wisc - subteste de compreensão

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@@@ 2. Compreensão
2. 1. Descrição e história
Este subteste constitui-se de 14 perguntas-problema, idealizadas para explorar a capacidade
de compreender situações comportamentais de natureza social. As questões exigem
respostas relacionadas à experiências comuns vividas por todas as crianças da sociedade. O
conteúdo é semelhante ao da Escala de Inteligência de Binet e demonstrou que a
compreensão verbalizada de situações de comportamento social é um aspecto essencial do
processos intelectuais.
2.2. Fundamentação teórica
Os pressupostos básicos desse subteste são formados por vários conceitos interrelacionados
Estes têm por base que os comportamentos sociais e morais, são adquiridos por crianças,
tanto através de experiências vividas no cotidiano, como na educação escolar formal. Do
mesmo modo que em informação, os itens de Compreensão, abrangem uma grande
variedade de situações, em que a extensão da compreensão do individuo, reflete o nível de
seus processos intelectuais. Outra afirmação é que a criança com maiores habilidades,
interesses mais amplos e mais curiosidade, terão melhor conhecimento e facilidade para
utilizá-los na solução de problemas sociais práticos que lhe são apresentados nesse subteste.
Para responder as questões a criança deve sintetizar seus conhecimentos obtidos, ou através
das experiências práticas de todos os dias ou, da educação formal, afim de se revelarem
capazes de enfrentar e solucionar problemas práticos de comportamento social.
@ 2.3. O que o teste mede
Este subteste da escala WISC consiste numa tentativa: — de determinar o nível de
habilidade de uma criança em usar julgamentos práticos nas ações sociais de todos os dias;
— de demonstrar em que extensão se deu a aculturação social; — de verificar a extensão
em que desenvolveu uma consciência madura ou o senso moral. Como foi visto por
Wechsler, segundo Glasser e Zimmerman (1972), estes fatores requerem o uso dos
chamados julgamentos de senso comum numa variedade de situações. O sucesso neste teste
depende, provavelmente: — de informações práticas; — habilidade para avaliar e utilizar
experiências passadas de uma maneira socialmente aceita; — habilidade da criança em
verbalizar; — utilizar informação prática em sentido socialmente aceito, o que denota
adequação do pensamento e reflete em alto grau o estado emocional da criança. O modo
como a criança resolve os problemas, reflete seu equilíbrio e estabilidade emocional. Isto
pode ser detectado pela habilidade da criança em evitar a verbalização de comportamentos
impulsivos, anti-sociais ou extravagantes. Isto não significa que estes comportamentos não
ocorrem, simplesmente por não serem expressos me palavras. No entanto evitar respostas
pobres e dar respostas aceitáveis indica uma compreensão mesmo que superficial do
significado do papel social. As respostas estereotipadas
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podem esconder um julgamento social inadequado ou um sentido moral pobremente
desenvolvido.
Este teste permite também observar algumas diferenças quanto ao sexo, favorecendo
meninos e refletindo diferentes papéis que os meninos têm na cultura americana. Desde que
os meninos são freqüentemente mais ativos na sociedade, eles podem ser mais solicitados a
lidar com muito mais aspectos do comportamento social, do que as meninas e, portanto,
capazes de dar respostas mais adequadas nesta parte do WISC (Glasser e Zimnierman,
1972).
2.4. Composição dos itens
Esta parte do teste utiliza elementos que questionam sobre problemas práticos do cotidiano,
que algumas vezes implicam em conhecimento escolar adquirido: “o que você faria se
desse um corte no dedo?” ou “o que você faria se perdesse a bola (bonecaS) de seu (sua)
amigo(a)?” estes são exemplos de ocorrências diárias. Estes itens solicitam respostas em
que a criança deve apontar uma razão (ou uma resposta). Já nas questões governo-concurso
“Porque que os cargos públicos devem ser ocupados por pessoas que prestaram concurso?”
é necessário que a criança aponte duas razões. Esta resposta depende segundo Glasser e
Zimmerman (1972) de conhecimentos recebidos na escola ou num ambiente sócio-cultural
em particular.
2.5. Vantagens
A maior vantagem deste subteste está no fato de ser rica fonte de material clinicamente
relevante. Este material varia desde pensamentos extravagantes ou preocupações extremas
consigo mesmo ou por temas específicos, até o perfeccionismo, a compulsão e a
ambivalência. Hábitos peculiares de verbalização podem ser notados, bem como reações
maldosas ou anti-sociais (“não faria nada’). A educação limitada nos anos escolares
intermediários, não prejudica os resultados, pois, nesta época a maioria das crianças são
expostas à informação. O teste indica se a criança aprendeu os comportamentos e
conhecimentos sociais convencionais. Os itens de Compreensão abrangem respostas fáceis,
de forma que todas as crianças expenenciam algum sucesso neles. Permite comparar
também, o conhecimento adquirido na escola e o conhecimentos que podem advir da
experiência do dia a dia.
2.6 Limitações
Uma desvantagem muito importante em Compreensão é a exigência de respostas múltiplas
nos últimos itens, uma exigência que dificilmente é percebida pela criança. Isto pode
prejudicar dois tipos de crianças: aquelas que se esforçam em dar a melhor resposta e a
criança que simplesmente não é compulsiva e considera umas resposta suficiente. Crianças
mais jovens, precisam ser independentes e orientadas para poderem responder aos itens,
que se referem a situações às quais nunca ouviram falar. Crianças mais velhas no entanto,
podem responder bem, simplesmente, porque aprenderam as regras do comportamento sem
necessariamente compreendê-las. Compreensão pode prejudicar indivíduos criativos que
buscam soluções originais para resolver problemas. Este teste é, particularmente,
vulnerável a desajustamentos psicológicos.
Assim, itens que provaram ser traumáticos podem confundir a avaliação intelectual, de
modo que reações passageiras tornam-se o fator governante, em lugar da cognição. A
necessidade de dependência e seu correlato, a superproteção materna, podem limitar o
sucesso no resultado.
@ 2.7. Sumário de Interpretações
Respostas especificas, freqüentemente, oferecem ricas indicações clínicas com relação às
preocupações da criança e sua habilidade para enfrentar problemas. Podem indicar uma
lo
criança passiva, infantil; impulsiva, hostil; uma criança perturbada, extravagante, com
afetos atípicos.
Resultados altos podem indicar uma série de fatores como: astúcia, qualidades práticas
refinadas, experiência de vida, organização superior do conhecimento, maturidade social,
capacidade de verbalizar bem. Uma tendência à produtividade (respostas múltiplas),
tendências compulsivas ou alto nível d aspiração.
Resultados baixos podem sugerir uma série de significados, ou seja, a capacidade da
criança em lidar com seu ambiente de todo dia pode ter sido limitada por restrições de
natureza fisica ou psicológica. Algumas crianças não-verbais, simplesmente, não dizem o
suficiente para atingir um nível satisfatório na avaliação das respostas. Algumas crianças
têm pouca experiência em expressar suas idéias em palavras. Outras, que são muito
pefeccionistas, podem prejudicar suas respostas fazendo acréscimos ou especificações
desnecessárias.
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