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Linhas de Cuidado e a Integração do Ensino,
Pesquisa e Assistência nos Hospitais
Universitários de Ensino
Experiência do Hospital Universitário Walter Cantídio/UFC
Renan Montenegro Jr.
Professor Associado da Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará (UFC)
Gerente de Ensino e Pesquisa dos Hospitais Universitários da UFC
Pesquisador Bolsista (Pq2) do INCT/CNPq de Obesidade e Diabetes
Doutor em Medicina-Clínica Médica pela FMRP-USP
Atenção à Saúde: Atendimento tradicional
Fragmentação de serviços,
programas, ações e práticas
clínicas
Poucas ações de
integralidade
Baixa resolutividade
terapêutica
Agravamento das
complicações
Perda de produtividade
Incoerência entre a oferta de
serviços e a necessidade de
atenção.
Perda social e morte
prematura
Linhas de Cuidado
O cuidado de usuários com doenças crônicas deve se dar de forma integral
e deve-se chegar ao singular de cada indivíduo.
Linhas de Cuidado em Diabetes - Por que?

Problema de saúde pública mundial (300 milhões de indivíduos em 2030)

Grande impacto econômico: 11% dos gastos com cuidado em saúde em 2011

Responsável por 50 a 70% das amputações não traumáticas de MMII

Principal causa de cegueira adquirida

8.2% de todas as causas de morte (48% das pessoas abaixo de 60 anos)
PREVALÊNCIA
BRASIL
7,6%
Malerbi D. Franco LJ. Diabetes Care, 1992
IDF, 2011
Prevalência de Diabetes Mellitus no Brasil
25
12,1%
20
15
30-39
40-49
50-59
10
60-69
São Carlos-SP (2009):
13,5%
30-69
5
Canãa, Triunfo-PE
(2010): 13,6%
0
Torquato MTCG, Montenegro Jr RM, Viana LAL et al. Sao Paulo Med J 2002; 25:1015-21.
Bosi, Leal et al, Arq Bras Endocrinol Metab, 2009
Lyra R, Montenegro Jr RM, et al, Arq Bras Endocrinol Metab, 2010
Como tratar de forma eficiente esses indivíduos?
Há evidências robustas de que só se consegue
estabilizar as condições crônicas quando há um
trabalho compartilhado entre especialistas e
profissionais da APS.
Fonte: Wagner EH. Chronic disease management: what will take to improve care for chronic illness? Effective
Clinical Practice,. 1: 2-4, 1998. Autorização de uso de imagem dada pelo American College of Physicians
Atendimento Tradicional do Indivíduo com DM
Centrado no Especialista
Endocrinologista
Nutricionista
Vascular
Fisioterapeuta
 Organizado por componentes isolados
 Cuidado uniprofissional
 Atenção a condições agudas
 Financiamento por procedimentos
 Ênfase nas ações curativas
 Gestão de acordo com oferta de vagas
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
Linha de Cuidado em DM
Centrado no Paciente
 Organizado por um contínuo de atenção
Nutricionista
 Atenção a condições crônicas e agudas
Cirurgião
Vascular
Endocrinologista
 Atenção integral
 Cuidado multiprofissional
 Gestão de base populacional
 Financiamento por ciclo completo de
atendimento a uma condição de saúde
Fisioterapeuta
Enfermeiro
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
Linhas de Cuidado em Diabetes no HUWC/UFC
Cenário favorável
Reorganização da APS em
Fortaleza: consultoria do
Prof. Eugênio Vilaça.
Criação de um instrumento de
estratificação de risco para
diabetes
Referência no
atendimento de
DM de alto risco
Atendimento
multi e
interdisciplinar
Capacitação profissional para
abordagem e manuseio das
doenças crônicas em rede
Necessidade de Unidades
Laboratório para o projeto
Residência
médica e
multiprofissional
Territorialização
(responsável por cobrir
algumas regionais )
Descritivo sintético do projeto
Implantação de uma Linha de Cuidado para tratamento do Diabetes no HUWC/UFC
Problemas
Doença crônica com alta prevalência
Alta incidência de pacientes tratados inadequadamente e sem controle glicêmico
Alta taxa de complicações sem abordagem preventiva
Elevado número de pacientes com perfil de atenção primária fidelizados no HUWC,
limitando abertura de novas vagas para atenção especializada do HUWC
Sofrimento e baixa qualidade de vida dos pacientes
Alto custo para o tratamento das complicações estabelecidas
Objetivos: Reorganizar o atendimento ao diabético no HUWC orientando-o por linha de
cuidado centrado no paciente e nas suas necessidades
Impacto esperado
Para os pacientes
Controle clínico, redução da complicações
preveníveis, aumento da capacidade de auto
cuidado e melhoria na qualidade de vida.
Em termos de saúde publica
Redução de complicações preveníveis; Redução
do número de pacientes internados ou nas
emergências
Para o estabelecimento
Aumento da resolubilidade; Maior rodízio de vagas
para pacientes que realmente necessitam; Maior
interação com a atenção primária; Participação
efetiva na rede; Ensino das profissões de saúde
para o trabalho em equipe multiprofissional e
centrado no paciente.
Para as equipes
Maior integração, melhores resultados, maior
satisfação com o trabalho.
M Crémadez
Encaminhamento para a Linha de Cuidado em Diabetes
Ferramenta de Estratificação de risco do paciente diabético
Nota: Quando há critérios em riscos diferentes, o de maior risco deve ser utilizado para determinar a estratificação de risco
Critérios
Risco
Glicemia de jejum
(GJ) - mg/dl
Glicemia pós-prandial
(GPP) - mg/dl
Hemoglobina Glicada
(A1c) %
Sinais e sintomas de
hiperglicemia
Pré-diabetes: glicemia de jejum alterada ou intolerância a sobrecarga de glicose ou 5,7 ≤ A1c < 6,5
Baixo
≤ 130
≤ 180
≤7
Ausente
Médio
130 < GJ ≤ 150
180 < GPP ≤ 200
7 <A1c≤ 8
Ausente
Alto
150 < GJ < 200
200 < GPP < 270
8 < A1c < 9
Presente
ou
Ausente
Muito Alto
≥ 200
≥ 270
≥9
Presente
ou
Ausente
Nível Pressórico
(mmHg)
PAS < 130
e
PAD < 85
(ótimoou normal)
130 ≤ PAS < 140
e
85 ≤ PAD < 90
(limítrofe)
Estágio I ou II
LOA e/ou
neuropatia
diabética
CCA
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Presente
ou
Ausente
Ausente
Estágio I ou II
Presente
Presente
Estágio III
Presente
ou
Ausente
Presente
ou
Ausente
Critérios de Encaminhamento para Linha de Cuidado em DM
1.
Paciente portador de diabetes de alto risco (significa descontrole metabólico associado a potenciais
complicações como neuropatia, nefropatia, retinopatia e doença cardiovascular);
2.
Referência do médico de família;
3.
Portando os exames laboratoriais: glicemia de jejum, glicohemoglobina (A1C), colesterol total, colesterol-HDL,
triglicerídeos, creatinina, microalbuminúria e sumário de urina.
Observação: pacientes com urgências em pé diabético (úlcera infectada, ulceração sem pulso em membros inferiores e celulite)
poderão ser encaminhados mesmo sem os exames bioquímicos.
Como funcionamos

São oferecidos 3 turnos de atendimento com média de 10 a 12 pacientes/dia

Suporte a quatro UAPS do municípios abrangendo 3 das 6 Secretarias Executivas
Regionais do Município de Fortaleza

Os MFC das unidades selecionam os pacientes com critérios para encaminhamento na
linha de cuidado.

A SMS faz a regulação e agendamento desses pacientes, enviando essa agenda ao
HUWC.

A UAPS faz a confirmação das consultas com os pacientes.

No dia da consulta na linha o paciente passa por várias especialidades no mesmo dia,
sendo no mínimo: endocrinologia, nutrição, enfermagem e fisioterapia. A depender da
condição clínica, o mesmo é atendido no mesmo dia ou encaminhado para um retorno
breve na cirurgia vascular, no ambulatório de dor, cardiologia, oftalmologia e nefrologia.

O paciente permanece na linha até que tenha condições de retornar para seguimento na
sua UAPS. Sempre que preciso, entramos em contato telefônico com as UAPS.

Cada paciente sai com um plano de cuidados que também é encaminhado para a SMS
para entrega na UAPS.
Como funcionamos
Detecção da necessidade de
acompanhamento especializado
Atenção especializada
Encaminhamento para o HUWC
Atendimento multiprofissional na
Linha de Cuidado
Endocrinologista
Anestesiologista
Espec. em Dor
Cardiologista
Nefrologista
Cir. Vascular
Oftalmologista
Nutricionista
Enfermeiro
Fisioterapeuta
Plano de
cuidados
Atenção
primária
Consulta médica – UAPS
Modelos dos Planos de Cuidados
Modelo adaptado para otimizar o atendimento no HUWC
Equipe Atual
Coordenação
 Gerência de Atenção Saúde e Gerência de Ensino e Pesquisa
Assistência










02 Endocrinologistas
02 Enfermeiras
02 Nutricionistas
02 Fisioterapeutas
02 Cirurgiões Vasculares
01 Médico da Dor
01 Cardiologista
01 Nefrologista
03 Técnicos de enfermagem
02 Assistentes administrativos
Ensino





01
06
05
03
02
Residente de Endocrinologia
Residentes de Enfermagem
Residentes de Nutrição
Residentes de Fisioterapia
Residentes de Cirurgia Vascular
Outras Ações: Oficinas de integração com a rede e
atividades de educação com os pacientes
Com a Rede (atividade trimestrais)

Interação entre os níveis de atenção

Educação continuada

Discussão de casos

Avaliação
Com o usuário (4 atividades em grupo de discussão)

Educação em saúde

Emponderamento e pro-atividade no tratamento
Dados Linha de Cuidado em Diabetes (LCD)
Outubro/2014 – Setembro/2016
Total de atendimentos: 379
243 da Rede e 136 pacientes de interconsultas HUWC
Percentual de pacientes diabéticos de cada UAPS encaminhados à LCD
34,9%
|
18,3% |
17,1% |
8,1%
Absenteísmo
1286
39%
520
356
347
121
61%
95
61
104
Pacientes absenteístas
CASEMIRO FILHO JURANDI PICANÇO
Diabéticos cadastrados
LUIZ
ALBUQUERQUE
MENDES
GUARANY
MONT'ALVERNE
Encaminhados à LCD
Pacientes atendidos
Dados Linha de Cuidado em Diabetes (LCD)
Outubro/2014 – Setembro/2016
Média de idade: 62,1 anos
IDADE
97,6% DM2
54%
ACIMA DE 60 ANOS
66,2% do sexo feminino
35%
45 - 60 ANOS
30 - 45 ANOS
8%
ATÉ 30 ANOS
1%
0%
Motivo Encaminhamento
3% 2% 2%
3%
Após 3 meses na LCD A1c ↓ 0,4% (média)
Neuropatia
Nuropatia
Autonômica
Autonômica
6%
6%
10% 20% 30% 40% 50% 60%
Doença Arterial
Periférica
Evolução da A1c
Retinopatia
Estável
41%
Nefropatia
11%
HAS descontrolada
Neuropatia Periférica
53%
Pé diabético/
Amputação
14%
RCV elevado
AVC/Coronariopatia
Aumento
23%
Redução
36%
Redução
Estável
Aumento
Avanços - Estrutura Física
Melhoria da estrutura física e criação de uma identidade da linha dentro do HUWC
 Estrutura:











Recepção climatizada
Sala de coordenação
Sala de reuniões
Sala de pré-consulta
Sala de materiais
Sala de arquivo
06 Consultórios
01 Secretaria
01 Auditório de Apoio Acadêmico (capacidade para 20 pessoas)
4 Desktops
1 impressora a laser de alta performance
Oportunidade de Melhoria e Desafios
• Inclusão de novas especialidades:Farmacêutico, educador físico, psicólogo
• Redução do absenteísmo
• Consolidação como centro de capacitação para a rede
• Melhoria no acesso aos exames complementares
• Amplitude de ação a partir da parceria com a atenção básica (novas UAPS)
• Melhora e ampliação da estrutura física
• Suporte tecnológico
• Consolidação do novo fluxo de atendimento
• Ampliação das atividade de ensino (inserir internato e graduação)
• Redução de efeito “velcro”
• Ruptura de paradigma
Portanto, sonhe,
planeje e
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