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1
Cobertura de solo em cultivo orgânico de diferentes cultivares de cebola
2
3
Mulching in organic crop for onion cultivars different
4
5
RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de cebola em
6
cultivo orgânico sob diferentes coberturas do solo nas condições de Rio Branco-AC. O
7
experimento foi conduzido no período de abril a outubro de 2009, em cultivo protegido, na
8
área experimental do setor de olericultura da Universidade Federal do Acre - UFAC, em
9
Rio Branco-AC; adotou-se delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema
10
de parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas pelas coberturas de solo: casca de
11
café, palha de gramínea (Brachiaria decumbens); folha de bambu dessecada (Bambusa spp.) e
12
solo descoberto (tratamento controle) e as subparcelas constituídas pelas três cultivares de
13
cebola (IPA 10, IPA 11 e IPA 12), foram utilizadas quatro repetições. As variáveis analisadas
14
foram produtividade total de bulbos (t ha-1), produtividade comercial dos bulbos (t ha-1),
15
massa fresca do bulbo (g bulbo-1), classificação dos bulbos e perda de massa em função do
16
tempo de armazenamento. Não houve efeito da interação entre as coberturas do solo e as
17
cultivares. As cultivares IPA 10 e IPA 11 apresentaram maior desempenho agronômico das
18
variáveis estudadas, o menor rendimento nas variáveis analisadas foi observado pela cultivar
19
IPA 12, não diferenciando estatisticamente da cultivar IPA 10. As três cultivares
20
apresentaram aproximadamente mais de 70% dos bulbos na classe 2 e um máximo de 5% de
21
bulbos não comerciais. A perda de massa após 49 dias de armazenamento é de 6,63%
22
independente da cultivar e da cobertura do solo.
23
24
25
Palavras-chave: Allium cepa. Agricultura orgânica. Sustentabilidade.
2
26
ABSTRACT -
27
28
Key words:
29
30
INTRODUÇÃO
31
A cebola, Allium cepa L. é originária das regiões de clima temperado que
32
compreendem o Afeganistão, o Irã e partes do sul da antiga União Soviética. Os europeus
33
trouxeram a cebola para as Américas logo no início do “descobrimento” (GOLDMAN et al.,
34
2000).
35
Esta cultura exige altos níveis tecnológicos para alcançar maior produtividade física e
36
econômica, incluindo tecnologias ecológicas que causem menos entropia, especialmente em
37
novas áreas, onde ainda é possível a racionalização agroeconômica, para atender as exigências
38
ambientais e de qualidade do alimento para o consumidor (VILELA et al., 2005).
39
O cultivo da cebola em sistema orgânico vem ganhando espaço nas regiões
40
produtoras, entretanto, poucos estudos, com este sistema de produção têm sido realizados
41
(VIDIGAL et al., 2010), precisando ajustar a tecnologia, principalmente, com aplicação de
42
resíduos orgânico que forneça todos os nutrientes necessários para o crescimento das plantas.
43
Sendo possível substituir a adubação mineral pela orgânica sem consequências negativas à
44
produção e qualidade do produto obtido (GONÇALVES; SILVA, 2003), podendo alcançar
45
produtividade superior à agricultura convencional com adubação química, principalmente
46
quando se utilizam cultivares adaptadas (RESENDE et al., 2010).
47
Apesar do efeito benéfico da cobertura morta do solo na diminuição da infestação de
48
plantas espontâneas (SILVA et al., 2009), na diminuição da temperatura do solo (OLIVEIRA
49
et al., 2005), na disponibilidade de nutrientes (OLIVEIRA et al., 2008) no aumento da
50
biomassa microbiana do solo (WANG et al., 2008; LEE, 2010) e na maior economia de água
51
(OLIVEIRA et al., 2005; MOTA et al., 2010), o efeito do uso de coberturas de solo sobre a
52
produtividade das culturas depende dentre outros fatores, da característica física, química e
3
53
biológica do material (SEDIYAMA, et al., 2011) que podem incrementar a produtividade de
54
hortaliças (LEE, 2010). Assim, é recomendável que o uso de cobertura morta seja adaptado
55
regionalmente, e que, além de tecnicamente possível, seja economicamente viável.
56
Na cultura da cebolinha de palha (condimento), Araújo Neto et al. (2010) observaram
57
aumento de produtividade de 43% maior em solo coberto com palhada de plantas espontâneas
58
que solo descoberto. E Sediyama et al. (2011) verificaram aumento de 20% na produtividade
59
da beterraba em solo coberto com casca de café, evidenciando que em ambos os casos, o uso
60
de cobertura morta promoveu efeito benéfico na produção orgânica de hortaliças.
61
Diante da dificuldade em produzir cebola no Estado do Acre, em decorrência da pouca
62
informações técnicas sobre sistema de cultivo, ausência de cultivares adaptadas para a região
63
e nível de tecnologia aplicado, objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho de
64
cultivares de cebola em cultivo orgânico sob diferentes coberturas do solo nas condições de
65
Rio Branco - AC.
66
MATERIAL E MÉTODOS
67
O experimento foi conduzido no setor de olericultura da Universidade Federal do
68
Acre - UFAC, em Rio Branco - AC (9° 25’ a 10° 30’ S latitude, 67° 00’ a 67° 50’ W
69
longitude e altitude de 150 m), Km 05, BR - 364. No periódo de Abril a Outubro de 2009.
70
O clima da região é caracterizado por apresentar temperatura média anual variando de
71
18 °C no mês mais frio, a 24,5 °C no mês mais quente; a precipitação média anual é de 1915
72
mm, sendo concentrada no período chuvoso que segue de dezembro a maio e a umidade
73
relativa média do ar é de 85% (ACRE, 2010). O solo classificado como Argissolo Vermelho-
74
Amarelo plíntico, apresentou os seguintes atributos químicos na profundidade de 0-20 cm:
75
pH= 5,6; Ca= 1,6 cmolc dm-3; Mg= 1,2 cmolc dm-3; K= 54 mg dm-3; Al= 1 cmolc dm-3; H +
76
Al= 1,89; SB=2,7 cmolc dm-3; T= 4,4 cmolc dm-3; C org.= 10,71 g/Kg; P= 6 mg dm-3; V=
77
58%.
4
78
O delineamento experimental foi em blocos casualizados completos, em esquema de
79
parcelas subdivididas, sendo as parcelas principais constituídas pela cobertura de solo: casca
80
de café, palha de gramínea (Brachiaria decumbens); folha de bambu seca (Bambusa spp.) e
81
solo descoberto (tratamento controle) e as subparcelas constituíram-se pelas três cultivares de
82
cebola (Franciscana IPA 10, Vale Ouro IPA 11 e Brisa IPA 12). Para a variável perda de
83
massa, foi utilizado delineamento em parcela subsubdividida, incluindo o tempo como
84
subsubparcela.
85
86
Foram utilizadas quatro repetições. A parcela experimental mediu 1,2 m x 1,8 m,
sendo utilizadas 20 plantas de cebola como parcela útil.
87
As variáveis analisadas foram: produtividade total (t ha-1) com a colheita e pesagem de
88
todos os bulbos das parcelas e a produtividade comercial (t ha-1), após a retirada das folhas
89
externas que apresentavam coloração amarela ou algum tipo de injúria. Para estimativa da
90
produtividade total e comercial utilizou-se o índice de 100% de área total, já que os espaços
91
entre os canteiros e entre as estufas são cultivados em diferentes espaçamentos (condição
92
regional).
93
94
A massa média fresca do bulbo (g bulbo-1) foi determinada dividindo-se a massa de
bulbos comerciais após a cura pelo número de bulbos comerciais colhidos em cada parcela.
95
A classificação de bulbos comerciais segundo o diâmetro transversal (mm) da parte
96
mais compacta, foi feita de acordo com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
97
(MAPA, 1995), expressa em porcentagem (%).
98
A perda de massa (%) iniciou-se após o termino da cura, sendo avaliada por um
99
período de aproximadamente 50 dias, intervaladas de sete em sete dias, ou seja, perda de
100
massa semanal utilizou-se como peso inicial a produtividade comercial, logo após a cura, para
101
se determinar o decrescimento em função do tempo de cura. 1ª semana: {[(P0-P1)/P0]*100}.
102
2ª semana: {[(P1-P2)/P1]*100}..., sendo P0, a pesagem inicial e P1 a pesagem final.
5
103
A composição do substrato utilizado nas bandejas seguiu medidas iguais de solo
104
orgânico, composto orgânico e casca de arroz (incinerada), adicionado 10% de carvão vegetal
105
(triturado), 1,0 kg m-3 de calcário e 1,5 kg m-3 de termofosfato natural. Utilizaram-se bandejas
106
de 128 células, sendo semeadas três sementes por célula, realizando-se posteriormente o
107
desbaste aos 11 dias após a semeadura e o transplantio para os canteiros definitivos aos 40
108
dias após semeadura.
109
O levantamento dos canteiros ocorreu de forma manual a 0,20 m de altura, com
110
auxílio de enxada manual. As plantas de cebola foram dispostas em seis fileiras por canteiro
111
espaçadas 0,20 m entre linhas e 0,15 m entre plantas.
112
Foi aplicado na fundação do plantio 30 t ha-1 do composto orgânico na base seca e aos
113
25 dias após transplantio foi realizada uma aplicação de biofertilizante “Super Magro”, seguida de
114
mais duas aplicações ao longo do ciclo da cultura, em intervalos de 15 dias, cuja dose foi de 2315
115
L ha-1.
116
O composto utilizado foi preparado a partir de camadas alternadas de braquiária
117
dessecada, esterco bovino curtido e cama de aviário, decomposto naturalmente e apresentou a
118
seguinte composição: N=1,13%; P=1,33%; K2O=0,18%; Ca=3,36%; Mg=0,20%; S=0,10%;
119
pH=6,55; M.O.=11,97%; Cinzas=88,61%; Densidade (g/mL) 0,87; Relação C/N 6,11.
120
O sistema de irrigação foi do tipo microaspersão, sendo aplicado uma lâmina média
121
de 6 mm dia-1, elevando-se o teor de água no solo próximo à capacidade de campo, durante
122
todo o ciclo da cultura e a mesma suspensa uma semana antes da colheita, para facilitar o
123
processo de cura.
124
O controle de pragas e de doenças ocorreu conforme a ocorrência de infestações e de
125
acordo com a necessidade da cultura (duas aplicações de calda sulfocálcica e duas de calda
126
bordalesa alternadas).
6
127
Foram realizadas três capinas manuais para os tratamentos com coberturas das
128
palhadas e cinco para o tratamento de solo descoberto (tratamento controle). A colheita foi
129
realizada aos 114 dias após a semeadura, quando as plantas apresentaram sinais avançados de
130
senescência, como amarelecimento e seca das folhas e mais de 70% das plantas encontravam-
131
se ¨estaladas¨. A cura foi realizada ao sol por três dias na casa de vegetação e 10 dias à
132
sombra em galpão ventilado.
133
Os resultados obtidos nesse experimento foram submetidos ao Teste de Grubbs para
134
identificar dados discrepantes, ao teste de Shapiro e Wilk para verificar a normalidade das
135
variâncias e ao teste de Bartlett, para verificar a homogeneidade das variâncias. Ao identificar
136
aos pressupostos da análise de variância, realizou análise de variâncias e após identificar
137
efeito significativo, foi aplicado teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade para o fator
138
qualitativo e análise de regressão para fator quantitativo (perda de massa).
139
RESULTADOS E DISCUSSÃO
140
Não houve interação significativa entre as coberturas e as cultivares para todas as
141
variáveis analisadas (produtividade total, produtividade comercial, massa fresca dos bulbos,
142
classificação comercial dos bulbos e perda de massa dos bulbos).
143
A utilização de biofertilizante e das caldas protetoras, minimizaram a ocorrência de
144
pragas, durante o período de desenvolvimento da cultura. Com o ciclo super precoce, 114
145
dias, foi diminuindo o tempo de exposição a fatores adversos como pragas e doenças,
146
permitindo a antecipação da colheita e garantindo renda antecipada ao agricultor. Mesmo com
147
esta antecipação do ciclo foram observados problemas fitossanitários com Colletotrichum
148
gloesporioides (mal-de-sete-voltas), doença que ocasiona enrolamento e retorcimento das
149
folhas para um lado e para o outro. Haddad et al. (2003) relatam que esta doença é de difícil
150
controle, mesmo utilizando fungicidas químico e sistêmicos, sendo necessário aplicação de
7
151
fungicidas químicos de forma preventivo, pois após a inoculação do fungo, os fungicidas
152
químicos perdem eficiência de controle.
153
De forma geral, a cobertura do solo com as palhadas não promoveu efeito no
154
desempenho agronômico das cultivares avaliadas quando comparado ao solo descoberto. O
155
efeito benéfico promovido pela cobertura do solo, como diminuição da infestação de plantas
156
espontâneas (SILVA et al., 2009), diminuição da temperatura do solo (OLIVEIRA et al.,
157
2005), maior disponibilidade de nutrientes (OLIVEIRA et al., 2008) maior biomassa
158
microbiana (WANG et al., 2008) e maior economia de água (OLIVEIRA et al., 2005; MOTA
159
et al., 2010), que promovem maior produtividade em outras culturas como cebolinha
160
(ARAÚJO NETO et al., 2010) e beterraba (SEDIYAMA et al., 2011) não foi suficiente para
161
imprimir maior desempenho da cebola. O uso do ambiente protegido, o efeito residual do
162
manejo orgânico sucessional na área e o controle eficiente da irrigação podem ter neutralizado
163
o efeito da cobertura do solo.
164
Por outro lado, à própria arquitetura da planta de cebola (folhas finas e eretas), aliado
165
ao solo descoberto promovem alta demanda por água (irrigação) e maior controle de plantas
166
espontâneas (mão-de-obra) em todo o ciclo, esses fatores aumentam o custo de produção.
167
O fato da produção encontrada ter-se mantido um pouco abaixo da média da cultura,
168
pode ser explicado possivelmente pelo intervalo e dose de biofertilizante aplicado em
169
cobertura. Resende et al. (2010) obtiveram produtividade variando de 10,15 t ha-1 (cv. Red
170
Creole) a 33,58 t ha-1 (cv. Bahia F1) em sistema orgânico, porém, com alta quantidade de
171
adubo (75 t ha-1 de esterco de curral bovino curtido e 5,6 t ha-1 de Yoorin®, mais 240 L ha-1
172
de Super-magro em três aplicações de cobertura).
173
A produtividade total obtida pela cultivar IPA 11 (Vale Ouro) variou entre as
174
coberturas do solo de 16,08 a 17,53 t ha-1, com média de 16,38 t ha-1, apresentando o melhor
175
desempenho, porém não diferenciou significativamente da cultivar IPA 10 (Franciscana) que
8
176
manteve sua produtividade total entre as coberturas de 15,06 a 16,06 t ha-1 e média 15,57 t ha-
177
1
, semelhante a cv. IPA 12 (Brisa) com variação de 12,94 a 15,52 t ha-1 e média de 14,02 t ha-
178
1
, inferior a cv. IPA 11(Tabela 1). Mendonça et al. (2003) ao estudar as coberturas mortas na
179
produção de cebola branca para conserva, nas condições de cultivo do Distrito Federal,
180
identificaram diferença marcante entre as cultivares, sendo a cv. Beta Cristal mais produtiva
181
que a cv. Diamante, independente da cobertura do solo.
182
183
184
Tabela 1 – Produtividade total (t ha-1) das cultivares de cebola em função das coberturas de
solo. Campus experimental da UFAC. Rio Branco –
AC, 2009
Cultivares
IPA 11
IPA 10
IPA 12
CV
185
186
Café
16,08
15,92
13,22
-
Coberturas de Solo
Capim
Bambu
16,09
17,53
15,06
16,06
13,71
15,52
-
Média
Testemunha
16,61
15,11
12,94
-
16,38 a
15,57 ab
14,02 b
12,28%
*Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
187
Pesquisando o desempenho de cultivares em sistema orgânico Costa et al. (2008), ao
188
contrário desta pesquisa, a cultivar IPA 12 foi mais produtiva que as cultivares IPA 11 e IPA
189
10. Esse comportamento diferenciado é explicado por Paula et al. (2008) pois afirmam que
190
geralmente as cultivares são avaliadas em regiões de características edafometeorológicas
191
diferentes, fazendo com que o desempenho produtivo na maioria das vezes não seja o mesmo
192
em outras regiões, principalmente quando se muda a época de plantio, como foi o caso deste
193
trabalho. A capacidade das cultivares em aproveitar as variações do ambiente e de ter seu
194
comportamento
195
significativamente para a avaliação e futura recomendação dessas cultivares.
previsível
mesmo
com
as
variações
ambientais
pode
contribuir
196
Resende et al. (2010) relatam que a produtividade da cebola em cultivo orgânico pode
197
ser em média 33,35% superior ao cultivo convencional, variando de 2,09% (cv. Bola precoce)
198
a 65,8% (cv. Red Creole), além disso, os preços elevados de produto orgânico tornam a
199
produção competitiva em termos de lucros para os que adotam esse sistema. Sendo assim, os
9
200
futuros produtores de cebola da região devem se preocupar menos em tentar alcançar altas
201
produtividades e reduzirem os custos de produção diminuindo o uso de insumos externos.
202
A produtividade comercial da cultivar IPA 11 (Vale Ouro) nas coberturas de solo
203
variou de 15,40 a 17,33 t ha-1 com média de 16,20 t ha-1 e a IPA 10 (Franciscana) variou de
204
15,06 a 15,78 t ha-1 com média de 15,49 t ha-1 apresentando os melhores desempenhos em
205
relação à produtividade comercial de bulbos, semelhante a cv. IPA 12, variando de 12,18 a
206
15,04 t ha-1 com média de 13,30 t ha-1, rendimentos inferior a cv. IPA 11 (Tabela 2). Estes
207
resultados estão próximos da média nacional e com baixa produção de bulbos refugos,
208
demonstrando potencial promissor para cultivo orgânico nas condições de Rio Branco.
209
Considerando o aspecto produtividade comercial, Duarte et al. (2003) também
210
obtiveram os melhores resultados com as cultivares Vale Ouro IPA- 11 e Franciscana IPA-10
211
mostrando a grande adaptação e viabilidade de cultivo destes materiais nas condições do
212
semi-árido piauiense. Costa et al. (2008) afirmam que em sistema orgânico, há uma variação
213
significativa entre cultivares de cebola, com produtividade comercial que oscila entre 7,45 e
214
38,32 t/ha, com destaque para as cultivares Brisa IPA-12 (38,32 t/ha) e São Paulo (35,86
215
t/ha), e as cultivares Conquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale (7,81 t/ha) apresentaram-se
216
como as menos produtivas.
217
218 Tabela 2 - Produtividade comercial (t ha-1) das cultivares de cebolas em função das coberturas
219
de solo. Campus experimental da UFAC. Rio Branco – AC, 2009
Coberturas de Solo
Cultivares
Média
Café
Capim
Bambu
Testemunha
IPA 11
15,92
16,09
17,33
15,40
16,20 a
IPA 10
15,74
15,06
15,78
15,11
15,49 ab
IPA 12
12,18
12,18
15,04
12,46
13,30 b
CV
15%
220
*Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
221
222
Não houve efeito das coberturas do solo na massa média fresca dos bulbos. A
223
diferença na massa média fresca dos bulbos ficou evidenciando entre as cultivares, com média
224
de 49,13 g bulbo-1 para a cv. IPA 11 não diferindo da IPA 10 com média de 46,73 g bulbo-1,
10
225
que não diferiu estatisticamente da IPA 12 com média de 42,05 g bulbo-1, inferior a cv. IPA
226
12 (Tabela 3). Segundo Souza e Resende (2002) as temperaturas mais elevadas
227
principalmente na fase inicial da planta, favorecem a formação acelerada de bulbos precoces e
228
maturação mais rápida (bulbos de menor tamanho) o que reduz a produtividade. Segundo os
229
mesmos autores somente haverá boa formação de bulbos se a temperatura for favorável à
230
cultivar plantada.
231
232
233
234
235
Tabela 3 – Massa fresca dos bulbos (g bulbo-1) em função das coberturas de solo.
Campus experimental da UFAC. Rio Branco – AC, 2009
Coberturas de Solo
Cultivares
Média
Café
Capim
Bambu
Testemunha
IPA 11
48,25
48,27
52,59
46,82
49,13 a
IPA 10
47,77
45,18
48,18
45,34
46,73 ab
IPA 12
39,68
41,15
46,56
38,83
42,05 b
CV
12,28%
*Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
236
A massa dos bulbos abaixo das observadas nas demais pesquisas com a cebola pode
237
ser explicada pela EPAGRI (2000), observando que quando a cebola é cultivada nos sistemas
238
agroecológicos os espaçamentos deverão ser maiores que os usados convencionalmente, pois
239
a menor densidade populacional proporcionará maior ventilação no dossel das plantas, menor
240
sombreamento e menor competição por nutrientes, água e luz, tornando-as mais vigorosas,
241
mais resistentes às doenças foliares, logo aumentando o crescimento dos bulbos. Mas,
242
Resende et al. (2003) relatam que na prática a preferência do consumidor é por bulbos de
243
menor tamanho, os quais são utilizados na sua totalidade de uma só vez quando consumidos
244
in natura e possuem maior poder de conservação em função do menor teor de umidade.
245
Em relação a classificação comercial dos bulbos, as três cultivares IPA 10, 11 e 12 se
246
enquadram plenamente ao mercado consumidor em termos de diâmetro transversal de bulbo,
247
pois mais de 70% dos bulbos das três cultivares apresentaram diâmetro entre 35 a 50 mm
248
(classe 2), sendo este o tamanho mínimo para classificação comercial (MAPA, 1995).
11
249
Apesar de não houve diferença da produção por classe entre as cultivares, porém, a
250
cultivar IPA 10 (Franciscana) teve 20% de seus bulbos classificados na classe 3 (bulbos de 50
251
a 60 mm), seguida da cultivar IPA 11 (Vale Ouro) com produção de 10% de bulbos na classe
252
três. Esta classe com bulbos maiores alcançam preços mais elevados no mercado (VIDIGAL
253
et al., 2010).
254
A cultivar IPA 12 Brisa apresentou a maior porcentagem de bulbos refugos (5%). A
255
frequência de distribuição das classes de diâmetro dos bulbos em resposta a cada cultivar se
256
mostram praticamente semelhantes (Gráfico 1). Os bulbos denominados ¨charutos ou
257
pirulitos¨ são comercializados pela metade do preço de mercado e mesmo assim 20% da carga
258
de um caminhão podem ser completas com estes bulbos, de acordo com Souza e Resende
259
(2002). Fato observado claramente nas vendas de feiras livres na região.
260
261
262
263
264
GRÁFICO 1 – Classificação dos bulbos das cultivares de acordo com o diâmetro transversal.
experimental da UFAC. Rio Branco – AC, 2009.
Campus
265
Quanto ao formato do bulbo, todas as cultivares são aceitáveis, sem exceção. Bulbos
266
de cor ¨amarelo-avermelhada¨ têm a preferência do consumidor (IPA 11 Vale Ouro e IPA 12
12
267
Brisa), entretanto existe mercado específico de consumo, regido por uma série de fatores e
268
ligado ao poder aquisitivo e à cultura da região. Em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, por
269
exemplo, ocorre uma leve tendência de consumir a cebola com cor roxa ou arroxeada (IPA 10
270
Franciscana) o consumidor nacional com o aumento do poder aquisitivo, tomando contato
271
com produto importado, está em processo acelerado de mudanças quanto à exigência de
272
qualidade, descartando a desuniformidade do produto quanto à cor, formato e tamanho
273
(SOUZA; RESENDE, 2002).
274
A perda de massa dos bulbos não foi influenciada pelas coberturas de solo e não
275
apresentou diferença significativa entre as cultivares, sendo afetada apenas pelo tempo de
276
prateleira. Cerca de 10% da massa dos bulbos foram perdidas aos 49 dias, as maiores perdas
277
ocorreram aproximadamente aos 21 dias com 6% de perda de massa (Gráfico 2).
278
279
280
281
282
GRÁFICO 2 – Perda de massa dos bulbos (%) em função do tempo de armazenamento
(dias). Campus experimental da UFAC. Rio Branco – AC, 2009.
283
As perdas de massa observadas durante os primeiros dias de armazenamento,
284
resultaram, provavelmente, da maior perda de água das películas externas e das lesões
285
ocorridas durante o processo de limpeza dos bulbos e corte da parte aérea (toalete). Resende e
13
286
Costa (2006) observaram comportamento semelhante para a cultivar de cebola Texas Grano,
287
sendo esta somente influenciada pelo tempo de prateleira.
288
As podridões fisiológicas podem estar relacionadas ao processo de cura que tem como
289
finalidade a perda de água excessiva, secagem das películas externas (cascas) e redução da
290
intensidade de podridões (SOUZA; RESENDE, 2002). Os mesmos autores relatam que esta
291
atividade torna os bulbos mais resistentes a danos e a entrada de microorganismos,
292
aumentando o tempo de conservação. No Brasil estima-se que perdas podem chegar em cerca
293
de 40 a 50% da produção.
294
CONCLUSÕES
295
1. Nas condições de Rio Branco, Acre e sob casa de vegetação, as coberturas de solo não
296
interferem na produtividade e massa média de bulbos de cebola sob cultivo orgânico.
297
2. As cultivares IPA 11 e IPA 10 se adaptam melhor às condições locais de cultivo, com
298
maior produtividade e massa média de bulbo que a IPA 12.
299
3. A massa fresca dos bulbos decresceu em relação ao tempo de armazenamento.
300
4. A classificação em relação ao diâmetro dos bulbos permaneceu em sua maioria na classe 2.
301
5. A perda de massa após 49 dias de armazenamento é de 6,63% independente da cultivar e da
302
cobertura do solo.
303
AGRADECIMENTOS
304
A concessão das sementes de cebola, cedidas cordialmente pelo pesquisador da Embrapa
305
Semi-Árido, Geraldo Milanez de Resende.
306
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