CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS A contração de crédito para a aquisição de valores mobiliários ou do empréstimo de valores mobiliários, pelos riscos em que os investidores incorrem, exige que estes tenham um conhecimento profundo do mercado financeiro. Os Bancos devem, previamente à concessão de crédito, indicar no contrato quais os valores mobiliários autorizados para aquisição, assegurando-se que determinado valor mobiliário é adequado ao cliente, através da avaliação do perfil do cliente quanto: • • • Aos tipos de investimento com os quais está familiarizado; Aos seus conhecimentos em matéria de investimento; À sua apetência pelo risco e aos seus conhecimentos quanto aos riscos associados aos diferentes tipos de produtos financeiros. 1 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > Aspetos relevantes a ter em conta na celebração de um contrato de crédito para aquisição de valores mobiliários • Montante máximo do crédito a contrair no prazo de vigência do contrato; • Grau de cobertura mínimo; • Taxa de juro (por exemplo, Euribor a 6 meses acrescida do spread negociado); • Indicação dos mercados e valores mobiliários autorizados/elegíveis e o grau máximo de exposição máximo permitido por valor mobiliário ou grupos de valores mobiliários. 2 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > Custos associados ao financiamento para aquisição de valores mobiliários • Pagamento de juros (contados diariamente) sobre o saldo em dívida (contas correntes caucionadas); • Prestação de garantias de cumprimento do empréstimo, nomeadamente penhor dos títulos integrantes da carteira e entrega de uma livrança subscrita pelo investidor em que o Banco fica expressamente autorizado a preencher (designadamente no que se refere às datas de emissão e de vencimento até ao limite das responsabilidades emergentes do contrato de concessão de crédito). 3 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > Principais riscos associados ao investimento com recurso ao crédito • Risco de acentuadas descidas na cotação dos valores mobiliários adquiridos com recurso ao crédito e eventual necessidade de entregas adicionais (em dinheiro ou títulos) para cumprir o grau de cobertura negociado; • Risco de perda de capital (menos valias) nas operações realizadas, a que acrescem os custos do crédito; • Risco de liquidação da carteira pelo Banco, no caso de o valor de mercado dos valores mobiliários mais o numerário existente na conta, não atingir o grau de cobertura negociado relativamente ao valor do crédito em dívida. 4 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > CASOS PRÁTICOS Condições da operação • Investidor pede um empréstimo para a compra de ações da empresa X • Condições do empréstimo: • Montante: 1.000 € • TAN: 20% / TAEG: 25% • Período do empréstimo: 12 meses • Comissão por ordens (compra e venda) sobre títulos: 0,5% sobre montante (mínimo: 7 euros) • Comissão de guarda de títulos: 9 euros/trimestral • Preço de aquisição das ações: 1 €/ação • Número de ações adquiridas: 1.000 • Período de manutenção das ações em carteira: 12 meses 5 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > CASO 1 – Ações sobem 50% em 12 meses • • • • • • Montante investido na compra de ações: 1.000 € Desempenho das ações em bolsa em 12 meses: 50% Custo com operação de compra de ações: 7 euros Custo com operação de venda de ações: 7 euros Comissão por guarda de títulos: 9 € x 4 trimestres = 36 € Custo total do crédito (total de juros e encargos): 125,21 € Cálculos: Preço de venda das ações: 1,5 € / ação Montante obtido com a venda de ações: 1.500 € Custos totais com comissões sobre ações: (7 € x 2) + 36 € = 50 € Montante total imputado ao investidor com o empréstimo: 1.125,21€ Ganho obtido pelo investidor = 1.500€ - 50 € - 1.125,21 € = 324,79€* Subida da cotação das ações compensa custos com o empréstimo * Não é incorporado o efeito fiscal, calculado apenas no final de cada ano civil (saldo das mais-valias e menos-valias obtidas no período) 6 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > CASO 2 – Ações sobem 10% em 12 meses • • • • • • Montante investido na compra de ações: 1.000 € Desempenho das ações em bolsa em 12 meses: 10% Custo com operação de compra de ações: 7 euros Custo com operação de venda de ações: 7 euros Comissão por guarda de títulos: 9 € x 4 trimestres = 36 € Custo total do crédito (total de juros e encargos): 125,21 € Cálculos: Preço de venda das ações: 1,1 € / ação Montante obtido com a venda de ações: 1.100 € Custos totais com comissões sobre ações: (7 € x 2) + 36 € = 50 € Montante total imputado ao investidor com o empréstimo: 1.125,21€ Prejuízo do investidor = 1.100€ - 50 € - 1.125,21 € = -75,21€* Subida da cotação das ações não compensa custos com o empréstimo * Não é incorporado o efeito fiscal, calculado apenas no final de cada ano civil (saldo das mais-valias e menos-valias obtidas no período) 7 CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS > CASO 3 – Ações caem 20% em 12 meses • • • • • • Montante investido na compra de ações: 1.000 € Desempenho das ações em bolsa em 12 meses: -20% Custo com operação de compra de ações: 7 euros Custo com operação de venda de ações: 7 euros Comissão por guarda de títulos: 9 € x 4 trimestres = 36 € Custo total do crédito (total de juros e encargos): 125,21 € Cálculos: Preço de venda das ações: 0,8 € / ação Montante obtido com a venda de ações: 800 € Custos totais com comissões sobre ações: (7 € x 2) + 36 € = 50 € Montante total imputado ao investidor com o empréstimo: 1.125,21€ Prejuízo do investidor = 800€ - 50 € - 1.125,21 € = - 375,21€* Queda das ações acentua perdas do investidor que contrai crédito * Não é incorporado o efeito fiscal, calculado apenas no final de cada ano civil (saldo das mais-valias e menos-valias obtidas no período) 8