SONDANDO E CONHECENDO O CORAÇÃO DE DEUS 6 Compartilhando do poder do Todo-Poderoso! “Disse-lhe mais: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; sê fecundo e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão de ti. Gn 35.11” “Na verdade, Deus não procede maliciosamente; nem o Todo-Poderoso perverte o juízo. Jó 34:12” Qual foi, a seu ver, a maior manifestação do atributo da onipotência registrado na Escrituras? Com base na citação paulina “tudo posso naquele que me fortalece”(Fp 4.13), no meio cristão evangélico criou-se a máxima de que podemos realizar qualquer coisa, uma vez que temos Deus ao nosso lado. Infelizmente esta idéia é incorreta. Seria muito bom se fosse verdade, mas dar tal conotação a estas palavras incorre-se em um grande equívoco doutrinário, pois tal idéia passa bem longe do sentido que Paulo quis dar em suas palavras. Se, porém, lermos os versos que antecedem tal declaração, poderemos discernir exatamente o que o Apóstolo estava dizendo. A partir do verso 11, Paulo disse aos cristãos de Filipos que havia aprendido a viver a vida cristã em qualquer situação, ante a pobreza, humilhação, fartura, fome, abundância e escassez, enfim, que ele poderia passar por qualquer tipo de experiência, agradável ou não, uma vez que teria sempre o Senhor para lhe fortalecer. Permanecer fiel aos mandamentos e princípios do Senhor, independente das circunstâncias ou condições é maior evidência de identidade humana com a condição divina de ser Todo-Poderoso. Mas o que significa ser Todo-Poderoso? Ter a propriedade de todo o poder? Não. Ser Todo-Poderoso é a condição divina de fazer qualquer coisa para manter vivo a possibilidade de comunhão dEle com cada de nós. A capacidade divina de ser Todo-Poderoso não se restringe apenas a idéia de ter o controle de todas as coisas. Tal controle não tem nada a ver com o poderio de Deus, mas com o exercício de Sua autoridade divina. Quando Deus se revela ao homem como Todo-Poderoso o faz com o intuito de expressar ao ser humano o que Ele é capaz de fazer para restaurar ou manter viva Sua comunhão com Ele. A revelação divina de Seu poderio traz por trás a seguinte pergunta de Deus: “Eu sou capaz de fazer todas as coisas para estar junto contigo. E você, o quanto está disposto a fazer para estar em comunhão comigo?” Cremos que esta tenha sido a pergunta que o Senhor fez a Davi após revelar-lhe no Salmo 139 o que Ele era capaz de fazer para ampliar o vínculo de intimidade com Seu servo. Qual o objetivo maior de um Deus Todo-Poderoso com relação ao homem, além de reconciliá-lo e salvá-lo? A motivação divina sempre será a Sua revelação para o homem. Para revelar-se, as ações de Deus são ilimitadas e ao nossos olhos, até mesmo absurda. Por exemplo, os dois sinais operados no Sistema Solar relatados no Velho Testamento como: a paralisação do Sol após uma oração de Josué 10 e o retroceder da sombra do sol como sinal a Ezequias (2 Re 20 e Is 38) tiveram por motivação a revelação da personalidade divina do Deus de Israel. Infelizmente, alguns chegam a pensar que este agir de Deus tinha por motivação suprir uma necessidade pessoal de Josué ou mesmo do Rei Ezequias, o que é um equívoco. A paralisação do sol em Josué evidenciou junto ao povo de Israel e a todos as nações que habitavam Canaã, que tal qual fizera no Egito, o Deus de Israel faria cumprir Sua palavra em dar àquela terra a Seu povo, mesmo após a morte de Moisés. Já com Ezequias, o feito de retroceder da sombra do sol fora um sinal de que as ameaças e o cerco da Assíria a Jerusalém cairiam por terra e que o Reino de Judá não seria levado cativeiro por Senaqueribe tal qual ocorrera com o Reino de Israel. Foram feitos sobrenaturais operados pelo Todo-Poderoso visando sua revelação, e não apenas prover a resolução dos problemas daqueles homens. Acaso você já parou para pensar o que o Senhor fez para você chegar a Cristo? Pense nas circunstâncias que Ele moveu para que isto ocorresse. Pense nas vidas que Ele mobilizou para sensibilizá-lo quanto à mensagem da salvação. Quando o Todo-Poderoso começou com sua disposição divina de se revelar ao homem? E como podemos desfrutar os resultados de Sua revelação? A disposição divina em fazer todas as coisas para que Sua revelação chegasse até nós começou no dia em que Ele anunciou a vitória do filho da descendência da mulher que pisaria sobre a cabeça da Serpente (Gn 3.15). Sua revelação prosseguiu em cada profecia a respeito de Jesus, do Seu advento e encarnação, da sua morte e ressurreição. A disposição de Deus em fazer qualquer coisa para se revelar e nos redimir chegou ao ponto de se entregar como oferta de holocausto em nosso lugar para o perdão dos nossos pecados. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação. Rm 5:8-11 Ver Deus como o Todo-Poderoso nos conduz diretamente ao ministério da reconciliação, pelo qual podemos desfrutar de uma total intimidade com Cristo. Tais feitos se manifestam por conta de seu caráter como Todo-Poderoso. Se nos voltamos mais uma vez aos originais, a palavra hebraica traduzida como “Todo-Poderoso” é “Shadday” ( ). Por conta deste atributo é que encontramos o termo “ElShadday” – Deus Todo-Poderoso. Se olharmos o seu radical “shad” ( ) podemos fazer as seguintes afirmações: o O radical “shad” significa “seios de mãe”. Ou seja, o agir do Todo-Poderoso em se revelar a nós se assemelha ao ato de uma mãe em nutrir seu filho em seus braços; a mesma disposição que Deus, o Todo-Poderoso, tem em se revelar a nós. o Como filhos recém-nascidos, somos incapazes de compreender as ações de nossa mãe, se quer alcançamos o preço, os desafios, os perigos, as adversidades, tudo com o objetivo de nos preservar e suprir as nossas necessidades. Da mesma forma jamais alcançaremos plenamente a compreensão do quanto o Senhor tem feito por nós. o Estar na presença do Todo-Poderoso é o lugar mais seguro para estarmos, tais quais os braços de uma mãe. (Sl 131) o Como filhos de colo, totalmente dependentes é que temos que nos posicionar na presença do Senhor, uma vez que nossa sobrevivência depende completamente do Seu agir por nós. Como o poder do Todo-Poderoso pode ser identificado hoje em dia? O amor de Deus, portanto, é a principal característica do Seu poder. Viver e praticar seu amor em nossas vidas passa a ser, então, a principal manifestação de poder que um cristão pode ter. Quando andamos em obediência a Deus, cumprindo o Mandamento de amar ao Senhor com toda a nossa força, assim como o próximo, o poder do Todo-Poderoso se manifesta em nossas vidas. Este poder passa a ser a marca do cristão, que por amor a Deus se submete ao mandamento divino e por amor ao próximo vive como testemunha de Cristo, anunciando e expressando o amor recebido de Deus a eles. Está escrito que este amor seria a marca pela qual seríamos conhecidos e o mesmo se manifestaria em nós na forma de poder e autoridade, quando, por amor, anunciarmos a quem está perdido a respeito das Boas Novas do Evangelho. “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” Jo 13.34-35 “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. At 1:8 A Bíblia tem diversas associações do amor de Deus em nós com o poder de Deus. Veja alguns exemplos: o O amor é capaz de cobrir uma multidão de pecados – “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.” 1Pe 4:8. o O amor é capaz de agir como brasas vivas sobre alguém – “Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rm 12.20-21Rm 12.20). o O amor é que promove a manifestação do Poder do Espírito Santo no meio da Igreja – “porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós. 1Ts 1:5 o O amor é sinônimo de coragem e valentia espiritual – “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder de amor e de moderação. 2Tm 1.7 Conclusão Quando a amor de Deus passa a ser uma realidade em nossas vidas, o poder sobrenatural do TodoPoderoso se manifesta em nós a fim de que, tanto nós, como aqueles que estão a nossa volta possam conhecer cada vez mais o Senhor, que estará se revelando por nosso intermédio.