@@@ Diferenças significativas entre cada prova e as outras da escala Dando sequência ao estudo estatístico a que o WISC foi submetido, Glasser e Zimmerman (1972), citam o estudo realizado por Hopkins e Michael, em 1961, que a partir dos pontos transformados (contagem ponderada do teste) analisaram a dispersão, os perfis (padrões) e os sintomas. A dispersão entre os resultados nas diferentes provas, é utilizada para fins diagnósticos, embora, essas diferenças encontradas na amostra do teste, sejam discutíveis na prática. O objetivo de analisar os fatores que compõem as provas do teste, é o de buscar compreender como a criança reage em relação as tarefas apresentadas a ela. A comparação estatística é só parte da análise. As diferenças, mesmo que muito grandes, podem ser devidas ao azar (em 5% dos casos), porém diferenças menores, podem significar dados mais valiosos que variações reais na capacidade intelectual. Assim pode-se apontar, segundo os dados encontrados em Glasser e Zimmerman (1972), as diferenças significativas entre cada subteste do WISC o os outros da Escala, 28 lembrando que deve-se calcular a diferença a partir das contagens ponderadas e ao nível de 5%. Para ser estatisticamente signjficativa a diferença entre Infonnação e os subtestes de Aritmética, Semelhanças, Vocabulário ou Cubos, deve ser de 4 (quatro) unidades na contagem ponderada e em relação aos demais subtestes, deve ser de 5 (cinco) unidades. A diferença entre o subteste de Compreensão e Aritmética, Vocabulário ou Cubos, deve ser de 4 (quatro) pontos ou mais e a diferença entre Compreensão e as demais provas deve ser de 5 (cinco) pontos. A diferença entre Aritmética e Informação, Compreensão, Semelhanças, Arranjo de Figuras ou Cubos, deve ser de 4 (quatro) pontos; entre Aritmética e Vocabulário, 3 (três) pontos e em relação as outras provas, de 5 (cinco) pontos. Para ser significativa a diferença entre Semelhanças e Informações, Aritmética, Vocabulário ou Cubos, deve ser de 4 (quatro) pontos e em relação aos demais subtestes, 5 (cinco) pontos. Comparando-se Números com Informação, Compreensão, Aritmética Semelhanças, Vocabulário, Arranjo de Figuras e Cubos, deve haver uma diferença de 5 (cinco) unidades para que se possa considerar estatisticamente significativa ao nível de 5%. Para os demais subtestes a diferença deve ser de 6 (seis) pontos. A diferença entre Vocabulário e Informação, Compreensão, Semelhanças, Completar Figuras ou Arranjo de Figuras, deve ser de 3 (três) pontos; entre Vocabulário e os demais subtestes, 5 (cinco) pontos. Entre Completar Figuras, Números e Código, a diferença para ser considerada significativa deve ser de 5 (cinco) pontos e em relação aos demais subtestes, 4 (quatro) pontos. A diferença entre Arranjo de Figuras e Código, para ser significativa deve ser de 6 (seis) pontos; entre Arranjo de Figuras e informação, Compreensão, Semelhanças, Números, Completar Figuras e Armar Objetos deve ser de 5 (cinco) pontos e 4 (quatro) pontos com os demais subtestes. A diferença entre Cubos e Números, Completar Figuras, Armar Objetos e Código deve ser de 5 (cinco) pontos; Cubos com informação, Compreensão, Aritmética, Semelhanças, Arranjo de Figuras deve ser 4 (quatro) pontos e com Vocabulário, 3 (três) pontos. Para ser significativa a diferença entre Armar Objetos, Números e Códigos deverá ser de 6 (seis) pontos e com os demais subtestes, 5 (cinco) pontos. A diferença entre Código e os subtestes de Informação, Compreensão, Aritmética, Semelhanças, Vocabulário e Cubos deverá ser de 5 (cinco) unidades e com os demais subtestes, 6 (seis) unidades. Labirintos não apresenta dados a respeito das diferenças significativas com os outros subtestes. Concluindo Labirinos, assim como Números, são consideradas por alguns autores, provas suplementares da Escala. @@@ A interpretação dos resultados de acordo com a Teoria de Guilford. Guilford citado por Glasser e Zimmerman (1972), em 1960, juntamente com Merrifleld, realiza a análise de cada prova do WISC, de acordo com o estudo da estrutura fatorial da inteligência. Como foi dito anteriormente, Guilford sugere uma visão geral do intelecto que pode ser definido em três dimensões que são: (1) conteúdos (estímulos que o indivíduo relaciona ao utilizar sua inteligência); (2) operações (tipos de comportamento observados quando atua intelectualmente); e (3) produtos (tipos de comportamento que se realizam com os diferentes conteúdos). Cada uma das dimensões subdivide-se em definições chamadas mutuamente exclusivas. Nos conteúdos as categorias são: Figurativa, Simbólica, Semântica e (“omportamenlal. Nas operações se distingue: Memória, Produção divergente, Produção 29 com’ergente e Avaliação. Nos produtos temos: Unidades, Classes, Relações, Sistemas, Transformações e Implicações. No subteste de Informação os fatores determinados por Guilford podem ser expressos em cinco fatores diferentes: compreensão verbal (conhecer os significados atribuídos às palavras na linguagem), memória de idéias (reproduzir as idéias memorizadas), padrões simbólicos ( (reproduzir ou recordar interrelações entre signos e elementos de uma classe), memória associativa (recordar associações de idéias significativas) e seleção de relações semânticas (selecionar a relação mais semelhante, por seu significado a uma relação dada ou implícita). Em compreensão os itens de 1 a 5 requerem do sujeito julgamento, os itens 6 e 7 compreensão verbal e os itens de 8 a 14, sensibilidade aos problemas. Aritmética solicita do sujeito , segundo a teoria de Guilford, raciocínio geral e facilidade simbólica. Em Semelhanças é solicitado ao sujeito o uso de fluidez associativa, nos itens de 1 a 4, relações semânticas e fluidez expressiva (grupo de idéias interrelacionadas) nos itens de 5 a 16. Para Guilford o fator que compõe o teste de Vocabulário é compreensão verbal. O subteste de Completar Figuras, segundo o ponto de vista de Guilford, engloba os seguintes fatores: cognição visual ou auditiva, previsão perceptiva e seleção de relações figurativas. Na cognição visual ou auditiva diferenciam-se elementos figurativos apresentados em certa ordem. A previsão perceptiva solicita que o examinando se dê conta das possibilidades implícitas, num contexto figurativo. E na seleção de relações figurativas, o examinando elege as relações que mais concordam com um critério estabelecido. Em Arranjo de Figuras Guilford aponta os seguintes fatores como componentes da prova: construção de padrões semânticos, que se dá, quando o sujeito constrói a partir de várias idéias dadas, um sistema no qual estas idéias estão interrelacionadas em função de seu significado, e seleção de relações semânticas, quando o examinando, descreve verbalmente a sequência de cartões (conta a história). No subteste de Cubos, os fatores que Guilford aponta como componentes do subteste são: relações figurativas, reestruturação figurativa e seleção figurativa. Nas relações figurativas o sujeito deve captar as relações entre as formas observadas e outro elementos figurativos, na reestruturação figurativa o sujeito deve efetuar uma troca de interpretação de um complexo figurativo de modo que apareça uma unidade figurativa predeterminada. Na seleção figurativa, o sujeito deve julgar rapidamente que entidades figurativas concordam com o critério estabelecido. Em Armar Objetos os fatores que compõe esta prova são: orientação espacial, visualização e seleção figurativa. Em orientação espacial, o sujeito deverá captar as inter- relações coerentes entre formas ou outros elementos figurativos e captar as propriedades sistemáticas invariáveis. Na visualização, deverá compreender as novas interrelações figurativas dos elementos resultantes da mudança indicada. Na seleção figurativa, deve julgar rapidamente que entidades figurativas concordam com um critério estabelecido. No subeteste Código, os fatores que o determinam são: possibilidade simbólica e facilidade simbólica. Em possibilidade simbólica o sujeito deve captar possíveis operações a realizar com símbolos, números de elementos codificados (eliminar redundâncias) e facilidade simbólica (que inclui a facilidade numérica) implica em recordar os resultados esperados de associações determinadas sobre símbolos, números e elementos codificados. Em Labirintos o fator que envolve o teste é previsão perceptiva que é a capacidade para interpretar o organizar os materiais percebidos visualmente, num tempo limitado. 30 Considerações finais Pode-se perceber através do material exposto as diversas formas de se interpretar os resultados de um teste que a princípio é psicométrico. A riqueza de seu conteúdo permite ao psicólogo analisar os resultados de acordo com o objetivo e a necessidade que o caso, a queixa e o sujeito solicitam. Outra visão refere-se à abordagem projetiva do teste que é defendida e utilizada por profissionais da área. Constitui-se esta última forma também, num modo de analisar o comportamento, as respostas do sujeito, suas reações frente ao instrumento que traduzem os aspectos qualitativos dos resultados. Dessa forma recorre-se ao WISC como uma escala que permite, de acordo com o estilo de atuação, conhecer os processos psíquicos de uma criança e o que se pode esperar dela. Sendo um teste de inteligência, proporciona informações a respeito do funcionamento intelectual da criança de acordo com os conhecimentos adquiridos, retidos e utilizados para resolver problemas e questões que dependem de aprendizagem e do meio ambiente. Sob este âmbito, verifica-se também a capacidade verbal da criança. Através das respostas dadas, pode- se observar também, os aspectos adaptativos, defensivos da personalidade, a rigidez ou flexibilidade do pensamento e até que ponto as funções intelectuais impessoais e imparciais estão dominadas por conflitos de ordem emocional. Claro que a criança está, segundo Glasser e Zimmerman (1972), mais exposta que os adultos às influências emocionais e que é um indício de maturidade ao resolver problemas intelectuais aludir componentes emocionais. Separar estes dois aspectos do processo psíquico, é relativo já que depende de cada criança o estilo de abordar situações de vida formadas por um conjunto de elementos. BIBLIOGRAFIA GLASSER, Alan J. e ZIMIMIERMAN, Iria L., Jnlerpretación Clínica de la L’ de Jnte/igencia de Wechsler para Ni,zos (WISC). Madrid: Ediciones TEA, S.A., 1972.