O presente trabalho consiste na avaliação parcial da disciplina “Violência e Sociedade” ministrada pela Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Docente: Lobelia Faceira. Objetiva discutir sobre a temática da violência estrutural como instrumento para a não materialização dos direitos humanos, implicando na negação da democracia. A violência estrutural está intrinsecamente relacionada com a estrutura societária do modo de produção capitalista que, pelo viés da estrutura e superestrutura garantem os meios necessários para dominação burguesa e maior acumulação capitalista. Nesse contexto, a mídia consiste em um aparelho privado de hegemonia, instrumento utilizado para ampliação, divulgação e reprodução das ideias dominantes. A mídia proporciona um espaço de produção e reprodução da violência quando naturaliza a ausência de direitos e inibe a potencialização da consciência crítica da classe trabalhadora. Principais autores utilizados: Chaui (2006) Silva (2008), Marx (2013), Luxemburgo (1985). A violência é uma categoria ontológica do ser social e está ligada a produção e reprodução material e imaterial da vida humana. Ela se apresenta presente nas relações sociais tanto como forma de alterar/transformar determinada ordem, quanto como forma de manter e dominar a mesma. Ainda que as expressões da violência estrutural se manifestem, muitas vezes, no âmbito particular, a violência é um "complexo social potencializado por indivíduos sociais" (SILVA, 2008, p.3) Estado: principal agente da violência. Se utiliza de um sistema produtivo tirano e desigual, que defende, os interesses burgueses. A vantagem econômica como objetivo final, tece relações que fazem da violência o meio para concretizar este objetivo. Em especial nas sociedades pautadas no modo de produção capitalista Exploração existente na relação capital x trabalho: a pobreza crescente se dá pela má distribuição de renda, a abundancia para uns, e não pela escassez de recursos. É preciso controlar, massificar e alienar a classe subalternizada, criar um exército industrial de reserva e produzir o estranhamento do sujeito em relação ao seu próprio trabalho. A dominação da classe trabalhadora se dá, em sua maioria, por meio da produção e reprodução da miséria, pelo viés do consenso. É produzida pela própria estrutura social e naturalizada pela sociedade, ao passo que permeia o cotidiano dos trabalhadores. Marx (1970) ressalta: as ideias dominantes na sociedade são as ideias da classe dominante. A complexificação das relações na dinâmica capitalista: comunicação, linguagem e relações sociais são recheadas de valores e produção de consensos. A mídia como aparato ideológico reafirma a manipulação ideológica dominante. os sujeitos são coisificados, uma espécie de entretenimento de espetacularização da vida. Mídia no processo de legitimação ideológica: vincula informações trançando caminhos sobre como apreender/interpretar tal informação. Consenso midiático alcançado em todas as esferas da vida social. Incide como expressão da violência, uma violência velada, naturalizada e silenciada. Chauí (2006) descreve que sobre a criação de simulacros, realidades ilusórias proporcionadas pelos donos dos meios de produção que, ao divulgar a informação vislumbram disseminar ideologia. Os valores, a moral, o modo de ser e agir são perpassados por essa esfera com imposição de modelos a serem seguidos. Ao gerar a aceitação e o convencimento das massas, por vezes, transformam o mundo real em mercadoria. Notícia como mercadoria: venda ideológica que influencia e dificulta a opinião pública. Em síntese, a mídia constitui um instrumento de produção e reprodução de valores, reafirmando a violência estrutural e conduzindo de forma acrítica modos de pensar e agir. Visualiza-se um canal de informação manipulado que consiste em aparato para manutenção da ordem vigente. Aparelho privado de hegemonia do capital a favor de sua legitimação, evidenciando o domínio ideológico, a negação da democracia e supressão dos direitos humanos. Nas relações sociais capitalistas, os Direitos Humanos têm estado subordinados à proteção do direito à propriedade privada. A defesa da propriedade privada como direito "sagrado" para o capital introduziu uma relativização da concepção de Direitos Humanos e de relações sociais. A vida e a liberdade, o direito de acesso aos bens e serviços produzidos socialmente somente são defendidos e protegidos como estratégia de construção de consenso. Sempre que a defesa dos Direitos Humanos entra em conflito aberto com a garantia do direito à propriedade privada, este direito se estabelece antes de tudo (e acima de todos) e a violência eclode. A criminalização da pobreza e o estabelecimento de um “Estado Penal”; a prisão como instrumento estratégico de controle social; a supressão de direitos civis, políticos e sociais conquistados, a violência contra etnias e minorias em geral, as leis e instituições que legitimam a desigualdade social etc., tudo isso implica subordinação da concepção clássica de Direitos Humanos à estrutura social capitalista. A violência estrutural se configura, ao passo que consiste na imposição de normas, regras, e sobretudo valores, utilizando-se da ideologia para legitimála socialmente, sustentando toda a forma de produção e exploração do modo de produção capitalista. São diversos instrumentos utilizados no domínio de uma classe sobre a outra, como políticas sociais fragmentadas, focalizadas e privatizadas. Tais instrumentos se configuram como essenciais no processo de legitimação da violência estrutural, camuflando a desigualdade social e exploração sofrida pela classe subalternizada A violência estrutural está relacionada com a mercantilização das relações humanas. É diante do poder de formação de opinião que a mídia possui que se coloca como um desafio constante a superação da hegemonia posta. A concepção de Direitos Humanos vigente é estabelecida por uma estrutura social que reproduz contradições, já que atribui primazia absoluta à apropriação privada da riqueza social pelas classes dominantes. A violência é consequência direta, inevitável desse modelo social marcado, por um lado, pelo extraordinário desenvolvimento de forças produtivas, e, por outro, pela negação de direitos. CARNOY, Martin. Estado e teoria política. [tradução pela equipe de tradutores do Instituto de Letras da PUC – Campinas]. – 11 ed. São Paulo: Papirus, 2005. CHAUI, Marilena. Simulacro e Poder: Uma análise da mídia. 1ª ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006. LUXEMBURGO, Rosa. A acumulação do capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. São Paulo: Nova Cultural, [1913] 1985. MARX, K. O capital: crítica da economia política. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 1970. MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, livro I. São Paulo: Boitempo, [1867] 2013. SILVA, José Fernando Siqueira da. O método em Marx e o estudo da violência estrutural. Revista Eletrônica da Faculdade de História, Direito, Serviço Social e Relações Internacionais. Franca, UNESP. 2005. Disponível em:< http://www.franca.unesp.br/revista/index.htm>.