Sexualidade adulta X Sexualidade infantil

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CAPACITAÇÃO PARA
FORMAÇÃO DE
PROFISSIONAIS DE SAÚDE E
EDUCAÇÃO
SAÚDE E PREVENÇÃO NAS ESCOLAS
SEXUALIDADE INFANTIL
X
SEXUALIDADE ADULTA
PSICÓLOGOS DA EQUIPE DE
SAÚDE ESCOLAR (ESAE) BALTAZAR
DE OLIVEIRA GARCIA
Alveny Aida Eymael Domingues
Cândido Antônio Lorenzatto
Maria Luíza Pradella Ramos
EROTIZAÇÃO PRECOCE
Corpo delineado
antes do tempo,
roupas insinuantes
e valores dos
adultos. As
crianças estão se
erotizando cada
vez mais rápido e
isso preocupa os
especialistas
Afinal, existe uma sexualidade infantil ?
Durante longo tempo, a sexualidade
infantil foi calada. Preconceitos de uma
longa história no Ocidente tentaram
preservar esse silêncio afirmando o mito
da “inocência da criança”. O não
reconhecimento dessa sexualidade
desconsiderou que comportamentos que
ocorriam na vida adulta encontravam sua
real justificativa na sexualidade infantil.
São as dificuldades ocorridas na infância
que irão provocar impedimentos, inibições
e sintomas diversos na vida adulta.
A expressão “sexualidade infantil” passou a
ser empregada por Freud em 1917, para
designar as atividades ocorridas na
primeira infância, na qual a criança busca
prazeres no seu próprio corpo.
Dizer, que uma criança ingressou no
mundo da Cultura, é ter que se considerar,
a partir de uma abordagem psicanalítica, a
qualidade e o modo como a criança
vivenciou suas relações parentais. São os
vestígios deixados por esta relação que
irão aparecer na adolescência,
determinando na vida adulta as relações
com o Outro e, especialmente, com as
imagens de autoridade ou de amor.
“O trato da criança com a pessoa que a assiste é, para ela, uma
fonte incessante de excitação e satisfação sexuais vindas das
zonas erógenas, ainda mais que essa pessoa – usualmente, a mãe
– contempla a criança com sentimentos derivados de sua própria
vida sexual: ela acaricia, beija e embala, e é prefeitamente claro
que a trata como o substituto de um objeto sexual plenamente
legítimo. A mãe provavelmente se horrorizaria se lhe fosse
esclarecido que, com todas as suas expressões de ternura ela está
despertando a pulsão sexual de seu filho e preparando a
intensidade posterior desta”.
Freud, 1905, p.209.
EDUCAÇÃO SEXUAL
A sexualidade da criança começa no
imaginário dos pais, antes mesmo do
nascimento. Todos os pais têm
expectativas em relação aos seus filhos,
conscientes ou inconscientes, e uma
destas diz respeito à sexualidade da
criança. A educação sexual acontece
primordialmente no contexto da família
onde a criança está inserida.
Há os que acreditam que só estão lidando com
a sexualidade a partir do momento em que ela é
falada, seja através de informações ou
explicações a respeito. Mas onde inicia então
esta relação? Quando a mãe e o pai cuidam do
bebê, brincam com este, na maneira como se
relacionam com ele, ao mesmo tempo em que o
casal vive uma relação afetiva, gratificante ou
não, quando os limites de cada papel e relação
ficam bem definidos e marcados, quando a
criança pode concluir que amar é ou não
possível, está recebendo educação sexual.
Quando se pensa em educação sexual na
infância, automaticamente tem que se
pensar, também, em desenvolvimento
emocional, isto é, tem que se levar em
conta o nível de maturidade e as
necessidades emocionais da criança.
É importante que as questões da criança
tenham espaço para serem colocadas e
respondidas com clareza, simplicidade, na
medida em que esta curiosidade vai se
dando.
Os principais interesses das crianças
dizem respeito à distinção dos sexos, à
como nascem os bebês, ao porquê de não
se poder manipular os genitais na frente
dos outros, à poder ou não dormir junto
aos pais, às primeiras ereções, além das
brincadeiras sexuais, como a de “médico
e enfermeira” e “papai e mamãe”.
SEXUALIDADE # GENITALIDADE
Sexualidade não exclui genitalidade, mas
é bem mais ampla, envolve todas as
dimensões do ser humano e não apenas a
dimensão física.
A criança possui uma sexualidade com
características diferentes da sexualidade
adulta, porque ela ainda não organizou
todos aqueles impulsos e impressões
eróticas dispersas, num todo coerente. Só
aos poucos ela vai organizar seu erotismo
na direçào da genitalidade, isto é, da
relação sexual propriamente dita. É um
processo no qual ela terá que elaborar as
ansiedades referentes às repressões
sexuais da primeira infância, para então
poder atingir a plenitude da maturidade
genital.
Socializamos as crianças para que elas
reprimam seus impulsos sexuais. A
sexualidade humana se constrói em cima
de regras familiares e interdições.
Bombardeadas com cenas de sexo, nossas
crianças não têm condições de integrar um
conjunto coerente com as regras que
recebem da família. Assim, não faz sentido
que a televisão invada as crianças com
estímulos sexuais face aos quais elas
ainda não têm condições próprias de se
defenderem.
CRIANÇA NÃO NAMORA
Quando a criança começa a andar, a falar,
a conhecer o mundo e, principalmente, o
outro, passa a querer fazer o que as
outras pessoas fazem. Andar de salto alto,
passar maquilagem, dirigir o carro…
Namorar está na lista. Mas, assim como
ela não vai dirigir o carro, não vai namorar
de verdade. Criança não namora, tem
amigos. Namoro mesmo só depois de
grande. Não se deve proibir mas sim
mostrar o que é certo e errado.
As crianças estão cada vez mais expostas
a mensagens inadequadas para a idade
delas, a cenas com conteúdo sexualizado,
tipo striptease na novela das seis. Mas
não adianta desligar a TV na hora da
novela se você não sabe preservar sua
intimidade. Os pais podem trocar palavras
e gestos de carinho na frente dos filhos,
mas palavras e atitudes abertamente
sexuais são chocantes para as crianças.
O NOSSO AMOR DE CRIANÇA
Vinícius de Moraes
“Há pouco me lembrei
Do beijo que eu furtei
Você era menina ainda
Eu era uma criança
Mas guardo na lembrança
Que você era loura e linda
Você ficou zangada
Me olhou ruborizada
E desmanchou o nosso noivado
Bom tempo que passou!
Mas nálma me ficou
Que eu era só seu namorado
Depois findou
O amor murchou
O nosso amor de criança!
Você está linda
E eu guardo ainda
Uma suave esperança!
E agora o meu desejo
De furtar outro beijo
Nada mais é que um vago intento
Talvez que seja cedo
E tenho um certo medo
De pecar por pensamento
Eu penso cá comigo
Que um beijo é um perigo
E pode trazer outros mais
E além disso tudo
Você não é mais criança
E eu também já sou rapaz.”
REFERÊNCIAS
Carvalho, C. (2007). De onde viemos? Psiquê. Ed. Escala.
Suplicy, M. (1983). Conversando sobre sexo. Ed. Vozes.
Maia, S. (2007). Criança não namora. Pais e Filhos. Ed.
Manchete.
Thorstensen, S. A TV e a erotização precoce. Manuscrito.
Oliveira, N. Sexualidade infantil. Manuscrito.
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