slides videoaula 2

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Centro Socioeconômico
Departamento de Ciências da Administração
Curso de graduação em Administração a distância
Disciplina: Sociologia aplicada à Administração
VIDEOAULA 2
Emile Durkheim (1858-1917)
Prof. Jacques Mick
Principais obras:
• Da divisão do trabalho social (1893)
• As regras do método sociológico (1895)
• O suicídio (1897)
• As formas elementares da vida religiosa (1912)
• Educação e sociologia (1922)
• Sociologia e filosofia (1924)
• Lições de sociologia (1950)
O conceito de fatos sociais:
É fato social toda maneira de agir, fixada ou não,
suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção
exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral
na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo
tempo, possui uma existência própria, independente
das suas manifestações individuais (DURKHEIM,
2003, p. 13).
[...] Eles não poderiam [os fatos sociais] se confundir
com os fenômenos orgânicos, já que consistem em
representações e em ações; nem com os fenômenos
psíquicos, os quais só tem existência na consciência
individual e através dela (DURKHEIM, 2003, p. 4).
O conceito de fatos sociais:
“Não estou obrigado a falar a mesma língua que meus
compatriotas, nem a empregar as mesmas moedas
legais; mas é impossível agir de outra forma. Minha
tentativa fracassaria lamentavelmente, se procurasse
escapar desta necessidade. Se sou um industrial nada
me impede de utilizar processos e técnicas do século
passado; mas, se o fizer, terei a ruína como um
resultado inevitável” (DURKHEIM, 1981, p. 47).
> Os indivíduos, ao nascerem, já encontravam a
sociedade pronta e constituída, restando a eles
adaptarem-se.
Características dos fatos
sociais:
1) Coerção social: A força que os fatos
exercem sobre os indivíduos, levando-os a
conformarem-se às regras da sociedade em
que vivem.
• Sanções que o individuo está sujeito quando
contra eles tenta se rebelar. As sanções
podem ser legais (leis) ou espontâneas.
• Importância do processo educativo
(conformação dos indivíduos à sociedade).
Características dos fatos
sociais:
2) Exterioridade: Eles existem e atuam
independentemente de sua vontade ou
adesão consciente dos indivíduos. Há uma
separação entre coisas e ideias. As coisas
são exteriores e não estão sujeitas à nossa
vontade ou às nossas ideias. Diferencia
consciência individual e consciência coletiva.
Características dos fatos
sociais:
3) Generalidade: É social todo fato que é
geral, que se repete em todos os indivíduos
ou na maioria deles. Fatos individuais ou que
acontecem esporadicamente não seriam
objeto de estudo da Sociologia, mas da
Psicologia. Quando os indivíduos pensam e
agem em torno de ideias ou representações
coletivas, eles o fazem não como indivíduos
isolados mas como membros de um todo
cultural mais amplo.
Heranças da concepção
positivista:
• A objetividade do fato social é obtida com a
neutralidade do pesquisador em relação aos
fatos sociais. É preciso que o cientista deixe
de lado suas prenoções, isto é, seus
sentimentos e valores pessoais. Os
fenômenos morais, como as leis e a religião,
poderiam ser objetos de uma Ciência Social
se forem examinados corretamente (isto é,
cientificamente).
Heranças da concepção
positivista:
• Método das Ciências naturais: o sociólogo
deveria encarar os fatos sociais como
“coisas”, isto é, objetos que, sendo
exteriores, devem ser medidos, observados
e comparados independentemente do que os
indivíduos pensem ou declarem a seu
respeito.
• Distingue categorias do senso
comum/conceitos científicos.
Tipos de organização da
sociedade
Durkheim argumentou que o advento da era industrial
significava o surgimento de um novo tipo de
solidariedade: a solidariedade orgânica, no lugar da
solidariedade mecânica.
A solidariedade mecânica é caracterizada por uma
organização constituída por um sistema de coesão
social mais simples e rudimentar, enquanto na
solidariedade orgânica ocorre a divisão diferenciada
do trabalho, formada por sistema de segmentos
diferentes, onde cada um tem um papel a
desempenhar.
A solidariedade orgânica
Na solidariedade orgânica, os indivíduos são agrupados
não mais pelas relações de descendência, mas
segundo à natureza particular da atividade social em
que estão envolvidos.
Não é mais a consanguinidade que marca o lugar de
cada um, mas a função que preenche; o aumento da
especialização é um critério para o desenvolvimento
da personalidade individual e progresso social.
O valor moral da divisão do trabalho está em que é
através dela que o indivíduo toma consciência do seu
estado de dependência com relação à sociedade.
Cultura tradicional e
solidariedade mecânica
Giddens (2005), sobre Durkheim:
“Como os outros fundadores da sociologia, Durkheim estava preocupado
com as mudanças que transformavam a sociedade durante o seu
período de vida. Ele estava particularmente interessado na solidariedade
social e moral – em outras palavras, o que segura a sociedade unida e
mantém afastada de descer ao caos. A solidariedade é mantida quando
os indivíduos são integrados com sucesso em grupos sociais e
regulados por uma gama de valores e costumes compartilhados [...].
Visto que a maioria dos membros da sociedade está envolvida em
ocupações similares, eles estão ligados pela experiência comum e por
crenças compartilhadas. O poder dessas crenças compartilhadas é
repressivo – a comunidade rapidamente pune qualquer um que desafie
os modos de vida convencionais. Dessa forma, há pouco espaço para
divergência individual. A solidariedade mecânica, portanto, está fundada
no consenso e na similaridade de crença.”
Divisão do trabalho e
solidariedade orgânica
Giddens (2005), sobre Durkheim:
“ As forças de industrialização e de
urbanização, contudo, levaram a uma divisão
crescente do trabalho que contribuiu para o
colapso dessa forma de solidariedade. A
especialização de tarefas e a crescente
diferenciação social em sociedades
avançadas levariam a uma nova ordem,
evidenciando uma solidariedade orgânica.”
Divisão do trabalho e
solidariedade orgânica
“[...] Mesmo assim, os processos de mudança no mundo
moderno são tão rápidos e intensos que originaram
dificuldades sociais maiores. Eles podem ter efeitos
aniquiladores em estilos de vida tradicionais, em crenças
morais, religiosas, e em padrões cotidianos sem fornecer
novos valores claros. Durkheim ligava essas condições
inquietantes à anomia, um sentimento de falta de objetivos
ou de desespero, provocado pela vida social moderna. Os
controles e os padrões morais tradicionais, que
costumavam ser fornecidos pela religião, são largamente
derrubados pelo desenvolvimento social moderno, e isso
deixa muitos indivíduos em sociedades modernas sentindo
que suas vidas cotidianas carecem de significado.”
Um exemplo: o suicídio
Giddens (2005), sobre Durkheim:
“Um dos estudos mais famosos de Durkheim
ocupava-se da análise do suicídio. O suicídio
parece ser um ato puramente pessoal, o resultado
da infelicidade pessoal extrema. Durkheim mostrou,
contudo, que fatores sociais exercem uma influência
fundamental no comportamento suicida – sendo que
a anomia é uma dessas influências. As taxas de
suicídio mostram padrões regulares ano a ano e
esses padrões precisam ser explicados
sociologicamente” (GIDDENS, 2005, p. 29-31).
Estados normais e patológicos
da sociedade
Pela enorme influência que os modelos das ciências
naturais tiveram nas ideias de Durkheim, em grande
parte de seu trabalho aparecem categorias e
conceitos biológicos: organismo, estrutura, função,
morfologia, fisiologia.
A análise funcional da sociedade está vinculada à
proposta de Durkheim de estabelecer critérios para
distinguir os estados normais e patológicos.
Fato social normal:
• Quando se encontra generalizado na
sociedade, ou quando desempenha alguma
função para sua adaptação. Assim, o crime,
por exemplo, é normal não só por ser
encontrado em qualquer sociedade, em
qualquer época, como também por
representar a importância dos valores sociais
que repudiam determinadas condutas como
ilegais e as condenam a penalidades
(COSTA, 1990, p. 53).
Fato social patológico:
• “Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo,
o consenso e, portanto, a adaptação e evolução da
sociedade estão diante de um acontecimento de
caráter mórbido e de uma sociedade doente”
(COSTA, 1990, p. 54).
A definição do caráter normal ou patológico de um fato
social depende de analisar:
• O número de casos;
• A capacidade institucional (funcional) da sociedade
para “resolver” o problema;
• O consenso social.
Download