Expressão e preensão A metafísica de Whitehead e a monadologia de Leibniz virada ao avesso Hilan Bensusan Universidade de Brasília Leibniz e as relações internas • Entidades associadas entre si por relações de compossibilidade – elementos de um mesmo mundo • Mônadas inerentes a um mundo: infinitas mônadas diferentes • Concretude composta de relações infinitas: individualização por discernibilidade infinita (o diferente é discernível) – princípio de razão de Couturat • Mônadas sujeitas a relações internas infinitas: nenhuma relação é externa Harmonia • Cada mônada está conectada com todas as outras se bem que se exprime apenas em sua área (ou departamento) • Nenhuma mônada é uma parte-em-um-todo, ou um ser-no-mundo, as mônadas são seres-para-omundo • As relações (internas) entre as mônadas estão prefiguradas e são estabelecidas quando fica estabelecido o mundo • As mônadas percebem todo o mundo, mas de forma confusa (percepção e expressão) Expressão e governo da matéria • As mônadas são substâncias que se exprimem em uma porção de matéria, mas toda porção de matéria, por menor que seja, está repleta de mônadas • As mônadas governam um território que está repleto de outros governantes (outras mônadas) • As relações entre governos (se assemelha a uma hierarquia de governos) estão pré-estabelecidas para maximizar a harmonia • Não existe nenhuma porção da matéria que seja inteiramente governada por uma mônada • As relações entre governos não dependem da capacidade deles de fazer diplomacia Processo e contingência • Monadologia de Tarde: todas as relações são sociais, infinitismo, mônadas como indivíduos sociais – relações sociais não são internas, ou pelo menos essenciais (sem a relação não há relata) • Patrocínio e contingência: não há nada sem patrocinador. • Whitehead e a expressão: entidades atuais, continuo extensivo, formas subjetivas, transmutação Preensão • Entidades atuais tratam partes do mundo como formas subjetivas de sua percepção e ação • O mundo é composto pelas preensões das entidades atuais umas sobre as outras – nada além do processo • Preensões são produtos de encontros e não são relações – em particular não são relações internas • Preensões criam entidades atuais que estão em outras preensões e não persistem à mudança (devir) Preensão e o governo da matéria • A conexão entre as diferentes entidades atuais depende de alianças que são forjadas em contingências • A relação entre governos não é mais préestabelecida mas antes um produto de negociações em que qualquer manutenção de uma hierarquia tem um custo • A filosofia do processo entende que qualquer entidade atual pode ser decomposta e recomposta no processo de negociação (não há individuação pré-estabelecida) Leibniz virado ao avesso • A filosofia do processo em geral pode ser entendida como uma virada ao avesso da metafísica de Leibniz • Relações externas ao invés de relações internas (a reabilitação do ocasionalismo na sua forma laica, Latour) • Pluralismo de prioridade (ou niilismo gunk) ao invés de monismo de prioridade: ao invés de harmonia, assemblage; ao invés de compossibilidade, testes de força • Exorcismo de um princípio de razão que transcenda às entidades atuais (princípio ontológico de Whitehead) • Ser-no-mundo em contraste com ser-para-o-mundo Infinitismos • Em ambos os casos, o apelo ao infinito é central (discernibilidade das mônadas e mais ainda no caso das entidades atuais) • Na filosofia do processo não há nada senão o concreto (de entidades atuais) e os objetos eternos existem apenas quando instanciados – não há abstracta como em Leibniz não há concreta • Em ambos os casos, um holismo em que todos os objetos estão conectados (relacionados interna ou externamente) A arquitetura leibniziana do processo • A filosofia do processo pode ser tida como uma variante da metafísica de Leibniz que mantêm o cerne de sua arquitetura • Em ambos os casos, não há materialismo, não há apelo a haecceidades, não há atomismo • Há uma maneira comum de pensar (infinitesimais, pluralidade, governos) na imanência e na transcendência