PENSAR O SOCIAL ONTEM E HOJE Disciplina: Filosofia 1 Século XIX O que estava acontecendo no mundo... Chassot (2007) coloca que o século XIX foi o grande período no qual a ciência se consolidou e realmente passou a definir marcas na caminhada da humanidade. Se até então, o homem buscava, na ciência resposta às suas interrogações sobre a natureza, a partir daquele século a ciência não só passa a responder às interrogações, mas também, ao interferir na própria natureza, a determinar novas e melhores maneiras de viver. 2 Segunda Metade do Século XIX • Era pensar a sociedade como um equilíbrio das partes em processo de evolução, como fez Herbert Spencer (1820 – 1903) sob influência da obra de Charles Darwin (1809 – 1882), biólogo inglês que desenvolveu uma teoria da evolução para a realidade social e propôs ser a competição o motor do processo de adaptação dos organismos sociais às transformações ambientais, gerando diferenciação e divisão do trabalho. 3 Para refletir Vamos listar pontos positivos e negativos da competição nas comunidades ao lado: • Colégios/Faculdades • Instituições Religiosas • Esporte • Bairro • Família • Empresa Privada 4 Os estudiosos do século XIX concluíram que a diversidade aprofunda as relações sociais de interdependência. As relações sociais entre os indivíduos separados apontavam para a sociedade como uma construção artificial. 5 “ A diversidade aprofunda as relações sociais de interdependência.” COMO? 6 De acordo com Ferdiand Tönnies (1855 – 1936), a sociedade é uma estrutura composta pelos grupos sociais diferentes e assemelhados, que mantêm laços entre si, sejam pela língua, pela cultura, pelo modo como se relacionam, produzem e trabalham. 7 Vilfredo Pareto (1894 – 1923) teorizou sobre ciência e sociedade: “Conhecimento e realidade social são integrantes de um mesmo fenômeno; um alimenta o outro. Os homens são ávidos em conhecer as condições da própria existência e desenvolvem métodos científicos para alcançar esse objetivo.” 8 A sociedade integrada de Durkheim • Émile Durkheim (1858 – 1917) escreveu A divisão do trabalho social (1893), uma das obras mais lidas em sociologia. 9 Durkheim A divisão do trabalho e processos outros de diferenciação social fazem emergir interesses, vontades individuais ou coletivas com frequência radicalmente opostos. No entanto, a sociedade funciona, permanece e se transforma. 10 Existem instituições fornecedoras de regras de condutas aceitas e legitimadas socialmente. (Quais ? Como ?) 11 Durkheim São laços de coesão ou solidariedade que unem os indivíduos socialmente e diferem conforme o tipo de sociedade. 12 Durkheim • Com o crescimento da população e o progresso técnico, as sociedades experimentam um fenômeno de densidade moral, caracterizados pelo aumento e a intensidade das relações sociais. Essa é a sociedade industrial. 13 Durkheim Na sociedade industrial os vínculos de uma solidariedade orgânica, funcional, propiciada pelo fato de os indivíduos se diferenciarem e tornarem-se interdependentes, levam a uma divisão do trabalho mais complexa. 14 Durkheim Controle Social O controle social é o domínio que indivíduos, instituições ou grupos exercem sobre outros, mediante o estabelecimento e vigilância do cumprimento de normas e regras de conduta sociais. 15 Durkheim Controle Social Entre os tipos de controle social estão: - Os costumes - A religião - A lei - A moral - A educação São exercidos por instituições específicas e pela sociedade em geral. 16 Que tipos de controle social existem dentro de uma empresa? 17 Durkheim Coerção Social Está presente na pressão velada ou aberta de uma sociedade exerce sobre o indivíduo, para que este siga os costumes e comporte-se segundo os valores e as normas vigentes. Nem sempre ela é sentida pelo indivíduo, porque o induz a adaptar-se às regras de convivência social. 18 Exemplifique tipos de coerção social velada e aberta. 19 Durkheim O controle social é um dos sustentáculos da teoria durkheimiana, pois a sua Sociologia, de cunho normativo, persegue uma existência pacífica e integrada da sociedade. Tudo o que venha a fugir desse padrão de funcionamento estável e controlável – leia-se, um estado de saúde social – é enquadrado como patológico e pode conduzir à condição de anomia social, o mesmo que ausência de normas. 20 Durkheim Quando ocorre a desorganização das normas sociais, também chamada de disnomia, ou momentos de anomia na sociedade – uma revolta, um motim, uma crise econômica - , esses estados temporários estão sujeitos à correção para restabelecer a ordem social. 21 Durkheim Frente a essas anomalias, Durkheim evoca a revitalização das corporações sociais, capazes de compor os laços de natureza moral que as forças do mercado ameaçavam destruir. 22 Exemplifique tipos de corporações sociais. 23 Para Durkheim, a Sociologia tem o papel de compreender o funcionamento orgânico da sociedade e suas partes, de maneira a formular leis e realizar generalizações. 24 Durkheim Um dos papéis da Sociologia como ciência é, portanto, a apreensão dos fenômenos sociais para permitir intervenção e correção dos rumos da sociedade. 25 Como a sociologia pode corrigir os rumos da sociedade? 26 Durkheim Os conflitos pressupõem a existência de desigualdade entre grupos com interesses distintos, principalmente no âmbito social, político e econômico. São exemplos: • Os conflitos de classes; • Os conflitos étnico-raciais; • A luta pela terra; • Os conflitos religiosos; • As guerras; • Revoluções sociais. 27 Weber Weber pensa a racionalidade dos fenômenos sociais Uma teorização sociológica que põe o conflito da análise social é produzida por Max Weber (1864 – 1920). 28 Weber Para ele, o conflito nasce da contraposição de interesses econômicos, no calor das relações dos mercados, onde ocorrem a oferta e a demanda de mercadorias. 29 Weber A sociedade moderna é, por excelência, aquela dos mercados, dos interesses organizados e opostos, propiciando conflitos. 30 Weber Os conflitos para ele não são patológicos nem provocam desintegração social, mas favorecem uma estrutura institucional capaz de regulá-los, que chama de ordenamento social. 31 Weber A realidade social é complexa, caótica e foge ao controle humano, por isso o sujeito que a investiga é seu ordenador. Já Durkheim colocava o investigador distante, como observador. 32 Weber Para o caos, surge a burocracia, típica dos Estados Modernos. 33 Weber Em 1977 ele propõe o método da compreensão para captar o sentido da ação social: os homens agem levando em conta as ações de outros homens; deixando-se guiar por elas. 34 Weber O sentido da ação social é um meio para alcançar um fim e torná-la efetiva, uma vez que acontece numa cadeia motivacional, num processo de muitas ações concatenadas, uma relação social, na concepção de Weber. 35 Weber Ainda que Weber considere os fatores econômicos como importantes para as mudanças sociais, as ideias e os valores sociais são determinantes para que transformações aconteçam. Os valores sociais constituem a motivação da ação social. 36 Ação a qualquer custo? Qual o preço de uma motivação para uma ação social? 37 Karl Marx Karl Marx (1818 – 1883) apesar de não ter sido sociólogo, ele pode ser considerado um clássico da Sociologia, pois sua influência para a compreensão da mudança social foi notável. Sua maior contribuição sociológica está na análise da dinâmica da sociedade capitalista. 38 MARX “Toda sociedade produz e consome e, nesse processo, se reproduz.” Como? 39 Marx As relações de produção na sociedade capitalista são essencialmente de dominação, porque envolvem diferentes interesses de classe, inevitavelmente antagônicos: trabalhadores querem o seu salário, enquanto os donos do capital almejam o lucro. 40 Marx Ao longo de sua obra, Marx produz o método e a interpretação do modo de produção capitalista, preocupando-se em explicar os passos da dialética materialista. Empenha-se em mostrar as coisas que não aparecem e se escondem atrás das relações sociais, como se fossem dotadas de propriedades exclusivas, místicas, independentes do trabalhador que as faz e das relações de produção a que está subordinado. 41 DIALÉTICA Tese + Antítese = Síntese Expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de ideias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto da sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo. A nova síntese. 42 DIALÉTICA Tese + Antítese = Síntese A hipótese fundamental da dialética é de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação. 43 A Dialética de Marx Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. 44 A Dialética de Marx Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas. Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. 45 A Dialética de Marx No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes. 46 MARX “Assim como Darwin descobriu a lei da evolução na natureza orgânica, Marx descobriu a lei da evolução na história humana.” (CHASSOT, 2007, p. 205) 47 A Sociologia como Ciência Como ciência, a Sociologia deve obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e, consequentemente, da abordagem científica da sociedade. 48 A Sociologia como Ciência A Sociologia tem um teor mais teórico-crítico e não empreende pesquisa empírica, como o fazem as ciências naturais, isto é, valendo-se da experiência e da experimentação. Na Sociologia a observação empírica dos fenômenos substitui a experiência. 49 A Sociologia como Ciência • • • • • A sociologia é um campo descritivo, analítico e explicativo. Os objetivos de qualquer ciência, devem ser, compreender e controlar o que constituem o seu objeto de estudo. Os seus fundamentos devem ser a observação cuidadosa, o seu registro exato, seu fim último é do de ordenar os fatos em leis gerais coerentes. A sociologia não pode usar de previsibilidade matemática porque trata do universo Social e Humano. Ela é uma Ciência que se coloca face ao seu objeto de estudo com atitude realmente Científica. 50 A Ciência se questiona Edgar Morin (1994) e Boaventura de Sousa Santos (1998) sobre as realidades sociais dos séculos XX e XXI – revelam que as inúmeras ameaças e perigos que assolam a humanidade e o planeta Terra foram decorrentes da forma de se pensar e se fazer ciência do homem contemporâneo. 51 A Ciência se questiona Muitas das descobertas, pretensamente neutras, ao serem utilizadas pelo mercado e por governos de diversos matizes, produziram novos riscos para a humanidade, distintos daqueles próprios da natureza, como é o caso das erupções vulcânicas e terremotos. 52 A Ciência se questiona As ameaças que pairam sobre o ambiente, a saúde, o trabalho, o cotidiano e sobre todos os seres vivos, e as consequentes reflexões sobre tal cenário, provocaram a crise da ciência. Significa dizer, provocaram a consciência dos limites da ciência e de suas insuficiências, permitindo identificar as fragilidades de seus pilares. Por isso, urge uma ciência com consciência, como defende Morin (1994). 53 BIBLIOGRAFIA - - - - - ARAÚJO, BRIDI, MOTIM. Sociologia: um olhar crítico. São Paulo: Editora Contexto, 2009. CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. 2ª.ed. São Paulo: Editora Moderna, 2007. SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de Conceitos Históricos. 2ª.ed. São Paulo: Editora Contexto, 2006. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. História e grandes temas.16ed. São Paulo: Saraiva, 2006. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. Introdução à Filosofia. 4ª.ed. São Paulo: Moderna, 2010. 54 BIBLIOGRAFIA - - SCOTT, John. Sociologia: conceitos-chave. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2006. PAPINEAU, David. Filosofia: grandes pensadores, principais fundamentos e escolas filosóficas. São Paulo: Publifolha, 2009. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4ª. ed. São Paulo: Artmed, 2005. BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. 2ª.ed. Lisboa: Edições 70, 2001. 55