estilo decadente

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Rumos da narrativa
finissecular
Imagens literárias do fim-do-século: o artificial / o natural
 1891 Eça de Queirós: A decadência do riso
 desde a Renascença 2 imagens exemplares:
 1) o riso de Rabelais
 2) a melancolia de Durer
 Qual seria a imagem paradigmática do fim-do-século?
 1892 Civilização
 1901 A Cidade e as Serras
 2 eixos imaginários:
 1) complexidade urbana (o carácter crepuscular da vida urbana,
cidade como sede do mal, da doença, da mediocridade burguesa e do
vício)
 2) simplicidade rural (o mítico regresso ao primitivismo rural como
alternativa à cidade corrupta e nevrótica)
o culto do artificial e o estilo decadente
 relação íntima ( o estilo decadente é uma manifestação do artificial)
 Théophile Gautier (na edição póstuma de Les Fleurs du Mal de
Baudelaire, 1868:
 analogia entre o declínio da civilização ocidental e a Roma da decadência ou
Bizâncio
 estilo decadente: engenho, complexidade, símbolos e imagens analógicas, o
onírico, alucinações bizarras, nevrose
 Paul Bourget (Essais de Psychologie Contemporaine, 1883):
 inadequação entre o homem e o meio gera o pessimismo, crise moral e dor
(os eslavos reagem com o niilismo, os germânicos com o pessimismo, os
latinos com nevrose bizarra)
 relaciona a decadência social com o estilo decadente (decomposição a nível
social e literário)
heróis da decadência
 a partir dos anos 80: oposição ao Naturalismo
 (há uma relação: a comum fascinação pelo pútrido, corrupção e doença, mas
a perspectiva é diferente, o Naturalismo é exterior e o Deacdentismo
interior)
 o modelo do herói decadentista (Des Esseintes, Huysmans, À Rebours):
 determinação: o pessimismo nevrótico decorre da decadência sociocultural e
biológica (o tema do último membro duma raça aristocrática em
degenerescência que se opõe ao utilitarismo burguês e cria os paraísos
artificiais, compare com Eça de Queirós: A ilustre casa de Ramires)
 características: mergulhado no spleen, pessimista, hipocondríaco, misógino,
misantropo, excêntrico, nevrótico, andrógino, penetrado de tédio do vazio e o
consequente desejo do Ideal, do absoluto (linha mística, irracional), culto do
eu, religião da Arte
Os Nefelibatas: manifesto literário
 1891, o Porto, como autor indicado Luiz de Borja
 Raul Brandão, Júlio Brandão, Justino de Montalvão
 o carácter de provocação (pelo ludismo, blague, máscaras), os velhos/os novos, os
novos – o culto da marginalidade social e estética (aristocracia esteticista),
tendências neo-espiritualistas e hiperesteticista (a arte é uma religião)
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 características:
 dimensão parodística (hiperbolização dos topoi decadentistas)
 construção do mito do Poeta (R. Maria, K. Maurício): o sacerdócio da arte,
esbatimento das fronteiras entre a arte e a vida (vida concebida como arte – vida
imita a arte), relação íntima entre a nevrose e a aspiração mística
 cenário decadente (o macabro, alegoria da Morte – dança da Morte, comp.
Félicien Rops: La Mort au bal (1865-75) : associação da luxúria, morte,
satanismo, perversidade feminina – erotismo decadente, imagem da mulher
finissecular que é ou uma prostituta esfíngica ou uma virgem mística)
 valores defendidos: antiburguesismo, aristocracia esteticista, confissão e
autobiografia – egocentrismo
 estilo: vago, abstracto, simbólico, sinestesias, cromatismo típico, palavras-chave
maiusculadas, palavras bizarras etc.
Espiritismo
 Allan Kardec (1804 – 69): por volta de 1856, o introdutor e propagador da
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religião espírita
Théphile Gautier: o primeiro ficcionista francês a tematizar o movimento (a
novela Spirite, 1865)
Villiers de L´Isle-Adam: conto Vera (1874)
Em Portugal: divulgado no círculo decadentista em 1894-95 por João da Rocha
(na Revista de Hoje, mais tarde intitulada Publicação de Arte e do
Sobrenatural), publicou Memórias dum Medium, Excertos dum diário (1900),
Angústias (1901), explica a doutrina espiritista (no homem há 3 partes: o corpo,
o eu consciente (alma, parte espiritual), o perispírito (corpo astral, invólucro que
veste a alma e que estabelece a ligação entre o espírito e o corpo – quando este
se exterioriza de um indivíduo, produz hipnose, magnetismo, sugestão, telepatia
etc.)
traz novos temas à literatura:
a) estados de alucinação
b) cenografia espírita (dark-séance, estados de transe etc.)
c) identificação entre a actividade poética e mediúnica (Poeta – Medium)
António Patrício (1878 – 1930)
 poeta, ficcionista, dramaturgo
 formado em Medicina, trabalhou na diplomacia (em vários lugares
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do mundo: pendor viajante, culto da beleza)
na sua obra é patente o simbolismo, o decadentismo, o saudosismo
Poesia: Oceano (1905), Poesias (1942)
Teatro: O Fim (1905) – história dramática sobre a revolta contra o
ultimatum inglês, Pedro o Cru (1918) – poema dramático sobre a
infinita saudade do Rei: após a vingança parte de noite para a
adoração ao cadáver da morta, D. João e a Máscara (1924) – sobre a
figura mítica de D. João, revisto como um “amoral místico” em busca
do eterno
Narrativa: Serão Inquieto (contos, 1910)
Manuel Teixeira-Gomes (1860 – 1941)
 estudos no Seminário – passou ao republicanismo e anticlericalismo
 ingressou na Medicina, viveu na boémia intelectual (era de família rica),
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associou-se ao negócio do pai (comerciante), fez muitas viagens, carreira
política (1923 – 25 presidente), em 1926 – exílio voluntário na Argélia
a sua obra é influenciada pelo simbolismo decadentista e neo-classicismo
esteticista
excelente narrador que usa ironia e caricatura
temas: crítica social, beleza da vida sensual
Narrativa: Gente Singular (1909), Novelas Eróticas (1935), Maria Adelaide
(1938)
Teatro: Sabina Freire (1905)
Epistolografia e livros de género híbrido
Aquilino Ribeiro (1885 – 1963)
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filho de um padre – frequentou seminários católicos - não sente vocação religiosa para a vida
sacerdotal
como jovem vai a Lisboa onde conspira e escreve textos republicanos (uma explosão no seu quarto
– fuga até Paris, regressa durante a proclamação da República e depois em 1914, casado com uma
alemã)
em 1927 vê-se obrigado a fugir, regressa clandestino em 1928 quando lhe morre a mulher, em
1928 é preso e foge da prisão de Viseu para Paris
em 1931 casado de novo, vive algum tempo na Galiza, depois amnistiado
em 1956: primeiro presidente da Associação Portuguesa de Escritores
na sua obra – referências romanceadas ou autobiográficas à sua vida
temas centrais: 1. luta dos pobres (camponeses etc. ) contra todos os tipos de opressão – o
picaresco, o regionalismo (sobretudo Beira Alta), observação do pormenor, 2. Eros e Cristo
(exaltação do erotismo na vertente ascética e carnal, paganismo, instintos e forças naturais, peso
da tradição patriarcal), estilo: entre clássico (na linha de Eça de Queirós) e vernacular (na linha
de Camilo), barroquizante, esteticista e sensual
Ficção (exemplos):
Jardim das Tormentas (1913) – contos, livro de estreia
O Malhadinhas (1922) – um conto que dá nome à colectânea
O Homem Que Matou o Diabo (1930) – reflecte a travessia da Meseta na fuga para Paris, o
picaresco
A Casa Grande de Romarigães (1957) – localizado no Minho, crónica romanceada
Quando os Lobos Uivam (1958) – livro polémico (AR processado) sobre os direitos tradicionais de
baldios
Raul Brandão (1867 – 1930)
 filho e neto de pescadores (infância na Foz do Douro, “vila adormecida”)
 juventude: boémia intelectual (Os Nefelibatas)
 actividade jornalística, carreira militar, viagens (pela Europa, aos Açores
 temática finissecular, antipositivista, metafísica (o mundo moderno como
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representação de crise moral, o sonho, a dor dos oprimidos e humilhados -infl.
dostoievskiana- etc.)
estilo: situado entre o realismo-naturalismo e esteticismo decadentista,
importante herança de Fialho de Almeida e Camilo Castelo Branco (oscilação
entre o trágico e o grotesco, o confessional e o satírico, hibridez genérica entre
romance, novela, memórias, crónica ou diário etc.), simbolismo
ficção: A Farsa (1903), Os Pobres (1906), Húmus (1917), A Morte do Palhaço e o
Mistério da Árvore (1926) etc.
livros de viagens, crónicas etc. (Os Pescadores, 1923, As Ilhas Desconhecidas.
Notas e paisagens, 1926 etc.)
historiografia (A Conspiração de 1817 , 1914 etc.)
teatro, memórias, textos jornalísticos
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