descartes e a filosofia do cogito

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DESCARTES E A FILOSOFIA DO
COGITO
Programa de Pós-graduação em Educação – UEPG
Professora Gisele Masson
O pensamento moderno e a crise
generalizada de autoridade
• - A autoridade moral e teológica da Igreja foi contestada
pela Reforma.
• - Decadência
mercantilismo.
do
sistema
feudal
e
surgimento
do
• - Movimento renascentista da arte, ao retomar valores da
Antiguidade clássica.
• - A autoridade do saber tradicional foi questionada, pois
continha teorias falsas.
• - Desconfiança na tradição, nos ensinamentos e no saber
adquirido.
• (MARCONDES, 1998)
René Descartes (1596–1650)
Ponto de partida
• - Constatação da crise das ciências e do saber
em geral.
• - Reflexão sobre o seu tempo e como tomar
uma posição frente à crise da época.
Inaugura o pensamento moderno, juntamente com os
empiristas ingleses.
• (MARCONDES, 1998)
Principais obras
• 1630–33: Tratado do mundo
• 1637: Discurso do Método
• 1641: Meditações Metafísicas
• 1644: Princípios da filosofia
• 1649: As paixões da Alma
Descartes desenvolve:
• - A crença no poder crítico da razão humana
individual.
• - A metáfora da luz e da clareza se opõem à
escuridão e ao obscurantismo.
• - A busca de progresso que orienta a própria
filosofia.
Não consegue romper totalmente com a escolástica,
pois sua obra fundamenta o pensamento católico diante
da nova ciência.
• (MARCONDES, 1998)
Projeto filosófico de Descartes
• - Defesa do novo modelo de ciência inaugurado por
Copérnico, Kepler e Galileu.
• - Tem como finalidade pôr a razão no “bom
caminho”.
• - O método é considerado como um caminho, um
procedimento que visa garantir o sucesso de uma
tentativa de conhecimento para a elaboração de
uma teoria científica.
DISCURSO DO MÉTODO - 1637
Posição racionalista
- Doutrina filosófica que considera a razão como
a principal fonte de conhecimento e
justificação.
- Características:
- fundacionismo;
- a razão é fonte de certas verdades;
- a razão é dotada de faculdades.
Fundacionismo
Euclides (300 a.C.)
Fundacionismo
-
Método axiomático em
Euclides, livro Elementos.
geometria:
- Axiomas: proposições tomadas como
verdadeiras.
- Teoremas: proposições deduzidas a partir
dos axiomas.
Fundacionismo
- O objetivo de Descartes é reconstruir todo o
conhecimento humano a partir de bases
inabaláveis.
- O fundacionismo é o projeto de encontrar tais
primeiras verdades e, a partir delas, por meio
de um método axiomático ou dedutivo rigoroso,
derivar outras verdades, fundamentando
completamente o saber humano.
Características do pensamento cartesiano
- Influência de Galileu  pensamento mecanicista. À
maneira de uma máquina, o mundo era
interpretado como um composto de peças ligadas
entre si que funcionavam de forma regular e
poderiam ser reduzidas às leis da mecânica.
- Para Descartes, existem três substâncias: coisas
materiais (corpos), coisas pensantes (mentes) e
Deus.
- Descartes tem uma concepção dualista do homem
como “corpo e mente”.
- Espírito (esprit) = alma (âme) = mente.
Discurso do Método - 1637
- Escreve a obra numa linguagem autobiográfica, pois considera que
a filosofia é uma expressão da experiência de vida do homem,
manifestação típica do individualismo moderno.
- O objetivo principal do argumento do cogito (“Penso, logo
existo”,do latim cogito “penso”) é estabelecer os fundamentos do
conhecimento através da refutação do ceticismo
- Cogito, ergo sum "penso, logo existo"; ou ainda, Dubito, ergo
cogito, ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo”.
- A etapa inicial da argumentação cartesiana é a formulação da
dúvida metódica.
Discurso do Método - 1637
- Quatro regras do método:
1ª: Não aceitar nada de verdadeiro sem antes ter passado
pelo crivo da razão.
2ª: Tudo o que parece complexo deve ser dividido em
tantas partes simples quanto possíveis.
3ª: Após o processo de simplificação é necessário realizar
um ordenamento lógico para o composto ou complexo
(síntese).
4ª: Tal procedimento poderá ser repetido por qualquer
um, dando lugar a tantas revisões quanto necessárias
(processo de verificação das verdades científicas).
Meditações metafísicas - 1641
- As Meditações propõem uma refundação radical
do saber institucionalizado nas salas de aula, o
qual foi se formando desde o século XII, no
Ocidente cristão sob o nome de “escolástica”.
- Para Descartes, toda a filosofia é como uma
árvore, cujas raízes são a metafísica, o tronco
é a física e os ramos que saem deste tronco,
constituem todas as outras ciências, que se
reduzem a três principais, a saber: a medicina,
a mecânica e a moral que é o último grau da
sabedoria.
Metáfora das maçãs
Ao propor a metáfora do cesto de maçãs para seu
procedimento metódico de dúvida no âmbito da
investigação científica da verdade, Descartes explica a
sua atitude:
“Se por acaso ele [Bourdin] tivesse uma cesta cheia de
maçãs, e aprendesse que algumas estivessem podres, e
quisesse removê-las, temendo que essas corrompessem
as outras, o que ele faria? Não começaria esvaziando a
cesta, e após isso, observando todas as maçãs uma após
a outra, não escolheria apenas aquelas que ele veria não
estarem estragadas, e, deixando fora as outras, não as
recolocaria na sua cesta?”
Meditações metafísicas - 1641
Meditação Primeira
Das coisas que se podem colocar em dúvida
Justificativa da dúvida.
Condição da dúvida e seu caráter radical.
Dúvida concernente aos conhecimentos sensíveis.
Dúvida concernente aos conhecimentos racionais.
Dúvida metafísica: Deus enganador ou gênio
maligno.
Meditações metafísicas - 1641
Meditação Segunda
Da natureza do espírito humano e que ele é mais
fácil de conhecer que o corpo
A primeira certeza: o cogito.
Da certeza de ser à certeza de ser pensamento.
Pelo entendimento conhecemos mais claramente.
as coisas; o pensamento é mais fácil de conhecer
que o corpo.
Meditações metafísicas - 1641
Meditação Terceira
De Deus; que ele existe
Exame do eu pensante por si mesmo; inventário dos
conhecimentos certos adquiridos.
Há em nós três tipos de pensamentos: ideias, vontades, juízos.
Para saber se há coisas exteriores a nós é preciso estudar a
origem de nossas ideias.
A ideia de Deus: única de que não posso ser causa. Primeira
prova da existência de Deus.
A ideia de Deus é a mais clara de todas as nossas ideias.
O eu pensante não existe por si mesmo. Segunda prova da
existência de Deus.
A contemplação da ideia de Deus em nós.
Meditações metafísicas - 1641
Meditação Quarta
Do verdadeiro e do falso
Contemplando a ideia de Deus, descobre-se a
possibilidade de uma ciência certa.
Problema: se Deus não é enganador, como pode ele
permitir que nos enganemos?
O erro não é pura negação.
O mecanismo do erro. Entendimento e vontade.
A causa do erro está no mau uso de nosso livrearbítrio.
Nossos erros revelam a nossa liberdade.
Meditações metafísicas - 1641
Meditação Quinta
Da essência das coisas materiais e, mais uma vez,
de Deus, que ele existe
As essências racionais.
Coincidência de existência e essência no ser de
Deus. Terceira prova da existência de Deus.
A vitória sobre a dúvida metafísica torna possível
uma ciência perfeita.
Meditações metafísicas - 1641
Meditação Sexta
Da existência das coisas materiais e da distinção real entre a
alma e o corpo do homem
Como assegurar-se da existência das coisas materiais? A
imaginação nos apresenta coisas existentes?
É no campo das sensações que se enraíza nossa crença na
existência de corpos materiais.
Dificuldade para vencer completamente a dúvida natural.
As coisas materiais são distintas de nós. É confiável o
sentimento que nos faz crer na existência delas.
Os ensinamentos da natureza.
O que nos ensina a natureza é verdadeiro ou falso? Solução do
problema.
Há erros na natureza?
A dúvida pode ser integralmente vencida.
Referências
DESCARTES, R. Discurso do método. Porto Alegre: L&PM,
2013.
______. Meditações metafísicas. 3. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2011.
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos présocráticos a Wittgenstein. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1998.
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