Universidade Estadual Paulista *Júlio de Mesquita Filho* Faculdade

Propaganda
ESTUDO FARMACOCINÉTICO PRÉ-CLÍNICO DE NOVOS COMPRIMIDOS
DE BENZNIDAZOL PARA O TRATAMENTO DA DOENÇA DE CHAGAS
Marcelo Gomes Davanço1, Michel Leandro de Campos1, Elias Carvalho Padilha1, Manuel Alejandro Henao
Azate1, Talita Atanazio Rosa2, Pedro José Rolim-Neto2, Rosângela Gonçalves Peccinini1.
de Ciências Farmacêuticas – UNESP, Araraquara/SP
2Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos (LTM) – UFPE, Recife/PE
1Faculdade
DOENÇA DE CHAGAS
• Agente etiológico: Trypanosoma
cruzi
epimastigota
tripomastigota
amastigota
Vetor: Triatomíneos
(barbeiros)
•Triatoma infestans (A)
•Panstrongylus megistus (B)
•Triatoma brasiliensis (C)
•Triatoma sordida (D)
•Triatoma pseudomaculata (E)
OUTRAS FORMAS DE TRANSMISSÃO
•TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
•TRANSPLANTES DE ORGÃOS
•ACIDENTES LABORATORIAIS
•TRANSMISSÃO CONGÊNITA
•TRANSMISSÃO POR VIA ORAL (513/727 casos entre 2005 e 2010)
AÇAÍ
CALDO DE CANA
CENÁRIO
• 5,5 milhões de infectados na América Latina
(WHO, 2015);
• Argentina, Brasil e México -> líderes;
• Grande impacto na sociedade: populações
com baixa condição socioeconômica;
• Pouco interesse da indústria farmacêutica;
• Pesquisa
de
novos
tratamentos
essencialmente
em
universidades
e
institutos governamentais.
TRATAMENTO
1971
NIFURTIMOX
BENZNIDAZOL
• Eficaz na fase aguda (80%)
• Mundialmente disponível
• Fase crônica: resultados controversos
•
•
•
•
• Usado em países da América Central;
• 8-10 mg/kg/dia – 60 a 90 dias
• África: doença do sono
• Cepas resistentes
• Proibido em alguns países
• Genotoxicidade, efeitos gastrintestinais e
neurológicos
5 – 7 mg/kg/dia - adultos
5 – 10 mg/kg/dia- crianças
60 dias de tratamento
Eficaz na fase aguda (80%)
• Fase crônica: indicado para redução das
manifestações clínicas
• Estudos controversos sobre atividade na
fase crônica
• Reações adversas:
- Hipersensibilidade – (20% dos casos)
manifestações dérmicas
- Depressão medula óssea (casos raros)
- Polineuropatia periférica (7% dos casos)
BENZNIDAZOL
APRESENTAÇÕES FARMACÊUTICAS
ADULTO – 100 mg
PEDIÁTRICO – 12,5 mg
(2012)
SISTEMAS DE LIBERAÇÃO IMEDIATA
2 ou 3 tomadas diárias durante 60 dias
PERÍODO DE
TRATAMENTO
FREQUÊNCIA DE
ADMINISTRAÇÕES
ADESÃO À TERAPIA
NOVOS COMPRIMIDOS
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO
PROLONGADA DE BENZNIDAZOL
Redução na
frequência de
administrações
Adesão a
terapia
Redução de
efeitos
adversos
NOVOS COMPRIMIDOS
 Caracterização
Ensaios de CQ
Teste de dissolução
Composição
BNZ
PVP K-30
Methocel® HPMC K4M
Methocel® HPMC K100M
Lactose spray-dried
Estearato de magnésio
Peso médio dos comprimidos (mg)
ROSA, 2015
LPK4M:
25 h p/ atingir 85% de dissolução de BNZ
LPK4M (%)
200 mg
LPK100M (%)
200 mg
40,00
1,00
25,00
33,00
1,00
500,00
40,00
1,00
25,00
33,00
1,00
500,00
ROSA, 2015
LPK100M:
72 h p/ atingir 85% de dissolução de BNZ
ADULTO – 100 mg
ROSA, 2015
PEDIÁTRICO – 12,5 mg
ROSA, 2015
Liberação Imediata: aprox. 60 min para atingir 85% de dissolução de BNZ
COMPORTAMENTO IN VIVO DOS
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO
PROLONGADA DE BENZNIDAZOL
MATERIAL E MÉTODOS
• Condições cromatográficas: quantificação de BNZ em plasma e urina:
VALIDAÇÃO DOS MÉTODOS BIOANALÍTICOS
Guidance for Industry Bioanalytical Method Validation
RESOLUÇÃO-RE nº 899, de 29 de maio de 2003
RDC nº 27, de 17 de maio de 2012
•
SELETIVIDADE
•
EFEITO RESIDUAL
•
LINEARIDADE
•
PRECISÃO E EXATIDÃO (INTRA E INTER-ENSAIO)
•
ESTABILIDADE
•
RECUPERAÇÃO
PROTOCOLO EXPERIMENTAL
Modelo animal: coelhos albinos Nova Zelândia (2,5 a 3,5 kg)

Grupo ADU: comprimidos de liberação imediata adulto (n=7; dose = 100 mg);

Grupo PED: comprimidos de liberação imediata pediátrico (n=7; dose = 12,5 mg);

Grupo IV: solução de BNZ por via intravenosa (n=7; dose = 10 mg em 0,4 mL de DMSO);
 Grupo LP K4M: comprimidos de liberação prolongada (lote K4M) (n=7; dose = 200 mg);
 Grupo LP K100M: comprimidos de liberação prolongada (lote K100M) (n=7; dose = 200 mg).
Administração de comprimidos (íntegros) através
de um “pill dispenser” com volume fixo de água.
(Parecer do Comitê de Ética no Uso de Animais FCF/UNESP nº 01/2014)
GAIOLAS METABÓLICAS PARA COELHOS
Auxílio à Pesquisa – Regular - FAPESP
(processo nº 14/13192-8)
COLETA DE URINA
PROTOCOLO EXPERIMENTAL
Tempos de coleta de sangue (500 uL):
•
ADU: 0,25; 0,50; 0,75; 1; 2; 4; 6; 8; 12; 18 e 24 h.
•
PED: 0,25; 0,50; 0,75; 1; 1,5; 2; 2,5; 3; 3,5; 4; 5 e 6 h.
•
IV: 0,25; 0,50; 0,75, 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7 e 8 h.
•
LP K4M: 0,50; 1; 2; 4; 6; 8; 12; 24; 30 e 36 h.
•
LP K100M: 0,50; 1; 2; 4; 6; 8; 12; 24; 30 e 36 h.
Tempos de coleta de urina
(gaiolas metabólicas)
6/6 horas (volume total)
RESULTADOS
PERFIL FARMACOCINÉTICO EM COELHOS (Cp vs tempo)
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO IMEDIATA
12,5 mg
100 mg
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO PROLONGADA
IV
10 mg
200 mg
PARÂMETROS FARMACOCINÉTICOS
Unidade
kel ou β
h-1
t1/2
h
ka
h-1
t1/2 a
h
MRT
h
MAT
h
tmáx
h
Cmáx
µg/mL
Vd
mL/kg
Cl
mL/h.kg
Clr
mL/h.kg
fe
%
ADU
PED
IV
100 mg
12,5 mg
10 mg
a
0,1955
0,4351
0,2792
(0,1283 – 0,2628) (0,3366 – 0,5335) (0,1562 – 0,4023)
1,66 a
3,07
4,02
(2,50 – 5,53)
(1,34 – 1,99)
(1,65 – 4,50)
a
1,1472
0,3476
(0,2971 – 0,3982) (0,8660 – 1,4280)
0,63 a
2,03
(1,73 – 2,35)
(0,51 – 0,75)
3,41 a
3,30 a
9,64
(7,88 – 11,42)
(3,03 – 3,80)
(2,20 – 4,40)
a
0,91
2,94
(2,49 – 3,39)
(0,74 – 1,09)
2,3 a
6,0
(3,4 – 8,6)
(1,6 – 2,9)
0,84 a
8,39
(6,11 – 10,67)
(0,62 – 1,07)
1295 a
2338
3165
(1394 - 4936)
(870 - 1721)
(1110 - 3567)
515
555
511
(406 -624)
(336 - 775)
(390 - 632)
a
0,46
1,22 a
9,88
(5,63 – 14,14)
(0 – 0,95)
(0,05 – 2,39)
a
0,08
0,21 a
1,83
(0,96 – 2,71)
(0 – 0,18)
(0 – 0,42)
LPK4M
200 mg
0,2076 b
(0,1231 – 0,2921)
3,92 b
(2,45 – 5,41)
0,3277 b
(0,2463 – 0,4091)
2,24 b
(1,70 – 2,79)
12,8 b,c
(9,25 – 16,34)
3,24 b
(2,45 – 5,41)
11,1 b
(2,9 – 19,4)
10,26 b
(6,81 – 13,7)
2985
(516 - 5454)
483
(246 - 720)
8,28 b
(0 – 17,01)
1,45 b
(0,27 – 2,64)
LPK100M
200 mg
0,2309 b
(0,1464 – 0,3155)
3,56 b
(1,96 – 5,17)
0,2468 a,b
(0,1736 – 0,3201)
3,19 a,b
(1,83 – 4,54)
19,1 a,b,c,d
(16,0 – 22,3)
4,60 a,b
(2,64 – 6,56)
18,8 a,b
(12,9 – 24,8)
7,15 b
(5,00 – 9,31)
3190 b
(2078 - 4303)
668
(497 - 838)
15,68 b,c
(10,62 – 20,74)
2,43 b,c
(1,64 – 3,23)
Estatística (Mann-Whitney test):
a: p<0,05 comparado ao ADU; b: p<0,05 comparado ao PED; c: p<0,05 comparado ao IV; d: p<0,05 comparado ao LP K4M.
PARÂMETROS RELACIONADOS A FASE DE ABSORÇÃO
Estatística (Mann-Whitney test):
a: p<0,05 comparado ao ADU; b: p<0,05 comparado ao PED; c: p<0,05 comparado ao IV; d: p<0,05 comparado ao LP K4M.
- tmáx:
Sem diferença entre os comp. de LP;
LPK100M diferente de ADU e PED;
ADU e LPK4M sem diferença estatística;
ADU e PED diferentes.
- Cmáx:
PED é diferente de todos (menor dose);
ADU, LPK4M e LPK100M sem diferença
estatística;
(doses diferentes, 100 mg vs 200 mg).
Tempo de residência médio (MRT)
Estatística (Mann-Whitney test):
a: p<0,05 comparado ao ADU; b: p<0,05 comparado ao PED; c: p<0,05 comparado ao IV; d: p<0,05 comparado ao LP K4M.
- MRT:
LPK100M diferente de todos os grupos;
ADU e LPK4M sem diferença estatística;
PED e IV sem diferença;
ADU e PED diferentes.
LPK100M proporciona maior tempo de residência do fármaco no organismo
BIODISPONIBILIDADE ORAL (ABSOLUTA E RELATIVA)
Unidade
Dose**
ADU
100 mg*
PED
12,5 mg
IV
10 mg
LP K4M
200 mg
LP K100M
200 mg
42253
4603
3073
62994
68677
(36125 – 48381)
(4324 – 4882)
(2962 – 3177)
(58194 – 67794)
(63534 – 73822)
86,6
3,6
6,3
153,9
111,0
(62,4 – 110,8)
(2,3 – 4,8)
(5,0 – 7,6)
(102,5 – 205,2)
(77,3 – 144,7)
µg/kg
ASC0-∞
µg/mL.h
Foral
%
99,8
37,7
-
118,9
78,8
RBA
%
-
37,8
-
119,2
78,9
*Usado como referência no cálculo de RBA. ** Dose corrigida pelo peso dos animais.
Foral
Comprimidos de liberação prolongada – adequada
PED (38%): inferior aos demais – necessidade de monitorização na clínica
 PK do BNZ na adm. do LPK100M
Prolongamento da liberação do BNZ in vivo com perspectivas de redução
da frequência de administração.
Planejamento de estudo clínico:
Biodisponibilidade relativa - LPK100M (200 mg) x ADU (100 mg)
PLANEJAMENTO DO ESTUDO CLÍNICO DE BIODISPONIBILIDADE RELATIVA
Desenho de estudo cruzado 2x4 (jejum/alimentado) de BDR do comprimido LPK100M.
Washout = 4 dias
Referência = comprimido ADU de 100 mg
Teste = comprimido LPK100M
AGRADECIMENTOS:
- Michel L. Campos
- Elias C. Padilha
- Manuel A. H. Azate
- Talita A. Rosa (UFPE)
- Prof. Dr. Pedro J. Rolim Neto (UFPE)
- Profa Dra Rosângela G. Peccinini
Grupo de Pesquisa em Farmacocinética e Toxicologia de Novos Fármacos e Medicamentos
Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP/Araraquara
Obrigado!
davanco.marcelo @gmail.com
Download