Regra da Paridade de Juros

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JUROS: TAXA DE PARIDADE E GASTO COM A
DÍVIDA PÚBLICA
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José Ricardo Roriz Coelho
Vice-Presidente da FIESP
Diretor Titular do DECOMTEC
Janeiro de 2017
Regra da Paridade de Juros
• Existe uma medida teórica para a taxa de juros de qualquer país, dada pela regra da paridade de
juros. Essa regra diz que, excluindo custos de transação e de risco cambial (paridade descoberta), a
taxa de juros descontada do prêmio de risco da dívida é igual para todos os países. Esse é um
resultado da arbitragem de taxas, operada pelo mercado, que busca a melhor a remuneração
ponderada pelo risco em suas aplicações. Esquematicamente:
taxa de juros país A - prêmio de risco país A = taxa de juros do país B - prêmio de risco país B
• Na literatura econômica, usa-se como referência a taxa de juros americana e o risco soberano
americano, considerado como zero, por hipótese.
• Portanto, a regra da paridade para a taxa real de juros para o Brasil estabelece que a taxa real
de juros brasileira deve ser igual à taxa real de juros americana somada ao risco Brasil, que mede a
probabilidade de um calote da dívida brasileira. Esquematicamente:
taxa real de juros BR = taxa real de juros EUA + Risco Brasil
OBS: taxa real de juros EUA calculada a partir da FED Funds Rate e do índice CPI para a inflação, disponíveis em https://fred.stlouisfed.org/ .
Risco Brasil medido pelo EMBI +, publicado pelo Banco JP Morgan e disponível em http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx
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Nos últimos 20 anos (1996 a 2016), a taxa de juros
no Brasil esteve muito acima do que se justifica
tecnicamente
30%
Juro Real Brasileiro
25%
(como foi)
20%
Regra da Paridade
(como deveria ter sido)
15%
10%
5%
0%
Apr-16
Jul-15
Oct-14
Jan-14
Apr-13
Jul-12
Oct-11
Jan-11
Apr-10
Jul-09
Oct-08
Jan-08
Apr-07
Jul-06
Oct-05
Jan-05
Apr-04
Jul-03
Oct-02
Jan-02
Apr-01
Jul-00
Oct-99
Jan-99
Apr-98
Jul-97
Oct-96
Jan-96
-5%
3
Nesses vinte anos, a taxa real de juros brasileira
esteve em média 4,3 p.p. acima do previsto pela regra
da paridade
20%
15%
+ 9,8 + 11,3
+ 1,0
+ 4,7
+ 2,3
+ 3,7
Maiores Diferenças
10%
Média: 4,3 p.p.
5%
0%
-5%
Gustavo Franco
Loyola
Meirelles
Ilan
Tombini
Armínio Fraga
11,3
9,8
4,7
3,7
2,3
1,0
-10%
Mar-16
Apr-15
May-14
Jun-13
Jul-12
Aug-11
Sep-10
Oct-09
Nov-08
Dec-07
Jan-07
Feb-06
Mar-05
Apr-04
May-03
Jun-02
Jul-01
Aug-00
Sep-99
Oct-98
Nov-97
Dec-96
Jan-96
-15%
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Exercício: quanto teríamos economizado em
pagamento de juros da dívida pública se a taxa
brasileira tivesse seguido a paridade ?
Método:
• Utilizando a taxa de juros brasileira na paridade; a taxa de crescimento do PIB e o resultado primário
(ambos da maneira como ocorreram); é possível reestimar a trajetória da dívida pública brasileira,
entre 1996 e 2016
• A partir dessa nova trajetória da dívida e da taxa de juros na paridade, é possível calcular a despesa
com juros que teria sido realizada, caso a taxa de juros brasileira tivesse seguido a paridade. Para
isso reestima-se o custo médio da dívida correspondente à taxa de juros na paridade.
• Calcula-se a diferença entre o que se pagou efetivamente de juros e o que teria sido pago caso a
taxa de juros tivesse seguido a paridade.
• OBS: esse exercício resulta numa estimativa. O período relativamente longo (20 anos) utilizado na
estimação exigiu o uso de séries descontinuadas, que foram reconstruídas. Os efeitos secundários
sobre a economia brasileira causados por uma menor taxa de juros (maior taxa de investimento e de
crescimento, principalmente) não foram considerados.
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Esses 4,3 p.p. de juros em “excesso” no
período custaram mais de R$ 2,9 trilhões no
pagamento de juros da dívida pública*
R$ 2,9 trilhões
=
R$ 156,0
bilhões/ano
=
3,0% do PIB/ano
Isso poderia significar
A Dívida Pública, que hoje está em R$ 4,4
trilhões (70,5 % do PIB), estaria em R$ 1,8
trilhão, ou 28% do PIB
ou
Carga Tributária, que hoje está em R$ 2,1 trilhões
(33,5% do PIB), estaria em R$ 1,9 trilhão (30,5%
do PIB). Isso significaria R$ 184 bilhões a menos
em impostos em 2016.
ou
Investimento de 21,6 % do PIB durante todo o
período (taxa 15% maior do que a ocorrida), sem
contar incremento no investimento privado
6
* Em R$ de 2016. Estimativa que não contempla os anos de 1996 e 1997 por falta de disponibilidade de dados sobre a dívida pública
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