Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º trimestre de 2017 Tema geral: “Apascenta as Minhas ovelhas”: 1 e 2 Pedro Lição 2: 1º a 8 de abril Uma herança incorruptível Autor: Moisés Mattos Editor: André Oliveira Santos: [email protected] Revisora: Josiéli Nóbrega Além deste comentário escrito, o Pr Moisés Mattos publica a cada semana um esboço para professores, em sua página do facebook (https://www.facebook.com/classedeprofessores/) e no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCLjNImiw8T4HieefHrrTOxA) Introdução: Sempre que estudamos os livros da Bíblia, precisamos fazer algumas perguntas que nos ajudarão a entender o texto sagrado: Quem escreveu? Quando escreveu? A quem escreveu? Quais temas desenvolveu? Nesta semana vamos nos concentrar em duas dessas questões: 1) A quem escreveu? 2) Quais temas desenvolveu? I - A quem escreveu? As duas epístolas de Pedro podem ser chamadas de católicas, isto é, “de acordo com o todo” porque não são dirigidas a uma pessoa ou congregação específica, mas à igreja espalhada por quase toda a Ásia Menor. Ele escreveu as duas cartas aos “forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pedro 1:1). Essas cinco regiões incluem quase tudo o que se chama hoje de Ásia Menor (localizada na atual Turquia). Muitos dos membros dessas igrejas eram gentios. O momento histórico em que a carta foi escrita era de perseguição contra a igreja. A carta buscava confortar e estimular os cristãos na sua caminhada, que naquela época tinha um preço muito alto. É uma carta de conforto. O texto de 1 Pedro 4:12, 13 é bem claro: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de Sua glória, vos alegreis exultando”. O sofrimento existia e iria crescer. Em 1 Pedro 1:1 e 2, o escritor identificou sua audiência em 2 palavras exploradas pelo autor da Lição da Escola Sabatina: 1. Dispersos, tradução da palavra grega parepidēmois (“hóspedes”, “exilados”). Essa palavra é usada de maneira metafórica para se referir tanto aos cristãos judeus quanto aos crentes gentios, os quais consideravam o Céu seu lar permanente, pois, para eles, a Terra não passava de "terra alheia" (Hb 11:9; Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 600). 2. Eleitos (v. 2). Esses cristãos foram eleitos porque haviam escolhido aceitar o plano da salvação. Eles não foram escolhidos em um processo conhecido como “predestinação calvinista”, isto é, Deus elege uns para a salvação e outros para a perdição. Na predestinação bíblica, Deus sempre nos elege para a salvação. Basta ler João 3:16 e Apocalipse 22:17 para se perceber que, sempre que a Bíblia fala de predestinação tem a ver com o fato de que Deus nos predestina para a salvação e nunca para a perdição. Ao homem dotado de livre-arbítrio cabe escolher entre a oferta de perdão e a condenação eterna. Um texto esclarecedor sobre a questão está em 1 Tessalonicenses 5:9: “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.” II- Quais temas desenvolveu? Dois pontos gerais devem ser destacados quando falamos do conteúdo dessa carta do apóstolo. O texto de 1 Pedro 1:2-21 é um resumo dos temas que ele abordou ao longo do livro. Em sua tarefa de animar na fé os irmãos que passavam por perseguições e provações, ele apresentou em primeiro lugar a base da fé que estava alicerçada na graça de Deus (versos 3 a 12). Nessa seção são apresentados o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esses são os autores e propagadores da salvação estendida aos cristãos que têm uma “herança incorruptível” no Céu (v. 4). Parece que ele teve a intenção de levar seus destinatários a entender que eles faziam parte de um projeto maior de Deus para a salvação de Seus filhos em meio ao conflito com Satanás. Em segundo lugar, o autor trabalhou com os resultados práticos da salvação na vida do crente. A expressão “por isso”, que dá início ao verso 13, indica uma consequência ou conclusão do que Pedro havia acabado de dizer. Ele estava falando sobre a graça de Deus e a esperança que os cristãos têm em Jesus Cristo (1Pe 1:312). Como resultado dessa graça e esperança, Pedro pediu aos seus leitores que cingissem o próprio entendimento (1Pe 1:13). "Essa é uma expressão deliberadamente vívida. No Oriente, os homens levavam longas vestimentas flutuantes que os impediam de avançar com rapidez ou desenvolver um trabalho intenso. Em torno da cintura usavam um largo cinturão ou cinto e, quando era necessário cumprir uma tarefa intensa, eles encurtavam suas vestes flutuantes, levantando-as e prendendo-as ao cinturão para ter assim liberdade de movimentos. Uma expressão equivalente para nós seria ‘arregaçar as mangas’ ou tirar a jaqueta ou casaco para ter assim maior comodidade para o trabalho. Aqui, então, Pedro estava exortando seus leitores para que estivessem preparados para o mais intenso esforço mental. Nunca deviam se contentar com uma fé medíocre e negligente” (William Barclay, The First Letter of Peter. The Saint Andrews Press, p. 58, 59). Embora tenha falado que o estilo de vida esperado dos cristãos é consequência de sua salvação, Pedro mencionou três grandes motivações para o comportamento cristão: o caráter santo de Deus (1Pe 1:15, 16), o juízo vindouro (1Pe 1:17) e o preço da redenção (1Pe 1:17-21). "A primeira coisa que motiva o comportamento cristão é o caráter de Deus. Seu caráter pode ser resumido da seguinte maneira: o Senhor é santo. Pedro citou Levítico 11:44, 45, quando escreveu: ‘Sede santos, porque Eu sou santo’ (1Pe 1:16). Portanto, aqueles que seguem Jesus também devem ser santos (1Pe 1:15-17). A segunda motivação para o comportamento cristão ocorre quando percebemos que o Deus santo julgará todos com imparcialidade, de acordo com as obras de cada um (1Pe 1:17). A terceira motivação resulta da grande verdade de que os cristãos são redimidos. Isso significa que eles foram comprados por um preço muito alto, o precioso sangue de Cristo (1Pe 1:19). Pedro enfatizou que a morte de Jesus não foi um acidente histórico, mas algo estabelecido antes da fundação do mundo” (1Pe 1:20; Lição de quarta-feira). Conclusão: Ao encerrar sua mensagem, o apóstolo fez o apelo dizendo: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal, não fingido; amai-vos, de coração, uns aos outros, ardentemente” (1Pe 1:22). Em um só verso é destacado que a prova de conversão de um cristão é o amor apresentado através de duas palavras gregas: a) philadelfia (amor fraternal), que é próprio de uma irmandade. b) agapao (amor puro, verdadeiro e não interesseiro), que tem sua origem em Deus. Ellen White descreveu esse amor nas seguintes palavras, que constituem um desafio para nós: "Quando formos um com Cristo, seremos um com os Seus seguidores. A grande necessidade da alma é Jesus, a esperança da glória. Essa unidade pode ser obtida por meio do Espírito Santo, e o amor pelos irmãos será abundante, fazendo com que os homens reconheçam que temos estado com Jesus e aprendido dEle. Nossa vida será um reflexo de Seu santo caráter. Como crentes nEle, representaremos Sua mansidão de espírito, Sua delicadeza nas maneiras. As pessoas que compõem a igreja de Deus precisam atender individualmente à oração de Cristo, até que todos cheguemos à unidade do Espírito” (E Recebereis Poder [MM 1995], p. 86). Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Moisés Mattos graduou-se em teologia em 1989 e concluiu seu mestrado na mesma área no ano 2000, pelo Seminário Adventista Latino Americano de Teologia. Cursou também uma pósgraduação em Gestão Empresarial. Serve à Igreja Adventista há 27 anos como professor de ensino religioso; pastor distrital; departamental em nível de Associação e União; presidente de Missão e Associação. Atualmente exerce sua atividade como pastor na Associação Paulista Oeste, na União Central Brasileira. É casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, é pai de Thamires (estudante de jornalismo) e Lucas (estudante de Arquitetura).