Apostila Adm. Financeira – Mônica

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MATERIAL DE APOIO
(Este material de apoio ao estudante não substitui e não dispensa a leitura dos livros como
bibliografia básica do curso)
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INFORMAÇÕES GERAIS
Horário Manhã:
07:50 – 09:30
09:30 – 09:50 intervalo
09:50 – 11:30
Horário Noite:
19:15 – 20:55
20:55 – 21:20 – intervalo
21:20 – 23:00
Avaliações:
AV1 – Prova do Professor ____/____
AV2 – Prova Integrada ____/____
AV3 – Prova do Professor ____/____
Todas as provas são sem consulta e envolvendo raciocínio e interpretação.
Descartado a menor nota das avaliações pelo sistema e calculada a média
aritmética das demais notas com média 6.
O aluno que faltar nas avaliações receberá 4 faltas e só poderá fazer a prova na
semana subseqüente mediante autorização da Secretária.
Regime Domiciliar: O aluno tem direito as tarefas substitutivas idênticas à aplicada em
classe (prova ou trabalho) referente ao período que suas faltas foram abonadas mediante
concesssão do Regime Domiciliar ou Abono de Faltas deferidos e expedidos pela
Secretaria Geral.
Presenças:
A aprovação na disciplina está condicionada, além do aproveitamento de notas –
média 6,0 (seis) e presença de 75% nas aulas, portanto o limite de faltas corresponde a
25%, ou seja :
Carga horária de 80 horas – limite de faltas = 20 faltas
Carga horária de 40 horas – limite de faltas = 10 faltas
Faltas:
Licença maternidade / Doenças infecto contagiosas ou crônicas/Regime
domiciliar - Todos os previstos em lei: os atestados deverão ser entregues diretamente à
Secretaria.
Orientações para as aulas:
A fim de que as aulas sejam produtivas é importante a assiduidade, participação
e educação de todos os participantes; mantenha seu celular desligado ou na função
vibra-call.
Participe de todas as aulas de forma ativa e produtiva. Não tenha medo ou
vergonha de perguntar aquilo que não entendeu, a sala de aula é um fórum de discussão
e aprendizado.
Traga sempre às aulas sua apostila, caderno e calculadora. Organize sua agenda
de modo a dispor de tempo fora da sala de aula para seus estudos.
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
INTRODUÇÃO
Inicialmente, apresentamos o conteúdo programático, a bibliografia e os materiais
necessários para fornecer embasamento para o estudo da disciplina de Administração
Financeira, durante o primeiro semestre de 2012.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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Objetivo da administração financeira;
Função do administrador financeiro;
O ambiente financeiro das empresas;
Administração de Caixa;
Administração de Contas a Receber;
Administração de Estoques;
Administração de contas a pagar;
Necessidade de Capital de Giro;
Contas de Tesouraria;
Efeito Tesoura nas atividades das empresas;
Mercado primário de títulos;
Mercado secundário de títulos;
Captação de recursos;
Aplicação de recursos;
Securitização;
Engenharia financeira;
Leasing;
Operação de proteção de ativos e passivos das empresas.
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
Espera-se que essa disciplina proporcione ao discente compreender a função do
administrador, cujo objetivo é criar valor para a corporação. As ferramentas usadas para
cumprir esses objetivos são os instrumentos disponíveis no mercado financeiro e de
capitais por meio da adequada seleção desses instrumentos para captar e aplicação
recursos da empresa; sendo que a tesouraria da empresa é ‘local’ onde todas as
operações de atividades operacionais, de atividades de investimentos e de atividades de
financiamentos são planejadas e executadas.
BIBLIOGRAFIA
Básica:
(1) ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de Administração
Financeira. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
(2) GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7ª Ed. São Paulo:
Editora Harbras, 1997
(3) SECURATO, José Roberto; SECURATO, José Cláudio. Mercado Financeiro:
conceitos, cálculo e análise de investimento. 3ª Ed. São Paulo: Editora Saint Paul, 2009.
(4) SILVA, Edson Cordeiro da. Como Administrar o Fluxo de Caixa das Empresas. 4ª
edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
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Complementar:
(1) CEPEFIN FEA/USP Ribeirão Preto. Finanças Corporativas de Curto Prazo: A gestão
do Valor do Capital de Giro. Vol.1 São Paulo: Editora Atlas, 2007.
(2) ______________________________. Finanças Corporativas de Longo Prazo: Criação
de Valor com Sustentabilidade Financeira. Vol. 2. São Paulo: Editora Atlas, 2007.
(3) FIPECAFI FEA/USP. Curso de Mercado Financeiro. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
(5) FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 18ª Ed. Rio de
Janeiro: Editora Qualitymark,2010.
(4)
(5) GROPPELLI, A.A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira. 3ª Ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2010.
(6) HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. 8ª Ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2009.
(7) _______________. Práticas de Tesouraria: Cálculo Financeiro de Tesouraria. São
Paulo: Editora Atlas, 2001.
(8) SECURATO, José Roberto. Cálculo Financeiro das Tesourarias. 4ª Ed. São Paulo:
Editora Saint Paul, 2009.
(9) ROSS, Stephen A.; WESTERFIEL, Randoph; JAFFE, Jeffrey F.,Jaffe. Administração
Financeira: Corporate Finance. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
(10) SANTI FILHO, Armando de; OLINQUEVITCH, José Leônidas. Análise de
Balanços para Controle Gerencial. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 1989.
(11) ZDANOWICZ. José Eduardo. Fluxo de Caixa. 8 edição. Porto Alegre: Editora
Sagra Luzzatto, 2000.
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1.
SIGNIFICADOS
E
OBJETIVOS
FINANCEIRA NAS EMPRESAS
DA
1.1.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS BÁSICOS
ADMINISTRÇÃO
O que é Administração Financeira? A Administração Financeira diz respeito
às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores
financeiros gerenciam ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras
ou não-financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins
lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como orçamentos,
previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de
investimento e captação de recursos (Gitman, 1997, p. 4).
Qual o principal objetivo da Administração Financeira? O principal objetivo da
Administração Financeira é o de maximizar a riqueza dos sócio-acionistas.
1.2.
META DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Quando alguém se dispõe a investir sua poupança em uma empresa, em vez de
aplicá-la em alternativas mais seguras, está disposto a assumir certo risco em troca de
um aumento no seu patrimônio ou riqueza pessoal. Assim, pode-se admitir que o
objetivo principal da empresa, e, por conseguinte, de todos os administradores e
empregados, é o de maximizar a riqueza de seus proprietários. Cada decisão
financeira deve ter como meta o aumento do valor da ação. Nessa busca, duas variáveis
conduzem as decisões: o risco e o retorno.
1.3.
DEFINIÇÃO DE RISCO
O risco é a possibilidade de perda financeira e afeta tanto os administradores
financeiros quanto os acionistas (GITMAN, 2004). Todo investimento envolve certa
medida de risco, e para caracterizar tal conceito corretamente é necessário diferenciar
dois conceitos básicos que são: incerteza e risco.
“A incerteza pode se referir a situações nas quais muitos resultados são
possíveis com probabilidades de ocorrência desconhecidas. Já o risco refere-se a
situações as quais podemos relacionar todos os possíveis resultados, bem como
estabelecer a probabilidade de ocorrência de cada um deles”. (KNIGHT apud
PINDYCK; RUBINFELD, 2002)
As probabilidades envolvidas podem ser objetivas ou subjetivas. As objetivas
fundamentam-se na frequência com a qual determinados eventos tendem a ocorrer,
baseados em experiências similares. As subjetivas baseiam-se na percepção de que um
determinado resultado poderá vir a ocorrer, embasada no julgamento e na experiência
de uma pessoa, mas não na frequência em que os resultados tenham realmente ocorrido
no passado. Ambas as interpretações da probabilidade são importantes no cálculo das
medidas que auxiliam a comparar e escolher entre os riscos envolvidos, que são o valor
esperado e a variabilidade dos possíveis retornos.
TIPOS DE RISCO
Riscos específicos da empresa
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 Risco econômico: está intimamente associado ao tipo de operação da
empresa, ao tipo de produto e às características de sua procura, já que este é o
risco oferecido por sua atividade e setor de atuação e suas oscilações ficam
sujeitas a forças externas, cuja origem pode estar relacionada a situação
econômica do pais e do mundo.
 Risco financeiro: por sua vez, além de incluir o risco econômico, é
determinado pelo uso do capital de terceiros, que exige remuneração fixa e
prioritária em face da remuneração do capital dos acionistas.
Portanto, “...o risco econômico corresponde à estrutura de ativos da empresa,
resultado de suas atividades e o risco financeiro corresponde à estrutura das fontes de
recursos, principalmente em termos de endividamento”. (SANVICENTE, 1987)
Riscos específicos dos acionistas
 Risco de taxa de juros: refere-se à possibilidade de que variações na taxa de
juros afetem negativamente o valor de um investimento. Na maioria das vezes,
os investimentos perdem valor quando a taxa de juros sobe e ganham valor
quando a taxa de juros se reduz.
 Risco de liquidez: refere-se à possibilidade de um ativo não ser liquidado a
um preço razoável e com facilidade de negociação, que dependem do porte e da
profundidade do mercado onde este ativo é negociado.
 Risco de mercado: tem por característica básica a possibilidade de redução do
valor de mercado de um ativo acarretado por instabilidades no mercado,
independentes do ativo, como eventos econômicos, políticos e sociais. Quanto
mais o valor do ativo reage às instabilidades do mercado maior o risco envolvido
no investimento.
Riscos conjuntos: empresas e acionistas
 Risco de evento: está relacionado a situações inesperadas que podem
interferir no valor da empresa ou de um ativo específico. Geralmente, os eventos
inesperados afetam setores específicos ou pequenos grupos de acionistas.
 Risco de câmbio: refere-se à possibilidade de flutuações na taxa de câmbio
interferirem nas negociações empresariais com fluxos de caixa futuros previstos,
já que tais flutuações podem mudar o valor da empresa e das ações negociadas.
 Risco de poder aquisitivo: relacionado à possibilidade de variação nos níveis
gerais de preços, inflação ou deflação, e que esta variação afete os fluxos de
caixa, as empresas e os ativos, pois variações no nível geral de preços afetam o
poder aquisitivo dos agentes.
 Risco de tributação: refere-se a empresas e ativos que são influenciados por
alterações na legislação tributária.
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Há ainda que se diferenciar os tipos de comportamento dos agentes com relação
ao risco, estes podem ser avessos, neutros e arrojados com relação às situações que
envolvem risco. Os investidores avessos ao risco, procuram o menor risco possível,
medido pelo desvio-padrão da distribuição de probabilidades dos fluxos futuros, dado o
valor esperado de retorno. Os investidores neutros ao risco são indiferentes ao
recebimento de um retorno garantido ou de um retorno incerto que apresente o mesmo
valor esperado de retorno. E por fim, os investidores arrojados que preferem assumir
maiores riscos, se estes lhes trouxerem maior retorno associado.
1.4.
DEFINIÇÃO DE RETORNO
A definição de retorno está diretamente ligada à definição da função financeira
de uma empresa:
“... a função financeira compreende os esforços despendidos objetivando a
formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos
proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa
propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”. (ARCHER; D’AMBROSIO,
1969 apud SANVICENTE, 1987)
“...retorno é o ganho ou a perda total sofrido por um investimento em um
período determinado”. (GITMAN, 2004)
Logo, o retorno de um investimento é a recuperação do capital investimento
adicionado de um valor produzido na operação referente à remuneração do capital,
conhecido como juros, em um determinado espaço de tempo.
Os resultados geralmente são medidos pela soma de fluxos financeiros do
período com a variação de valor. Contudo, o administrador financeiro, geralmente,
analisa os investimentos pautados em projeções dos resultados do projeto ou ação,
necessitando de indicadores para avaliar tais resultados.
Tal retorno é medido com base na projeção dos resultados futuros e comparado
com a taxa mínima de atratividade exigida pelo investidor. Essa taxa mínima de
atratividade é também chamada de custo de capital, ou seja, em que medida o projeto
atende ao custo de capital.
No caso de investimentos produtivos, o retorno do investimento é calculado a
partir dos fluxos financeiros previstos no período de duração do projeto, utilizando
alguns indicadores como período de payback, valor presente líquido, índice de
lucratividade, taxa interna de retorno e taxa média de retorno e comparado ao percentual
do custo de capital imposto pelo investidor.
No caso de investimentos financeiros, o retorno é calculado com base nos lucros
e dividendos futuros relacionados à atividade da empresa que emitiu os títulos
financeiros, e com menor intensidade o preço de transação do título no mercado.
Assim, segundo Armando de Santi Filho (1997), quem está disposto a assumir
riscos deseja uma compensação. Esta compensação diz que riscos maiores exigem
retornos mais elevados.
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1.5. PRINCIPAIS
FINANCEIRO
ATRIBUIÇÕES
DO
ADMINISTRADOR
As funções do administrador financeiro na empresa podem ser avaliadas com
base nas demonstrações contábeis básicas da empresa. Suas três atribuições primordiais
são:
a) Análise e planejamento financeiro, que envolve:
 Transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser
utilizada para orientar a posição financeira da empresa e promover a sua
continuidade;
 Avaliação da necessidade de aumento ou redução da capacidade
produtiva; e
 Determinação de que tipo de financiamento adicional deve ser realizado.
Essas três atividades são sustentadas pelas decisões de natureza estratégica,
tática e operacional. Os demonstrativos contábeis, principalmente o Balanço
Patrimonial e a Demonstração do resultado do Exercício, são importantes
fontes de informações para elaboração de análise e planejamento financeiro.
b) Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de
Investimento): O administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos
que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Essa atividade está relacionada ao
lado esquerdo do Balanço. A composição refere-se ao montante de recursos aplicados
em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (fixos). Depois que a composição
estiver definida, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para
cada tipo de Ativo Circulante. Existem várias técnicas para avaliação dessas decisões de
investimento, como a Taxa Média de Retorno, Payback (Prazo de Retorno), VPL (Valor
Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno) e outras.
Decisões de investimento
Ativo
Questões a serem respondidas
Ativo circulante
Onde estão aplicados os recursos financeiros?
Caixa e bancos
Estoques
Quanto em ativos circulantes? Quanto em
ativos permanentes? Em quais?
Qual a melhor composição dos ativos?
Outros
Qual o risco do investimento?
Realizável a longo prazo
Qual o retorno do investimento?
Contas a receber
Quais novas alternativas de investimentos?
Adiantamento a coligadas
Como decidir em que ativos investir?
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Como decidir em quais ativos investir?
Como maximizar a lucratividade
investimentos existentes?
dos
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c.) Administração da estrutura financeira da empresa (Decisão de
Financiamento): Relaciona-se com o lado direito do Balanço Patrimonial da empresa e
envolve as fontes de recursos. Esta atividade do administrador financeiro possui um
enfoque principal:
 A decisão de qual a composição mais apropriada entre financiamento a
curto e a longo prazo a ser estabelecida, o que é bastante importante, pois
afeta tanto a lucratividade da empresa como sua liquidez global. Algumas
decisões dessa natureza exigem uma análise profunda das alternativas
disponíveis, de seus custos e de suas implicações a longo prazo. O Custo
Médio Ponderado de Capital é uma medida eficaz para este tipo de decisão.
É importante frisar que, embora as decisões de investimento e de financiamento
possam ser convenientemente visualizadas em associação com o balanço, tais decisões
são tomadas com base nos efeitos que terão sobre o fluxo de caixa.
Decisão de financiamento
Passivo
Questões a serem respondidas
Passivo circulante
Qual a estrutura de capital?
Fornecedores
Empréstimos e financiamentos
De onde vem os recursos?
Qual a participação de capital próprio?
E de capital de terceiros?
Qual o perfil de endividamento?
Outros
Exigível a longo prazo
Patrimônio líquido
Qual o custo de capital?
Como reduzir?
Quais as fontes de financiamento usadas e
seus respectivos custos?
Qual o risco financeiro?
Capital social
Quais deveriam ser eliminadas ou trocadas?
Reservas
Qual o sincronismo entre os vencimentos das
dívidas e a geração de meios de pagamentos?
Financiamentos
1.6. PRINCIPAIS
FINANCEIRO
ATRIBUIÇÕES
DO
ADMINISTRADOR
Como o objetivo da administração financeira é a maximização da riqueza da
empresa e dos proprietários, os administradores no papel de agentes dos
proprietários, devem, através da delegação de poderes, agir em nome destes visando
atingir os objetivos propostos.
Entretanto, como nas grandes organizações, os acionistas não participam das
decisões e nem da forma de gestão adotada, muitas vezes os objetivos pessoais dos
administradores se sobrepõem aos da empresa e a meta maior, que é a maximização
da riqueza, não é plenamente atingida. Esse fato ocorre, porque os administradores,
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embora queiram o aumento da riqueza da empresa e dos proprietários, estão também
preocupados com sua riqueza pessoal e com outros benefícios que lhes proporcionem
status social como: locais de trabalho luxuosos, veículos a sua disposição e da
família, viagens, etc.
Para prevenir e minimizar esse impacto ocasionado pelo desvio dos objetivos,
os proprietários adotam medidas preventivas chamadas "custos de agência".
Os principais "custos de agência" (agency) são:
Auditoria Interna: cujo objetivo é verificar se os administradores estão
efetivamente defendendo os interesses dos proprietários.
Incentivos: prêmios de incentivo à boa administração vinculados ao preço da
ação.
Prêmios por bom desempenho: a empresa cria medidas de desempenho e
premia os administradores quando as metas são alcançadas.
Participação acionária: atingindo determinados objetivos prefixados, os
administradores recebem uma participação acionária da empresa.
1.7.
ESTUDO DE CASO: OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO
Em 1993, Michael Eisner, presidente da Disney, recebeu US$ 230 milhões, uma
das maiores quantias pagas por uma empresa a um executivo em um único ano, quantia
esta maior que o PIB de alguns países. O curioso é que os acionistas dessa empresa não
reclamaram da quantia paga a seu principal executivo, dado que, sob seu comando, os
lucros da Disney nesse período saltaram de US$ 60 milhões para US$ 2 bilhões entre
1984 a 1995. O valor de mercado da empresa aumentou em mais de US$ 25 bilhões,
provocando um aumento de 14 vezes no valor do investimento dos acionistas.
Roberto Goizueta, da Coca-Cola, aumentou o valor da empresa em um período
de dez anos em aproximadamente US$ 50 bilhões.
Andy Grave, da Intel, obteve lucros em torno de 40% ao ano para os acionistas
da empresa na década de 90.
O que esses extraordinários executivos fizeram?
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1.8.
PROFISSIONAIS DA ÁREA DE FINANCEIRA E OPORTUNIDADE
DE CARREIRA
Suas atividades abrangem decisões estratégicas, como a seleção de alternativas
de investimentos e as decisões de financiamento de longo prazo, além das operações de
curto prazo, como a gestão do caixa, o gerenciamento do risco e tantas outras. Sua área
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de abrangência é ampla, ocupando-se do processo financeiro, dos mercados e das
instituições financeiras, dos instrumentos financeiros e das finanças pessoais,
governamentais e corporativas.
O campo da administração financeira abrange ampla gama de tarefas e
atividades, e os administradores financeiros encontram grandes oportunidades de
contribuírem para o sucesso dos negócios empresariais.
Como oportunidade de carreira, o administrador financeiro pode trabalhar, por
exemplo, como:
 Analista de ações (Bolsa de valores e consultorias independentes),
 Analista de crédito e cobrança (consultorias independentes e executivos de
empresas),
 Gerente de projetos (setor privado e público),
 Tesoureiro, (pagamentos e recebimentos das empresas públicas e privadas),
 Controller,
 Coordenador de planejamento e controle financeiro. (empresas públicas e
privadas),
 Gerente de bancos,
 Em corretoras, distribuidoras, bolsas de valores, (associações privadas ou
vinculadas a instituições bancárias),
 Consultor autônomo de investimentos,
 Analista de risco, normalmente ligado à área estratégica de empresas ou
bancos,
 Orientador de seguros,
 Enfim, em inúmeras atividades.
1.9.
O PAPEL DO TESOUREIRO E DO CONTROLLER
Tesoureiro
É responsável pela manutenção do caixa da empresa, pelos recebimentos e
pagamentos diários, pela liberação de crédito para clientes, pelas negociações com
bancos para aquisição de recursos de curto prazo (financiamento de capital de giro) e
pelas aplicações dos recursos excedentes no curto prazo.
Suas principais atribuições são:










Administração de caixa
Administração de crédito e cobrança
Administração do risco
Câmbio
Decisão de financiamento
Decisão de investimento
Planejamento e controle financeiro
Proteção de ativos
Relações com acionistas e investidores
Relações com bancos
Controller
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É responsável pelo acompanhamento e fiscalização das atividades financeiras de
curto e de longo prazos, pelas contabilidades fiscal e gerencial, aqui incluída a
divulgação dos resultados da empresa para acionistas, partes interessadas e governo e,
finalmente, pelo gerenciamento da estrutura de capital da empresa: formas de captação
de recursos de longo prazo, endividamento junto a instituições financeiras, emissões de
debêntures, ações, e outros títulos de dívida.
Suas principais atribuições são:









Administração de custos e preços
Auditoria interna
Contabilidade
Orçamento
Patrimônio
Planejamento tributário
Relatórios gerenciais
Salários
Sistemas de informação
1.10. O RELACIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
COM OUTRAS CIÊNCIAS
A Administração financeira utiliza-se de conceitos de outras ciências, tais como
economia, contabilidade, direito etc. Em decorrência da teoria financeira ser derivada da
teoria econômica, finanças e economia estão estreitamente relacionadas.
A economia, através da Macroeconomia, dá subsídios sobre o ambiente global
em que a empresa opera ou deseja operar e, através da Microeconomia, permite a
melhor escolha das estratégias operacionais para a empresa. Visto que o campo de
Finanças está estreitamente relacionado ao da economia e que a maioria das empresas
opera dentro da Economia, o administrador financeiro deve compreender o arcabouço
econômico e estar atento às conseqüências dos vários níveis de atividade econômica
e das mudanças na política econômica.
O gestor financeiro deve, portanto, usar os princípios da economia para nortear
suas decisões. Precisa conhecer a teoria de preços, os aspectos envolvidos na oferta e
demanda e outros conceitos que possam auxiliá-lo a gerenciar as finanças da empresa de
forma eficaz. Além disso, deve estar atento a todas mudanças ocorridas na conjuntura
econômica e que possam de alguma forma afetar as atividades da empresa
A contabilidade apresenta uma relação tão próxima com a Administração
Financeira que os leigos acabam por considerar as duas ciências como unas. Isto é
errôneo. Na verdade, a função contábil é sub-função da administração financeira que
desempenha papel importante ao fornecer os dados necessários à perfeita administração
financeira da organização. A contabilidade tem como finalidade registrar todos os
fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das
entidades. Para tanto, utiliza-se do Regime de Competência, onde as receitas são
reconhecidas no momento da venda (independente da data do seu recebimento) e os
gastos no momento de sua ocorrência ou utilização (independente da data de seu
pagamento).
A Administração Financeira que tem como objetivos o planejamento, a
administração e o controle das entradas e saídas de fundos, adota assim o Regime de
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Caixa, onde as receitas e despesas são reconhecidas somente no momento em que
efetivamente ocorrem as respectivas entradas e saídas de caixa.
O direito influencia diretamente a administração financeira ao impor normas de
condutas às organizações e aos seus participantes.
1.11. TOMADA DE DECISÃO SEGUNDO A ANÁLISE MARGINAL
O princípio econômico de fundamental importância, do qual se vale o gestor
financeiro para a tomada da maioria das decisões, é o princípio da análise marginal. Este
princípio consiste no estudo dos custos e benefícios adicionais gerados por uma
determinada escolha de investimento, segundo o qual um projeto de investimento
somente será viável economicamente quando a soma dos benefícios marginais
gerados for maior que a soma dos custos marginais incorridos na implantação do
referido projeto de investimento.
Exemplo:
O administrador financeiro de uma loja de departamentos está atualmente
tentando decidir se substitui um dos antigos computadores da empresa por um novo,
capaz de processar mais rapidamente e de dar conta de um maior volume de transações.
O novo computador requer um desembolso à vista R$ 80.000,00, enquanto que o
antigo poderia ser vendido por R$ 28.000,00. Os benefícios totais a serem gerados pelo
novo computador seriam de R$ 100.000,00 e os benefícios do antigo no mesmo período
de tempo seriam de R$ 35.000,00.
Aplicando a analise marginal a esses dados, obtemos o seguinte:
Benefícios com o novo computador .................................. R$ 100.000,00
- Benefícios com o computador antigo .............................. R$ 35.000,00
= Benefícios marginais adicionados (1)............................. R$ 65.000,00
Custo com o novo computador .......................................... R$ 80.000,00
- Receita obtida com a venda do antigo computador ........ R$ 28.000,00
= Custos marginais adicionados (2).................................... R$ 52.000,00
Benefícios líquidos (1)-(2).................................................. R$ 13.000,00
Uma vez que os benefícios marginais (adicionais) de R$ 65.000,00 excedem os
custos marginais (adicionais) de R$ 52.000,00, a aquisição do novo computador é
recomendável. A empresa ainda obterá um ganho de R$ 13.000,00.
EXERCÍCIOS
1.) Um empresário está adquirindo uma máquina por R$ 50.000,00, esta
máquina irá substituir outra já ultrapassada que será vendida por R$ 10.000,00. O
beneficio mensal projetado pela nova máquina será de R$ 8.000,00. Com a máquina
atual, o beneficio mensal é de R$ 3.000,00. Definir qual o beneficio marginal pela nova
aquisição e qual o beneficio líquido. A aquisição será viável considerando-se um
horizonte de 12 meses?
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2.) O proprietário de uma rede de fast food está adquirindo uma máquina de
sorvetes por R$ 40.000,00, e esta máquina irá substituir outra já antiga que será vendida
por R$ 20.000,00. O beneficio mensal projetado pela nova máquina será de R$
50.000,00. Com a máquina atual, o beneficio mensal é de R$ 20.000,00. Definir qual o
beneficio marginal pela nova aquisição e qual o beneficio líquido. A aquisição será
viável?
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3.) A Copiadora “Ki Kópia Ltda. ME”, pretende substituir uma das máquinas
antigas, por uma nova, mais sofisticada, capaz de dar conta de um maior volume de
cópias por minuto. A nova máquina requer um desembolso, à vista de $ 50.000,00,
enquanto que a antiga poderá ser vendida por $ 18.000,00. Os benefícios totais a serem
gerados pela nova copiadora seria m de $ 70.000,00, e os benefícios da máquina antiga,
no mesmo período de tempo, seriam de $ 25.000,00. Aplicando a análise marginal a
esses dados, você recomendaria a substituição do equipamento em questão?
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QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO TEXTO
1.) Descreva a relação geral entre Administração Financeira e Economia e
explique como o administrador financeiro se baseia nos princípios de Macro e
Microeconomia.
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2.) Como o administrador financeiro depende do contador? De que forma o
resultado da Contabilidade age como insumo para a Administração Financeira?
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3.) Quais são as maiores diferenças entre Contabilidade e Administração
Financeira com respeito:
a.) Ao reconhecimento de receitas e despesas?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
b.) A tomada de decisão?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4.) Quais são as três funções do administrador financeiro com respeito às
demonstrações financeiras da empresa?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
14
5.) Qual
é
a
meta
do
administrador
financeiro?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6.) É verdade que “se uma empresa for lucrativa sua sobrevivência está
garantida”? Explique.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7.) Explique o que são receitas e despesas marginais e como Administração
Financeira adota a análise marginal.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8.) A Ironworks Production Inc. vendeu quatro cargas de ferro gusa a crédito
por R$31.000 cada uma, no mês que acaba de se encerrar. A empresa ainda não
recebeu. A empresa pagou R$16.000 durante o mês que acaba de terminar por cada
carga de ferro. Com base no regime de competência, a empresa mostrou um lucro
líquido de _______, e em base de caixa mostrou um fluxo de caixa líquido de ________
para o mês.
a. ( ) R$60.000; -R$64.000
b. ( ) R$64.000; -R$60.000
c. ( ) R$60.000; -R$60.000
d. ( ) R$64.000; R$60.000
9.) Durante o ano que acaba de encerrar, a Jackson, Inc. teve vendas de
R$25.000, das mercadorias compradas durante o ano a um custo total de R$15.000. A
empresa pagou por 60% da mercadoria durante o ano e tem de cobrar do cliente no final
do ano. O lucro líquido e o fluxo de caixa dessa venda para o ano são:
a. (
b. (
c. (
d. (
) R$4.000 e R$6.000 respectivamente.
) R$25.000 e -R$15.000 respectivamente.
) R$10.000 e -R$9.000 respectivamente.
) R$15.000 e -R$3.000 respectivamente.
15
10.) Uma forma usada frequentemente para garantir que as decisões da alta
gerência visem ao melhor interesse das partes interessadas é:
a.
( ) ameaçar despedir os gerentes cujo desempenho não for considerado
adequado.
b. ( ) retirar as regalias da alta gerência.
c. ( ) vincular a remuneração da alta gerência ao nível de lucro por ação.
d. ( ) vincular a remuneração da alta gerência ao desempenho do preço das
ações ordinárias da empresa.
11.) A Coconut Company tem receita de R$1.500, despesas com depreciação de
R$400, está na faixa de 30% do imposto de renda e não tem outras despesas. Qual é a
renda líquida e o fluxo de caixa da empresa?
a.
b.
c.
d.
(
(
(
(
) R$1.170; R$770
) R$900; R$1.300
) R$1.050; R$1.450
) R$770;R$1.170
16
2. AMBIENTE FINANCEIRO NAS EMPRRESAS
2.1. Introdução:
A análise financeira é um instrumento fundamental na verificação da estrutura
de capitais e da vitalidade da sua vitalidade na geração de caixa de uma empresa de
qualquer área. Ela é objeto de estudo tanto por parte de integrantes da própria empresa,
quanto por analistas externos. O interesse das partes determina qual o tipo de análise
deve ser feito, pois cada uma tem sua finalidade ou uso, que vai determinar as diferentes
relações enfocadas.
O Administrador Financeiro utiliza-se da análise financeira para conhecer o
passado, atuar no presente e direcionar as ações para as metas futuras. É esse
instrumental que lhe permite conhecer a situação atual, o grau de acerto ou desacerto
das decisões tomadas no passado e como projetar o negócio para o futuro.
Os bancos e instituições financeiras em geral, no papel de emprestadores de
dinheiro e financiadores de aquisição de bens pelas empresas, representam um
importante grupo de usuários das demonstrações financeiras dessas empresas.
Da mesma forma que um banco, os fornecedores de mercadorias, serviços,
matéria-prima, ou componentes precisam avaliar o risco de crédito de seus clientes. A
preocupação do fornecedor é no sentido de evitar perdas com inadimplências,
concordatas ou mesmo falências de seus clientes, daí a necessidade de análise e
acompanhamento. O oposto ocorre quando o cliente quer analisar o fornecedor, para
conhecer sua solidez. Uma empresa cuidadosa, antes de adquirir equipamentos caros, irá
examinar não só a qualidade técnica do equipamento, mas também a solidez da empresa
fornecedora.
Do ponto de vista da administração e do planejamento dos diversos setores da
economia, as demonstrações financeiras e as informações que são prestadas a órgãos do
governo constituem um banco de dados da maior importância. Vale o mesmo para os
sindicatos e associações de classe que esteja vinculada a empresa.
2.2 Mercado de Crédito para Pessoas Física e Jurídica:
2.2.1 Linhas de Crédito para Pessoa Física (PF):
Atualmente, existem inúmeras formas de concessão de crédito para as pessoas
físicas. Por exemplo, a venda a varejo na mercearia (caderneta) ou as transações
bancárias, como a Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Quanto à última pode se
destacar: crediário, cartão de crédito, conta garantida, financiamento de seguros e
habitações, penhores, empréstimo de curto prazo, cheque pré (pós) datado. Assim, os
indivíduos podem dispor de mais recursos para atender as suas necessidades diversas.
Cabe observar que apesar de largamente utilizado, o cheque pré-datado não
possui valor legal. Ele se baseia apenas na confiança mútua. O cheque pré não é um
título de crédito, como é o caso das notas de crédito, letras de câmbio e duplicatas; por
exemplo. Na prática, a aceitação do cheque pré também é condicionada pelas condições
17
econômicas do país. Por exemplo, no momento atual, tem-se uma forte recessão o que
implica maior nível de desconfiança. Em tempos de prosperidade ocorre maior
aceitação e menor receio.
Para os bancos/instituições financeiras existem diversas formas de concessão de
crédito, as quais também necessitam de um estudo/avaliação para que possam ser
efetivadas. Vale lembrar também que as pessoas buscam o crédito porque suas fontes de
recursos são limitadas (renda) e suas necessidades são ilimitadas. O importante é manter
o volume de crédito prudente/gerenciável, tanto para o tomador quanto para o
emprestador.
Destaca-se que este é um segmento muito atrativo para as instituições
financeiras, já que: a) Os depósitos a vista são estáveis; b) Os empréstimos apresentam
alta rentabilidade; c) Ocorre a alavancagem dos negócios (boa liquidez); d) O risco é
reduzido, já que são muitas operações e os valores são baixos ante os créditos de
pessoas jurídicas; e) Cabe às instituições definir o seu mercado-alvo, para que possa
trabalhar melhor. Isto se dá basicamente, pelo perfil dos clientes, para trabalhar com
metas definidas para visar melhores resultados.
Quanto a análise/concessão do crédito para pessoas físicas cabe destacar alguns
itens importantes: a) O capital mais valioso é o “know-how” que é de difícil mensuração
(envolve um certo “feeling”); b) As garantias (colateral) são mais de cunho pessoal
(aval e fiança); c) Os empréstimos são na maioria de curto prazo e o ativo a ser
convertido pelos indivíduos é o seu trabalho; d) A avaliação das instituições baseia-se
em dados cadastrais que visam saber a respeito da estabilidade financeira do indivíduo e
de um eventual colapso; e) Investiga-se quanto a finalidade de crédito, prazo, formas de
pagamento paras possa se tomar uma decisão realista.
O aval estabelece uma relação pessoal entre o avalista e o avalizado, sendo que
o primeiro passa a ser o principal pagador da obrigação (título de crédito). Já a fiança é
uma garantia que torna o fiador obrigado ao total cumprimento das obrigações
assumidas pelo devedor. Ela só pode ser executada se as obrigações não forem
cumpridas.
A concessão de cheque especial (adiantamento a depositantes) envolve um risco
de não pagamento, uma vez que cria uma expectativa futura quanto a cobertura do saldo
devedor. Logo, sua análise deve ser cuidadosa. A análise da ficha cadastral gera
informações de extrema importância ao banco. Elas devem ser analisadas com muito
cuidado, para evitar, principalmente, os vícios da profissão.
2.2.2 Linhas de Crédito para Pessoa Jurídica (PJ):
Ao se analisar a concessão de crédito para empresas, deve se considerar o
montante de risco que o emprestador está disposto a incorrer. Para tanto, deve se
considerar: Qual o limite de crédito que será concedido ao cliente? Por meio de quais
linhas de crédito?
18
O limite de crédito é o valor total do risco que o emprestador deseja assumir com
determinado cliente, é o todo. Já a linha de crédito é o tipo de operação que o
emprestador irá concretizar, é a parte. A partir das linhas de crédito pode se saber quais
as modalidades de relacionamento existentes no relacionamento.
Cabe observar que cada linha de crédito possui um risco intrínseco diferente e
deve ser analisada separadamente. Deve se pensar: Para que? Por quanto tempo? Como
vai repagar? Ou seja, qual vai ser a utilização do recurso; durante quanto tempo ela
ocorrerá e como ela será paga. Desta forma poderá se analisar mais claramente o risco
que uma linha de crédito apresenta.
Pode se dizer que o emprestador deverá conhecer o cliente, suas reais
necessidades, sua capacidade como empresa e sua condição financeira. Desta forma, o
emprestador poderá ter um bom relacionamento com seus clientes e principalmente
chegar a um limite de crédito coerente e confiável. Cada negócio específico é estudado,
avaliado e aprovado isoladamente.
Há basicamente dois tipos de linha de crédito:
Linha Interna: é um parâmetro de valor e modalidade de negócios a realizar. Não tem
valor externamente, logo não deveria ser do conhecimento do cliente, até para não
causar constrangimentos.
Linha Avisada (Confirmada): é do conhecimento do cliente, uma vez que decorre de
um contrato. Cobra-se uma comissão para abertura, já que compromete parcialmente o
caixa da instituição a qualquer momento. Dependendo do valor, o saque pode ser feito
mediante pré-aviso. Exemplos: contrato de financiamento de exportações;
financiamentos rurais.
O prazo comum de validade das linhas de crédito é de um ano. Isso ocorre até
porque para que as revisões ocorram de acordo com os balanços anuais da empresa.
Além do que devem ser considerados: os montantes, as modalidades, as garantias e as
taxas envolvidas na operação. As principais modalidades de crédito são para: 1) Capital
de giro; 2) Pré-financiamento de exportações; 3) Financiamento de importações; 4)
Repasses de recursos oficiais a longo prazo (por exemplo, do BNDES); 5) Repasses de
empréstimos em moeda estrangeira; 6) Financiamentos rurais; 7) Financiamentos
habitacionais; 8) Prestação de garantias e fianças.
Quanto a utilização pelos beneficiários, as linhas poderão ser: Casuais: para
operações específicas, por prazos específicos. Exemplo: os empréstimos de longo prazo;
Rotativas: são para operações rotativas. Exemplo: crédito para financiamentos rurais de
pequenos produtores;
As linhas de crédito, quanto as garantias, podem ser: cobertas ou descobertas e a
sua classificação é subjetiva, ou seja, de acordo com o avaliador, a instituição e até o
próprio cliente. Os limites de crédito para as empresas podem ser considerados:
Total: é aquele atribuído a um cliente individualizado, não pertence a um grupo
econômico;
19
Global: é aquele atribuído a um grupo econômico. Neste caso se envolve um controle
diferenciado, uma vez que as empresas podem apresentar-se diferentes e sua análise
pode se tornar mais trabalhosa.
Destaca-se que o gerente de contatos é o principal responsável pela manutenção
de relacionamentos com os clientes e quando ele for realizar a análise do processo
decisório de crédito deverá se fundamentar: Relacionamento e idealização da
proposta: principalmente em termos de montante, modalidades, prazo e garantias.
Formalização da proposta concreta: para que possa ser aprovada pelas alçadas
competentes. Gerência constante de relacionamento: serve para monitorar a
utilização e a qualidade do crédito, visando minimizar os riscos da instituição.
Todos os clientes, sem exceção, deverão passar por uma avaliação crítica e
global dos riscos de crédito incorridos em seu limite de crédito. Para tal, o “risk rating”
é uma técnica que serve para medir a qualidade do crédito a ser concedido. Ele é
subjetivo e não apresenta um modelo único. Destaca-se que ele pode ser uma importante
fonte auxiliar de dados para a instituição.
2.2.3 Instituições do Mercado Financeiro e o Crédito:
As instituições monetárias são aquelas que acolhem depósitos à vista e permitem
saques com cheques ou por meio de depósitos com estes cheques. No segundo caso
envolvem a compensação destes cheques. Tais instituições são os bancos comerciais, as
Caixas Econômicas (CE) e as cooperativas de crédito.
Observa-se ainda que as instituições monetárias têm acesso à câmara de
compensação de cheques e de outros papéis e que o Banco do Brasil ainda é o
responsável pela compensação de todos esses ativos e tal processo ocorre todos os dias
úteis. È daí que os bancos comerciais devem apresentar saldo positivo para manter a
conta de reservas junto ao Bacen.
As instituições monetárias em geral mantêm um volume de reservas bancárias
no sistema econômico e suas transações mantêm um volume igual de recursos no
período, ou seja, estas instituições não são capazes de criar ou destruir os meios de
pagamento (M1). Só o Bacen, como autoridade monetária é que pode injetar ou retirar
recursos em reservas do mercado.
Destaca-se ainda que os bancos múltiplos foram autorizados pelo CMN, via
Bacen, só em setembro de 1988. O seu conceito propõe que ele opere com pelo menos
dois tipos de carteiras (instituições financeiras) sendo uma um banco comercial ou um
banco de investimento e a outra é livre. Também é necessário um volume de capital
mínimo, constantemente atualizado, para cada carteira envolvida em sua composição.
Os principais tipos de instituições financeiras ou de carteiras são: Carteira
Comercial: é regulamentada pelos bancos comerciais; Carteira de Investimento: é
regulamentada pelos bancos de investimento; Carteira de Desenvolvimento: obedece
às normas dos bancos de desenvolvimento; Carteira de Crédito Imobiliário: é
20
regulamentada pelas sociedades de crédito imobiliário; Carteira de Crédito,
Financiamento e Investimento: segue a regulamentação das financeiras.
Os grupos financeiros perceberam que era mais vantajoso operar como bancos
múltiplos e assim, se adaptaram a nova legislação e levaram as seguintes vantagens:
Caixa Único: as captações das diferentes carteiras podem ser unificadas o que implica
em maior liberdade e liquidez para tais instituições; Diretoria Única: implica em
menos custo e maior transparência; Contabilidade Única: implica em menores custos e
maior facilidade de solucionar problemas; Auditoria Única: aquela externa aos
membros da empresa é obrigatória e também implica em menor custo; Redução do
número de funcionários: leva a menores custos e a maior facilidade de remanejamento
para atender às necessidades da empresa.
Observa-se ainda que os bancos de desenvolvimento (instituições estatais) estão
desaparecendo e que a partir de agosto de 1996 o “leasing” (Arrendamento Mercantil)
passou a ser considerado como instituição financeira, logo ele também pode compor os
bancos múltiplos.
Por outro lado, as instituições NÃO monetárias são as que possuem como função
básica a captação e o empréstimo de recursos visando fomentar o desenvolvimento do
país. Deve se notar que neste caso não podem ser envolvidas as captações de recursos
por meio de depósitos à vista. Além do mais, o lastro (garantia) é muito importante para
este tipo de operação. O Bacen define quatro tipos de instituições financeiras nãomonetárias (Bancos de Investimento, Financeiras, Crédito Imobiliário e “Leasing”):
1ª) Bancos de Investimento (BI) ou de Desenvolvimento: criados em 1965 e têm como
objetivo principal a prática de operações de investimento, participação ou financiamento
a curto ou longo prazo para o suprimento de capital fixo, de giro, ou de deficiências de
caixa. Sendo que os empréstimos de curto prazo são feitos, por meio de notas
promissórias ou de duplicatas. Note que eles também podem ser realizados, através da
conta corrente, nos bancos comerciais.
Os principais objetivos do BI são: 1) Promover operações de “underwriting”
para fortalecer o capital social de empresas (subscrição de ações ou debêntures). 2)
Promover operações de fusão, cisão ou incorporação de empresas (melhor ordenação e
eficiência). 3) Promover o desenvolvimento tecnológico das empresas (treinamento e
assistência técnica). 4) Incentivar a melhoria de produtividade e a capacidade produtiva
da economia.
As suas principais operações são divididas em dois grupos: Ativas e Passivas,
sendo as primeiras: 1) Administração de fundos de investimento e de carteiras de
títulos; 2) Empréstimos para financiar capital de giro ou capital fixo; 3) Operações de
“underwriting ou de “hot money”; 4) Repasses de recursos internos ou externos; 5)
Prestação de fiança para empréstimos internos ou externos; 6) Operações nos diversos
mercados de ativos ,como com ouro, câmbio, títulos, etc.
21
OBS.: Os bancos comerciais podem realizar todas estas operações, com exceção
das dos itens 1 e 3.
Já as operações passivas envolvem a captação de recursos por meio de: CDB,
RDB, DI, repasse de recursos internos e externos, cobrança de taxas de administração
de fundos de investimento e de tarifas bancárias. Observa-se que os bancos comerciais
podem realizar todas estas operações, com exceção da taxa de administração de fundos
de investimento. Ressalta-se ainda que os bancos de desenvolvimento são os bancos de
investimento dos estados e que estes possuem funções e atribuições bastante parecidas.
2ª) Sociedades de crédito, Financiamento e Investimento - Financeiras: sua finalidade
básica é a mesma dos bancos comerciais, ou seja, captar recursos excedentes de certos
agentes econômicos e emprestá-los a quem possui carência de recursos. Observa-se que
antes dos bancos múltiplos estas eram instituições independentes e que o que as
diferenciam dos bancos comerciais é que elas não podem trabalhar com depósitos á
vista.
Atualmente, o DI é o instrumento de captação mais viável e mais utilizado por
estas instituições, isto porque ele é de ampla utilização e aceitação no mercado e possui
custos reduzidos. As captações do DI ocorrem junto à BM&F. As financeiras possuem
basicamente dois tipos de operações ativas: CDC: são empréstimos concedidos à
clientes de renda mais baixa, porém comprovada, para pagamento à vista na compra de
um bem. Crédito Pessoal (CP): a diferença é que este tipo de crédito não é direcionado
e o indivíduo recebe o dinheiro e não um bem como no caso anterior.
OBS.: Em
ambos os casos, os juros são cobrados através da Tabela Price.
3ª) Sociedade de crédito Imobiliário e de Poupança: é uma instituição financeira que
tem por objetivo financiar empreendimentos imobiliários com recursos próprios ou
captados por meio de caderneta de poupança, letras hipotecárias ou letras imobiliárias.
A distribuição dos recursos deve obedecer à normas do Bacen, conforme segue: 70%
imóveis de baixo padrão, com TR + juros de 12% ao ano, 15% depósito compulsório e
15% livres e com custo de financiamento liberado. Observa-se ainda que atualmente
todas estas instituições são pertencentes aos bancos múltiplos.
4ª) Companhias de Arrendamento Mercantil – “Leasing”: foram reconhecidas como
instituições financeiras somente em agosto de 1996 e são utilizadas como carteiras dos
bancos múltiplos. A sua finalidade é a locação de bens, porém com a opção de adquirilos ao final de um período. Trata-se de uma operação comercial onde incide o ISS e não
o IOF, com alíquota de 0,50%. Os juros são cobrados através da tabela price e envolve
prestações mensais e iguais e que podem sofrer a correção monetária.
2.2.4 Alguns dos principais tipos de Ativos Financeiros:
2.2.4.1 O que são Ações?
22
Ações são títulos nominativos negociáveis que representam, para quem as
possui, uma fração do capital social de uma empresa. Ação é um pedacinho de uma
empresa. Com um ou mais pedacinhos da empresa, você se torna sócio dela.
As ações podem ser: ordinárias, que concedem àqueles que as possuem o poder
de voto nas assembléias deliberativas da companhia; ou preferenciais, que oferecem
preferência na distribuição de resultados ou no reembolso do capital em caso de
liquidação da companhia, não concedendo o direito de voto, ou restringindo-o. As
ações, ordinárias ou preferenciais, são sempre nominativas, originando-se do fato a
notação ON ou PN depois do nome da empresa.
As ações também podem ser diferenciadas por classes: A, B, C ou alguma outra
letra que apareça após o "ON" ou o "PN". As características de cada classe são
estabelecidas pela empresa emissora da ação, em seu estatuto social. Essas diferenças
variam de empresa para empresa, portanto, não é possível fazer uma definição geral das
classes de ações.
O que são dividendos? Uma empresa deve dividir os lucros com seus acionistas. Essa
parcela direcionada aos detentores de ações é conhecida como dividendo. Ou seja, os
dividendos correspondem à parcela de lucro distribuída aos acionistas, na proporção da
quantidade de ações detida, apurado ao fim de cada exercício social. O estatuto social de
uma companhia pode estabelecer o dividendo mínimo a ser distribuído, desde que não
seja inferior a 25% de seu lucro líquido ajustado. Caso não haja previsão no estatuto
social, o dividendo obrigatório deve corresponder, no mínimo, à metade do lucro
líquido ajustado.
Quando uma empresa vai bem, ela divide os lucros com quem tem suas ações.
Isso são os dividendos. E bonificações? As bonificações correspondem à distribuição
de novas ações para os atuais acionistas. Excepcionalmente pode ocorrer a distribuição
de bonificação em dinheiro. Como funcionam as subscrições de novas ações? Os
acionistas têm ainda preferência na compra de novas ações emitidas ou direito de
preferência na subscrição. Além de garantir a possibilidade de manter a mesma
participação no capital total, esse direito pode significar ganho adicional, dependendo
das condições do lançamento. Por fim, se não exercido, o direito pode ser vendido a
terceiros.
2.2.4.2 Tipos de Taxa de Câmbio:
A taxa de câmbio nominal é a relação que expressa o preço de uma unidade de
moeda nacional em relação à moeda estrangeira ou vice-versa. Já a taxa de câmbio real
é definida como a relação de preços entre o produto nacional e o produto estrangeiro.
Assim, taxa de câmbio nominal é a taxa que um indivíduo utiliza para converter a
moeda de um país em uma moeda de outro país. Ela pode ser expressa de duas formas:
em unidade de real por moeda estrangeira e em unidade de moeda estrangeira por real.
23
Por outro lado, a taxa de câmbio real é a razão entre a quantidade de produtos e
serviços que um indivíduo pode adquirir domesticamente pela quantidade de produtos e
serviços que um indivíduo pode adquirir no exterior. Ela compara os preços de um
produto doméstico com outro importado em termos da economia doméstica. Exemplo:
A cerveja alemã é duas vezes mais caro que a cerveja brasileira. Nesse caso a taxa de
câmbio real é de ½.
Note que a taxa de câmbio real deriva da taxa de câmbio nominal. Isto é:Tx
Real = Tx Nominal * Preço Local / Preço Externo. A taxa de câmbio real é um
componente importante para se determinar a quantidade de bens e serviços que serão
exportados e importados em uma economia, quando a taxa de câmbio real de um país é
baixa, os seus bens são comparativamente mais baratos que os importados, logo os
consumidores locais e do exterior comprarão mais produtos locais.
2.2.4.3 O sistema de taxas de câmbio:
Aqui é importante identificar como as taxas de câmbio são determinadas e o
papel que o BACEN possui neste mercado. Então:
2.2.4.3.1 As taxa de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes:
Neste caso a taxa de câmbio é determinada através da oferta e demanda do
mercado. Para melhor compreender este “jogo” é preciso verificar quem forma a oferta
e a demanda das divisas. No caso brasileiro, a oferta de dólares provém das exportações,
turistas estrangeiros e investidores internacionais. Já a demanda de dólares será:
importações, investimentos brasileiros no exterior e empréstimos de bancos estrangeiros
a residentes brasileiros. Lembre ainda que a oferta de dólares equivale à demanda de
reais e a demanda de reais à oferta de dólares.
O gráfico do mercado de divisas envolve: a taxa de câmbio nos eixos das
ordenadas e a moeda estrangeira (dólar) nas abscissas: Incluir figura do caderno
original Troster, p. 295, figura 18.1).
Através da análise gráfica percebe-se que quanto maior a taxa de câmbio, maior
quantidade de reais e necessária para comprar um dólar e vice-versa. Ao se elevar à taxa
de câmbio, conforme visto antes, desvaloriza-se a moeda nacional e valoriza-se a
estrangeira. Assim como uma valorização da taxa de câmbio causaria o efeito contrário.
Note ainda que com o câmbio forte, as importações são favorecidas e as exportações
não. Isto porque são necessários menos reais nas compras externas e uma maior
quantidade de dólares seriam requisitadas para as vendas ao estrangeiro. Aqui também
vale o efeito contrário: com o câmbio fraco, as exportações são beneficiadas e as
importações não.
O equilíbrio das taxas de câmbio ocorre de acordo com o equilíbrio do mercado,
ou seja, na equivalência entre a oferta e a demanda de divisas. Quando a taxa de câmbio
está acima do ponto de equilíbrio há um superávit de divisas (excesso de entrada de
24
dólares) e a taxa tende a cair. Já no caso contrário, há um déficit de divisas e a taxa de
câmbio é pressionada para cima.
Pode haver o ajuste da taxa por meio de alterações na oferta ou na demanda de
divisas. Por exemplo, um aumento do PIB, implica numa elevação da demanda de
importações e uma redução da taxa de câmbio. Isto porque a demanda por dólares será
deslocada para a direita. Já se ocorrer um aumento das exportações, a oferta de dólares
aumentará, será deslocada para a direita, o que reduzirá a taxa de câmbio.
As vantagens do sistema de taxas de câmbio flexíveis: A grande vantagem é que com
este sistema ocorre a correção automática de qualquer tendência a gerar um déficit ou
um superávit no balanço de pagamentos.
As limitações no sistema de taxas de câmbio flexíveis: Na prática a correção pode não
ocorrer de maneira tão simples; Quando o real é desvalorizado, as importações ficam
mais caras implicando num aumento do custo de vida e nos custos de produção das
empresas, o que incide negativamente no preço das exportações; Gera-se uma incerteza
nas relações internacionais, principalmente quando os prazos de pagamento forem mais
longos; Os especuladores dificultam o processo de ajuste.
2.2.4.3.2 Sistema de taxa de câmbio fixa (Padrão ouro):
Neste sistema, a taxa de câmbio está ligada a uma determinada mercadoria
(ouro) ou moeda (dólar). Historicamente, o sistema de câmbio fixo foi baseado no
padrão ouro. Atualmente verifica-se a vinculação de algumas moedas ao dólar
(Argentina). As regras do padrão ouro são as seguintes: Estabelecer uma relação fixa
entre a moeda e o ouro (valor paritário); A conversibilidade deveria se manter através da
compra e venda de moeda nacional em troca do ouro, ao preço oficial; Deveria haver
total respaldo no valor do ouro (100%).
Neste sistema, as entradas de ouro provocam uma expansão monetária e as
saídas, uma destruição do dinheiro. Conforme segue: (superávit  mais ouro  mais
moeda  aumento de preços  redução das exportações  aumento das importações).
Percebe-se que ocorre, naturalmente, um ajuste do sistema.
Inconvenientes do padrão ouro: Tende a formar fortes oscilações na atividade
econômica e no nível de preços; Países com superávits poderiam cancelar o efeito do
fluxo de ouro sobre a quantidade de dinheiro. (Isto via operações de mercado aberto que
compensem a variação do ouro). O sistema era muito sensível a uma crise de confiança.
2.2.4.3.3 O sistema do FMI: Taxas de câmbio ajustáveis:
Tal sistema visa estabelecer as taxas de câmbio, sem que os países sofram os
principais efeitos do padrão ouro. O câmbio seria fixo, mas não completamente rígido.
O banco central permitia uma variação dentro de uma faixa por ele estipulada. Assim,
para controlar tal variação, ele deveria atuar como um ofertante ou demandante no
mercado de câmbio e para isto necessitava possuir reservas internacionais.
25
Quando ocorrer superávit ou déficit de divisas no mercado, o governo deverá
intervir e sua ação deve impedir que as variações não saiam da faixa por ele estipulada.
Sua ação consiste em ofertar ou demandar dólares para ajustar o preço do câmbio.
Incluir figura do caderno (original Troster p. 305, figura 18.3).
A intervenção seria a utilização de moedas estrangeiras para corrigir um déficit
persistente no balaço de pagamentos, isto porque a situação pode se tornar
insustentável. Aqui o FMI acredita que a moeda pode ser desvalorizada (por exemplo,
taxa de câmbio de 1,20 para 1,40). Já no caso contrário, o superávit persistente no
balanço de pagamentos, a valorização da moeda é recomendada.
As dificuldades do sistema do FMI: A primeira delas era a correta identificação do
desequilíbrio, ou seja, se ele era temporário ou de base. Uma vez definida a situação, os
especuladores a gravavam. Outro ponto é que com a paridade estipulada, a realidade da
taxa ficava distorcida e trazia problemas.
Do sistema do FMI ao sistema atual: Em tal sistema permite-se que a moeda varie
(flutue livremente) em resposta às variações nas condições de oferta e demanda de
divisas. Aqui não há paridade com o dólar, ou com qualquer outra moeda.
2.2.4.4 A flutuação “suja”: Na prática percebe-se que as taxas de câmbio não são
determinadas com plena liberdade, nesta os bancos centrais modificam, no curto prazo,
o câmbio, quando não ocorria a intervenção do mercado. Esta era via compra e venda da
própria moeda, para equilibrar a taxa de câmbio.
As razões para intervir no mercado de divisas: as variações da taxa de câmbio
afetavam as importações e as exportações e conseqüentemente a produção e o emprego;
as flutuações da moeda influem nos preços e conseqüentemente na inflação do país.
Este sistema é intermediário entre o fixo e o flexível.
2.2.4.4.1 As características do sistema de câmbio atual: O sistema atual é flexível e
assim através das variações das taxas de câmbio, os ajustes internacionais podem
ocorrer de forma gradual. Então, quase não há probabilidade de ocorrerem movimentos
especulativos e crises de confiança. Entretanto, a incerteza aumenta, devido à elevada
variabilidade das taxas.
Verifica-se atualmente, uma diversidade de sistemas cambiais existentes, sendo
os câmbios fixo e flexível situações extremas. Também se percebe uma grande
variabilidade nas taxas de câmbio, esta se deve a movimentos especulativos,
desequilíbrios nas balanças comerciais e outras flutuações. Os paliativos para tais
problemas são: coordenação de políticas macroeconômicas, intervenção no mercado
cambial e formação de blocos econômicos.
2.2.4.4.2 O sistema monetário europeu: Este é um mecanismo de ligação das moedas
dos países membros da CE (Comunidade Européia) que estabelece um sistema de
paridades fixas, porém ajustáveis. Veja suas principais características: as taxas de
26
câmbio se mantêm fixas; pode se corrigir os efeitos do livre jogo do mercado, aplicação
de instrumentos financeiros e ajuste das taxas; o ECU é formado por um conjunto
ajustável e pré-determinado de moedas da CE; um sistema de taxas de câmbio define-se
através das regras que estipulam o papel do BACEN no mercado de divisas.
Daí surge dois sistemas básicos: o livre ou flexível e o fixo. As primeiras não
sofrem intervenção do BACEN e as últimas são rigidamente controladas por este banco.
Observa-se, ainda, que na prática, a maioria dos países, não adota os extremos
anteriormente definidos.
2.2.5 Títulos Públicos: Os variados títulos financeiros (públicos e privados) apresentam
as seguintes características mais relevantes: a) RENDA: ela mede a rentabilidade do
título e pode ser: PRÉ-FIXADA – aquela que a taxa de remuneração é definida na
contratação do título. PÓS-FIXADA – aquela em que há um indexador (correção
monetária; variação cambial ou variação de um índice do governo) adicionado a juros.
b) PRAZO: ele pode ser determinado (fixo, pré-estabelecido) ou variável (oscilar
conforme o mercado). c) EMISSÃO: ele pode ser público (emitido pelo governo) ou
privado (quando a emissão é pelo sistema financeiro em geral ou pelas sociedades
anônimas (S.A.).
Neste caso, serão tratados os títulos emitidos pelo governo federal. E estes estão
focados na política econômica do governo e são de longo prazo. No caso, na política
fiscal (déficit público) ou na monetária (para o controle da moeda que circula no sistema
bancário e financeiro em geral). Sendo:
a) Política Fiscal: o governo visa re-estabelecer o equilíbrio de suas contas (públicas)
através da emissão de títulos do Tesouro Nacional. Sendo os principais:
→ LTN (Letras do Tesouro Nacional) – possuem rendimento pré-fixado definido pelo
deságio sobre o valor nominal.
→ LFTN (Letras Financeiras do Tesouro Nacional) – possuem rendimento pós
fixado definido pela taxa SELIC.
→ NTN (notas do Tesouro Nacional) – podem possuir juros cupom e valor nominal
atualizado por um índice (IPCA, IGP-M, TR via TBF ou Dólar) ou ainda rendimento
pré-fixado com deságio sobre o valor nominal (neste caso o pagamento de cupom é
semestral).
b) Política Monetária: através de títulos emitidos pelo Banco Central, o governo tem o
objetivo de equilibrar a liquidez do sistema financeiro. Porém, desde 2002 o BCB não
emite nenhum título novo. Sendo os principais:
→ BBC (Bônus do Banco Central) – ocorre através de leilões por meio de oferta
pública de títulos. O seu rendimento corre por meio de desconto da diferença entre o
preço de colocação e a taxa nominal.
→ LBC (Letras do Banco Central) – são títulos que possuem uma taxa média ajustada
pela SELIC (definida pelo COPOM - Comitê de Política Monetária).
27
→ NBC (Notas do Banco Central) – neste tipo de título a rentabilidade é baseada na
TR (taxa Referencial de juros do BCB).
→ Mercado Primário: é quando o governo por meio do banco central lança novos
títulos para o sistema financeiro em geral.
→ Mercado Secundário: é quando o sistema financeiro repassa estes novos títulos
para o público em geral.
28
3.
FUNDAMENTOS DE TESOURARIA
3.1. CAPITAL DE GIRO:
É o conjunto de valores necessários para fazer os negócios acontecerem
(girarem) na empresa. Existe a expressão "Capital em Giro", que seriam os bens
efetivamente em uso. Em geral, de 50 a 60% do total dos ativos de uma empresa
representam a fatia correspondente a este capital. Além de sua participação sobre o total
dos ativos da empresa, ele exige um esforço para ser gerido pelo administrador
financeiro maior do que aquele requerido pelo capital fixo.
O capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado permanentemente, pois
está sofrendo o impacto das diversas mudanças no panorama econômico enfrentado pela
empresa de forma contínua. As dificuldades relativas a sua administração numa empresa
são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores: Redução de vendas;
Crescimento da inadimplência; Aumento das despesas financeiras; Aumento de custos.
Denominando-se de "aplicação permanente" as contas não circulantes do ativo e
de "fonte permanente" as contas não circulantes do passivo, define-se Capital de Giro:
sendo a diferença entre as fontes permanentes e aplicações permanentes. Ele também é
um conceito econômico-financeiro, constituindo uma fonte de fundos permanente
utilizada para financiar a Necessidade de Capital de Giro.
O Capital de Giro apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo. Ele
diminui quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo imobilizado
(aumento dos imobilizados). Todavia, esses investimentos são, em geral, realizados
através de "Autofinanciamento" (empréstimos a longo prazo, aumento do capital em
dinheiro e lucros líquidos) que por sua vez, aumentam o Capital de Giro (fontes
permanentes) compensando, a diminuição provocada pelos novos investimentos. Ele
pode ser negativo. Neste caso, as aplicações permanentes são maiores do que as fontes
permanentes, significando que a empresa financia parte de seu ativo não circulante com
fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o risco de insolvência, a empresa
poderá se desenvolver, desde que sua Necessidade de Capital de Giro seja, também
negativa.
Em Contabilidade, existe o Capital de Giro Circulante, que seria a diferença do
Ativo Circulante e do Passivo Circulante, grupos de contas do Balanço Patrimonial.
Esse indicador é decomposto em diversos demonstrativos e relatórios contábeis, que se
combinados com a Demonstração dos Fluxos de Caixa, acrescentam informações
financeiras de uso gerencial. Os conceitos financeiros e contábeis provieram da
Economia. O Capital Circulante, sob essa abordagem, é um conceito criado como o
oposto do Capital Fixo. Adam Smith e principalmente David Ricardo, foram os
primeiros a estudar essa matéria de uma forma científica, própria da Ciência
Econômica. Em uma perspectiva gerencial mais objetiva, pode-se dizer que “Capital de
Giro significa capital de trabalho, ou seja, o capital necessário para financiar a
continuidade das operações da empresa...”, isto é, fornecer recursos para compras,
29
vendas a prazo, manter estoques, pagamentos de fornecedores, salários, pagamentos de
impostos e demais custos e despesas operacionais.
Hoji (2004) e Weston e Brigham (2004) definiram capital de giro como capital
circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se
transformam constantemente dentro do ciclo operacional. Como o próprio nome dá a
entender, o capital de giro fica circulando dentro da empresa e, a cada ciclo operacional
sofre transformação em seu estado patrimonial, e finalmente, quando transformado em
dinheiro, o valor do capital de giro inicial incorpora variações positivas ou negativas, e a
cada transformação, e ao final de cada ciclo operacional deve ser maior que o ciclo
inicial, isto é, quando incorpora lucros das operações.
3.1.1
INSTRUMENTOS PARA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO:
A base para a administração do capital de giro consiste em suprir a NCG –
Necessidade de Capital de Giro. Conforme segue
DETERMINAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO – Valor aplicado em: Estoques:
aumento e redução de volumes. Contas a Receber: expandir prazos de recebimentos;
vendas a vista x vendas a prazo. Caixa Disponível: o dia-a-dia das contas.
FONTES DE CAPITAL DE GIRO - Capital Próprio; Empréstimos/Financiamentos
(de curto e de longo prazo, descontos de duplicatas e cheques); Fornecedores;
Adiantamento de Clientes; Lucros. EXEMPLO:
Aplicação dos Recursos
• Caixa 500
• Bancos 2.500
• Contas a Receber 4.000
• Estoques 6.000
• Imobilizado 13.000
Total 26.000
Origem dos Recursos
• Fornecedores 4.500
• Empréstimo Bancário 8.000
• Folha de Pagamento 2.000
• Impostos a Recolher 500
• Capital Próprio 8.000
• Lucros Acumulados 3.000
Total 26.000
APLICAÇÃO DOS RECURSOS: no giro – financeiro: Caixa e Bancos 3.000,00; no
giro – operacional: Contas a Receber de Clientes 4.000,00; Estoques 6.000,00; no ativo
fixo: Imobilizado 13.000,00. (TOTAL DE 26.000)
ORIGEM DOS RECURSOS: financeiras: empréstimos bancários 8.000,00;
operacionais: fornecedores 4.500,00; salários e encargos sociais 2.000,00; impostos a
recolher 500,00; De recursos próprios: capital próprio 8.000,00; resultados acumulados
3.000,00. (TOTAL DE 26.000)
30
Onde estão os Recursos
Giro Financeiro
Caixa e Bancos
R$ 3.000,00
De onde vêm os Recursos
Origens Financeiras
Empréstimos
R$ 8.000,00
Giro Operacional
Origens Operacionais
Contas a Receber / Estoques R$ 10.000,00 Fornecedores / Salários a Pagar
Parte dos Empréstimos
Impostos a Pagar
R$ 7.000,00
Ativo Fixo
R$ 13.000,00
Origem de Recursos Próprios
Capital Próprio / Resultados Acumula
dos / Lucros – Prejuízos R$ 11.000,00
NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO
NCG = Giro Operacional – Origens Operacionais.
Sendo: Giro Operacional – contas a receber + Estoques; Origens Operacionais –
Fornecedores + Salários + Impostos;
SLC = Saldo Líquido de Caixa, sendo: SLC = Giro Financeiro – Origem Financeira
ou saldo de tesouraria (T). O saldo de tesouraria é a diferença entre as contas do ativo
circulante e do passivo circulante que não guardam relação com a atividade operacional
da empresa
Onde: Giro Financeiro – Caixa e Bancos; Origem Financeira – Empréstimos em Geral.
Se o saldo de tesouraria for positivo (folga financeira), haverá disponibilidade de
recursos para financiar a NCG. Sendo negativo ou insuficiente o saldo de tesouraria, a
empresa necessitará de mais recursos a curto-prazo (empréstimos) para financiar suas
operações. Isto poderá levar a empresa a uma situação de insolvência, com consequente
falência.
Efeito Tesoura
O efeito tesoura ocorre quando a empresa expande demasiadamente suas vendas,
sem que o capital de giro disponível cresça na mesma proporção. O crescimento das
vendas faz com que a NCG aumente também. Se não houver o suporte de capital de giro
(saldo de tesouraria) necessário à manutenção deste novo patamar operacional, o
crescimento exagerado poderá deixar a empresa em dificuldades financeiras, podendo
mesmo levá-la à falência.
Uma empresa que tenha um saldo de tesouraria insuficiente ou negativo
precisará tomar
Recursos a curto prazo no sistema financeiro, com taxas de juros altas. As despesas
financeiras crescerão além do suportável, comprometendo a organização.
31
O efeito tesoura pode ser caracterizado pelo seguinte indicador:
Efeito Tesoura = T / NCG
Se este índice crescer negativamente, em exercícios seguidos, teremos caracterizado o
efeito tesoura.
Exemplo:
Veja que o indicador T /NCG está crescendo negativamente, ao longo dos anos. A
empresa está sofrendo o efeito tesoura.
EXERCÍCIOS
1) A partir dos dados do Balanço Patrimonial a seguir, responda:
A) Calcule a NCG;
B) Calcule o SLC:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
11.300,00
28.700,00
22.000,00
48.000,00
Total do Circulante
110.000,00
Não Circulante
Imobilizado
60.000,00
Total do Não Circulante 60.000,00
Total do Ativo
170.000,00
PASSIVO
Circulante
Títulos a Pagar
Fornecedores
Impostos a Pagar
Empréstimos Bancários
Salários a Pagar
Total do Circulante
Patrimônio Líquido
Capital
Reserva de Lucro
Total do PL
Total do Passivo
24.000,00
21.500,00
4.500,00
32.200,00
7.800,00
90.000,00
55.000,00
25.000,00
80.000,00
170.000,00
32
2) A partir dos dados do Balanço Patrimonial a seguir, responda:
A) Calcule a NCG:
B) Calcule o SLC:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
PASSIVO
Circulante
21.500,00 Títulos a Pagar
32.800,00 Fornecedores
35.700,00 Impostos a Pagar
52.000,00 Empréstimos Bancários
Salários a Pagar
Total do Circulante
142.000,00 Total do Circulante
Patrimônio Líquido
Não Circulante
Imobilizado
58.000,00 Capital
Total do Não Circulante 58.000,00 Reserva de Lucro
Total do PL
Total do Ativo
200.000,00 Total do Passivo
29.000,00
21.500,00
14.500,00
43.400,00
27.800,00
136.200,00
35.500,00
28.300,00
63.800,00
200.000,00
3) A partir dos dados do Balanço Patrimonial a seguir, responda:
A) Calcule a NCG:
B) Calcule o SLC:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
16.400,00
41.000,00
39.300,00
50.300,00
Total do Circulante
147.000,00
Não Circulante
Imobilizado
63.000,00
Total do Não Circulante 63.000,00
Total do Ativo
210.000,00
PASSIVO
Circulante
Títulos a Pagar
Fornecedores
Impostos a Pagar
Empréstimos Bancários
Salários a Pagar
Total do Circulante
Patrimônio Líquido
Capital
Reserva de Lucro
Total do PL
Total do Passivo
26.500,00
23.500,00
11.500,00
44.800,00
32 .600,00
138.900,00
45.000,00
26.100,00
71.100,00
210.000,00
33
4) A partir dos dados do Balanço Patrimonial a seguir, responda:
A) Calcule a NCG;
B) Calcule o SLC:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
26.370,00
37.630,00
29.600,00
58.400,00
Total do Circulante
152.000,00
Não Circulante
Imobilizado
148.000,00
Total do Não Circulante 148.000,00
Total do Ativo
300.000,00
PASSIVO
Circulante
Títulos a Pagar
Fornecedores
Impostos a Pagar
Empréstimos Bancários
Salários a Pagar
Total do Circulante
Patrimônio Líquido
Capital
38.500,00
31.500,00
14.500,00
62.300,00
36.700,00
183.500,00
Reserva de Lucro
Total do PL
Total do Passivo
56.500,00
116.500,00
300.000,00
60.000,00
5) A partir dos dados do Balanço Patrimonial a seguir, responda:
A) Calcule a NCG;
B) Calcule o SLC:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
33.750,00
44.250,00
61.875,00
85.125,00
Total do Circulante
Permanente
Imobilizado
Total do Permanente
225.000,00
Total do Ativo
350.000,00
125.000,00
125.000,00
PASSIVO
Circulante
Títulos a Pagar
Fornecedores
Impostos a Pagar
Empréstimos Bancários
Salários a Pagar
Total do Circulante
Patrimônio Líquido
Capital
Reserva de Lucro
Total do PL
Total do Passivo
24.650,00
33.050,00
46.200,00
82.000,00
24.100,00
210.000,00
68.500,00
71.500,00
140.000,00
350.000,00
34
3.3. Ciclos Operacional e Financeiro:
Estes nada mais são do que os ciclos econômicos da empresa e estão
intimamente ligados à Administração de Capital de Giro. As dificuldades relativas ao
capital de giro numa empresa são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes
fatores: redução de vendas; crescimento da inadimplência; aumento das despesas
financeiras; aumento de custos. Por outro lado, a sua importância depende: do volume
de vendas; sazonalidade; fatos cíclicos da economia; tecnologia; políticas de negócios;
entre outros. Pode se perceber que uma boa política de administração do capital de giro
envolve medidas capazes de manter os indicadores da empresa dentro dos limites
previstos para produzir determinados resultados e satisfazer as expectativas de retorno
(lucro) para a companhia. O estudo do capital de giro e dos ciclos das empresas
dependem também da análise dos indicadores ecômico-financeiros da empresa e entre
eles se destaca o CCL (Capital Circulante Líquido) = Ativo Circulante – Passivo
Circulante. Se este for positivo, a empresa é capaz de saldar seus compromissos
financeiros de curto prazo, porém se ele for negativo, ela necessitará de recursos de
terceiros (empréstimos). Deste modo, ela passará a ter dívidas.
O CICLO OPERACIONAL (CO) pode ser definido como o intervalo de
tempo necessário desde a compra das matérias primas necessárias para se produzir, até o
momento de recebimento das vendas da empresa. Ele é um período MÉDIO de
investimento nos recursos (fatores) nas operações, sem que ocorram as entradas de
caixa correspondentes. Note que uma parte deste capital é financiada pelos fornecedores
que concederam um prazo para o pagamento de suas matérias – primas. Sendo: CO =
PME + PMR, onde (PME = prazo médio de estocagem e PMR = prazo médio de
recebimento).
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA:
0
15
Compra
de M.P.
PME (M.P.)
Início da
Fabricação
45
60
Fim da
Fabricação
PMP
(prazo médio
de produção)
Venda
PMV
(prazo médio
venda)
90
Recebimento
da Venda
PMR
(prazo médio de recebimento)
35
O CICLO FINANCEIRO é aquele que define, em termos médios, o intervalo
entre os pagamentos aos fornecedores e o recebimento das vendas realizadas. Pode se
afirmar que é o período durante o qual a empresa financia as suas operações, sem a
participação dos fornecedores. Ele considera apenas os eventos de natureza econômica,
ou seja, mede exclusivamente as movimentações de caixa da empresa. Pode se afirmar
que quanto maior for o CF de uma empresa, mais recursos estarão temporariamente
aplicados nas operações. Assim, existem mais custos financeiros envolvidos e reduz-se
a rentabilidade da empresa. Logo, pode se concluir que o ideal é que o ciclo financeiro
seja o menor possível. Sendo: CF = CO – PMP.
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA:
0
65
PAGTO
da M.P.
PMP
Recebimento
da Venda
Exemplo: A Cia Ipiranga é uma empresa que vende todos os seus produtos a prazo. Os
prazos médios apresentados são os seguintes: PME = 60 dias, PMR = 30 dias e PMP =
25 dias. Determinar os ciclos operacional e financeiro:
CO = PME + PMR → CO = 60 + 30 = 90 dias.
CF = CO – PMP → CF = 90 – 25 = 65 dias.
VOCÊ SABIA?
2.1
PERÍODOS E CICLOS
Os índices de atividade podem medir a rapidez com que as contas circulantes
(estoques, duplicatas a receber e duplicatas a pagar) são convertidas em caixa.
A análise de atividade de uma empresa pode ser percebida pelos seguintes
índices:
 GIRO DOS ESTOQUES
O giro dos estoques mede a atividade da empresa, isto é, em quanto tempo é
transformado os estoques em vendas.
Giro dos estoques = _Custo dos Produtos Vendidos_
Valor Médio dos Estoques
Definição: Houve uma renovação dos estoques da empresa da ordem de X vezes
ao ano.
 PERÍODO MÉDIO DE ROTATIVIDADE DOS ESTOQUES
PMRE = ______360______
Giro dos Estoques
36
Definição: A cada X dias a matéria entra no estoque é processada e vendida.
Pode ser ainda usada como parâmetro para definir qual produto deve ter a venda
incentivada ou cortada.
 PERÍODO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS
O período médio de cobrança, ou idade media de contas a receber, é útil na
avaliação para estabelecimento de estratégias para crédito e cobrança.
PMRV = _Contas a Receber X 360_
Receita Anual de Vendas
Giro de Vendas = __360___
PMRV
Definição: O resultado indica que a empresa financiou seus clientes, em média,
por X dias. Esse pode ser um dado significativo para o administrador analisar se, por
exemplo, o preço cobrado do produto é suficiente para cobrir custos financeiros de
carregamento da carteira de clientes.
 PERÍODO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS
O período médio de pagamento, ou idade media das duplicatas a pagar, indica o
prazo médio necessário para o pagamento das duplicatas.
PMPC = _Duplicatas a Pagar X 360_
Compras Anuais
Onde:
Estoque inicial + Compras - Estoque Final = Custo dos Produtos Vendidos
Compras = Custo dos Produtos Vendidos - Estoque Inicial + Estoque Final
Giro de Compras = _ 360__
PMPC
Exercício 1:
Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores: 45 dias
Prazo Médio de Recebimento de Duplicatas: 30 dias
Prazo Médio de Giro dos Estoques: 30 dias
Ciclo Operacional = Prazo de Rotação de Estoque + Prazo de Recebimento
37
a) O ciclo operacional desta empresa se realiza em quantos dias?
b) E o Ciclo Financeiro?
Exercício 2:
Uma Empresa tem Prazo médio de renovação dos estoques 74 dias; Prazo médio de
recebimento de vendas de 63 dias; Prazo médio de pagamento de compras de 85 dias e
Ciclo de caixa de 52 dias. Considerando essas informações, o Ciclo Operacional é de:
(A) 128 dias.
(B)) 137 dias.
(C) 140 dias.
(D) 142 dias.
(E) 145 dias.
Exercício 3:
Considere os dados abaixo, referentes ao balanço patrimonial resumido de uma empresa
no final de um determinado ano e calcule:
Custo dos produtos vendidos (CPV)
Valor médio dos estoques
Contas a receber
Receita anual de vendas
Duplicatas a pagar
Compras anuais
a.) PMRE e Giro de estoques
R$ 2.400,00
R$ 400,00
R$ 550,00
R$ 3.500,00
R$ 350,00
R$ 2.000,00
d.) Ciclo financeiro (CF)
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
b.) PMRV e Giro de vendas
e.) Ciclo Operacional (CO)
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
38
_____________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
c.) PMPC e Giro de compras
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Exercício 4:
Uma determinada empresa está planejando os seus períodos médios, tanto de estoque,
pagamento e recebimento. De acordo com os dados, responda:
a.) PMRE = 50 dias , PMPC = 35 dias e CF = 55 dias. Qual é o CO?
b.) PMRE = 50 dias , PMRV = 40 dias e CF = 59 dias. Qual é o CO?
a) PMRE = 50 dias , PMRV = 40 dias e PMPC = 35 dias. Qual é o CF?
d) PMRE = 50 dias , PMRV = 40 dias e CF = 55 dias. Qual é o PMPC?
3) Regimes de Caixa e de Competência: Para se conhecer o resultado de um exercício
é preciso confrontar o total das despesas com o total das receitas correspondentes ao
respectivo exercício. É o regime contábil a ser adotado que definirá que despesas e
receitas deverão ser consideradas na apuração do resultado do respectivo exercício.
Assim, são dois os regimes contábeis conhecidos que disciplinam a apuração do
Resultado do Exercício: Regime de Caixa: Na apuração do resultado do Exercício
devem ser consideradas todas as despesas pagas e todas as receitas recebidas no
respectivo exercício, independentemente da data da ocorrência de seus fatos geradores.
Em outras palavras, por esse regime somente entrarão na apuração do resultado as
39
despesas e as receitas que passaram pelo Caixa. O Regime de Caixa somente é
admissível em entidades sem fins lucrativos, em que os conceitos de receita de despesa
se identificam, algumas vezes, com os de recebimento e pagamento. E o Regime de
Competência: Desse regime decorre o Principio da Competência de Exercícios, e por
ele serão consideradas, na apuração do /resultado do Exercício, as despesas incorridas e
as receitas realizadas no respectivo exercício, tenham ou não sido pagas ou recebidas.
De acordo com esse regime, não importa se as despesas ou receitas passaram pelo Caixa
(pagas ou recebidas); o que vale é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores.
Nas entidades com fins lucrativos – empresas -, são fundamentais os conceitos de custo
e de receita, que envolvem o regime de competência, pois a elas não importa o que foi
pago ou recebido, mas o que foi consumido e recuperado, para apuração do resultado do
exercício.
Então, vamos fazer mais um exercício para recapitular?
A Cia Agrícola Tudo Fresquinho, encerrou o exercício apresentando as seguintes
movimentações:
a) Compra de uma nova máquina no valor de R$ 100.000,00, sendo que durante
o exercício foi pago 70% do seu valor, restando 30% para o exercício seguinte.
b) Matérias-primas no valor de R$ 120.000,00 foram compradas a prazo, sendo
que no decorrer do período houve a quitação de 90% desse valor, restando 10% para o
exercício seguinte.
c) Produtos foram vendidos a prazo, totalizando R$ 200.000,00 tendo sido
recebido durante o exercício 80% desse valor, restando 20% para o exercício seguinte.
O custo dos produtos vendidos totalizou R$ 60.000,00.
d) Venda de uma máquina antiga por R$ 80.000,00 a prazo, sem ganho ou perda
de capital, cujo valor será recebido integralmente no próximo exercício.
A partir dos dados acima, vamos comparar os resultados no regime de
competências e no regime de caixa:
Resultado pelo Regime de Competência – DRE: _________________________
Resultado pelo Regime de Caixa - Fluxo de Caixa: _______________________
40
4 ADMINISTRAÇÃO DO CAIXA DA EMPRESA
1) Fluxo de Caixa:
Para fins de Administração Financeira, o termo caixa abrange todos os recursos
disponíveis da empresa que possam ser utilizados como se fosse dinheiro, incluindo-se,
assim, as disponibilidades imediatas da empresa, depósitos bancários à vista,
numerários em transito e aplicações de liquidez imediata. Informações sobre fluxo de
caixa são relevantes, à medida que permitem a investidores e credores projetar a
capacidade que a empresa terá de gerar dinheiro ou equivalentes, distribuir dividendos,
pagar juros e amortizar dívidas. A informação sobre o fluxo de caixa destaca-se,
também, por auxiliar na determinação da liquidez e solvência empresarial.
Considerando liquidez como sendo a capacidade de conversão de ativos em caixa,
vemos a solvência de uma forma mais ampla, ou seja, como a capacidade de pagamento
das obrigações de uma empresa no momento de seus vencimentos.
Assim, a determinação da capacidade de solvência da empresa indica a
possibilidade de sua continuidade. A informação sobre a liquidez é condição
fundamental para determinação da solvência. O Fluxo de Caixa é o fluxo financeiro da
empresa, é através dele que as empresa planejam e tomam decisões importantes de
investimentos, financiamentos, distribuição de recursos além de outras fundamentais
para a continuidade das operações normais do empreendimento. Essas também têm sua
importância destacada: quando utilizada em conjunto com as demais demonstrações
contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos
ativos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e
solvência) e sua habilidade para afetar as importâncias e prazos dos fluxos de caixa a
fim de adaptá-los as mudanças nas circunstâncias e as oportunidades; são úteis para
avaliar a capacidade da empresa produzir recursos de caixa e valores equivalentes e
habilitar os usuários a desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente e
futuro de caixa de diferentes empresas; aumenta a comparabilidade dos relatórios de
desempenho operacional por diferentes empresas, porque elimina os efeitos decorrentes
do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;
possibilita o uso das informações históricas sobre o fluxo de caixa como indicador da
importância, época e certeza de futuros fluxos de caixa; é útil para conferir a exatidão de
avaliações anteriormente feitas de futuros fluxos de caixa e examinar a relação entre a
lucratividade e o fluxo de caixa líquido, e o impacto de variações de preço.
Um ponto muito importante relativo ao Fluxo de Caixa está relacionado com a
o risco de manipulações de resultados. Pode parecer que o Regime de Competência é
mais suscetível a manipulações, enquanto que o Fluxo de Caixa pode parecer ser
absoluto e verdadeiro por estar vinculado a uma realidade aparentemente muito mais
objetiva. Mas, as chances de manipulação no Fluxo de Caixa são muito mais fáceis de
se produzir e de forma aparentemente honesta, enquanto que as do Regime de
competência, quando existentes, resultam de efetivas fraudes. Por exemplo um atraso
41
deliberado no pagamento dos fornecedores pode aparentar um desempenho melhor dos
recursos gerados pelas operações do Fluxo de Caixa. Ou um acréscimo no prazo de
recebimento pode provocar neste exercício, uma significativa redução financeira mesmo
que isso não comprometa rentabilidade (dependendo do acréscimo ao preço pelo prazo
adicionado). No fundo, no fundo é mais fácil uma empresa provocar alterações em seu
Fluxo de Caixa do que no seu Fluxo de Resultado.
2) Ampliando o Conceito de Fluxo de Caixa
A informação do fluxo de caixa da empresa pode referir-se a duas situações: (1)
sobre operações realizadas em um período já ocorrido (descreve mudanças históricas no
caixa da empresa), que é o conceito de fluxo de caixa histórico. Ou (2) sobre operações
de caixa da empresa que ainda irão ocorrer, que é o de fluxo de caixa orçado ou
projetado.
O fluxo de caixa histórico é o que mais representa o conjunto de demonstrações
contábeis que as empresas divulgam, servindo principalmente para análises
comparativas e históricas. A segunda forma de apresentação de fluxo de caixa, o
projetado, é utilizada principalmente pela gerência das empresas no planejamento
operacional e estratégico na gestão da atividade financeira, voltada para o futuro, sendo
de uso interno da empresa.
3) Formas de Apresentação do Fluxo de Caixa
O Fluxo de Caixa Histórico pode ser apresentado de duas formas: as decorrentes
do método direto e as do método indireto. A distinção entre os métodos de elaboração e
apresentação do fluxo de caixa da empresa consiste apenas na forma de apresentação do
fluxo de caixa derivado das atividades operacionais.
Os fluxos de caixa, apresentados na Demonstração do Fluxo de Caixa, podem
ser estruturados segregando as atividades da empresa em Operacionais, de
Financiamento e de Investimento. Esta forma de apresentação é habitualmente utilizada
pelas empresas americanas.
Método Direto: O método direto demonstra os recebimentos e pagamentos derivados
das atividades operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado. Mostra
efetivamente as movimentações dos recursos financeiros ocorridos no período.
Exemplo:
Fluxo de Caixa Direto
Saldo inicial do disponível
100.000,00
42
Atividades operacionais
208.000,00
(+) vendas a vista
200.000,00
(+) recebimento de duplicatas
66.000,00
(-) pagamento de juros
8.000,00
(-) compra mercadoria
50.000,00
Atividades de financiamento
160.000,00
(+) obtenção de empréstimos
60.000,00
(+) aporte de capital social
100.000,00
Atividades de investimentos
120.000,00
(-) Empréstimos concedidos
20.000,00
(-) Compras de imóvel
100.000,00
Saldo final do disponível
348.000,00
A variação do fluxo de caixa foi de
248.000,00
A demonstração pelo método direto facilita ao usuário avaliar a solvência da
empresa, pois evidencia toda a movimentação dos recursos financeiros, as origens dos
recursos de caixa e onde eles foram aplicados.
Método Indireto:
O método indireto consiste na demonstração dos recursos provenientes das
atividades operacionais a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens que afetam o
resultado (tais como depreciação, amortização e exaustão), mas que não modificam o
caixa da empresa.
Muitas empresas preferem divulgar a Demonstração do Fluxo de Caixa
elaborada através do método indireto que parte do Lucro Líquido ajustando-o até chegar
ao fluxo de caixa operacional. Ele é de mais fácil montagem, porém, é mais difícil a
sua compreensão por parte dos usuários. Para muitos autores esse método mais
oculta que revela informações relevantes e deveria ser abandonado. A seguir um modelo
genérico de Demonstração do Fluxo de Caixa, pelo método indireto:
43
4) Caracterização dos Fluxos de Caixa
Atividades Operacionais: A quantidade de dinheiro originada das atividades
operacionais da empresa, das transações que envolvam produção e venda de bens ou
prestação de serviços ligados ao objeto social da entidade, é o indicador que informa se
as operações da empresa geram suficiente fluxo de dinheiro para pagar os empréstimos,
manter a capacidade de operação da empresa, pagar dividendos e fazer novos
investimentos, sem ter que recorrer a fontes externas de financiamento. A seguir estão
exemplos de fluxos de caixa ocasionados pelas atividades operacionais:
44
Numerários recebidos de: clientes por venda de bens ou prestação de serviços;
subsidiárias avaliadas pelo método de equivalência patrimonial, por recebimento de
dividendos; devedores por juros de empréstimos e qualquer outro reembolsos recebidos
de fornecedores, companhia de seguro, restituição de imposto, etc.
Numerários pagos a: fornecedores por compra de bens ou serviços; empregados;
credores por juros de empréstimos e quaisquer outros pagamentos por processos,
reembolso a clientes, impostos e contribuições governamentais, etc.
Atividades de Investimentos: Compreendem as transações, aquisições ou vendas de
participações em outras empresas, ativos utilizados na produção de bens ou prestação de
serviços ligados a outros objetos sociais da entidade. Neste tipo de atividade não estão
compreendidas as aquisições de ativos adquiridos com o objetivo de revenda. Os
exemplos a seguir são de fluxos de caixa provenientes de atividades de investimento:
Numerários recebidos por: vendas de ativos permanentes, distribuição de
lucros/dividendos de outras investidas. instrumentos negociáveis, ou participações,
dinheiro recebido pelo cancelamento de antecipações e empréstimos feitos a terceiros;
Numerários pagos por: aquisições de ativos permanentes. para adquirir propriedades,
instalações e equipamentos, intangíveis, outros ativos não circulantes; ações ou
instrumentos negociáveis de outras empresas ou participação em contratos de
investimento conjunto (joint ventures), antecipações de dinheiro e empréstimos feitos a
terceiros;
Atividades de Financiamentos: A apresentação separada do fluxo de caixa
proveniente de atividades de financiamento é importante porque é útil para prever a
demanda futura sobre o fluxo de caixa por parte de quem fornece capital à empresa. Os
exemplos a seguir são de fluxos de caixa relacionados com atividades de financiamento.
Numerários recebidos por: integralização de ações ou de outros instrumentos de
capital; colocação de títulos a longo prazo (bônus, debêntures, letras de câmbio e
equivalentes), obtenção de empréstimos a longo prazo. Numerários pagos a: acionistas
por dividendos ou reembolso de capital; credores de obrigação a longo prazo. dinheiro
pago aos proprietários para adquirir ou resgatar as ações da empresa. pagamento em
dinheiro de empréstimos obtidos. dinheiro pago pelo arrendatário para reduzir o passivo
pendente relacionado com uma operação de arrendamento financeiro.
5) Modelo do Caixa Mínimo Operacional
Um forma simples de estabelecer o montante de recursos que uma empresa
deverá manter em caixa é através do Caixa Mínimo Operacional. Esta técnica, apesar de
pouco sofisticada, pode ser útil no estabelecimento de um padrão do investimento em
caixa. Para se obter o Caixa Mínimo Operacional(CMO), basta dividir os desembolsos
totais previstos por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, divide-se
360, se a base for em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo financeiro
(ciclo de caixa), ou seja:
45
Giro de Caixa = 360  Ciclo Financeiro
CMO = Desembolsos Operacionais  Giro de Caixa
Exemplos:
a) Suponha que uma empresa tenha projetado, para certo exercício, desembolsos totais
líquidos de $2.700.000,00. Sabe-se que seu ciclo financeiro alcança 45 dias, ou seja,
este é o intervalo de tempo em que a empresa somente desembolsa recursos, ocorrendo
entradas de fluxos financeiros somente a partir do 46º dia. Determinar o Caixa Mínimo
Operacional desta empresa.
Giro de Caixa = 360 / 45 = 8 vezes
CMO = 2.700.000 / 8 = 337.500
ou
2.700.000/360 * 45 = 337.500
b) Qual será o Caixa Mínimo Operacional , se a empresa alterar seu ciclo financeiro
para 24 dias. Determinar a economia obtida considerando o custo de oportunidade de
12% para o exercício em relação ao item (a).
Giro de Caixa = 360 / 24 = 15 vezes
CMO = 2.700.000 / 15 = 180.000
ou 2.700.000/360 * 24 = 180.000
Economia = (180.000 * 0,12) – (337.500 * 0,12) = (21.600 – 40.500) = (18.900)
c) Qual será o Caixa Mínimo Operacional , se a empresa alterar seu ciclo financeiro
para 60 dias. Determinar o custo adicional considerando o custo de oportunidade de
12% em relação ao item (a).
Giro de Caixa = 360 / 60 = 6 vezes
CMO = 2.700.000 / 6 = 450 .000
ou 2.700.000/360 * 60 = 450.000
Custo Adicional = (450.000 * 0,12) – (337.500 * 0,12) = (54.000 – 40.500) = 13.500
46
6) Fluxo de Caixa Orçado ou Projetado
O atual contexto de concorrência, o novo SPB - Sistema de Pagamentos
Brasileiro, a escassez de recursos, as altas taxas de juros, são fatores que requerem
maior eficiência na gestão financeira de recursos, visando a redução da necessidade de
capital de giro e, consequentemente, as despesas financeiras. Sabendo da sua posição, o
Administrador Financeiro parte para o planejamento futuro utilizando-se de várias
ferramentas e informações. Entre as principais o Fluxo de Caixa Orçado ocupa posição
de destaque, sua adequada utilização garante a minimização dos riscos e permite uma
correta avaliação da capacidade de pagamento, planejamento e controle dos recursos
financeiros da organização. Pois: relaciona ingressos e saídas de recursos monetários em
determinado intervalo de tempo; permite prever eventuais excedentes ou escassez de
caixa; visa a manutenção de saldos adequados à operação do negócio.
7) Planejamento de Curto Prazo
O planejamento financeiro é um aspecto importante para o funcionamento e
sustentação da empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas
ações na consecução de seus objetivos.
O processo de planejamento financeiro inicia-se com os planos financeiros de
longo prazo ou estratégicos, que por sua vez direcionam a formulação de planos e
orçamentos operacionais de curto prazo. Neste momento, serão enfatizados os planos e
orçamentos a curto prazo.
O planejamento financeiro de curto prazo é elaborado através da utilização de
informações financeiras sobre o desempenho da empresa que, combinadas com as
projeções dos fluxos de recursos esperados, vão propiciar aos administradores uma
avaliação adequada da situação presente e uma previsão das perspectivas futuras.
8) Orçamento de Caixa
O orçamento de caixa é o demonstrativo da projeção das necessidades de
recursos de uma empresa, elaborado através da previsão das entradas e saídas de fundos
em um determinado período de tempo. Deve retratar a previsão das necessidades de
recursos ou as sobras de caixa que ocorrerão no período em questão.
É uma ferramenta que permite ao administrador financeiro identificar as
necessidades e oportunidades financeiras de curto prazo.
O objetivo do orçamento de caixa é dar subsídios ao administrador financeiro
para planejar e controlar o fluxo de recursos da empresa e fornecer componentes básicos
para que se possa formular as estratégias que serão utilizadas para o financiamento do
volume de vendas previsto para o período.
Ao traçar as diretrizes do planejamento das disponibilidades, a empresa busca
atingir algumas metas entre as quais destacam-se:
 Defasagem entre as transações correntes: o orçamento de caixa é elaborado através
da previsão das entradas e saídas de fundos. Todavia, o fluxo de recursos não ocorre
de maneira uniforme, por esta razão a empresa deve manter fundos suficientes para
garantir eventuais déficits de caixa mantendo a liquidez sem interromper o ciclo de
suas atividades operacionais.
47

Redução de custos sobre empréstimos de curto prazo: conhecendo com
antecedência os eventuais déficits de caixa, o administrador financeiro terá a sua
disposição, um período de tempo suficiente para escolher entre as diversas opções de
financiamentos.
 Aplicação de excedentes de caixa: durante certos períodos, a empresa mantém
saldos inativos de caixa. Isso ocorre devido à defasagem de tempo entre as datas de
pagamento das obrigações e de recebimento dos direitos. Como o dinheiro mantido
em caixa não traz nenhum retorno a empresa, o administrador financeiro deve
aplicar esses recursos momentâneos em algum ativo de curto prazo que renda juros.
Exemplo de Orçamento de Caixa
As vendas da Cia. Pioneira nos meses de março a abril foram, respectivamente,
de $ 400.000 e $480.000. Para os próximos três meses a diretoria de marketing estimou
um volume de vendas nas seguintes bases: maio, $ 510.000; junho, $ 650.000; e julho, $
820.000.
Do total das vendas efetuadas, 70% são recebidas no próprio mês; 20% são
recebidas no mês seguinte e o restante no segundo mês após a realização.
Estima-se que todos os custos de produção (MP + MOD + CIF) alcancem 70%
das vendas totais, sendo pagos 80% no próprio mês e 20% no mês seguinte. Os produtos
são vendidos no próprio mês em que são fabricados.
A Companhia tem um empréstimo bancário a pagar no mês de junho no valor de
$ 150.000, enquanto suas despesas de vendas e administrativas, pagas no próprio mês,
eqüivalem a 15% do total das vendas de cada mês. Dividendos de $ 44.289 deverão ser
pagos em julho.
No final de abril o saldo de caixa da Pioneira era de $ 69.000, sendo que para o
próximo trimestre a empresa deseja manter um saldo de caixa de $ 90.000 em cada mês.
PEDE-SE elaborar o orçamento de caixa da Cia. Pioneira para o próximo trimestre,
indicando as necessidades de financiamento e os valores das aplicações financeiras.
Esperam-se juros bancários de 12% ao mês e rentabilidade das aplicações financeiras de
4% ao mês.
Programação de Recebimentos
Vendas
Março
400.000
Abril
480.000
Maio
510.000
Junho
650.000
Julho
820.000
Vendas à vista
280.000
336.000
357.000
455.000
574.000
80.000
96.000
40.000
102.000
48.000
130.000
51.000
Cobranças:
Após um mês
Após dois meses
Rendimento Aplicação
Total de Recebimentos
1.708
493.000
606.708
755.000
Programação de Pagamentos
48
Compras
Março
280.000
Abril
336.000
Maio
357.000
Junho
455.000
Julho
574.000
Compras à vista
224.000
268.800
285.600
364.000
459.200
56.000
67.200
71.400
150.000
91.000
Pagamentos:
Após um mês
Empréstimos
Dividendos
Despesas(Vendas/Adm.)
Juros s/ Financiamento
44.289
60.000
72.000
Total de Pagamentos
76.500
97.500
123.000
4.019
429.300
682.900
721.508
Orçamento de Caixa
Maio
493.000
Junho
606.708
Julho
755.000
429.300
682.900
721.508
Fluxo Líquido de Caixa
63.700
(76.192)
33.492
( + ) Saldo Inicial de Caixa
69.000
132.700
56.508
132.700
56.508
90.000
90.000
90.000
90.000
Recebimentos
( - ) Pagamentos
Saldo final de caixa
( - ) Saldo Mínimo de Caixa
Financiamento Necessário
Saldo de Caixa Excedente
33.492
42.700
49
5) ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER
O administrador financeiro tem como objetivo maximizar o lucro esperado. Nos
casos em que a margem de lucro é grande, a possibilidade de a empresa optar por uma
política de crédito liberal é plenamente justificável. Contudo, quando a margem de lucro
é relativamente pequena, a flexibilização do crédito pode, como consequência, aumentar
o nível de incobráveis, comprometendo assim a rentabilidade.
Outro fator importante na política de duplicatas a receber, é o montante de
recursos que a empresa pode investir. Os volumes de recursos investidos em capital de
giro podem determinar maiores ou menores volumes de vendas. Se a empresa possuir
recursos limitados, terá dificuldade em conceder crédito a prazos mais longos
comprometendo a ampliação das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em
condições de investir em duplicatas a receber, ao flexibilizar o crédito, corre o risco de
ter um aumento em seu nível de incobráveis. Cabe ao administrador financeiro buscar o
equilíbrio que minimize o dilema risco-retorno.
Quando a empresa vende seus produtos a prazo, o que ocorre na maioria delas, a
principal decisão a ser tomada, e, sem dúvida, a mais difícil, é a que se refere a
concessão do crédito. Nesse momento o administrador financeiro se vê a frente de três
questões básicas:
50
 A quem vender?
 Quanto vender?
 Em que condições vender?
A análise da concessão do crédito tem que ser baseada em dois aspectos
fundamentais. Primeiramente, nas fontes de informações disponíveis combinadas com a
evolução da conjuntura econômica e em segundo lugar, em uma forte dose de bom
senso, pois muitas vezes vale aceitar um determinado risco considerando que o cliente
tem potencial para tornar-se regular e confiável futuramente.
5.1.
SELEÇÃO DE CRÉDITO
O objetivo da seleção de crédito é determinar a quais clientes pode ser concedido
o crédito, e em que proporções. Para essa seleção é imprescindível possuir as
informações necessárias e utilizar os métodos apropriados para fazer uma avaliação
adequada.
A Seleção de Crédito consiste em determinar se o crédito deve ser concedido a um
cliente e o limite quantitativo a ser concedido. Os analistas financeiros com a finalidade
de minimizar o risco das vendas a prazo, freqüentemente utilizam-se para orientar suas
análises, os 5 “Cs” do crédito, enfoque abortado por Brighan e Weston, que procura
minimizar os riscos.
5.2. Os C’s do Crédito
- Caráter (Idoneidade do cliente)
- Capacidade de pagamento (liquidez e endividamento)
- Capital (solidez financeira indicada pelo patrimônio líquido)
- Colateral (ativos disponíveis para garantir o crédito)
- Condições (influência da conjuntura que pode afetar as partes)
5.3.
Obtenção de Informações:
É o processo de avaliação para determinar as condições da concessão do crédito a
um cliente. As principais fontes de informações são:
- Demonstrações contábeis e financeiras
- Empresas prestadoras de serviços (Serasa, SPC, etc)
- Publicações especializadas em indicadores padrões
51
- Trocas diretas de informações de crédito
- Vendedores
- Visita as instalações da empresa e entrevistas com seus executivos
- Consultas bancárias
5.4.
Política de crédito
A política de crédito de uma empresa visa, além do incremento no volume de
vendas e de um equilíbrio entre o risco e o retorno, uma adequação entre os custos
envolvidos no padrão de crédito adotado. Se a empresa adotar uma política de crédito
liberal, aumentando o prazo de pagamento dos clientes, provavelmente aumentará seu
volume de vendas, todavia aumentará também os riscos com incobráveis e os
investimentos em duplicatas a receber e retardará as entradas de recursos em caixa.
As alterações que vierem a ocorrer na política de crédito das empresas afetam
sensivelmente os seguintes itens:





Volume de vendas
Despesas com incobráveis
Despesas gerais de crédito
Despesas com cobranças
Custo do investimento marginal em duplicatas a receber
Exemplo de alteração nos padrões de crédito
Situação atual

Prazo médio concedido aos clientes
30 dias

Ordem de protesto por atraso no pagamento
5º dia após o vencimento

Suspensão do crédito por atraso
15º dia após o vencimento
Situação proposta

Prazo médio concedido aos clientes
45 dias

Ordem de protesto por atraso no pagamento
8º dia após o vencimento

Suspensão do crédito por atraso
20º dia após o vencimento
No exemplo acima, a empresa optou por uma política mais flexível afrouxando o
crédito. Poderia ter feito o inverso quando estaria restringindo o crédito, tornando-o
mais rígido.
Implicações das alterações dos padrões de crédito na lucratividade das empresas
52
Política de crédito liberal
Variável
Impacto
Lucro
Volume de vendas
Aumenta
Aumenta
Investimento em duplicatas a receber
Aumenta
Diminui
Gastos com incobráveis
Aumenta
Diminui
Variável
Impacto
Lucro
Volume de vendas
Diminui
Diminui
Investimento em duplicatas a receber
Diminui
Aumenta
Gastos com incobráveis
Diminui
Aumenta
Política de crédito rígida
Exemplo:
Uma determinada empresa, no intuito de conseguir um incremento nas vendas,
está analisando uma proposta para alterar seus padrões de duplicatas a receber. Os dados
são os seguintes:
- Vendas anuais (todas a prazo): R$ 1.200.000,00
- Custo fixo: R$ 350.000,00
- Custo variável (50% das vendas): R$ 600.000,00
- Prazo médio de recebimento de vendas: 30 dias
- Perda com devedores incobráveis (2% das vendas): R$ 24.000,00
Segundo estudos dos técnicos, a mudança irá aumentar as vendas da empresa em
15%. Entretanto, o prazo médio de recebimento de vendas irá aumentar para 60 dias e
os devedores incobráveis passarão dos atuais 2% das vendas para 4% das vendas. O
retorno exigido pela empresa que corresponde ao seu custo de oportunidade é de 15%
ao ano. Analisar a viabilidade da mudança dos padrões de crédito dessa empresa.
1) Organização dos dados para análise
Situação atual
Vendas anuais
R$ 1.200.000,00
Custo fixo
R$ 350.000,00
Custo variável (50% das vendas)
R$ 600.000,00
Perda com incobráveis (2% das vendas)
R$ 24.000,00
Prazo médio de recebimento de vendas
30 dias
Situação proposta
53
Vendas anuais
R$ 1.380.000,00
Custo fixo
R$ 350.000,00
Custo variável (50% das vendas)
R$ 690.000,00
Perda com incobráveis (2% das vendas)
R$ 55.200,00
Prazo médio de recebimento de vendas
60 dias
2) Contribuição marginal aos lucros
Situação atual
Situação proposta
Vendas
1.200.000,00
Vendas
1.380.000,00
(-) custo variável
600.000,00
(-) custo variável
690.000,00
(-)custo fixo
350.000,00
(-)custo fixo
350.000,00
Lucro operacional
250.000,00
Lucro operacional
340.000,00
Contribuição marginal ao lucro
(340.000,00-250.000,00) 90.000,00
=
EXERCÍCIO:
1) Uma determinada empresa, no intuito de conseguir um incremento nas vendas, está
analisando uma proposta para alterar seus padrões de duplicatas a receber. Os dados
são os seguintes:
- Vendas anuais (todas a prazo): R$ 3.500.000,00
- Custo fixo: R$ 550.000,00
- Custo variável (40% das vendas)
- Prazo médio de recebimento de vendas: 42 dias
- Perda com devedores incobráveis (2,5% das vendas)
Segundo estudos dos técnicos, a mudança irá aumentar as vendas da empresa em
20%. Entretanto, o prazo médio de recebimento de vendas irá aumentar para 58 dias e
os devedores incobráveis passarão dos atuais 2,5% das vendas para 4,2% das vendas.
Qual a contribuição marginal ao lucro ?
54
6.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE
A gestão de estoques é diferente da administração de outros ativos e obrigações.
Estes ativos têm um teor físico, o que não se igualam aos ativos puramente financeiros.
Porém como outros ativos, os estoques representam custos significativos para as
empresas, e sua gestão eficiente torna-se fator essencial de competitividade.
Classicamente as estratégias de gestão financeira de estoques relatadas nos
manuais de finanças e de custos estão concentradas em quanto e quando adquirir
estoques (ASSAF NETO, 2003; BRAGA, 1995; GITMAN, 2002; HANSEN &
MOWEN, 2001; GARRISON & NORREN, 2001; SANVICENTE, 1997; WESTON &
BRIGHAM, 2000).
6.1 TIPOS DE ESTOQUE
De acordo com Assaf Neto (2003, p.522-523), se pode dividir os estoques em
quatro tipos:
� Mercadorias e produtos acabados;
� Produtos em elaboração;
� Matérias-primas e embalagens; e
� Materiais de consumo e almoxarifados.
Cada um desses tipos de estoque possuem motivos próprios para que as empresas
55
invistam na sua manutenção.
� A manutenção de estoques de mercadorias e produtos acabados significa
fornecer um serviço imediato aos consumidores da empresa, procurando atender um
maior nível de satisfação do cliente, por disponibilizar os produtos pronta-entrega.
Outro motivo, vai ao sentido que, a manutenção deste tipo de estoque propicia uma
estabilização da produção, obtida pelos ganhos de escala.
� A manutenção de produtos em elaboração é motivada por propiciar uma
reserva flexível para as empresas. Aumentar este tipo de estoque resulta em reduzir a
interdependência das fases do fluxo de produção.
� A manutenção de estoques de matérias-primas e embalagens torna mais fácil
a programação da produção, evita a aquisição de itens em períodos de preços altos e
representa uma proteção contra as deficiências da oferta.
� Em relação à manutenção de estoques de material de consumo e
almoxarifados, Assaf Neto (2003, p.523) cita que o volume de investimento nesse tipo
de estoque varia em função das características básicas e peculiaridades operacionais e
administrativas de cada empresa.
Essas alternativas de manutenção de estoques representam soluções para
problemas como flutuações nos preços das matérias-primas, demanda inesperada pelo
produto, paralisação não planejada das máquinas e dos trabalhadores envolvidos no
processo etc.
Porém, o administrador financeiro não deve considerar essas abordagens de
manutenção de estoques as únicas possíveis para solucionar os problemas enumerados.
Neste ponto, estratégias alternativas, tais como para se evitar o risco da flutuação dos
preços de matérias -primas, a empresa poderá realizar contratos a longo prazo com os
fornecedores, os quais deverão especificar os preços a serem pagos e as quantidades a
serem entregues, ou ainda para estabilizar a demanda, a empresa poderá conceder
descontos.
6.2 ESTRATÉGIAS DE ESTOQUE
Em um sentido mais amplo, as empresas poderão adotar estratégias mais
abrangentes de gestão de estoques, que envolvem o processo de produção por completo,
como por exemplo:
� Just-in-Time (JIT): esta filosofia criada no Japão está baseada em dois
fundamentos: eliminação total de estoques e produção puxada pela demanda.
� Manufacturing Resources Planning II (MPR II): consiste em um sistema
computacional que objetiva cumprir os prazos de entrega de uma empresa com a
formação de estoques mínimos, valendo para isso, dos conceitos de demanda
dependente do mercado e independente do mercado (dependentes de outros produtos).
� Optimized Production Technology (OPT): é uma abordagem de gestão
baseada no conceito de gargalo. Segundo este modelo, a empresa deve dar atenção aos
recursos gargalos. Se, por acaso, “existir determinado produto que a empresa tem
dificuldade de conseguir, atenção maior deve ser dada a este estoque, pois ele será
gargalo para a empresa” (ASSAF NETO & TIBÚRCIO, 1997, p.171).
6.3 CUSTOS DO ESTOQUE
56
Feita a classificação dos estoques, e relatados os principais motivos para a
manutenção de cada tipo de estoque, torna-se importante conhecer os principais custos
relacionados aos estoques.
Os custos relacionados aos estoques podem ser enquadrados em duas categorias:
1) os que são diretamente proporcionais ao volume mantido em estoque (custo de
manutenção), como por exemplo: perdas associadas a risco de obsolescência dos itens
estocados; custo de oportunidade; despesas de manejo, transporte e transferência física
dos itens estocados; espaço necessário para armazenamento; seguros; imposto predial;
custos do departamento de controle de estoques etc.
2) os que são inversamente proporcionais a esse volume, representando os prejuízos da
empresa em conseqüência da falta de estoques ou aos pedidos de compra (custo de
“stockout”+ custo de pedir), como por exemplo: descontos por quantidade perdidos em
compras feitas em lotes insuficientes; despesas decorrentes de perturbações do processo
produtivo; margem de contribuição das vendas perdida par falta de produtos acabados;
gastos adicionais de pedido, emissão de ordens de compra e transporte etc.
6.4 GESTÃO DE ESTOQUES
Os custos e as características especificas dos estoques devem ser os primeiros itens a ser
considerados para a formulação das estratégias de estoques.
Classicamente, podem ser citadas três abordagens de estratégias de gestão de
estoques: o sistema ABC, o Ponto de Recompra (PR) e o sistema de LEC.
O sistema ABC classifica os estoques em três grupos, existindo diversas regras
possíveis de separação. Assaf Neto & Tubúrcio (1997, p.190) sugere que os produtos do
grupo A sejam compostos pelos primeiros 10% em tamanho da receita, o que, em geral,
deve representar cerca de 70% da receita. Este grupo deve receber maior atenção dos
gestores devido a sua importância. O grupo B seria compreendido pelos 20% produtos
seguintes e devem representar 20% da receita. O grupo C seria compreendido por 70%
dos produtos em estoque, mas contribuem com uma pequena parcela da receita, cerca de
10%. apresenta de forma esquemática a essência da curva ABC.
O PR ou Ponto de Pedido considera os níveis de estoques e a demanda
constante, e representa o tempo necessário para que se ocorra uma reposição de
estoques, dado um consumo por período. Ou seja, o ponto de pedido define o momento
em que a empresa deverá realizar uma compra, enquanto que os sistemas ABC e LEC
definem quanto a empresa deverá comprar. Considerando o tempo de reposição diário,
matematicamente o ponto de recompra representa:
PR = p x d
Onde: PR = ponto de recompra; p = prazo de entrega; d = demanda diária.
Lote Econômico de Compra
O administrador financeiro deve buscar minimizar as necessidades de
investimentos em estoques, pois apesar de estes investimentos contribuir para geração
de lucro, o investimento em estoque além de reduzir a rotação geral dos recursos
comprometendo a rentabilidade geral da empresa, também produz custos decorrentes de
sua manutenção.
O modelo do LEC determina o volume ideal de recursos aplicados em itens
estocados, em outras palavras, o LEC determina o volume de itens estocados que
minimiza o custo total.
O LEC procura a melhor estratégia para determinar a quantidade que deve ser
mantida em estoque e de quanto em quanto tempo deverá ser feito o novo pedido. O
57
LEC busca encontrar a quantidade ótima de cada pedido, de modo que os custos totais
(custo do pedido + custo de estocagem) sejam minimizados.
7. FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO
Uma empresa pode financiar suas atividades através de capitais próprios e de
terceiros. O capital próprio implica aumento do patrimônio líquido. Segundo Lemes
Júnior (2002), o aumento do capital próprio ocorre através da autogeração de recursos e
reinvestimento na empresa, pela subscrição e integralização de capital social ou pela
emissão de ações, no caso de grandes empresas de capital aberto, ofertadas na Bolsa de
Valores.
Os passivos circulantes representam as fontes de financiamento em curto prazo
da empresa. Algumas fontes são geradas pelas próprias operações. Enquanto outras,
provenientes de atividades como os financiamentos bancários. São Fontes Espontâneas
de Financiamento em Curto Prazo aquelas que resultam das Operações normais da
empresa tais como as duplicatas a pagar.
À medida que as vendas da empresa crescem, as duplicatas a pagar aumentam
em condições do maior volume das compras requerido pelo acréscimo na venda. Com
vendas crescentes, as contas a pagar relativos também aumentam, o mesmo ocorrendo
com os impostos.
São fontes de Financiamentos em Curto Prazo não Garantidos aquelas
decorrentes de empréstimos em curto prazo através de instituições financeiras ou de
commercial Papers.
58
Os empréstimos bancários são mais comuns porque podem ser solicitados por
empresas de qualquer tamanho; os commercial papers tendem a estar disponíveis
apenas para grandes empresas. O tipo mais importante de empréstimo feito por bancos a
empresas é o empréstimo em curto prazo autoliquidável. Os commercial papers são
formas de financiamento consistindo de notas promissórias em curto prazo nãogarantidas, emitidas por empresas com elevado conceito de crédito. Geralmente, apenas
as grandes empresas, de alta reputação e situação financeira inquestionável, estão em
condições de emiti-los.
São Fontes de Financiamento em Curto Prazo com Garantia aquelas em que o
credor Exige alguns ativos como colaterais geralmente duplicatas a receber ou estoques.
A quantidade dos recursos alocados nos itens circulantes da empresa devem
destinar-se somente a sustentação de sua atividade operacional visto que, o ativo
circulante é pouco rentável.
Dessa forma, voltamos ao dilema do administrador financeiro no que se refere à
busca de maior rentabilidade envolvendo o menor risco. A determinação do volume
adequado de ativos circulantes a serem mantidos deverá, portanto, atender ao objetivo
básico da administração, ou seja, maximizar o retorno dos proprietários minimizando os
riscos.
A dificuldade encontrada para a definição do montante adequado de
investimentos em ativos circulantes, é o grau de incerteza que se apresenta pelo fato da
análise ser feita através de projeções futuras, o que nem sempre vai coincidir com o
desejado.
Diante de tantas incertezas, o administrador financeiro quando determina o
investimento em capital circulante, deve ter em mente os seguintes aspectos:
 Os recursos aplicados em caixa devem ser suficientes para fazer frente aos
desembolsos previstos e alguns não previstos.
 Adotar uma política de duplicatas a receber que permita o crescimento ou, a
manutenção das vendas sem aumento dos níveis de inadimplência.
 Manter estoques mínimos porém, sem correr riscos de perder vendas ou
provocar atrasos no processo produtivo.
7.1 ESTRATÉGIAS DE FINANCIAMENTO DOS RECURSOS NECESSÁRIOS
Se a produção e as vendas ocorressem uniformemente ao longo de todo ano, a
gestão do capital de giro nas empresas industriais seria bastante facilitada porque
haveria fluxos regulares de entradas e de saídas de caixa.
Ocorre que muitas empresas estão sujeitas a fatores sazonais que afetam suas
atividades, provocando expansão e contratação nos ativos circulantes. Em certos meses,
os estoques de matérias-primas poderão estar muito elevados (Ex. estoques de produtos
agrícolas adquiridos nas safras) e em outras épocas poderemos encontrar um nível alto
de produtos acabados destinados ao atendimento de uma demanda concentrada (Ex.
estoques de sorvetes durante o inverno). Determinadas indústrias de bens de consumo
têm de financiar parte dos estoques sazonais dos comerciantes varejistas concedendo
maiores prazos de faturamento (Ex. brinquedos para vendas de natal).
Por outro lado, sempre existirá um nível mínimo de estoques, duplicatas a
receber e disponibilidades a ser mantido independentemente das flutuações sazonais das
atividades.
Resumindo, para os investimentos necessários à manutenção de sua atividade,
uma empresa tem necessidade de financiamentos que podem ser divididos em:
59
b) Necessidades permanentes: são aquelas que se mantêm fixas ao longo do
ano, e são representadas pelos ativos permanentes somados à parte do ativo circulante
que não apresenta alterações durante o período.
c) Necessidades sazonais: são as necessidades de financiamento referentes à
parcela dos ativos circulantes que apresentam alterações no decorrer do período.
Cabe ao administrador financeiro, determinar o montante dos financiamentos
adequados a cada situação e para isso, dispõe de algumas estratégias.
Estratégia Agressiva: A empresa mantém recursos permanentes na medida
exata para financiar suas necessidades permanentes sendo que as necessidades sazonais
são financiadas com recursos de curto prazo, (temporários).
Estratégia Conservadora: é a que consiste em financiar todas as suas
necessidades de recursos através de financiamento de longo prazo.
Estratégia Intermediária ou Moderada: os recursos permanentes financiarão
as necessidades permanentes e mais uma parte das necessidades sazonais.
Resultado Comparativo das Alternativas
Estratégia
CGL
Risco
Agressiva
Menor
Maior
Intermediária
Médio
Médio
Custo
Menor
Médio
Lucratividade
Maior
Médio
Conservadora
Maior
Menor
8.
Maior
Menor
MERCADO DE RENDA FIXA E TÍTULOS PRIVADOS.
8.1 CERTIFICADOS DE DEPÓSITO BANCÁRIO (CDB)
Os certificados de depósito bancário (CDBs) foram criados pela Lei nº 4.728, de
14/7/1965. São títulos que representam uma promessa de pagamento futuro firmada
pela instituição financeira emissora. São os mais antigos e utilizados títulos de captação
dos bancos múltiplos com carteira comercial, de investimento e/ou desenvolvimento, os
bancos comerciais, os bancos de investimento e os bancos de desenvolvimento, sendo
oficialmente conhecidos por “depósitos a prazo”.
Com a edição da Circular nº 2.905, de 30/6/1999, que produziu efeito a partir de
2/8/1999, os títulos com remuneração contratada com base em taxas pré-fixadas
deixaram de estar sujeitos a prazos mínimos. As operações referenciadas em TR e TJLP
passaram a ter prazo mínimo de 1 mês, e as referenciadas em TBF, 2 meses. A Circular
estabeleceu, ainda, que estariam livres de prazos mínimos os títulos com remuneração
contratada com base em taxas flutuantes desde que estas fossem regularmente
calculadas, de conhecimento público e baseadas em operações contratadas a taxas de
Mercado pré-fixadas, com prazo não-inferior ao período de reajuste estipulado em
contrato. São exemplos destas taxas a Taxa SELIC e a Taxa Média de Depósitos
Interfinanceiros de Um Dia, ou Taxa DI. Admite-se, também, a emissão de Certificados
de Depósito Bancário com reajuste de valor por índice de preço, desde que tenham
60
prazo e periodicidade de reajuste mínimos de um ano e que o índice de preços em
questão seja regularmente calculado e de conhecimento público, como o IGP-M
divulgado pela FGV, por exemplo.
Apesar de alguns tipos de Certificados de Depósitos Bancários não terem prazos
mínimos, a Portaria MF nº 264, de 30/6/1999, determinou a incidência de IOF sobre os
rendimentos das operações realizadas nos Mercados de renda fixa desincentivando os
resgates nos prazos inferiores a 30 dias.
Os Certificados de Depósito Bancário são transferíveis por endosso nominativo
e podem ser resgatados a critério da instituição emissora antes do prazo de vencimento,
desde que respeitados os prazos mínimos. Além disso, não podem ser prorrogados, mas
renovados a partir de uma nova contratação.
Normalmente, as aplicações têm prazos que variam entre 30 dias e 1800 dias.
Em geral, os bancos concedem taxas melhores de acordo com o volume investido, isto
é, quanto maior o investimento, melhor deve ser a taxa que você receberá do banco. Os
CDBs não podem ser prorrogados, somente renovados, de forma que na data de
vencimento do seu CDB, os juros que você recebeu, no período, serão depositados na
sua conta corrente, descontados dos impostos. A grande desvantagem dos CDBs em
confronto com os Fundos de Investimento de renda fixa reside, exatamente, nesta
necessidade de renovar a aplicação. Ao contrário do que acontece com os Fundos de
Investimento, nos quais a CPMF só é cobrada uma vez, nos CDB, ela é cobrada a cada
renovação da aplicação, o que acaba corroendo parte da rentabilidade da aplicação. Por
este motivo, os certificados com remuneração atrelada às taxas SELIC ou DI são,
geralmente, emitidos sem prazo de vencimento, sendo acordado, entre a instituição
financeira e o investidor, um prazo a partir do qual será permitido o seu resgate.
Dessa forma, evita-se o custo de novas contratações. Os ganhos obtidos na
aplicação em CDB estão sujeitos ao IRRF pelo banco que o emitiu.
Ao aplicar seus recursos em um CDB, o investidor deve estar ciente do risco de
que o banco que emitiu o CDB fique inadimplente. Nesse caso, a aplicação é garantida
pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), vinculado ao Governo Federal, somente até o
valor máximo de R$ 20.000,00 por cada CPF.
8.2 RECIBO DE DEPÓSITO BANCÁRIO (RDB)
Os Recibos de Depósito Bancário têm as mesmas características de um CDB,
com a diferença de que os recibos não podem ser negociados no Mercado secundário
nem permitem a retirada antecipada dos recursos depositados. Contudo, os Recibos de
Depósito Bancário podem ser rescindidos em caráter excepcional, desde que com
acordo da instituição depositária. Neste caso, só poderá ser devolvido ao investidor, o
valor do principal depositado, sem os juros.
Definição: É uma promessa de pagamento em determinada data futura da
importância do depósito, acrescida do valor da correção e dos juros convencionados. O
RDB é inegociável, não podendo ser resgatado antes do vencimento, salvo mediante
acordo com a instituição financeira depositária, geralmente sem o recebimento dos
rendimentos estabelecidos.
8.3 CERTIFICADO DE DEPÓSITO INTERBANCÁRIO (CDI)
As instituições financeiras disputam no mercado os recursos disponíveis para
captação. Devido à volatilidade das taxas dos diferentes papéis em mercado, os recursos
61
financeiros disponíveis estarão procurando as melhores aplicações, quer seja em CDB,
LC ou LI.
De forma a garantir uma distribuição de recursos que atenda ao fluxo de
recursos demandados pelas instituições, foi criado, em meados da década de 1980, o
CDI. Os Certificados de Depósito Interbancário são os títulos de emissão das
instituições financeiras, que lastreiam as operações do mercado interbancário. Suas
características são idênticas às de um CDB, mas sua negociação é restrita ao mercado
interbancário. Sua função é, portanto, transferir recursos de uma instituição financeira
para outra. Em outras palavras, para que o sistema seja mais fluido, quem tem dinheiro
sobrando empresta para quem não tem.
As operações se realizam fora do âmbito do Banco Central, tanto que, neste
mercado, não há incidência de qualquer tipo de imposto, as transações são fechadas por
meio eletrônico e registradas nos computadores das instituições envolvidas e nos
terminais da Câmara de Custódia e Liquidação (CETIP). A maioria das operações é
negociada por um só dia, como no antigo overnight.
Portanto, pode-se definir como sua função manter a fluidez do sistema, ou seja,
quem tem dinheiro em excesso empresta para quem estiver precisando. Grande parte
das operações é negociada com período de apenas um dia. Apesar disso, tem as
vantagens de ser rápido, seguro e não sofrer nenhum tipo de taxação. Agora, os CDI's
também podem ser negociados em prazos mais dilatados e com taxas pré-fixadas e pósfixadas. Os Certificados de Depósitos Interbancários negociados por um dia, também
são denominados Depósitos Interfinanceiros e detém a característica de funcionarem
como um padrão de taxa média diária, a CDI over.
As taxas do CDI over vão estabelecer os parâmetros das taxas referentes às
operações de empréstimos de curtíssimo prazo, conhecidas como hot money que
embute, na maioria dos casos, o custo do CDI over acrescido de um spread mínimo,
além do custo do PIS.
A taxa média diária do CDI é utilizada como parâmetro para avaliar a
rentabilidade de fundos, como os DI, por exemplo. O CDI é utilizado para avaliar o
custo do dinheiro negociado entre os bancos, no setor privado e, como o CDB
(Certificado de Depósito Bancário), essa modalidade de aplicação pode render taxa de
prefixada ou pós-fixada.
Como o CDI quantifica o custo do dinheiro para os bancos em um determinado
dia, ele é utilizado pelo mercado como parâmetro para fundos de renda fixa e DI. O CDI
é usado também como parâmetro para operações de Swap (contrato de troca de qualquer
tipo, seja ele de moedas, commodities ou ativos financeiros), na Bolsa de Mercadoria &
Futuros (BM&F) para o ajuste diário do DI futuro.
8.3 COMMERCIAL PAPER
É um título privado emitido por companhia nacional ou internacional para o
financiamento de curto prazo, possuindo a mesma finalidade de uma debênture, pois
ambos são opções ao empréstimo bancário, para a captação de recursos através da
emissão de valores mobiliários, pelas sociedades anônimas.
O prazo de vencimento se emitido por companhias fechadas é de 30 a 180 dias, e
quando emitido por companhias abertas, o prazo de vencimento é de 30 a 360 dias.
Dentre as vantagens, para a empres, da emissão de valor mobiliário, está a possibilidade
de captação de recursos direto de investidores, podendo obter taxas inferiores às taxas
62
praticadas em empéstimos bancários. Outro benefício, é a isenção de pagamento de
IOF.
Só é possível uma empresa emitir uma Commercial Paper, se seu índice de
endividamento (PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO /
PATRIMÔNIO LÍQUIDO), incluindo as novas notas promissórias a serem emitidas,
não ultrapassar 1,2. No caso da Nota Promissória, não há garantia real, portanto, é um
instrumento para empresas com bom conceito de crédito.
63
9.
MERCADO DE RENDA FIXA DE TÍTULOS PÙBLICOS FEDERAIS
9.1 LETRAS DO TESOURO NACIONAL (LTN)
A LTN é um título prefixado, o que significa que sua rentabilidade é definida no
momento da compra. A rentabilidade é dada pela diferença entre o preço de compra do
título e seu valor nominal (valor de face) no vencimento, sempre R$ 1.000,00. Essa
diferença é conhecida como deságio do título.
A LTN possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a aplicação
e recebe o valor de face1 (valor investido somado à rentabilidade) na data de
vencimento do título.
9.2 LETRAS FINANCEIRAS DO TESOURO NACIONAL (LFT)
A LFT é um título pós-fixado, cuja rentabilidade segue a variação da taxa
SELIC, a taxa de juros básica da economia. Sua remuneração é dada pela variação da
taxa SELIC diária registrada entre a data de liquidação da compra e a data de
vencimento do título, acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra.
A LFT possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a compra e
recebe o rendimento apenas uma vez, na data de vencimento do título, junto com o valor
do principal.
9.3 NOTAS DO TESOURO NACIONAL (NTN)
Estes títulos são emitidos com o intuito de alongar o prazo de financiamento da
dívida do Tesouro. As NTN poderão ser emitidas em dez séries: A,B,C,D,F,H,I,M,P, e
R, subsérie 2.
As NTN são geralmente pós-fixadas corrigidas a um indexador, como IGP-M,
TR, TBF e TJLP. Possuem um valor nominal de emissão, que são geralmente múltiplos
de R$1.000,00. Seus juros são pagos periodicamente, sendo o prazo mínimo de emissão
de três meses.
O valor de mercado de uma NTN é a somatória: dos valores presentes dos fluxos
financeiros + valor do pagamento de cupons + o principal.
9.4 CÁLCULO DA TAXA DE SELIC
SELIC = Sistema Especial de Liquidação e Custódia: é um dos instrumentos de
remuneração dos títulos públicos. A sua taxa é definida em reuniões a cada 45 dias do
COPOM. A sua remuneração é diária o que gera maior liquidez a estes títulos.
64
10.
TÍTULOS DE RENDA FIXA DE LONGO PRAZO
10.1 DEBÊNTURES EMITIDAS PELAS SOCIEDADES ANÔNIMAS
Debêntures é uma expressão inglesa, geralmente mais empregada no Brasil do
que a sua correspondente francesa “obligation”, também adotada na legislação
brasileira. Debêntures são valores mobiliários emitidos pelas sociedades anônimas,
representativas de empréstimos contraídos pelas mesmas, cada título dando, ao
debenturista, idênticos direitos de crédito contra as sociedades, estabelecidos na
escritura de emissão. Trata-se de um título de massa, porquanto as debêntures são
sempre emitidas em bloco.
A finalidade desse tipo de financiamento é a de satisfazer, de maneira mais
econômica, às necessidades financeiras das sociedades por ações, evitando, com isso, os
contra-tempos das constantes e caras operações de curto prazo, junto ao mercado
financeiro. Dessa forma, as sociedades por ações têm, à sua disposição, as facilidades
necessárias para captação de recursos junto ao público, a prazos longos e juros mais
baixos, com atualização monetária e resgates a prazo fixo ou mediante sorteio,
conforme suas necessidades para melhor adequar o seu fluxo de caixa.
Assim, uma vez identificada a necessidade de captação de recursos financeiros
de terceiros, para concretização de investimentos e para o cumprimento de obrigações
assumidas anteriormente, a administração da empresa, levará à Assembléia Geral,
proposta para que seja contraído empréstimo público, normalmente a longo prazo,
mediante a emissão de debêntures. A Assembléia, obedecendo ao que dispuser os
estatutos, estabelecerá as características do empréstimo, fixando as condições de
emissão, tais como: montante, número de debêntures, prazo, data de emissão, juros,
deságio, amortizações ou resgates programados, conversibilidade ou não em ações,
atualização monetária, e tudo o mais que se fizer necessário, deliberando a respeito.
Uma vez aprovada a emissão de debêntures, cabe à administração da sociedade
praticar todos os atos necessários para a efetivação do empréstimo, mediante a
colocação dos títulos junto ao público, de forma a satisfazer as suas necessidades de
recursos. Os debenturistas têm proteção legal por meio da escritura de emissão e do
agente fiduciário.
A escritura de emissão é um documento legal que especifica as condições sob as
quais a debênture foi emitida, os direitos dos possuidores e os deveres da emitente.
Trata-se de documento extenso contendo cláusulas padronizadas, restritivas e referentes
à garantia. Da escritura constam, entre outras, as seguintes condições: montante da
emissão; quantidade de títulos e o valor nominal unitário; forma; condições de
conversibilidade; espécie; data de emissão; data de vencimento; remuneração; juros;
prêmio; cláusula de aquisição facultativa e/ou resgate antecipado facultativo; condições
de amortização. O agente fiduciário é uma terceira parte envolvida na escritura de
65
emissão, tendo como responsabilidade assegurar que a emitente cumpra as cláusulas
contratuais.
66
11.
SECURITIZAÇÃO
11.1 CONCEITO
O termo securitização advém do inglês, da palavra securitization, que por sua
vez é originada da palavra securities que significa títulos mobiliários.
Securitização é mais um anglicismo incorporado ao dicionário de nosso mercado
financeiro. Do inglês Securitization é a transformação de algum direito, geralmente
direitos creditórios, em um Título ou valor mobiliário (Security).
A Securitização é a monetização à vista de Recebíveis Futuros (direitos
creditórios) através da emissão de um Título representativo destes mesmos direitos
creditórios e respectiva venda do mesmo no Mercado de Capitais.
Até aí nada de muito especial. O resultado da Securitização de operações de
financiamento é o aspecto importante desta combinação de operações bancárias
tradicionais com operações de mercado de capitais.
A Securitização cria uma dinâmica operacional nova para as instituições
financeiras. O Banco passa a captar recursos para novas operações de crédito através da
venda de sua carteira de financiamentos, reduzindo seus ativos de crédito sem elevar
seus passivos.A Securitização cria novas alternativas de captação para os Bancos no
Mercado de Capitais (local e internacional).
Outro aspecto relevante é a melhora dos indicadores de desempenho e risco das
Instituições, quando comparado com a estrutura operacional tradicional onde, o Banco
capta depósitos para novas transações, elevando seus ativos e passivos.
A Securitização permite a otimização operacional dos limites de Basiléia, além
de melhorar os indicadores de liquidez, endividamento e retorno sobre ativos. A
Securitização traz para o dia a dia das Instituições Financeiras um novo ator que é o
Investidor, futuro comprador das debêntures (ou "Euro-Notes") de Securitização. As
Instituições têm que se preparar operacionalmente para fornecer as informações
estatísticas de comportamento da liquidez de suas carteiras de financiamento, além de
manter seus procedimentos de documentação, contratação e originação de
financiamentos com máxima transparência e consistência de processo.
Os Bancos que mais rapidamente se ajustarem a esta nova realidade terão
vantagens competitivas sobre seus concorrentes, aliás os Bancos Internacionais,
principalmente os Bancos Norte-americanos, vêm se beneficiando das vantagens da
Securitização há alguns anos.
Estrutura da Securitização Financeira
A Securitização Financeira é estruturada através da SPE - Sociedade de
Propósito Específico, que compra os direitos creditórios (operações de financiamento)
com o único objetivo de vender no mercado de capitais debêntures (ou "Euro-Notes")
com pagamento de juros e amortizações vinculadas aos direitos creditórios adquiridos
de Instituições controladas pelo Banco Central do Brasil.
Um aspecto importante é que a Sociedade Securitizadora não é uma instituição
financeira e nem tem a supervisão do Banco Central.
Segregação do Risco de Crédito
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No que se refere a risco de crédito, a estrutura consegue a segregação total do
risco de crédito da Instituição originadora do financiamento em relação ao Título
resultante da Securitização.
Devido a cessão dos créditos, a SPE - Sociedade Securitizadora torna-se a única
proprietária dos referidos créditos, independentemente dos eventuais acidentes de
percurso do Banco originador dos créditos.
Isto é, mesmo que o Banco venha a ser liquidado, seus credores não terão direito
algum sobre os créditos anteriormente cedidos para a SPE - Securitizadora.
Assim sendo, a segregação de risco, que é também um dos objetivos da
Securitização, fica plenamente atendida, mesmo no caso de eventual reforço de
garantias do originador dos créditos através da coobrigação nos créditos cedidos para a
SPE-Securitizadora. Neste último caso, o reforço de garantia torna-se letra morta nas
situações de liquidação da Instituição originadora coobrigada. Porém, os créditos
continuam a ser de titularidade da SPE - Securitizadora, assegurando a segregação de
risco de crédito em relação ao originador.
Somente as Securitizações Financeiras Imobiliárias podem receber o reforço de
garantia do originador pela coobrigação. Esta autorização concedida pelo Banco Central
é muito recente (dezembro de 1998) e representou uma importante conquista para
viabilizar as primeiras operações de Securitização Financeira Imobiliária.
Espera-se para breve a extensão dessa autorização de coobrigação do originador
para todas as formas de Securitização Financeira, de modo a superar um dos grandes
entraves para um início vigoroso da Securitização Financeira em nosso País.
Blindagem da SPE - Sociedade de Propósito Específico
Não adiantaria nada a segregação de risco em relação à instituição originadora,
caso a estrutura da SPE - Securitizadora adicionasse riscos para a estrutura.
Assim sendo, desde o início do processo de negociação/discussão técnica dos
representantes do mercado financeiro com as autoridades monetárias, um dos objetivos
perseguidos foi a chamada "blindagem" da estrutura de Securitização Financeira.
A blindagem da SPE - Securitizadora é atingida através do objeto único de
suas atividades operacionais e pela proibição de assumir obrigações incondicionais de
pagamento, inclusive financiamentos.
As debêntures (ou "Euro-Notes") emitidas por Sociedades Securitizadoras
Financeiras deverão obrigatoriamente ter suas escrituras definindo que os respectivos
encargos e amortizações serão pagos com o fruto da cobrança dos créditos vinculados e
condicionados à disponibilidade de caixa nas datas dos respectivos vencimentos.
Risco de Crédito na Securitização Financeira
O resultado desta disposição normativa é que a única fonte de pagamento da
Debênture (ou "Euro-Note") são os créditos financeiros cedidos pela Instituição
Financeira originadora que estejam vinculados formalmente aos títulos de Securitização,
na emissão dos Títulos.
Diferentes séries de Títulos terão diferentes Carteiras de recebíveis vinculadas e
totalmente segregadas. Isto significa dizer que numa mesma Securitizadora, com
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múltiplas séries de debêntures emitidas, poderemos encontrar alguns papéis com seu
fluxo de pagamentos em atraso, simultaneamente a outros com seus pagamentos em dia,
dependendo da liquidez das respectivas carteiras de recebíveis vinculadas.
Assim sendo, o risco de crédito está associado exclusivamente à carteira de
recebíveis vinculada ao Título de Securitização. O balanço da Securitizadora é um
elemento secundário no processo, além do mais, normalmente, as Securitizadoras têm
base de capital simbólica.
O que define o risco é a liquidez estatística da carteira de recebíveis e a margem
adicional de recebíveis dada em garantia, vinculadas ao Título de Securitização.
Na avaliação de risco de um Título de Securitização, o enfoque é totalmente
diferente em relação a análise de risco de crédito de médio e longo prazo de um Banco
ou de uma empresa não financeira.
Na Securitização, temos o que podemos chamar de um "Título de Fluxo de
Caixa" enquanto que num CDB, temos um "Título de Assinatura", neste último caso, o
que vale é o balanço do emissor que está assinando o CDB.
Perspectivas
A estabilização monetária do País abriu às empresas novas perspectivas e novas
necessidades para serem atendidas pelas Instituições Financeiras. O aumento da
demanda por financiamentos e o alongamento dos prazos das operações é uma realidade
irreversível.
Estas novas demandas deverão ser atendidas pelas Instituições Financeiras, num
ambiente de grande volatilidade dos mercados.
Na média, o sistema bancário ainda está com grande folga de alavancagem,
porém, quando se analisa a questão na perspectiva do "estoque" de operações de longo
prazo em relação ao capital de giro próprio das Instituições, esta folga não é tão óbvia.
Mesmo as Instituições de grande porte estarão atingindo rapidamente seus limites
operacionais (prudenciais) para operações de longo prazo, tendo em vista o ambiente de
volatilidade
de
taxas
e
de
liquidez.
A Securitização Financeira é uma alternativa que deverá ser explorada de forma
crescente pelos Bancos, para habilitá-los a atender o crescimento de demanda por
operações de longo prazo.
As Instituições Financeiras estão se preparando para a Securitização, ajustando
seus processos operacionais. Uma nova rede de prestadores de serviços especializados,
complementares à Securitização, também começa a se estruturar, tais como: Empresas
de Rating, Empresas de Gestão de Carteiras de Financiamento ("servicers"),
departamentos especializados em Bancos de Investimentos, etc.
O grande desafio ainda é o de educar/promover/divulgar a Securitização junto
aos Investidores Institucionais, para o seu adequado entendimento. A mudança
conceitual de "papel de assinatura" para "papel de cash-flow" demanda tempo e esforço.
O que é desejável neste momento, para facilitar o processo de implantação da
Securitização Financeira em nosso País, é a autorização, pelo Banco Central, da
coobrigação pela Instituição originadora dos créditos Securitizados. Neste caso,
inicialmente, estaríamos oferecendo no mercado um "papel de cash-flow" com
características semelhantes às que os investidores já estão acostumados, pois teriam o
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reforço de garantia da "assinatura" da Instituição Financeira originadora pela
coobrigação.
A volatilidade e, principalmente, o nível das taxas de juros, ainda inibem o
adequado funcionamento do Mercado de Capitais. A atual situação tende a se
normalizar, abrindo grandes oportunidades para a Securitização Financeira.
Portanto, securitização é uma forma de transformar ativos relativamente
ilíquidos em títulos mobiliários líquidos e de transferir os riscos associados a eles para
os investidores que os compram. Os títulos de securitização são, portanto,
caracterizados por um compromisso de pagamento futuro, de principal e rendimentos, a
partir de um fluxo de caixa proveniente destes ativos.
11.2 ETAPAS DA SECURITIZAÇÃO
As etapas que compõem uma securitização de recebíveis são as seguintes:
1. A empresa originadora agrupa diversos ativos que representam créditos contra
terceiros com a intenção de recebê-los antecipadamente.
2. A empresa originadora realiza a cessão dos créditos à empresa securitizadora,
constituída exclusivamente para receber os créditos e lançar títulos lastreados por estes
créditos (securities).
3. A empresa securitizadora emite títulos que são adquiridos por investidores no
mercado.
4. Os recursos recebidos com o lançamento dos títulos são repassados para
originadora como forma de pagamento da cessão dos recebíveis.
5. A securitizadora faz o pagamento dos investidores mediante o recebimento
dos créditos cedidos pela originadora.
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12.
CAPTAÇÃO DE RECURSOS NO EXTERIOR
12.1 EUROBONDS
Bônus (bonds)
São obrigações de renda fixa emitidas por empresas, bancos ou governos. É um
certificado de dívida, em que o emissor tem a obrigação de pagar um montante
determinado de juros em intervalos pré-determinados, durante um período, e, deverá
pagar também o montante da emissão, ou seja, o principal da dívida, na data de
vencimento.
O comprador do bônus é um credor da empresa, e não um acionista da empresa
Empresas nacionais, com reconhecimento internacional, emitem títulos para
serem lançados no exterior, com o objetivo de captação de volumes elevados. Os
lançamentos são feitos através de bancos, podendo ter taxas de juros fixas ou flutuantes.
Os eurobonds são os títulos de dívida denominados em uma moeda
diferente daquela do país ou mercado em que são emitidos. São subscritos por uma
união internacional de bancos, e distribuídos em diversos países.
A negociação secundária de eurobonds ocorre, na grande maioria, em mercados
de balcão entre investidores qualificados, não havendo pregão ou bolsa organizada para
essas operações.
Eurobonds aplicam-se às obrigações referidas fora do país tomador ou emissor, e
fora do país em cuja moeda os títulos são valorizados. Por exemplo, obrigações
estrangeiras, emitidas em dólares americanos, são conhecidas com Yankee Bonds.
Títulos estrangeiros, emitidos em ienes no Japão, são chamados de Samurai Bonds.
Os emitidos na Grã-Bretanha são chamados de Bulldog Bonds, os emitidos na
Holanda são chamados de Rembrandt Bonds, entre outros diversos.
12.2 EURONOTES
Portanto, quando o custo é favorável, a captação de recursos no mercado externo
é interessante. Nesse mercado, as captações são normalmente feitas em forma de
Euronotes, Eurobonds ou commercial papers
A denominação notes ou bonds é em função do prazo de emissão, sendo os notes
emitidos com prazo de até dez anos e os bonds são títulos mais longos.
Eurobonds ou Euronotes são títulos de renda fixa denominados em dólares
americanos ou em outra moedas e vendidos a investidores fora do país cuja moeda é
usada.
Os bonds são normalmente emitidos por grandes grupos de underwriting
composto por bancos de vários países. Um exemplo de operação de Eurobonds pode
ser uma debênture denominada em dólar, emitida por uma empresa brasileira através de
um grupo de underwriting composto por um banco de investimentos com filial em Nova
71
York, um banco no Brasil e um consórcio de bancos alemães. Uma parte da emissão é
emitida para investidores italianos através de contas de investimentos suíças.
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13 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO
13.1. FONTES DE FINANCIAMENTO – CAPACIDADE DE PAGAMENTO
Visto que o Ativo Circulante (AC) representa o conjunto de bens e direitos de
curto prazo de uma empresa (aquilo que ela possui ou possuirá em curto período de
tempo) e que o Passivo Circulante (PC) representa o conjunto de obrigações de uma
empresa para com terceiros no curto prazo (aquilo que ela deve pagar em curto período
de tempo), é lógico admitir que se o AC for maior do que o PC, melhor será a situação
financeira de curto prazo.
13.1.1 CAPITAL DE GIRO
Segundo Lemes Júnior (2002), o capital de giro pode ser entendido como o valor
dos recursos aplicados pela empresa para movimentar o ciclo operacional, este por sua
vez, é o espaço de tempo decorrente entre a entrada da matéria prima na empresa até o
recebimento das vendas dos produtos acabados resultantes.
Para Braga (1994), o capital de giro refere-se aos recursos aplicados no ativo
circulante, composto principalmente por estoques, contas a receber e disponibilidades.
A correta administração do capital de giro é uma questão fundamental à boa saúde
financeira de uma empresa, visto que o capital de giro tem importante participação no
desempenho operacional. Uma das possíveis conseqüências é que os planos de longo
prazo podem não se concretizar, caso a gerência da empresa não cuide das questões
financeiras cotidianas as quais envolvem administração do fluxo de caixa,
acompanhamento do prazo para pagamento de compras e recebimento das vendas, entre
outras.
A necessidade de capital de giro é fruto do descompasso entre entradas e saídas
de caixa. Nesse sentido, Assaf Neto e Silva (1997) enfatizam que a necessidade de
capital de giro surge da falta de sincronismo entre as atividades de produção, vendas e
cobrança.
Gitman (2002) destaca que as saídas de caixa são relativamente previsíveis,
enquanto que as entradas são mais difíceis de serem previstas. Deste modo, quanto mais
previsíveis forem às entradas de caixa, menor será a necessidade de capital de giro para
a empresa.
Uma administração inadequada do capital de giro pode resultar em graves
problemas financeiros, podendo levar a empresa a uma situação de insolvência.
Nesse sentido, pode-se dizer que a administração do capital de giro envolve dois
aspectos fundamentais:
a.) O primeiro aspecto a ser considerado é o sincronismo entre entradas e saídas
monetárias. Quanto mais previsíveis forem as entradas e saídas de caixa, menor será a
necessidade de capital de giro.
b) o segundo aspecto se refere ao nível de atividade da empresa.
Quanto maior o nível de atividade, ou seja, o volume de vendas, maior a
necessidade de capital de giro.
73
À medida que o volume de vendas aumenta é necessário um correspondente
aumento em estoques, duplicatas a receber e caixa. No entanto, a sazonalidade dos
negócios pode determinar variações nas necessidades de recursos ao longo do tempo.
Sendo assim, diante do contexto do mercado em que atuam, as empresas formalizam
estratégias de administração do capital de giro, avaliando os investimentos correntes e
buscando os passivos mais adequados. Para suprir necessidades eventuais ou constantes
de capital de giro, as empresas podem optar por uma das várias opções oferecidas pelo
mercado financeiro. No entanto, é necessário conhecer detalhadamente todas as
possibilidades de financiamento oferecidas pelo mercado para que se possa proceder à
escolha correta. Fatores como taxa de juros e risco influenciam diretamente na escolha
de fontes de financiamento que podem levar tanto a lucros como a prejuízos. Desta
maneira, faz-se necessário uma cuidadosa análise acerca desses fatores.
13.1.2. CRÉDITO ROTATIVO
Segundo Fortuna (2002), o crédito rotativo é uma linha de crédito aberta com
um limite, podendo este ser utilizado pela empresa à medida de suas necessidades ou
mediante a apresentação de garantias em duplicatas. Os juros e o IOF são cobrados de
acordo com a utilização dos recursos. Para Lemes Júnior et al. (2002), o crédito rotativo
tem um funcionamento semelhante a uma conta-corrente com limite de crédito e prazo
preestabelecido. A empresa pode efetuar saques a descoberto dentro desse limite sem
maiores burocracias. Os encargos financeiros são, normalmente, altos, mas são pagos
somente pelo período que a conta permanece devedora.
13.1.3. DESCONTO DE TÍTULOS
De acordo com Fortuna (2002), desconto de títulos é um adiantamento de
recursos feito pelo banco aos clientes, sobre valores referenciados em duplicatas de
cobrança ou notas promissórias, antecipando, assim, o fluxo de caixa do cliente. Para
Lemes Júnior (2002), o desconto significa a negociação de um título representativo de
crédito, junto a um banco comercial, antes do seu vencimento. Di Agustini (1999)
enfatiza que se o sacado não efetuar o pagamento na data de vencimento, o banco tem
direito de regresso contra o cedente. Assim, o risco do não recebimento do título não é
do banco e sim da empresa que efetuou o desconto. Lemes Júnior (2002) destaca as
seguintes modalidades de desconto de títulos:
- Desconto de duplicatas;
- Desconto de notas promissórias;
- Empréstimo por contrato.
13.1.4. HOT-MONEY
Os chamados empréstimos hot-money são outra forma de empréstimos por
contrato. Para Di Agustini (1999), o s empréstimos hot-money são alternativas de
financiamento de capital de giro de curtíssimo prazo destinadas a suprir necessidades
momentâneas de caixa. Os contratos de hot-money são garantidos, normalmente, por
nota promissória. Lemes Júnior et al. (2002) destacam que os encargos financeiros
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desse tipo de operação são cobrados pelo período do empréstimo, porém, segundo
Meurer (2003), tal operação apresenta elevado custo financeiro.
13.1.5. CONTAS GARANTIDAS
As contas garantidas são contas vinculadas à conta corrente da empresa, usadas
quando o saldo se torna devedor. Quando isso acontece são feitos saques
automaticamente para que os débitos sejam supridos. É necessário fazer um aviso
prévio para o banco realizar a transferência da conta garantida para a conta corrente,
incidindo sobre o saque o IOF. Foregon ap. Meurer (2003) acrescenta que os juros
devidos pelos excessos das contas correntes são cobrados mensalmente e diferem do
cheque especial, pois é uma conta separada, desvinculada da conta corrente, sendo que a
garantia, geralmente, é uma nota promissória em branco.
13.1.6. EMPRÉSTIMOS DE CAPITAL DE GIRO
Na definição de Fortuna (2002), empréstimos de capital de giro são operações
tradicionais de empréstimos que atendem às necessidades de capital de giro das
empresas. São feitos através de um contrato que estabelece prazos, taxas, valores e
garantias. O plano de amortização, geralmente, envolve prazo de até 24 meses, podendo
variar. Duplicatas com até 150% do principal emprestado podem ser usadas como
garantias, proporcionando, assim, taxas de juros mais baixas. No caso de outras
garantias serem entregues, como aval e notas promissórias, os juros são mais altos.
13.1.7. LEASING
Arrendamento mercantil ou leasing é uma forma da empresa ter um bem sem
realizar a compra. A operação pressupõe um arrendador, proprietário do bem, e um
arrendatário, que terá direito de utilização do bem mediante um contrato e por um prazo
previamente determinado.
As principais vantagens do leasing são: financiamento total do bem; liberação de
capital de giro; dupla economia de imposto de renda (dedução de aluguéis e não
imobilização de equipamentos); aceleração da depreciação; e, simplificação contábil
(Fortuna, 2002). O leasing não sofre incidência de IOF mas está sujeito ao pagamento
de ISS sobre o valor total.
13.1.8. FACTORING
A definição de factoring implica aquisição, pro soluto, de créditos de empresas,
originados de suas vendas ou de prestação de serviços a prazo, pela casa de factoring
combinado com a contínua prestação de serviços de alavancagem mercadológica, de
seleção de riscos ou de outros serviços (Leite,1999). Segundo Di Augustini (1999), por
não ser caracterizada como uma operação financeira não ocorre incidência de IOF sobre
a operação de factoring. Porém, a operação é tributada pelo ISS sobre o serviço
prestado.
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Lemes Júnior (2002), enfatizam que os custos da operação de factoring tendem a
ser 65 maiores do que os custos de empréstimos devido ao fato de a casa de factoring
assumir o risco de inadimplência do devedor e de ela prestar outros serviços nãofinanceiros.
13.1.9. BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES é uma
empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior que tem como objetivo financiar a longo prazo os empreendimentos
que contribuam para o desenvolvimento do país. Os tipos de investimentos apoiados
são:
- Implantação, expansão e modernização de atividades produtivas e da infraestrutura;
- Comercialização de produtos e serviços no Brasil e no exterior;
- Capacitação tecnológica;
- Treinamento de pessoal, formação e qualificação profissional.
Os itens não financiáveis são:
- Terrenos e benfeitorias existentes;
- Máquinas e equipamentos usados (exceto para microempresas);
- Animais para revenda, formação de pastos em áreas de preservação ambiental;
- Veículos;
- Capital de giro para exportação, agropecuária e serviços, exceto,
microempresas prestadoras de serviço.
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14 MERCADO DE RENDA FIXA DE TÍTULOS PRIVADOS
14.1 LETRAS DE CÂMBIO (LC)
As Letras de Câmbio representam o instrumento de captação específico das
Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento – as chamadas "Financeiras" – e
são emitidos sempre com base em uma transação comercial. Elas são emitidas pelos
financiados dos contratos de crédito e aceitas pelas instituições financeiras participantes
da operação.
Com o aceite e a coobrigação das Sociedades de Crédito, Financiamento e
Investimento, a Letra de Câmbio é vendida a investidores do Mercado financeiro,
cumprindo seu objetivo de obter recursos para o financiamento do crédito direto ao
consumidor.
Esses títulos estão regulados pelo art. 27 da Lei nº 4.728, de 14/7/1965, e podem
ser emitidos com taxas pré-fixadas, flutuantes ou pós-fixadas em TR, TJLP ou TBF. O
prazo mínimo para o vencimento é de 60 dias e o máximo é de 180 dias.
14.2 FUNDOS DE RENDA FIXA
Os fundos de investimentos funcionam como um consórcio, eles não se
beneficiam do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC protege depósitos de
caderneta de poupança, CDB, letras hipotecárias, letras de câmbio e depósitos em conta
corrente. O teto de valor garantido é de R$ 20.000 por CPF e por instituição financeira,
isto, é se você tem uma caderneta de poupança com R$ 10.000, um CDB de R$20.000 e
uma conta corrente com R$ 5.000, então você deverá receber R$ 20.000,00 em caso de
falência da instituição financeira.
Entretanto, se você tivesse R$ 20.000 aplicados em um fundo de renda fixa, ao
invés de CDB, então você receberá apenas R$ 15.000 em caso de falência do banco.
Vale lembrar que como os fundos de investimentos são pessoas jurídicas distintas da
instituição administradora, então eles não devem ser afetados pela falência do banco.
Os fundos de renda fixa são regulados pelo Bacen e constituindo-se na maior
classe de fundos de investimento, sendo composta por 4 subclasses: renda fixa
tradicionais, renda fixa crédito, renda fixa multi-índices e renda fixa alavancados,
detalhadas abaixo:
a) Renda fixa tradicional: Estes fundos aplicam seus recursos, sobretudo, em
títulos de renda fixa pré-fixados, e por isto são recomendados em cenários em que se
espera uma redução nas taxas de juros. Dentre as subclasses de fundos de renda fixa esta
é a de menor risco, pois investe apenas em títulos públicos e não utiliza alavancagem ou
derivativos. Devem manter, no mínimo, 80% de sua carteira em títulos públicos federais
ou ativos com baixo risco de crédito.
b) Renda fixa crédito: Na tentativa de obter rendimentos mais atrativos que os
renda fixa tradicionais diversificam suas aplicações em renda fixa, investindo também
em títulos privados, como debêntures de empresas brasileiras.
Desta forma, além de estar exposto aos riscos do mercado de juros, o investidor
também corre risco de crédito caso as empresas que emitiram os títulos enfrentarem
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dificuldades financeiras atrasando ou suspendendo o pagamento dos juros destes títulos,
o que acabaria refletindo no valor das cotas.
c) Renda fixa multiíndices: Engloba os fundos de renda fixa que buscam
alcançar rentabilidade mais atrativa através do investimento em ativos de renda fixa de
qualquer espectro de risco de crédito, ou seja, títulos públicos ou privados, assim como
adotam estratégias que impliquem em risco de índices de preço. Desta forma, fazem
parte desta categoria os fundos de renda fixa com risco de indexadores (fundos IGPM,
etc.), sem alavancagem. Estes fundos não podem investir em ativos que impliquem em
risco de oscilações de moeda estrangeira e de renda variável (ações, etc).
d) Renda fixa alavancados: A única diferença com relação aos multi-índices é
que estes fundos podem inclusive realizar operações que impliquem em alavancagem do
patrimônio, enquanto nos multi-índices isto não é permitido.
14.3 FUNDOS DE RENDA VARIÁVEL
Os fundos de renda variável devem ter no mínimo 51% de seu patrimônio em
ações, podendo atuar no mercado futuro e são regulados pela CVM. Podem sofrer fortes
oscilações, tanto positivas quanto negativas. Costumam investir no mercado de
derivativos para travar as perdas de patrimônio, quando as ações despencam mais que o
limite suportável pelos cotistas.
É uma excelente oportunidade quando os preços das ações estão baixos e há
perspectivas reais de crescimento das empresas e do país. Podem não compensar o
risco, quando os juros pagos pelo governo são maiores que a rentabilidade das
empresas. São referenciados em um índice, como o brasileiro Ibovespa. Os fundos
passivos vão tentar se espelhar o Ibovespa e prometem o mesmo rendimento do fundo.
Outros fundos, os ativos, podem prometer superar o rendimento do Ibovespa.
Também há os fundos setoriais, que dirigem os investimentos em papéis de
determinados setores como telecomunicações, energia e bancos.
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