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Conselho Federal de Medicina condena terapia antienvelhecimento
Seg, 06 de Agosto de 2012 08:30
Faltam evidências científicas que justifiquem a prática da medicina antienvelhecimento, ou
anti-aging. Essa é a conclusão de uma extensa revisão de estudos científicos sobre o
assunto, realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A entidade publica nesta
segunda-feira (6) parecer sobre o assunto. O material pode ser acessado no site da
entidade. Clique aqui.
A diretoria do CFM confirmou que o parecer servirá de base de uma resolução que proibirá
o uso de hormônios e práticas de antienvelhecimento no país. Segundo o vice-presidente do
CFM, Carlos Vital Corrêa Lima, o Código de Ética Médica já veda a realização de
terapêutica experimental. "Uma resolução dará mais ênfase e deixará ainda mais claro esta
proibição".
Quanto à técnica de antienvelhecimento, a principal crítica do parecer do CFM diz respeito à
reposição hormonal e à suplementação com antioxidantes, vitaminas e sais minerais,
medidas propostas pelos que a prescrevem. O tratamento hormonal utilizado nestas
pessoas que buscam o rejuvenescimento era o mesmo usado em pacientes com hipofunção
glandular. O tratamento sem a devida indicação coloca a saúde do paciente em risco.
O Coordenador da Câmara Técnica de Geriatria do CFM, Gerson Zafallon Martins, alerta
que os procedimentos podem causar danos. Há aumento, inclusive, do risco de câncer.
“Prescrever hormônio do crescimento para “rejuvenescer” um adulto que não tem deficiência
desse hormônio é submetê-lo ao risco de desenvolver diabetes e até neoplasias”.
De acordo com o Parecer do CFM nº 29/12 não se reconhece no Brasil a especialidade
médica de antienvelhecimento, bem como não há registros na União Europeia e nos
Estados Unidos.
Trabalho - O Parecer CFM nº 29/12 conclui ainda que a modulação hormonal bioidêntica,
“vem a ser nada mais que o uso de hormônio fabricado em laboratório, manipulado em
farmácia magistral e prescrito com finalidade terapêutica não sustentável cientificamente e,
desse modo, não aprovada pelas sociedades medicas acreditadas”, diz o texto.
Na avaliação dos conselheiros, a maior longevidade ou aumento expectativa de vida do
homem atual não se deve a um tratamento específico e sim a toda uma melhora nas
condições de vida. “Estão vendendo ilusão de antienvelhecimento para a população sem
nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal à saúde. Com a idade, o
metabolismo mais lento e a ingestão de algumas substâncias podem aumentar o risco de
várias doenças”, alerta a médica geriatra Elisa Franco Costa, que auxiliou nas pesquisas do
CFM.
Para a geriatra e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Maria
Lencastre, a manipulação hormonal deve ser indicada apenas nos casos em que o paciente
apresente algum tipo de disfunção na produção de hormônios, como nos casos de
hipotireoidismo (distúrbio hormonal que afeta o metabolismo do organismo).
Ela lembrou que o fator genético responde por um terço das causas do envelhecimento e
que a melhor maneira de retardar o processo é a modificação de hábitos, que incluem a
prática de exercício, a alimentação adequada e a perda de peso. "Medicamentos que não
são necessários, além do risco, significam custo com uma população que já tem grandes
custos [com patologias como doenças do coração].
Processo - Segundo dados da corregedoria do CFM, nos últimos quatro anos, a entidade já
cassou o registro profissional de cinco médicos que praticavam os procedimentos sem
comprovação científica. Outras dez punições (como suspensão e censura pública) também
foram dadas a outros médicos. Os Conselhos Regionais de Medicina também apuram
outros casos.
O ilícito destes médicos geralmente era agravado pela publicidade imoderada,
sensacionalista e promocionais. Muitos deles garantiam resultados, o que contraria o Código
de Ética Médica (CEM). “A medicina não é uma ciência de fim e sim de meios. O médico
tem que fazer o possível em benefício do paciente, mas nem sempre o resultado é
satisfatório”, destaca o corregedor do CFM, José Fernando Maia Vinagre.
Destaques do parecer:

A especialidade medica “Medicina anti-aging” ou “Medicina antienvelhecimento” não
é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.

O processo biológico de envelhecimento do organismo humano é acompanhado de
um natural decréscimo na produção endógena de alguns hormônios sem que este
fato seja considerado como a causa do envelhecimento.

A medicina e, por extensão, a prescrição de hormônios, precisa ser exercida
baseada em evidências científicas comprovadas
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