Psicóloga Adriana Caetano Bastos CRP CRP 16/2712 ÉTICA: O QUE É ISSO? Ética é uma palavra de origem nobre, da antiga cultura Grega. Provém de “íthos”, que significa “a clareza na alma”. O verbo grego “ítheo” significa filtrar. Assim, uma pessoa possuidora de Ética, filtra melhor os estímulos e valores do mundo. Segundo o dicionário Aurélio: 1. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. 2. Conjunto de normas e princípios que norteiam a conduta do ser humano. Certo ou errado ; bom ou mau ; bem ou mal ; bonito ou feio. Quando qualificamos um comportamento (seja ele qual for), temos em vista um critério definido no Espaço da moralidade. É no espaço da moralidade que aprovamos ou reprovamos os comportamentos das outras pessoas, que nos questionamos sobre nossos comportamentos: “será que agi certo?”. Acreditamos que, ao agirmos corretamente (de acordo com as normas impostas pela sociedade) teremos maiores possibilidades de aceitação social. Quando paramos para refletir sobre nossos julgamentos morais, quando procuramos analisar com maior profundidade o comportamento das outras pessoas e o nosso próprio comportamento, quando procuramos compreender o sentido de uma ação atribuindo-lhe valores, entramos no Plano da ética. A ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral do comportamento do homem. Cabe a ela, enquanto investigação que se dá no interior da filosofia, procurar ver – como afirmei antes – claro, fundo e largo os valores, problematizá-los, buscar sua consistência. É nesse sentido que ela não se confunde com a moral. No terreno desta última, os critérios utilizados para conduzir a ação são os mesmos que se usam para os juízos sobre a ação, e estão indiscutivelmente ligados a interesses específicos de cada organização social. No plano da ética, estamos numa perspectiva de um juízo crítico, próprio da filosofia, que quer compreender, quer buscar o sentido da ação. (...) A moral, numa determinada sociedade, indica o comportamento que deve ser considerado bom ou mau. A ética procura o fundamento do valor que norteia o comportamento, partindo da historicidade presente nos valores. RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. São Paulo: Cortez, 1995. Segundo o Filósofo Peter Singer, a Ética é uma questão do dia-a-dia, das nossas escolhas mais simples e singelas, como o que vamos comer no almoço. Em suas palavras: “A Ética é um exercício diário, precisa ser praticada no cotidiano. Se uma pessoa não respeita o próximo, não cumpre as Leis da convivência, não paga seus impostos ou não obedece as Leis de trânsito, ela não é Ética. Num primeiro momento, pequenas infrações isoladas parecem não ter importância. Mas, ao longo do tempo, a moral da comunidade é afetada em todas as suas esferas...uma ação interfere na outra, e os valores morais perdem a força, vão se diluindo. Para uma sociedade ser justa, o círculo Ético é essencial”. Mas, Cuidado: No plano da ética, não há verdades absolutas. Os costumes e, consequentemente, os valores mudam no decorrer dos tempos. A cultura e as particularidades locais tem muito a nos dizer a respeito do processo de internalização de regras. As sociedades mudam, as pessoas mudam e o que ontem era considerado errado, hoje pode ser aceito (ou vice-versa). Será que tudo muda mesmo? Os costumes mudam, as sociedades mudam, as pessoas mudam... Por que, então, alguns conceitos na educação de trânsito perduram por tantos anos em nosso país? Quando o assunto é trânsito, muitos conceitos reducionistas foram (e ainda são!) reproduzidos (e aceitos!) como verdades absolutas. Como se não houvesse mais nada a dizer a respeito. Mas ainda temos muito a refletir... Quem nunca se aborreceu no trânsito?? Trânsito é um Direito de ir e vir. Direito de todos; trânsito é o maior espaço Social, mas, alguns indivíduos usam esse espaço para descarregar suas pressões diárias, tornando o trânsito um espaço perigoso e ainda mais estressante. A locomoção surgiu da necessidade de as pessoas ampliarem seus horizontes, descobrirem novos lugares, procurarem ambientes favoráveis às suas necessidades de sobrevivência. Em cada momento histórico, foram descobertas formas e criados meios para atingir o objetivo de locomover-se, de transitar no espaço. Por isso, o trânsito é muito mais antigo que qualquer veículo ou qualquer via. Transitar exige um exercício contínuo de convívio social. Com o passar dos tempos, as cidades cresceram, os veículos apareceram e as pessoas perceberam que era necessário organizar o espaço público. Surgiu, então, a necessidade de comunicação com o espaço público. Criou-se um conjunto de sinais capaz de atender as necessidades humanas de locomoção: os semáforos, as placas de sinalização, o apito dos agentes de trânsito, etc. (...) o fato é que o trânsito está estreita e profundamente relacionado aos lugares. A presença do trânsito encontra-se refletida no tempo e no espaço – construídos pelas sociedades humanas. Por possuir uma dinâmica ampla, o trânsito intervém visivelmente na ordenação e na organização dos lugares, nos estilos arquitetônicos, nas estruturas urbanas, nas vias de transporte etc. Porém, o que torna o trânsito ainda mais extraordinário é a sua capacidade de transformar os indivíduos em seres coletivos que compartilham o mesmo espaço: o espaço público. RODRIGUES, Juciara. 500 Anos de trânsito no Brasil: convite a uma viagem. Brasília: ABDETRAN, 2000. Mas, porque, quando estamos dentro do nossos carros, nos transformamos em contraventores agressivos e impacientes? Que comportamento é esse, que vai desde o descuido e o erro, passando pela imprudência e ousadia criminosa, até o engano e a incompetência do condutor, os principais fatores que causam acidentes e, rotineiramente, stress e violência no trânsito. Não é difícil pessoas que “roubam” uma vaga, “furam” uma fila... Pessoas que – em pequenas ações do dia-a-dia – não agem eticamente, pois não aprenderam a pensar de forma coletiva (em favor do bem comum). Continuam querendo levar vantagem na vida (e no trânsito!). Uma pesquisa realizada nos EUA, 93% dos motoristas se consideram “acima da média”, ou seja, mais habilidosos que os demais. Pouco confiável, nos auto avaliar, pois sempre tenderemos a nos auto-avaliar de modo parcial. Somos mau juízes em causa própria e nos entregamos facilmente a ilusão de superioridade. Que valores precisamos para entender a Ética? Precisamos pensar e definir quais os valores que se consideram dignos de ser incentivados em nossa sociedade quando o assunto é trânsito. Esses valores devem ser aqueles que regulam nosso sistema de convivência e que envolvam o pensar e o agir de cada pessoa, respeitando sua liberdade. amizade igualdade cooperação tolerância justiça respeito solidariedade responsabilidade Se ser cidadão é adotar uma postura em favor do bem comum, você pode perceber a razão pela qual ética e cidadania são temas tão ligados. Certamente, uma não existe sem a outra. Fazemos sem pensar, ou não ligamos para os que estão ao lado? Você escuta o som do carro ou de casa muito alto? Esse é um problema que pode causar muita confusão. Para que ela não aconteça, lembre-se: a sua música pode ser de um gosto totalmente diferente do gosto das outras pessoas. O outro não é obrigado a gostar, tão pouco ouvir as suas músicas. Além disso, há lei que rege a altura máxima permitida para sons e infringi-la pode te levar a ser multado. Sem contar que pessoas que trabalham em horários diversos, crianças ou pessoas doentes, podem estar descansando. Estaciona o seu carro em vaga destinada a deficiente físico ou idoso? Essa é uma atitude bem desrespeitosa. Se há demarcações de vagas é porque as pessoas a que elas destinam precisam de facilidades para se locomover. É tão difícil para um idoso ou cadeirante andar pelas calçadas das grandes cidades, devido ao mau estado em que elas se encontram, por isso é preciso respeitar a via de acesso aos locais públicos e estabelecimentos a eles reservadas. Parar em filas duplas ou triplas em frente às escolas Este é um costume de grandes cidades. Muitas pessoas com dificuldade ou pressa acabam prejudicando o trânsito. Se todos respeitassem as sinalizações e o direito do outro ir e vir certamente o trânsito fluiria melhor. Estaciona em lugares proibidos ou ocupa mais de uma vaga? Quando estacionamos em local proibido prejudicamos o trânsito. Caso não prejudicasse, por que proibiriam? E não é porque tem vagas sobrando que precisamos ocupar mais de uma. Dali a pouco alguém pode precisar parar e não tem mais vagas. Quando temos atitudes desse tipo motivamos outras pessoas a agirem também assim. E amanhã pode ser você a se sentir prejudicado. Você dirige após ingerir bebida alcoólica? O que temos aqui é uma falta de respeito e, principalmente, um grande perigo. Ao pegar no volante após beber, você não se encontra em seu estado normal – os seus reflexos estão mais lentos. Por isso, o seu veículo se transforma em uma arma contra os demais pedestres e motoristas. As probabilidades de um acidente acontecer aumentam, assim como os de vítimas em estado grave ou fatais. Pessoas com bom senso sabem que bebida e direção não combinam! Outras atitudes antiéticas: O Adulterar o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado. Estacionar nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas. Subornar ou tentar subornar quando é pego cometendo infração. Falar ao celular enquanto dirige. Trafegar pela direita nos acostamentos num congestionamento. Passar com o sinal (semáforo) fechado para você. Parar na faixa para pedestres. Parar de forma a impedir que outros motoristas atravessem. Muito obrigada [email protected]