TERMODINÂMICA – O QUE SIGNIFICA? TERMODINÂMICA calor força, movimento • No início, ocupou-se do estudo dos processos que permitiam converter calor em trabalho MÁQUINA A VAPOR DE THOMAS NEWCOMEN • Como aumentar a eficiência destas máquinas? Termodinâmica ramo da Física que tem por objecto de estudo: • os processos em que há transferência de energia e/ou transformações de energia em sistemas macroscópicos, em termos de variáveis macroscópicas como pressão (P), volume (V), área (S) ou comprimento (L), temperatura (T), campo magnético (B), magnetização do material (M), tensão superficial ( ), etc (as variáveis de interesse dependem do sistema que se está a estudar); • as propriedades físicas dos sistemas que são determinantes nos processos de transferência de energia (condutividades e capacidades térmicas, coeficientes de expansão e compressibilidade, ...) Sistemas macroscópicos → contêm um grande número de partículas constituintes (átomos, moléculas, iões, ...) NA 6,022 10 23 nº de Avogadro Formalismo termodinâmico pode ser aplicado aos mais diversos sistemas. Exemplos são: • gás, líquido ou sólido num recipiente; • corda esticada ou barra metálica; • membrana esticada; • circuito eléctrico; • íman num campo magnético. Exemplo: líquido num recipiente Energia potencial gravítica, mgh Energia cinética de rotação das pás Energia interna das moléculas de água TERMODINÂMICA – VOCABULÁRIO Sistema termodinâmico Vizinhança do sistema Fronteira Uma certa porção de matéria, que pretendemos estudar, suficientemente extensa para poder ser descrita por parâmetros macroscópicos. Aquilo que é exterior ao sistema e com o qual o sistema pode, eventualmente, trocar energia e/ou matéria. Superfície fechada, real (uma parede, uma membrana, etc) ou abstracta (imaginada por nós), que separa o sistema da sua vizinhança. Exemplo: Gás contido num cilindro com uma parede móvel Vizinhança: ar exterior ao recipiente Parede móvel (êmbolo) + Superfície lateral do cilindro + Sistema: gás num recipiente de parede móvel Base do cilindro Fronteira: paredes do recipiente Sistema isolado Não troca energia nem matéria com a sua vizinhança. Sistema fechado Não troca matéria com a sua vizinhança (pode trocar energia). Sistema aberto Troca matéria com a sua vizinhança. Paredes móveis (contrário: fixas) Permitem transferência de energia na forma de trabalho mecânico. Paredes diatérmicas (contrário: adiabáticas) Permitem transferência de energia na forma de calor. Paredes permeáveis (contrário: impermeáveis) Permitem transferência de matéria. Variáveis de estado ou variáveis termodinâmicas Grandezas macroscópicas mensuráveis e que servem para caracterizar o sistema. (Ex: temperatura (t), pressão (P), volume (V), magnetização de um íman (M), área superficial de um líquido (S), tensão numa corda (T), etc.) TEMPERATURA Interpretação microscópica medida da energia cinética média dos átomos ou moléculas que constituem o sistema. (gases: energia cinética de translação; sólidos: energia cinética de vibração) TEMPERATURA Definição operacional a grandeza que se mede com um termómetro. A temperatura é lida no termómetro ao fim de um certo tempo (tempo de relaxação), quando A e B atingirem o equilíbrio térmico. Relação entre escalas de temperatura Celsius e Kelvin T (K ) t (ºC ) 273,15 Escala Kelvin: Escala Celsius: Princípio Zero SISTEMA C SISTEMA A SISTEMA B SISTEMA C SISTEMA A SISTEMA B Dois sistemas (A e B) em equilíbrio térmico com um terceiro sistema (C) estão também em equilíbrio térmico um com o outro. Isto é, verifica-se a propriedade transitiva da relação de equilíbrio térmico. A temperatura é a propriedade que é comum a sistemas que se encontram em equilíbrio térmico (mesma classe de equivalência). PRESSÃO Pressão: • força por unidade de área • independente da orientação da superfície • forças de pressão sempre perpendiculares à superfície dF p dA Estado de equilíbrio termodinâmico Estado termodinâmico caracterizado por um valor uniforme (o mesmo por todo o sistema) e estacionário (não varia com o tempo) das variáveis termodinâmicas. Equilíbrio térmico Equilíbrio mecânico Equilíbrio químico Valor uniforme da temperatura (contacto térmico entre subsistemas) Valor uniforme da pressão (no caso de gases). Valor uniforme das concentrações químicas. Equação de estado Equação que relaciona as diferentes variáveis termodinâmicas de um sistema em estados de equilíbrio. Em geral, são precisas unicamente 2 variáveis de estado para caracterizar um sistema fechado e de uma componente (Exs: (P,V), (T,L),...) Exemplo: Equação de estado do gás ideal v V 1 n (m 3 / mol) → volume molar R 8,314510 JK 1mol 1 Pv T Gases reais: Pv lim R P 0 T R const. molar dos gases ideais Gás ideal (ou gás perfeito): Pv R PV nRT T Eq. de estado do gás perfeito Diagrama PV ou de Clapeyron Estado 2 P2 Estados intermédios de equilíbrio Estado 1 P1 V2 V1 Processo termodinâmico Transformação de um estado de equilíbrio do sistema noutro estado de equilíbrio, por variação das propriedades termodinâmicas do sistema. Exemplo: Expansão/compressão de um gás ideal GÁS IDEAL: SUPERFÍCIE PVT Cada estado de equilíbrio é representado por um ponto na superfície PvT e cada ponto na superfície representa um estado de equilíbrio possível. Processo isocórico Processo isotérmico Processo isobárico Leis de Gay-Lussac: P const.T v const.T (rectas) Lei de Boyle-Mariotte: Pv const. (hipérboles equiláteras) Gás de van der Waals a P 2 v b RT v Eq. de van der Waals (as constantes a e b variam com o tipo de gás) volume finito das moléculas volume disponível para o mov. das molec. = v – b P(v-b) = RT forças intermoleculares P = RT/(v-b) - P, com P = a/v2 v F Na colisão das moléculas do gás com qualquer superfície, as forças atractivas das moléculas não estão contrabalançadas e têm por efeito diminuir a velocidade de colisão. O termo que se adiciona à pressão tem por efeito restabelecer o valor que existiria na ausência de forças atractivas. ENERGIA E PRIMEIRO PRINCÍPIO Energia total de um sistema E Emec Eint U Ec E p macrosc Ec E p moléculas Ex: Sistema de n moles de partículas num campo gravítico 1 2 E mvCM mghCM U 2 mnM M massa molar Consideraremos sistemas cujo movimento de conjunto é nulo ou quase nulo e cuja variação de energia potencial devido a campos de forças externas é desprezável. Nesse caso, E = U. U pode variar como resultado de: trabalho, W, realizado sobre o sistema (U > 0) ou pelo sistema (U < 0) calor, Q, que entra (U > 0) ou que sai do sistema (U < 0) Trabalho termodinâmico num sistema PVT Fe força externa W Fe dx Fe dx Pe Adr PedV + compressão (dV < 0) trabalho da força externa é positivo expansão (dV > 0) trabalho da força externa é negativo Trabalho infinitesimal - W Pe dV dV 0 (expansão) : trabalho realizado pelo sistema dV 0 (compressão) : trabalho realizado sobre o sistema Processo quase-estático Pe P em todas as configurações de equilíbrio W P dV W PV F2 L3 F L L Unidade SI de trabalho: Joule (J) + Trabalho termodinâmico, num processo que leva o sistema do estado 1 ao estado 2 2 W P dV ; P P (V ) 1 V2 W P (V ) dV V1 dA P dV A V2 A P (V ) dV V1 diagrama P-V ou de Clapeyron Expansão W A Trabalho termodinâmico, num processo que leva o sistema do estado 2 ao estado 1 V1 V2 V2 V1 W P (V ) dV P (V ) dV A V2 A P (V ) dV V1 Compressão WA Em geral: o trabalho é uma função do processo; não depende apenas dos estados 1 e 2 A1-A2 A1 WI P(V ) dV A2 WII P(V ) dV I II W P (V ) dV P (V ) dV P (V ) dV I A1 A2 0 II Caso particular: o trabalho adiabático depende apenas dos estados 1 e 2 O trabalho adiabático sobre um sistema termodinâmico só depende dos estados inicial e final e não do processo realizado entre esses dois estados. Podemos, por isso, definir a função de estado energia interna tal que Wadia Uf Ui U Num processo não-adiabático, o trabalho realizado sobre um sistema entre os estados inicial (i) e final (f) é diferente do trabalho adiabático realizado entre os mesmos estados (i) e (f). A diferença entre ambos é o calor trocado durante o processo: Q Wadia W Q U W U W Q Formulação matemática da 1ª Lei Calor e Trabalho U W Q Primeira Lei: A energia interna de um sistema fechado pode variar: por trocas de trabalho com a vizinhança por trocas de calor com a vizinhança Capacidades térmicas Capacidade térmica Quantidade de calor que é necessário fornecer ao sistema (lentamente), para que a temperatura do sistema aumente de 1 kelvin. T T+T Sistema Q Q Q C lim T 0 T dT Mas a quantidade de calor fornecida é uma função do processo (ou caminho) ... CP CV QP Q capacidade térmica a pressão constante dTP dT P QV Q capacidade térmica a volume constante dTV dT V CP CV coeficiente adiabático C c n Capacidade térmica molar e c C m Capacidade térmica mássica (ou calor específico) CP e CV para um gás ideal Sistemas ideais U=U(T) U CVT eq. da energia interna para o gás ideal C P CV nR CP CV coef. adiabático Equação da adiabática para um gás ideal Processo infinitesimal dum gás ideal Q dU PdV CV dT PdV nRT CV dT dV V Processo adiabático infinitesimal dum gás ideal 0 CV dT dV nR T V CV ln T (C P CV ) ln V const ln T ( 1) ln V const ln T ln V 1 const TV 1 const PV const Adiabática : P P 1 P const .V const . V V V V adia Isotérmica : P P 2 P const .V 1 const .V V V T O declive da adiabática num ponto (P,V) é vezes o declive da isotérmica que passa nesse ponto.