
ações do cuidado.
A exposição do corpo e a intimidade é uma condição única para o paciente e
uma experiência múltipla para a equipe de enfermagem que manifesta naturalmente
durante o cuidado de enfermagem.
Se cada um de nós entendermos e aceitar quem somos e o que estamos
fazendo, seremos capazes de lutar e agir, para que alguma mudança ocorra. O
significado de humanizar, amar ao próximo como a si mesmo, nada mais é do uma
forma de dar sentido à nossa vida.
Apesar dos esforços dos profissionais no sentido de humanizar o cuidado, é
uma tarefa difícil, pois requer ações individuais e em grupos.
Este estudo não apresenta soluções imediatas para as questões levantadas
sobre a invasão de privacidade ao paciente internado na UTI, porém, levantou
aspectos que merecem consideração e reflexão por parte das pessoas que atuam
na área de saúde em geral, dos profissionais docentes de enfermagem e de outras
áreas.
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Sugere-se a realização de outras investigações, focalizando o tema em
questão, persistindo na busca de alternativas que possam contribuir para a práxis da
enfermagem, visto que não há como admitir distância entre o corpo que cuida e o
que recebe o cuidado.
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